O ex-ministro Gustavo Bebianno foi lançado pelo governador de São Paulo, João Doria, como o nome do PSDB para a disputa eleitoral à prefeitura do Rio. Eles são desafetos do presidente Jair Bolsonaro.
Xadrez Carioca
Doria lança Bebianno e quer apoio de Witzel, que avança por nome próprio
Silvia Amorim | O Globo
SÃO PAULO - Dois movimentos ligados a governadores que se apresentam como adversários do presidente Jair Bolsonaro mexeram no tabuleiro das eleições para a prefeitura do Rio. O tucano João Doria (PSDB) lançou a candidatura do ex-ministro Gustavo Bebianno — outro desafeto do presidente da República — pelo partido. Doria ainda deu a entender que busca o apoio do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), ao nome de Bebianno, citando a “boa atmosfera” que tem com o colega. Já a juíza Glória Heloíza apresentou ao Tribunal de Justiça (TJ) seu pedido de exoneração da função, um passo concreto em direção à sua candidatura, como informou o colunista Ancelmo Gois. Ela é a preferida de Witzel para representá-lo na disputa municipal.
O gesto de Doria de patrocinar o nome de Bebianno, com direito a uma entrevista coletiva conjunta em São Paulo, teve ainda uma consequência de impacto nacional no PSDB. O presidente do partido, Bruno Araújo, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, duas das principais lideranças tucanas, manifestaram publicamente incômodo com a forma como o governador paulista impôs o nome de Bebianno, atropelando a ex-secretária de Cultura
“Consenso nunca é de imediato. A maior parte do partido não sabe o que aconteceu”
Gustavo Bebianno, pré-candidato à prefeitura do Rio, sobre as reações no PSDB à sua indicação
do Rio Mariana Ribas, que havia sido anteriormente anunciada como pré-candidata à prefeitura do Rio pelo PSDB. É um indício de que Doria pretende fazer prevalecer indicados seus como candidatos do partido em importantes capitais este ano.
Até agora, a corrida eleitoral do Rio tem 12 pré-candidatos que foram testados pelo Datafolha em dezembro (ver tabela ao lado), em pesquisa contratada pelo GLOBO e pela “Folha de S.Paulo”. No cenários apurados pelo instituto, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) aparece com 22% das intenções de voto. Em seguida, em empate dentro da margem de erro, ficou o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), com 18%. Depois, está o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), com 8%. Crivella vem buscando se aproximar do presidente Jair Bolsonaro para garantir seu apoio na corrida pela reeleição. Contudo, por causa da alta rejeição —sua gestão é reprovada por 72% dos cariocas, de acordo com o Datafolha —, o mais provável é que ele receba um apoio “velado” de Bolsonaro.