terça-feira, 28 de novembro de 2017

Opinião do dia: Carlos Ayres Brito

A separação entre os Poderes precede a harmonia, que é justamente resultado da separação





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Carlos Ayres Brito, ex-presidente do STF, O Estado de S. Paulo, 28/11/2017

Por unidade, Alckmin aceita presidir o PSDB

Partido. Tasso e Perillo desistem de disputar comando da legenda e fortalecem nome de governador para o Planalto em 2018; gestão Temer vê brecha para uma aliança eleitoral

Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo.

O senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, desistiram da disputa e abriram caminho para o governador de SP assumir o comando da legenda e fortalecer seu nome como candidato à Presidência da República.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aceitou ontem comandar o PSDB. O novo presidente da legenda será oficialmente definido na convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 9, em Brasília. O senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, desistiram da disputa e, com o gesto, abriram caminho para Alckmin assumir a legenda, buscar a unificação da sigla e fortalecer seu nome como eventual candidato à Presidência da República em 2018.

“Ambos (Tasso e Perillo) disseram que abririam mão se eu tivesse disposição de participar do processo de escolha. Eu agradeci a generosidade e o desprendimento. Se meu nome puder unir o partido, como vigoroso instrumento de mudança para o Brasil, é o nosso dever”, disse Alckmin após jantar no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, com Tasso, Perillo e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Planalto vê chance de aliança com Alckmin

Movimento para levar Alckmin à presidência do PSDB teve apoio de governistas; gestão Temer espera que governador não ‘queime pontes’

Vera Rosa e Tânia Monteiro / O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O movimento para fazer o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ser eleito presidente do PSDB por aclamação, no congresso do próximo dia 9, recebeu a ajuda da ala governista do partido e indica uma brecha para possível composição eleitoral em 2018. Na avaliação do Palácio do Planalto, Alckmin vai precisar do apoio do PMDB para tentar “levantar” sua candidatura à Presidência e não poderá exigir o desembarque imediato dos tucanos.
Em conversas reservadas, auxiliares do presidente Michel Temer diziam nesta segunda-feira, 27, duvidar que o governador queira “queimar pontes” com o Planalto. Na semana passada, Alckmin participou do almoço de governadores com Temer, no Alvorada, e defendeu a reforma da Previdência, sob o argumento de que a mudança, de difícil aprovação, ajudará na criação de empregos.

Até agora, Alckmin vinha pregando a saída do PSDB da equipe de Temer. Além disso, lavou as mãos e não pediu votos para ele na bancada, quando o plenário da Câmara analisou – e acabou derrubando – as duas denúncias criminais apresentadas pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot.

A falta de respaldo do governador, na ocasião, causou perplexidade no Planalto. Nos bastidores, porém, o núcleo político do governo avalia que o tucano é um homem “de diálogo” e pode fazer “um gesto” de reaproximação com Temer, para não ficar isolado em 2018. O presidente tenta reunificar a base aliada para construir uma frente de “centro-direita” na disputa, mas não esconde a mágoa com Alckmin.

PSDB chega a acordo, e Alckmin assumirá sigla

Talita Fernandes, Gustavo Uribe, Joelmir Tavares / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, BRASÍLIA - Depois de um longo dia de conversas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, decidiu na noite de domingo (26) que concorrerá à presidência do PSDB.

Antes de anunciar que disputará o cargo, o tucano espera uma conversa conjunta com os dois postulantes pela presidência: o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador Marconi Perillo (GO). O anúncio pode ser feito ainda nesta segunda-feira (27), para quando está previsto um encontro entre os três, em São Paulo.

A Folha apurou que Alckmin convidou Tasso e Perillo para um encontro às 20h30 desta segunda. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participou das conversas ao longo do domingo, também estará presente.

O primeiro sinal positivo veio de Tasso, conforme antecipou o Painel, com quem o governador paulista conversou na última quinta-feira (23). Ele aguardava um encontro com Perillo para saber se o goiano também abriria mão de disputar o comando do partido, o encontro aconteceu na noite de domingo em São Paulo.

Alckmin quer uma conversa conjunta com os dois para "aparar arestas". Sua candidatura é vista como a única saída para unificação do partido, diante disso, ele quer evitar que essa unidade se dê apenas "da boca para fora".

No início da tarde, em evento em São Paulo, o governador desconversou.

Ninguém vai votar em partido em 2018, diz Alckmin

Joelmir Tavares, Renan Marra, Thaiza Pauluze / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pré-candidato à Presidência da República, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta segunda-feira (27) que os partidos serão coadjuvantes na eleição de 2018.

"Ninguém vai votar em partido. Os partidos estão fragilizados, desgastados. [Os eleitores] vão votar nas pessoas", disse o tucano ao participar de seminário promovido pela revista "Veja".

A afirmação foi feita após uma pergunta sobre os arranhões na imagem de seu partido, o PSDB, que Alckmin poderá presidir a partir de dezembro.

Como a Folha publicou, o senador Tasso Jereissati (CE) abriu mão da candidatura para a direção da legenda em nome do governador de São Paulo

O governador paulista, entretanto, foi pouco explícito sobre a possibilidade durante o evento e disse que o assunto está sendo discutido internamente. "Pode [ser meu nome ou] pode ser outro também."

Para Alckmin, a crise de representatividade nas democracias é geral e se repete em outros países. Ele acredita, no entanto, que há "gente boa" em muitos partidos.

"Decidido quem for o candidato [do PSDB], tem que fazer alianças e um movimento em torno de uma proposta, [...] um movimento para o Brasil crescer."

O tucano seguiu: "Não há modelo político pior do que o do Brasil. Falido, falido. Isso é um fato".

Alckmin assume PSDB e articula coalizão de centro

Partido se alinha e monta estratégia para buscar apoio eleitoral

Pacificação interna, no entanto, não garante unanimidade entre os tucanos na escolha do pré-candidato à Presidência. O apresentador Luciano Huck descartou uma candidatura ao Palácio do Planalto

O senador Tasso Jereissati e o governador de Goiás, Marconi Perillo, retiraram ontem suas candidaturas à presidência do PSDB em favor do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que assume a sigla de olho no alinhamento de forças para 2018. A estratégia do tucano, pré-candidato à Presidência da República, é tentar atrair os partidos de centro em torno de seu nome. Apesar da aparente unanimidade, ainda não há certeza se Alckmin será aclamado candidato ou se ainda enfrentará disputa interna. O apresentador Luciano Huck descartou ontem a possibilidade de se candidatar em 2018.

Sinal verde para Alckmin

Governador tem caminho livre para assumir PSDB e articular coalizão ao Planalto

Maria Lima, Jussara Soares e Silvia Amorim / O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sacramentou ontem o início da construção de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2018, ao unir em torno de si as duas alas que ameaçavam rachar o PSDB. Com o caminho livre para ser presidente da legenda, a partir da renúncia dos dois pré-candidatos até então colocados, Alckmin dará início agora à segunda etapa do plano. O objetivo é reunir partidos como PSB, PMDB e DEM para se apresentar como o grande representante das forças de “centro” no próximo pleito, tentando assim se diferenciar dos “extremos” representados pelo ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Em reunião do diretório estadual do PSDB ontem à noite, o senador Tasso Jeiressati (CE) disse que ele e o governador de Goiás, Marconi Perillo, não concorrerão à presidência do PSDB. Conforme O GLOBO adiantou, eles abriram mão de suas candidaturas para que Alckmin seja o sucessor do senador Aécio Neves (MG) no comando do partido. Um jantar programado para ontem no Palácio dos Bandeirantes com a presença do ex-presidente Fernando Henrique, deveria selar o acordo entre os três. Faltam duas semanas para a convenção nacional do PSDB, marcada para 9 de dezembro, que vai oficializar o novo presidente do partido.

— Precisamos de uma unidade no partido, e o Alckmin tem condições de conduzir isso. A decisão foi uma maneira de chegar à solução pacificadora — disse Jereissati.

Presidente licenciado e articulador do apoio da bancada mineira a Perillo, Aécio falou em “coalizão de centro”:

Estado não deve ser nem máximo, nem mínimo, afirma texto tucano

Igor Gielow / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O texto-base que deve orientar o PSDB na campanha de 2018 é um manifesto liberal temperado com ponderações sociais que acenam para o espectro mais à esquerda do centro.
Nele, o Estado não deve ser "nem máximo, nem mínimo, pois esse é um falso dilema". Tem de ser "musculoso, eficiente". Prega "choque de capitalismo", redução da máquina e mira dobrar a renda per capita em 20 anos.

O documento "Gente em primeiro lugar: o Brasil que queremos" foi elaborado pelo Instituto Teotônio Vilela e burilado por caciques tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A Folha obteve uma cópia do texto, que será divulgado nesta terça (28) em Brasília. Ele se afirma um documento de discussão de diretrizes, que o partido deverá analisar em sua convenção de dezembro e em um congresso nacional para marcar os 30 anos da sigla em 2018.

Isso estabelecido, lá estão pilares para uma campanha, num receituário ortodoxo que discorre sobre a necessidade da eficácia do Estado com inflexões "progressistas".

O governador Geraldo Alckmin (SP), pré-candidato ao Planalto e entusiasta dessa abordagem retórica híbrida, leu o texto, coordenado pelo presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal.

O "choque de capitalismo" foi um termo usado pelo então presidenciável tucano Mário Covas (1930-2001) na campanha de 1989 para sintetizar a necessidade de destravar o processo produtivo.

A fórmula está descrita de forma genérica, semelhante ocasionalmente com a notória "Ponte para o Futuro" lançada pelo PMDB em 2015.

Fala em avançar a agenda reformista, cortar ministérios, instituir critérios de avaliação para o funcionalismo, reduzir privilégios, defender privatizações e concessões, recuperar capacidade regulatória e superar a crise de financiamento do Estado.

Como o próprio título diz, boa parte das 14 páginas do texto são dedicadas a compromissos sociais.

Ao defender uma reforma tributária, por exemplo, pede um sistema progressivo por princípio de "justiça fiscal". A bandeira da sustentabilidade é apresentada como "soft power" natural do país.

Marco Aurélio Nogueira: Huck, Alckmin e a política

- O Estado de S. Paulo

Com o artigo de Huck e o acordo que põe Alckmin na presidência do PSDB, a política poderá entrar em outra etapa

Dia movimentado na política nacional. Começou com o artigo em que Luciano Huck deixa claro que não será candidato a Presidente, embora pretenda manter uma agenda cívica e política. Muita gente criticou, em nome do que seria uma falsidade do apresentador, areia usada para encobrir alguns maus passos que ele teria dado ao longo de sua trajetória recente. As suas seriam palavras lançadas ao vento, prontas para serem consumidas por quem quer que seja. As redes sociais foram invadidas por vozes indignadas, algumas intolerantes e outras simplesmente contrárias ao que poderia estar associado ao projeto Huck.

No artigo em questão, ele deixou algumas pontas soltas e manteve um certo suspense sobre os rumos que tomará. Houve mesmo quem viu no texto uma manobra “sebastianista”, na linha “se é para o bem de todos e interesse geral da Nação, digo ao povo que volto”. Parte do jogo. O texto, muito bem redigido, contém também uma mensagem interessante, especialmente por estar sendo emitida por uma celebridade como Huck. É que o artigo faz a devida valorização da política e da atividade política, podendo assim auxiliar a que se reduza o preconceito que parte da sociedade tem em relação a isso. Ajuda muito, portanto, mostrando que há muitos espaços a serem explorados para que se criem verdadeiras pontes democráticas na sociedade, que interliguem “velhos” e “novos”, política tradicional e momentos cívicos.

Vera Magalhães: Alckmin dá passos importantes para unificar o centro

- O Estado de S. Paulo

Na minha coluna de domingo, escrevi que a desarticulação do PSDB, aliada à busca de parte do eleitorado por um “novo” bastante difuso, eram fatores que jogavam a favor da pulverização eleitoral em 2018 e, por isso, contra a ideia de que um tucano, no caso Geraldo Alckmin, de novo polarizasse com o PT a disputa pelo voto.

Nas últimas horas, dois movimentos da política acabaram por reordenar o tabuleiro a favor do governador de São Paulo. Um deles, a renúncia dos dois pré-candidatos ao comando do PSDB em seu favor, teve sua participação direta, na articulação.

O outro, o anúncio de Luciano Huck de que não disputará as eleições, decorreu da análise do cenário por parte do apresentador de TV e do balanço de perdas e danos que teria ao se lançar no mar bastante turvo da política.

O fato é que, tirados do caminho os dois candidatos mais evidentes a encarnar essa “novidade” manifestada no imaginário do eleitorado — Huck e o prefeito de São Paulo e afilhado pródigo de Alckmin, João Doria Jr. — fica mais fácil para o paulista pavimentar o caminho para uma aliança ampla que inclua, além do PSDB, PMDB, DEM, PSD, PPS e os partidos do chamado “Centrão”.

Igor Gielow: Alckmin resistiu, mas risco de implosão do PSDB falou mais alto

- Folha de S. Paulo

Geraldo Alckmin resistiu o quanto pôde, mas o fato foi consumado: deverá ser eleito por aclamação para presidir o PSDB e tocar seu projeto de candidatura presidencial em 2018 chefiando a máquina partidária.

Quando a hipótese conciliadora foi levantada, conforme a Folha antecipou, o governador elencou bons motivos para não querer assumir a missão. O principal foi o fato de que ele se colocaria numa colocação de vantagem na disputa interna pela candidatura e atrairia dissensos.

Hoje apenas o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, já se colocou como postulante a uma disputa em prévias. Nos últimos dias, aliados do senador José Serra (SP) vêm relatando uma maior vontade do tucano de tentar a Presidência —seja pelo seu partido, seja pelo PSD do aliado Gilberto Kassab.

Mesmo que Serra mire o Planalto para buscar atingir o Bandeirantes, Alckmin tem nele e no grupo dos "cabeças pretas" liderados por Tasso Jereissati fonte grande de ruídos no caso de assumir o partido. Outro risco óbvio é o de ser acusado de manipular o jogo em seu favor, o motivo alegado para a remoção de Tasso da presidência interina da sigla.

Mas a realidade se impôs. O grupo capitaneado pelo decano tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, encampou a ideia de união partidária.

Merval Pereira: O que fará a diferença?

- O Globo

A questão central dessa campanha presidencial que já começou não é se Lula será ou não candidato, embora essa seja uma premissa fundamental. O que ninguém sabe é o que prevalecerá, se as máquinas partidárias e suas consequências, como alianças partidárias e tempo de propaganda eleitoral, ou a repulsa, cada vez mais sentida, do cidadão comum aos partidos e políticos tradicionais, e a busca de um novo perfil de candidatos.

Mesmo que as pesquisas de opinião mostrem que o eleitorado rejeita a política tradicional, o raciocínio político oficial de governistas e oposicionistas ainda trabalha com a ideia de que, no final das contas, prevalecerá a estrutura partidária. Por isso, as coligações eleitorais, mesmo as mais absurdas, continuam sendo o objetivo central de seus candidatos.

O único candidato bem posicionado nas pesquisas que parece não ligar para as estruturas formais é Jair Bolsonaro, que nem mesmo partido tem. Lula já prometeu “perdoar os golpistas” para abrir espaço para alianças regionais com políticos com projetos de poder apartidários, com homogeneidade moral semelhante a Renan Calheiros e congêneres.

A resiliência da popularidade do ex-presidente e a máquina petista dariam as possibilidades reais de competitividade, embora na eleição municipal de 2016 o PT tenha perdido 60% das prefeituras em relação à eleição anterior. Mas a ameaça concreta de o ex-presidente ser impedido pela Justiça de disputar a eleição está fazendo com que partidos tradicionalmente aliados ao PT busquem soluções próprias.

O PCdoB já lançou a deputada Manuela D’Ávila, e o PDT tem em Ciro Gomes seu candidato. A base governista tenta armar uma candidatura que reúna o maior número de partidos possível para defender um projeto de governo de continuidade, jogando na possibilidade de que a melhora da economia chegue às vésperas da eleição no ano que vem refletindo no bolso do cidadão comum.

O PSDB, de seu lado, tenta reunir seus cacos em torno do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com uma certeza: a máquina partidária tucana, se for unida para a eleição, é das mais fortes, tendo crescido consideravelmente nas eleições municipais de 2016. Além de dominar São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, a capilaridade partidária, que atualmente só perde para o PMDB, seria um trunfo.

O que está difícil é montar alianças eleitorais, pois o PSB, que deu o vice em São Paulo como parte de um acerto eleitoral para apoiar Alckmin à Presidência, resiste a concretizá-lo, tendo o ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa como alternativa e, caso mais este outsider desista de entrar na disputa, parte dos socialistas quer apoiar Lula.

O PPS, sem a opção do Luciano Huck, deve apoiar Alckmin, e o DEM, outro aliado natural dos tucanos, parece mais inclinado a fechar acordo com a base aliada do governo Temer do que a ir para a oposição.

Raymundo Costa: Alckmin avança, mas prévia é ameaça real

-Valor Econômico

O PSDB e a fórmula gasta e desbotada do acordo de cúpula

O governador Geraldo Alckmin está na ofensiva e em menos de duas semanas após as convenções regionais do PSDB, da qual saiu amplamente vitorioso, suas tropas renderam e capturaram os adversários na disputa pela presidência do partido, o governador Marconi Perillo (GO) e o senador Tasso Jereissati (CE). Alckmin avança com a força de São Paulo na retaguarda - o que não quis dizer muita coisa para José Serra em 2002 e 2010 e a ele mesmo, em 2006 -, mas talvez tenha que enfrentar uma prévia para confirmar sua indicação. "Eu não vou desistir", diz o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, também pré-candidato.

O acordo para firmar o pacto em favor da eleição de Alckmin seria selado ontem à noite em São Paulo, mais uma vez num jantar de cúpula tão ao gosto dos tucanos, com as presenças de Alckmin, Tasso, Perillo e Fernando Henrique Cardoso. A conversa deveria passar pela indicação do senador José Serra ao governo de São Paulo, que também conta com rivais dispostos a desafiá-lo em prévia. O PSDB vai decidir já na reunião da Executiva Nacional desta quinta-feira sobre a inclusão da exigência de prévias nos estatutos do partido para a escolha de candidatos a cargos executivos. Virgílio é um crítico do atual sistema de cúpula, uma fórmula gasta e desbotada que não deu certo nas quatro últimas eleições.

O prefeito lembra-se que em 2006 participou de uma reunião no Rio de Janeiro com Fernando Henrique Cardoso, Tasso, que à época presidia o PSDB, Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio à época secretário-geral do PSDB, e Aécio Neves, na condição de governador de Minas Gerais. Em discussão, quem seria o candidato tucano a presidente em 2006. Serra vinha de uma derrota para Lula, quatro anos antes, mas estava bem posicionado nas pesquisas e venceu por 3 X 2 com os votos de FHC, Virgílio e Eduardo Paes. Algum tempo depois houve outra reunião, em São Paulo, desta vez com um colégio ainda mais reduzido: FHC, Tasso e Aécio. Serra perdeu por 2 X 1 e Alckmin foi o candidato. "A manada acompanhou a voz de comando. Resultado: Alckmin teve menos votos no segundo turno que no primeiro e o PSDB está há quatro eleições sem vencer uma disputa".

Eliane Cantanhêde: Alckmin por W.O.

- O Estado de S.Paulo

Sem Doria, sem Huck e com o PSDB na mão, Alckmin vai se tornando a opção de centro

O governador Geraldo Alckmin ganhou dois presentes ontem para a sua corrida para a Presidência da República. Primeiro, Luciano Huck fingiu que ia, mas não foi. Depois, os tucanos Tasso Jereissati e Marconi Perillo abriram mão da presidência do PSDB para ele. Sem João Doria, sem Huck e com o partido na mão, o caminho de Alckmin para 2018 fica bem mais fácil.

Agora, falta combinar com outro tipo de adversário: os eleitores. Alckmin tem deixado clara desde o início a intenção de concorrer e tem trunfos nada desprezíveis: o recall de 2006, o governo do principal Estado, o fato de São Paulo ter sobrevivido à crise um tanto melhor do que os outros e uma preferência no PSDB que Doria nunca chegou a de fato ameaçar. Mas, apesar de todas essas vitrines, ele não deslancha nas pesquisas. Equivale a dizer que não convence?

Afoito, audacioso, Doria chegou a ultrapassar os índices de Alckmin ao se apresentar como “o novo” e sair viajando pelo País, mas foi com muita sede ao pote. Acabou perdendo fôlego e ressaltando qualidades do governador e padrinho, como a prudência.

Como mostrou claramente a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos, Doria murchou, mas a ansiedade da sociedade pelo “novo” continuou e Huck ocupou o espaço. Não se tratava de pesquisa de intenção de votos, mas de aprovação e desaprovação, e Huck disparou depois de dar claros sinais de ter sido mordido pela mosca azul. Suas conversas políticas, sua opção pelo PPS, sua adesão a movimentos como o Agora! e o RenovaBR, tudo isso animou não apenas agentes políticos, mas a opinião pública.

Nessa fase, valiam o “se colar, colou” e o “falem mal, mas falem de mim”. Muitos falaram mal e Huck não resistiu à pressão – ou à tensão. Quando escrevi que sua eventual candidatura estava deixando de ser brincadeira e virando coisa séria, não negou, mas ressalvou que “não estava na hora de assoprar a brasa”. E quando o PPS parecia criar um fato consumado, avisou: “De fato, tenho me mexido para entender o tamanho da encrenca, mas daí a mudar os rumos da minha vida vai uma boa distância”.

Bernardo Mello Franco: Alckmin limpa o terreno

- Folha de S. Paulo

O governador Geraldo Alckmin começou a semana com duas boas notícias. O cessar-fogo no PSDB e a desistência de Luciano Hucklimparam o terreno para a sua candidatura ao Planalto. Agora a tarefa do tucano é provar que tem chances reais de chegar lá.

O armistício no PSDB afasta o risco de cisão no partido. A disputa entre Tasso Jereissati e Marconi Perillo ameaçava terminar numa debandada do grupo derrotado na convenção. Seria um desastre para as ambições presidenciais do governador.

Com o acordão, o comando da sigla cairá no colo de Alckmin. Ele também passará a controlar a chave do cofre partidário. Isso deve ajudá-lo a negociar alianças e montar um roteiro de viagens pelo país.

O W.O. do marido da Angélica também significa um alívio para o tucano. Huck havia encantado empresários e eleitores desiludidos com o PSDB. Com o carisma que falta ao governador, ele se insinuava como o único capaz de furar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

Luiz Carlos Azedo: A Odisseia

- Correio Braziliense

Com a saída de cena de Huck, a deriva do chamado centro democrático aumentou. E assim será, porque Temer e Alckmin têm projetos distintos. Ao menos por enquanto

Luciano Huck anunciou ontem que não será candidato a presidente da República, seu artigo de anticandidato na Folha de S. Paulo, porém, poderia ser um manifesto de candidato antipolítico. Bastaria mudar o final. Mas reflete o que andou dizendo a diversos interlocutores sobre as dúvidas quanto a ser ou não ser candidato. Huck resistiu ao que chamou de canto das sereias, comparando-se a Ulysses na Odisseia. No caso, as sereias eram os amigos do empresário, principalmente o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, não os políticos que lhe ofereceram legenda para disputar o Palácio do Planalto, principalmente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), legenda com a qual o apresentador da TV Globo mais simpatizava. Estes estavam na deles.

O administrador e conferencista Bruno Scartozzoni, especialista em construção de narrativas e mitologia comparada, foi quem apresentou a interpretação mais diferenciada da “carta” de Huck. Segundo ele, o texto faz parte do roteiro tradicional da “saga do herói”. Representaria, no caso, a “recusa inicial” diante do chamado, temendo não estar “pronto” ou ser “comum demais” para a árdua tarefa. O passo narrativo seguinte, porém, seria a aceitação da missão após a mesma se tornar “impossível de ser recusada”.

Explica Bruno: “Décadas atrás, um cara chamado Joseph Campbell estudou mitologias de diversas sociedades, algumas que nunca se encontraram ou nunca souberam da existência umas das outras, e descobriu algo impressionante. Todas as histórias mitológicas (ou religiosas, dependendo do ponto de vista) já contadas pelo homem seguem o mesmo padrão ou a mesma estrutura narrativa. Ainda que os elementos mudem, a sequência de fatos é extremamente parecida em todas as sociedades. E para essa sequência ele deu no nome de Monomito ou Jornada do Herói.

Joel Pinheiro Da Fonseca: Tudo é novo

- Folha de S. Paulo

Luciano Huck renegou o canto da sereia presidencial que o atraía; ao menos "neste momento". Está aberta a vaga para ser a cara do novo em 2018. O eleitor brasileiro quer o novo, exige o novo, e a política que se vire para entregar, ou convencer de que entregou.

João Dionísio Amoêdo, do Partido Novo, é inquestionavelmente novo. Nunca se candidatou e traz bandeiras que o Brasil nunca encampou: Estado enxuto e eficiente, livre mercado. Marina chega propondo uma nova política, longe da mera troca de interesses. Isso também é novo.

É difícil encontrar algo novo na candidatura do deputado Jair Bolsonaro, militar corporativista, mas é assim que ele é percebido por quem o apoia. E, de fato, representa uma negação frontal da sujeira e da ideologia da velha política nacional. Também é novo.

O desejo pelo novo vem em duas versões. A primeira é a da renovação, que parece acreditar que, com pessoas bem-intencionadas, as divisões ideológicas acabam e tudo será resolvido no diálogo construtivo. A segunda é a da negação: também sonha com o fim das divisões, mas busca suprimi-las pelo ato da vontade de um líder virtuoso.

Arrumação no ninho

Poder em jogo / O Globo

Depois de seis meses de crise, detonada pelas denúncias contra Aécio Neves e a participação do partido no governo Temer, o PSDB espera ter dado ontem um passo para ajustar o foco e entrar na campanha eleitoral unido em torno de Geraldo Alckmin. Ao contrário de possíveis concorrentes que ainda se mostram indecisos, como Marina Silva e Joaquim Barbosa, o governador paulista já vestiu o figurino de candidato: “Preparado para o Brasil” é a marca de suas redes sociais. Na presidência do PSDB, Alckmin terá de costurar alianças em meio à fragmentação política atual e se firmar como o candidato que unirá as forças de centro. Para isso, precisará dar um rosto ao partido, hoje desfigurado e sem unidade nem mesmo em relação a bandeiras do passado, como a reforma da Previdência.

Em busca do discurso
O PSDB lança hoje diretrizes para a renovação do programa do partido. O documento “Gente em primeiro lugar: o Brasil que queremos”, preparado pelo Instituto Teotônio Vilela para debate, propõe dobrar a renda per capita real da população em vinte anos, associa educação e emprego e dá ênfase à tecnologia. Para o presidente do ITV, José Aníbal, o país precisa de um “choque de planejamento” para superar a devastação da economia. Na eleição presidencial de 1989, o então candidato tucano, Mário Covas, propôs um “choque de capitalismo” no Brasil.

Braços abertos
O DEM tenta afastar hoje os últimos entraves à entrada de deputados do PSB no partido. Em alguns diretórios estaduais, há resistência a trocas de comando que ocorrerão para ceder espaço a esse grupo. Como parte do acordo, serão anunciadas mudanças no programa partidário, com destaque para a segurança pública e a área social — promessa feita aos dissidentes do PSB para justificar a migração de uma legenda de esquerda para uma de direita. Em dezembro, o DEM fará sua convenção nacional. Em 2014, disputou os governos da Bahia e no Acre, sem sucesso. Em 2018, quer lançar 12 candidatos. Aposta em ACM Neto (BA), Ronaldo Caiado (GO) e Mendonça Filho (PE).

Próximo passo no PSDB é eliminar as prévias

Coluna do Estadão / O Estado de S. Paulo.

O próximo passo do acordão no PSDB que vai permitir ao governador Geraldo Alckmin assumir a presidência do partido é convencer o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, a desistir de disputar as prévias que vão definir o candidato da sigla à Presidência da República em 2018. O plano é lançar Alckmin já na convenção do próximo dia 9 sem a necessidade de disputa interna pela vaga. O argumento é o de que os dois grupos cederam para construir um consenso em torno do comando da sigla e, se insistir, o prefeito ficará isolado na sua posição.

» Não será fácil. Na primeira declaração após o acordão dos “cabeças-pretas” e “cabeças-brancas” do PSDB ontem, Arthur Virgílio avisou: “Ninguém me faz desistir de algo que eu sinto que é bom para o País”.

» Na mesa. A executiva nacional do PSDB se reúne na quinta para decidir as regras das prévias. A proposta do deputado Carlos Sampaio (SP), que elabora um novo estatuto do partido, é que elas ocorram na última semana de fevereiro.

» Depende dele. O atual estatuto do PSDB já estabelece as prévias. Portanto, apenas se Arthur Virgílio desistir da disputa pela vaga ao Planalto é que Alckmin poderia ser lançado já na convenção de dezembro.

» Vetado. A liderança do PSDB na Câmara entrou no pacote de negociação para fazer Alckmin presidente do partido. O grupo do governador de Goiás, Marconi Perillo, exigiu que ninguém com o perfil do deputado Daniel Coelho (PE), que defende o rompimento com Temer, seja eleito.

» Acomodados. Também ficou acertado que Perillo deve assumir a vice-presidência do PSDB e o senador Antonio Anastasia (MG), ligado a Aécio Neves, a segunda vice. Jereissati deve presidir o Instituto Teotônio Vilela.

Alckmin assume PSDB por candidatura, mas aproximação de Meirelles e Maia ameaça o tucano

Painel / Folha de S. Paulo

Campo minado Geraldo Alckmin assumirá o PSDB para tentar salvar sua candidatura ao Planalto, mas o estrago produzido pela autofagia da sigla é tão grande que a tarefa tornou-se hercúlea. Michel Temer enviou um recado claro ao governador no fim de semana. Hoje, disse, a chance de uma aliança em 2018 é remotíssima. Cientes disso, duas peças se movem: Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Henrique Meirelles (Fazenda). Se, com o suporte do PMDB, eles se alinharem, abalarão muito o potencial do tucano.

Não se afobe, não Aliados do ministro e do democrata dizem que eles têm um encontro marcado para depois da votação da Previdência. Enquanto o PSDB travava uma corrida contra o próprio rabo, Maia tornou-se forte influenciador do centrão, grupo sem o qual não se decide nada em Brasília.

Nosso tempo Michel Temer acompanha o alinhamento de Maia e Meirelles com entusiasmo, mas pediu ao ministro que não discuta qualquer assunto relacionado à eleição até março do ano que vem. Quer desvincular da briga sucessória a proposta que muda as aposentarias.

Dividir e reinar A ascensão de Alckmin à presidência do PSDB abriu nova disputa interna, desta vez pelos cargos da executiva. O governador Marconi Perillo (PSDB-GO) foi orientado a não bater o martelo a favor do paulista até obter garantia de que seus apoiadores seriam contemplados na direção da sigla.

Dividir e reinar 2 O Instituto Teotônio Vilela, hoje presidido por José Aníbal (SP), entrou na mira do grupo ligado a Tasso Jereissati (PSDB-CE). Uma ala defende que a verba do ITV seja redirecionada para a campanha eleitoral de 2018 e que Tasso assuma o órgão.

Tenho dito Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) dá sinais de que só sairá da pasta quando sentir que o desembarque será assimilado como decisão dele. Aliados dizem que ele recorre a uma frase de Tancredo Neves quando brinca sobre o assunto: “Empurrado eu não vou!”.

Sem concorrência O procurador-chefe do Cade, Walter de Agra, quer alterar o regimento interno para nomear o filho de seu sócio em um escritório de advocacia como coordenador-geral de Matéria Administrativa do órgão. Hoje, só procuradores federais podem ocupar o posto. Gustavo Benevides, o nome de Agra, é advogado.

Nada consta A alteração no regimento foi proposta na semana passada e deve ser votada dia 13 de dezembro. O processo corre em sigilo. Procurado, o Cade informou que trata-se de “questão meramente administrativa”.

Seu de direito Entidades que representam servidores públicos, como o Sinafresp e a Anfip, foram à Justiça tentar derrubar a publicidade do governo sobre a reforma da Previdência. Alegam que ela “coloca na conta dos servidores o rombo” da área.

Gente nossa Em meio às discussões sobre as novas regras de aposentadoria, o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), emplacou o novo presidente do INSS. A nomeação de Francisco Paulo Soares Lopes será publicada nesta quarta (29).

Vem comigo A Rede sonha que, agora fora da corrida pelo Planalto, Luciano Huck apoie Marina Silva.

A hora da coragem: Editorial/O Estado de S. Paulo

Em uma nota conjunta publicada no fim de semana, o cientista político Bolívar Lamounier e os economistas Edmar Bacha, Elena Landau e Luiz Roberto Cunha fizeram um apelo às bancadas do PSDB na Câmara dos Deputados e no Senado para que os parlamentares fechem questão a favor da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que muda as atuais regras de concessão de pensões e aposentadorias.

“No Plano Real, a grande obra econômica do PSDB, a reforma da Previdência era tida como fundamental para a consolidação da estabilidade. Negar apoio, nesta hora, é abandonar todo esforço nessa direção feito ao longo do governo de Fernando Henrique Cardoso”, diz a nota.

O próprio ex-presidente fez uma defesa da reforma ao dizer que “fecharia questão”. Durante evento em São Paulo, Fernando Henrique Cardoso afirmou, com razão, que o País “não pode normalizar as finanças públicas sem avançar na (reforma da) Previdência. Não há recursos para continuar do jeito que está”, disse FHC.

Demografia aumenta pressão sobre Previdência: Editorial/O Globo

A informação do IBGE de que o peso do grupo de idosos na população cresce de forma acelerada, enquanto cai o de crianças, pressiona pela reforma

Neste relançamento do debate sobre a reforma da Previdência, com a inevitável decisão do governo de retomar o tema no Congresso, dado o agravamento crescente da situação das contas públicas, tem ganhado destaque o aspecto das injustiças sociais que o sistema de seguridade carrega. Principalmente na comparação entre as regras para a aposentadoria do assalariado da iniciativa privada e as benevolências para com o servidor público.

Os números que demonstram esta disparidade são irrefutáveis: enquanto a aposentadoria média paga pelo INSS é de R$ 1.240,00, na esfera do serviço público federal, por exemplo, são pagos benefícios, também médios, de R$ 7.583; no Ministério Público, R$ 18.053; R$ 26.302, no âmbito do Judiciário, e R$ 28.547, aos servidores do Legislativo. É um mundo à parte do Brasil real.

Mas não são apenas as questões das injustiças sociais e do crescimento sem controle das despesas previdenciárias, e seu reflexo pernicioso nas contas públicas, que requerem a reforma do sistema como um todo — do INSS, do empregado no setor privado, mas também do funcionalismo.

Exerce grande pressão sobre a Previdência o processo de envelhecimento da população, como acontece em todo o mundo: à medida que aumenta a parcela dos idosos e reduz-se, proporcionalmente, a de jovens, um processo universal, liga-se o mecanismo de insolvência dos sistemas. Pelo simples fato de que se elevam as despesas enquanto inibe-se a fonte de financiamento representada pela entrada de jovens no mercado de trabalho. E como, felizmente, os avanços na medicina prolongam cada vez mais a vida, os fundos de seguridade precisam se precaver, com alterações de regras. É inescapável.

Aceleração do envelhecimento reforça reforma da Previdência: Editorial/Valor Econômico

Novos dados demográficos e de infraestrutura tabulados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam a necessidade da reforma da Previdência. Os levantamentos mostram que a população brasileira segue envelhecendo a uma taxa rápida, ampliando cada vez mais as despesas com benefícios sociais, enquanto continua insatisfatória e ineficiente a rede de saneamento básico, dependente dos cada vez mais escassos investimentos públicos.

De acordo com o IBGE, a população brasileira com 60 anos ou mais aumentou em 1 milhão de pessoas entre 2015 e 2016, chegando a 29,6 milhões, o equivalente a 14,4% da população total, que era de 205,5 milhões. O percentual varia conforme a região do país, de 16% no Sudeste para 9,2% no Norte. Em 2012, quando a mesma pesquisa foi feita, a população com 60 anos ou mais correspondia a 12,8% do total. Desde então, houve um aumento de 4 milhões de pessoas, ou de 15,6%. É como se todos os habitantes do Espírito Santo passassem a essa faixa, entre 2012 e 2016, comparou o IBGE.

Mais dramático do que isso, porém, é o fato de que, no mesmo espaço de tempo, a faixa dos mais idosos aumentou quatro vezes mais do que a população total do país, que cresceu 3,4%, saindo de 198,7 milhões em 2012. Na região Sudeste, que concentra 42% dos brasileiros, a expansão populacional foi ainda menor, de 3,1%. Enquanto a população mais idosa cresce, já se registra a diminuição do número de jovens. O contingente populacional de zero a 9 anos encolheu 4,7% em 2016, o que significa 1,3 milhão de crianças a menos nessa faixa. O porcentual da população enquadrada nesses limites caiu de 14,1% do total em 2012 para 12,9% em 2016. Se a faixa for esticada até os 13 anos, também há queda, de 6,7% para 64,6 milhões de pessoas.

Limites do novo: Editorial/Folha de S. Paulo

Merece elogios a clareza com que o apresentador de TV Luciano Huck anunciou que não será candidato à Presidência da República em 2018. A decisão propriamente dita, ademais, mostra-se sensata.

De caso pensado ou não, Huck havia se tornado um projeto de presidenciável ao encampar de modo enfático a defesa da renovação da política, em meio à dispersão de nomes ao centro do espectro partidário e ideológico nacional.

A repulsa da sociedade aos vícios patrimonialistas de sua elite dirigente —dos quais não escaparam os governos tucanos e petistas, de pretensões modernizantes— acentuou-se com os aterradores esquemas desvendados pela Lava Jato, para nem falar do colapso econômico que ameaça o futuro do país.

Até aqui, a manifestação mais marcante desse sentimento se deu na eleição de João Doria (PSDB), apresentado como um gestor de ideias arejadas, à Prefeitura de São Paulo. Não tardou para que o neófito tucano passasse a ser listado, com seu beneplácito, entre as opções para o Palácio do Planalto.

Maria Clara R. M. do Prado: Banco Mundial expõe esqueletos

- Valor Econômico

A pobreza moderada cresce quando se compara a renda recebida com a renda após impostos indiretos

Em meados dos anos 90, o então assessor econômico do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, cunhou a expressão "tirar os esqueletos de dentro do armário" ao mencionar a necessidade de acabar com as inúmeras contas e artifícios fiscais do governo que não eram devidamente contabilizados. Era preciso não só identificá-los, como acabar com eles!

22 anos depois, outros tipos de despesas, até aqui desconsideradas como fonte de pressão sobre o déficit público, seja porque não eram percebidas como relevantes do ponto de vista fiscal ou porque não era politicamente conveniente enumerá-las, começam aos poucos a sair dos vários tipos de armário onde ficaram por décadas abrigadas.

Alguns poucos economistas brasileiros têm ultimamente chamado a atenção para esses esqueletos, também conhecidos por benesses ou privilégios que o Estado redistribui para determinados grupos da sociedade brasileira com efeitos danosos e longevos sobre as contas públicas, sem falar no aspecto da equidade social intrinsicamente relacionado.

Míriam Leitão: Preparação difícil

- O Globo

A Eletrobras é uma das donas de Itaipu, não é apenas concessionária. Foi essa a realidade com que o governo se deparou na hora de desenhar o modelo de privatização da estatal. É por isso que a ideia é criar uma empresa “espelho" da Eletrobras que ficará com os dois ativos: a Eletronuclear, que pela Constituição não pode estar em mãos privadas, e a parte brasileira de Itaipu.

O jornal O GLOBO adiantou ontem, em reportagem de Manoel Ventura e Martha Beck, que o governo terá que criar uma empresa para privatizar outra, como está na minuta do projeto. Parece contraditório. E é. Mas a explicação dada na estatal é esta: a companhia não é uma mera concessionária.

— A Eletrobras é dona da usina. Itaipu tem uma particularidade. O regime que a gente tem hoje no Brasil é o de concessão, em que a empresa consegue o direito de explorar algum ativo por um determinado tempo. No caso específico de Itaipu, o regime não é de concessão. As empresas representam os países no tratado. E esse tratado estabelece um conjunto de condições que tem que ser levado em conta nos próximos anos — explica uma fonte da empresa.

*Rubens Barbosa: A nova superpotência

- O Estado de S.Paulo

Disputando com EUA, China combina total liberdade na economia com regime autoritário

A China, fortalecida, apresenta-se no cenário global como superpotência e passa a disputar espaço com os EUA. A explicitação dessa nova atitude chinesa chegou durante o 19.º Congresso do Partido Comunista, que contou com mais de 2.300 participantes, em outubro.

Numa perspectiva histórica, esse congresso poderá ser visto como um divisor de águas. Abandonando a postura burocrática e cautelosa que caracterizou a ação da liderança chinesa nas ultimas três décadas, Xi Jinping firmou-se como a liderança mais importante da China desde Mao Tsé-tung e o Partido Comunista reafirmou seu firme controle sobre a política interna. A ação externa de Beijing passa a ser cada vez mais desinibida e a cautela e a harmonia, sua marca registrada por muitos anos, cedem lugar a uma presença cada vez mais afirmativa tanto nas áreas econômica e comercial, quanto na política e diplomática.

Algumas decisões anunciadas ao final do congresso apontam os rumos da China atual: foi ressaltado o começo de uma nova era para o país, com a restauração da sua grandeza no concerto das nações; Xi Jinping firmou-se como comandante supremo e seus principais pensamentos ideológicos foram incluídos na Constituição, como foi feito com Mao; o modelo chinês de governo – chamado de desenvolvimento com independência –, de capitalismo de Estado e de partido único, foi apresentado como um exemplo para outras nações; o Partido Comunista saiu fortalecido com o anúncio de que qualquer ameaça à sua autoridade será enfrentada com todo vigor; o controle político foi reforçado na imprensa, na internet e nas redes sociais; o combate à corrupção continuará e será intensificado.

Graziela Melo: Dúvida da alma

Notas
algum
mistério
em minh'alma?

Como
a vês?

Triste,
alegre,
calma?

Ou
sofrida,
esbaforida,
carcomida,

ressentida,
corroída...

ou

entretida
com as estrelas

Com
o passar
da vida???

Calma,
minh'alma!

Já passou
o vendaval...

Navegue
na alegria

Venha olhar
o passar
do dia

Que hoje
é dia
de natal!!!

Ou não?

Não

Mas é carnaval!!!
Com certeza!
Mande longe
essa tristeza,
pelo bem
ou pelo mal!!!

Amanhã,
certamente,
vai estar
tudo igual!!!

E essa
triste vida
insípida
Vai voltando
ao seu
normal!!!

E...

até logo,
pessoal!!!