Folha de S. Paulo
Compromisso de Washington com democracia
brasileira é real, mas condicionado pela política doméstica
Quinze dias depois da escandalosa
apresentação de Jair Bolsonaro (PL) a embaixadores, os Estados Unidos
enviaram um triplo recado militar, jurídico e econômico.
Em visita ao Brasil, o secretário de
Defesa Lloyd
Austin falou em "devoção à democracia", deixando implícito que a
cooperação militar seria interrompida se as Forças Armadas brasileiras
aderissem ao golpismo. Por sua vez, a comissão de inquérito do Congresso
americano sinalizou
a possibilidade de incluir o bolsonarismo nas investigações contra Donald Trump.
Enfim, nesse período também ficou claro que a Faria Lima teria de escolher entre o Posto Ipiranga e o sistema Swift, pois a ruptura institucional seria sinônimo de alienação do sistema financeiro. Isso explica a quantidade de empresários recém-convertidos que correram para assinar a carta pró-democracia.
Não passou despercebido o contraste entre
os recados de Washington em 2022 e 1964. O principal avalizador
da derrubada do governo civil brasileiro 50 anos atrás pode agora ter
tido um papel decisivo na sua preservação.
A História certamente ressaltará o papel da
sociedade civil brasileira, mas também de responsáveis
políticos americanos. Bernie Sanders, por exemplo, não é apenas uma figura
simpática da esquerda ligada ao Partido Democrata. Ele é o presidente da
comissão do Orçamento, a mais poderosa do Senado.
Mas a virada pró-democracia dos EUA também
tem relação com uma nova orientação geopolítica. Sob Trump, a política para a
região foi marcada
pela alucinada tentativa de emplacar Juan Guiadó na Venezuela e pela
ausência de liderança durante a pandemia. Diante do avanço
dos interesses chineses e russos nesse período, Biden foi obrigado
a reconhecer que a hegemonia americana na região é apenas parcial.
Nesse contexto, a tolerância a regimes
democráticos, mas não necessariamente alinhados, oferece um melhor
custo-benefício do que tentativas incertas de interferência política.
A provável
chegada de um novo governo Lula se enquadra nessa estratégia geral,
mas tem as suas especificidades. A perspectiva de ter Brasília
independente, mas comprometida com o multilateralismo, é obviamente mais
atraente para Washington do que uma errática e incompetente como tem sido a dos
últimos quatro anos.
A isso se soma o fato de a agenda golpista
do governo Bolsonaro ser vista como uma ameaça à segurança nacional. Um "Capitólio
em Brasília" seria apresentado como uma vitória pessoal por Trump
e daria força aos republicanos
que planejam contestar a legitimidade das urnas.
Se a última década nos ensinou alguma coisa
é que as crises da democracia se retroalimentam e se reforçam. Contrariamente a
1964, a leitura da América Latina feita pelos democratas está longe de ser
consensual dentro da classe política americana.
A vitória
de candidatos de esquerda na Colômbia, no Chile e, provavelmente, no
Brasil já está sendo denunciada por republicanos como uma derrota dos
democratas. Em outras palavras, a lua de mel entre os EUA e a democracia na
América Latina veio na hora certa, mas pode ser de curta duração.
*Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC
Você sabe muito bem que do jeito que as coisas estão Estados Unidos vão ficar pianinho e vai deixar o Brasil resolver o seus problemas , o mundo afora ninguém dá uma palavra, porque estão observando o que foi explicado pelo presidente na reunião com os embaixadores, ele mostrou documentos do TSE e PF provou que o site do Tribunal foi invadido e o hacker ficou seis meses livre , leve e solto,sem ninguém o detectar, e as provas login, do registro do que ele fez no período de maio a meados de outubro de 2018, após o primeiro turno, foram todos apagados pelo próprio tribunal, sem dar nenhuma justificativa e sem ninguém ser punido
ResponderExcluirA grande imprensa atual consórcio jogou pra debaixo do tapete a delação do Marcos Valério que foi aprovada pelo ST F onde ele coloca de forma clara a ligação do Lula do PT com o PCC, um escândalo ignorado, e ainda proibido feder divulgado pelo Alexandre de Moraes
Nas urnas Bolsonaro vai dar uma surra por isso que precisam de qualquer maneira fraudar as eleições na hora da apuração na sala secreta , mas os militares já estão no controle, a única saída vai ser negar o registro do presidente mas aí as consequências serão drásticas para esses aventureiros de toga
Hahaha só rindo. Tem papagaio louro que não se toca….
ResponderExcluirCom tanta coluna interessante neste blog, o primeiro anônimo desconsidera tudo e prefere papagaiar as mentiras bolsonaristas difundidas pelo Gabinete do Ódio do genocida... Mais da metade da população brasileira já não acredita mais no que fala o Bolsonaro, e o papagaio ainda vem repetir as mesmas asneiras negacionistas que já foram milhares de vezes desmentidas pela imprensa! Aproveita os textos do blog e aprende alguma coisa, vivente! O mandato do genocida está acabando e uma nova realidade vai surgir!
ResponderExcluirO problema é o que vai fazer o bolsonarista da esquina depois de ouvir o papagaio do Gabinete do Ódio.
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