quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Merval Pereira: Forçando o limite

O Globo

A banalização, pela repetição de argumentos vulgares, de certas situações que já mereceram, ou mereceriam, repúdio por parte da sociedade, é marca desse nosso mundo digital, em que qualquer um tem a seu alcance instrumento de amplificação de seus pensamentos, que antes não iam além das mesas de botequins ou conversas privadas, que só afetavam seus participantes.

Parece ser o caso do podcaster Monark, um ignorante a quem milhares deram um microfone e um canal de internet, e do deputado Kim Kataguiri, um liberal “à outrance”, que não distingue os limites razoáveis para suas posições. Esse regime de “vale-tudo”, na cabeça de Kataguiri, levaria a que o nazismo não fosse criminalizado para que a sociedade debatesse abertamente seus conceitos e objetivos e os repudiasse nas urnas.

A contrapartida seria termos que ouvir políticos do Partido Nazista defendendo a morte de judeus, ciganos, negros, homossexuais, pessoas com deficiência, questão já superada pela ética da convivência humana em sociedades minimamente civilizadas, que leva à empatia com os sofredores e à solidariedade com as minorias, que devem ser protegias pela lei.

Arnaldo Niskier*: Abaixo o nazismo!

O Globo

Parecia improvável que aparecesse no Brasil alguém com a coragem ou a irresponsabilidade de defender o nazismo. Pois é que isso surgiu, na pessoa do podcaster Monark (Bruno Aiub), com o apoio do deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP).

São dois perturbados que envergonham a vida brasileira. O primeiro deles, ao ser punido com a perda de seus patrocinadores, colocou a culpa na bebida que havia ingerido em excesso. Não tem desculpa, pois seguramente passou do ponto e deve ser punido severamente. Seu arrependimento não traz o perdão. A repulsa a seu gesto é o mínimo que se pode desejar.

Monark foi desligado do Estúdio Flow, que tachou de inadmissíveis seus comentários racistas. Ele mesmo, depois do que fez, considerou os comentários “muito burros”, o que provocou enorme reação. É incrível que essa ocorrência tenha sido confundida com “liberdade de expressão”. Sabendo-se do que foram capazes os nazistas (só de judeus na Europa foram mortas cerca de 6 milhões de pessoas). Esse gesto de agora foi uma total irresponsabilidade.

Malu Gaspar: O cafezinho de Bolsonaro

O Globo

Diz uma das mais antigas máximas da política que, quando o presidente da República está fraco, já perto de deixar o poder, o cafezinho começa a chegar frio à mesa. Poderia já ser o caso de Jair Bolsonaro.

No último ano de mandato e em posição delicada nas pesquisas, o presidente assiste a aliados fazerem jogo duplo em seus estados, especialmente no Nordeste. Até o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), evitou mencionar o nome do chefe durante o lançamento de seus candidatos majoritários no Piauí —estado governado pelo PT — no último final de semana.

O ministro Tarcísio de Freitas, candidato de Bolsonaro em São Paulo — estado que o presidente considera vital para sua reeleição — até agora não tem um partido. Há muita resistência a apoiá-lo entre líderes locais do Centrão, que preferem seguir com o vice de João Doria, o tucano Rodrigo Garcia.

Em Brasília, a perspectiva de uma vitória de Lula vem fazendo algumas figuras-chave se mexerem. O mesmo comandante da FAB que meses atrás reforçou a posição de Bolsonaro contra a CPI da Covid, ao dizer que as Forças Armadas não aceitariam ataques institucionais e que “homem armado não ameaça” dar golpe, agora afirma que os militares prestarão continência a Lula ou qualquer outro presidente eleito em 2022.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, começou discretamente a executar uma estratégia de reposicionamento de imagem, tentando criar fatos que demonstrem combatividade e sugerindo a interlocutores próximos, em conversas de pé de ouvido, que não cometerá o suicídio político de chegar a uma eventual transição de poder amarrado à âncora bolsonarista.

Míriam Leitão: Assalto eleitoreiro aos cofres públicos

O Globo

O governo está brincando com fogo perto do tanque de gasolina. A inflação está alta, disseminada e persistente. As projeções dos economistas indicam queda nos próximos meses, mas essas previsões podem mudar porque o cenário está mudando. Há um ano, o mercado previa 3,5% para a inflação de 2021 e deu mais de 10%. O governo patrocina propostas que representam gastos de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões e prepara novos truques para burlar as regras fiscais. Isso alimenta a inflação futura. As bombas fiscais estão sendo armadas pelo próprio governo Bolsonaro, por desespero diante das pesquisas de intenção de voto que são todas desfavoráveis ao presidente.

IPCA de janeiro desacelerou em relação a dezembro, mas disso já se sabia. O acumulado em 12 meses voltou a subir para 10,38%. Pior, a inflação dos mais pobres foi de 0,67% e o acumulado, 10,60%. Um índice nesse nível é sensível a qualquer nervosismo, a qualquer choque, como dizem os economistas. Cenas explícitas de populismo eleitoreiro e sinais de que o ministro da Economia foi esvaziado são combustíveis para a alta do dólar que alimenta a escalada dos preços.

A inflação está generalizada. Dos nove grupos, oito subiram. O único que não subiu foi por fatores específicos. Caíram os preços do grupo transportes, por causa da gasolina, das passagens aéreas e da diminuição do gás. Houve ainda a redução da conta de luz por causa do bônus para quem cortou o consumo. Mas isso não se repetirá.

Luiz Carlos Azedo: Agenda do Centrão é passar a boiada antes de apagar a luz

Correio Braziliense

O périplo pelo Nordeste para melhorar a imagem de Bolsonaro foi um tiro no pé. Ontem, inaugurou um novo trecho da transposição do Rio Francisco com tanta pressa que não deu tempo de a água chegar.

O Centrão está com pressa. As coisas não vão bem para o presidente Jair Bolsonaro no Nordeste, reduto dos principais caciques do PP, principalmente o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que resolveram pôr em pauta no Congresso o que consideram prioridades do governo neste ano eleitoral. É uma agenda para “passar a boiada”, como diria o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, flagrado autorizando a venda de madeira ilegal pelas autoridades dos Estados Unidos. O PP quer apagar a luz e desembarcar do governo, na campanha eleitoral, antes que seja tarde demais.

Na pesquisa Genial/Quaest, divulgada ontem, os números são péssimos para o presidente no Nordeste: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 61% de intenções de voto no primeiro turno, enquanto Bolsonaro tem 13%. Ciro Gomes vem logo atrás, com 8%. Sergio Moro tem 3%; João Doria e André Janones, 2%; e Simone Tebet, 1%. Mesmo com o Auxílio Brasil, a capacidade de pagar as contas piorou para 64% dos eleitores da região.

William Waack: Briga de irmãos

O Estado de S. Paulo

Centrão e setores do mercado não enxergam diferenças entre Bolsonaro e Lula

Há setores do mercado que vivem no curtíssimo prazo e que pulam de Bolsonaro para Lula e vice-versa com a rapidez com que se especula por resultados imediatos. Os setores com horizontes mais distantes não enxergam diferenças significativas entre os dois líderes das pesquisas.

Mais de um grande fundo já disse isso aos cotistas. O mais recente foi o respeitado Verde, para o qual Lula e Bolsonaro “são irmãos gêmeos, separados no nascimento”. Ambos, diz carta redigida pelo fundo, recorrem ao mesmo “populismo eleitoreiro barato totalmente irresponsável”.

Essa afirmação resultou da análise “técnica” (levando em conta apenas modelos econômicos) dos instrumentos pelos quais o governo Bolsonaro pensa conseguir baixar preços de energia em geral e combustíveis em particular. Conclusão similar ao alerta feito pelo próprio Banco Central, segundo o qual a maneira pela qual o Planalto quer baixar preços e inflação arrisca a produzir o resultado contrário – obrigando o BC a subir mais ainda os juros.

Eugênio Bucci*: Desesquecer

O Estado de S. Paulo

Para termos direito à memória, lutar por isso, temos de investir no trabalho duro para construir as vias de acesso ao passado

Ao final de Mães paralelas, o novo filme de Pedro Almodóvar (que está em cartaz em São Paulo e logo entra em exibição na Netflix), surge na tela uma frase do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015). Em letras brancas sobre fundo preto, as palavras cumprem a função de resumir a moral da história, como se fossem um post scriptum ou uma espécie de envoi:

“Não há história muda. Por mais que a queimem, que a dilacerem, por mais que mintam, a história humana se nega a calar a boca.”

Parece uma oração. Parece uma profecia. Parece um poema. Parece verdade. Mas será verdade?

Mães paralelas narra os encontros e desencontros de duas mulheres que dão à luz no mesmo dia, na mesma maternidade e ficam hospedadas no mesmo quarto. As duas não se conheciam até despencarem em suas camas emparelhadas. Elas vêm de formações distintas, classes apartadas, universos desconectados. Uma não tem nada a ver com a outra, até que a trama encadeada por Almodóvar começa a embaraçar as duas em laços bem atados, definitivos e belos.

O filme não traz (quase) nenhum toque de comédia. Nesse ponto é diferente dos grandes sucessos do cineasta espanhol. O andamento grave combina algumas notas de romance com uma crítica severa ao esquecimento das atrocidades cometidas pelos fascistas (franquistas) durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). O enredo pesa e comove. As duas mulheres, as tais “mães paralelas”, vivem a experiência da maternidade enquanto descobrem a si mesmas: Ana (Milena Smit) quer se libertar da família burguesa, enquanto Janis (Penélope Cruz), mais velha que a companheira de quarto, está empenhada em encontrar o lugar em que foi sepultado o seu bisavô, executado na Guerra Civil por tropas do franquismo.

José Serra*: Amazônia: desafios e oportunidades

O Estado de S. Paulo

É preciso encarar a Amazônia como um problema vital de alta complexidade, que não pode ser objeto de políticas setoriais

A Amazônia é o mais gritante símbolo da crise que hoje corrói nosso País, política, sanitária e economicamente. Nos veículos domésticos e internacionais de informação, a sobrevivência da Amazônia, seja da floresta, de suas populações, ou de sua economia, é encarada como em risco de extinção.

Independentemente da correção das informações, parece não ter limites a lista de denúncias sobre o descontrole do combate ao desmatamento, à exploração e comércio ilegais da fauna e da flora, passando pelo garimpo ilícito, negligência do poder público com relação à sua população e as limitações dos serviços de saúde e educação. Na prática, qualquer pendência internacional com o Brasil, real ou imaginária, acaba sendo automaticamente associada, na opinião pública internacional, aos riscos à segurança global atribuídos às políticas de governo e às atividades econômicas na Amazônia. O que propicia pretextos para diferentes formas de embargos e sanções comerciais e financeiras.

Existem limites para sanções unilaterais que redundam no uso do comércio como instrumento de pressão geopolítica e no uso de pressões geopolíticas como instrumento de disputa comercial ou financeira. A diplomacia brasileira domina os instrumentos de defesa de suas exportações e do acesso de seus investimentos a outros mercados.

Bruno Boghossian: As dores da centro-direita

Folha de S. Paulo

Números indicam espaço estreito para uma candidatura alternativa a Bolsonaro nesse campo

Sem segredo, uma ala do PSDB trabalha para derrubar a candidatura de João Doria ao Palácio do Planalto. Tucanos que sempre nutriram antipatia pelo governador paulista querem aproveitar seu desempenho quase insignificante nas pesquisas para trocá-lo por outro nome na corrida presidencial.

Os desafetos de Doria dizem que ele tem poucas chances de vitória e que há nomes mais competitivos, como a senadora Simone Tebet (MDB) e o governador gaúcho Eduardo Leite (numa possível mudança para o PSD). O argumento inicial faz sentido, mas há poucas razões para acreditar no segundo ponto.

Muitos tucanos são contra a candidatura de Doria porque, de fato, ele parece ser um candidato fraco. Mas a razão principal para fazê-lo desistir é financeira: sem um nome na corrida ao Planalto, o partido teria mais dinheiro para campanhas de deputados, senadores e governadores.

Vinicius Torres Freire: Lula é o Salvador do Brasil?

Folha de S. Paulo

Não é, mas Brasil barato e PT centrista devem render dinheiro, se diz no mercado

"Is Lula Brazil’s Savior?", no original, é o título de um relatório publicado nesta semana pela consultoria internacional BCA, de matriz canadense, que orienta clientes sobre o que fazer com o dinheiro em mercados emergentes. Não, Lula não é.

Mas, para os estrategistas da BCA, dá para ganhar algum tutu se um Lula "centrista" se eleger presidente, dado além do mais o fato de que o "Brasil está barato". Isto é, na média, as ações estão com valor baixo, considerado o histórico e os retornos das empresas. Os títulos de dívida estão baratos, outro modo de dizer que as taxas de juros estão altas.

Para dar um exemplo mais "pop". A senhora e o senhor que se interessam aí pelo Tesouro Direto devem ter notado que há títulos do governo com vencimento em 2026 pagando 5,21% ao ano além da inflação; em 2035, 5,61% mais IPCA. Isso é uma vergonha, receita para governo e país irem à breca. Mas passemos.

Maria Hermínia Tavares: Delírio ou desfaçatez

Folha de S. Paulo

Desmatamento na Amazônia subiu 56,6% de agosto de 2018 a julho de 2021

No domingo (6/2), os leitores desta Folha foram apresentados ao que seria o rascunho de um cartapácio da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, contendo nada menos de 200 diretrizes de ação governamental. Não ficou claro, porém, se foram imaginadas para ser cumpridas nos meses que podem restar a Bolsonaro no Planalto, como plataforma de candidato à reeleição, ou só para não deixar ociosos os comandados do almirante Flavio Rocha, chefe do órgão.

De toda forma, as presumíveis propostas surpreendem pela distância entre o que sugerem e o que tem sido dito e feito —ou, não— pelo governo do ex-capitão. Abrem alas o compromisso expresso com a eliminação do desmatamento ilegal; o fomento à bioeconomia e à floresta em pé; o aumento da capacidade de monitoramento dos biomas e a afirmação da sustentabilidade como eixo do desenvolvimento. Delírio ou desfaçatez —dá no mesmo.

Ruy Castro: Sob o Bolso-Reichnaro

Folha de S. Paulo

As próximas eleições dirão exatamente quantos brasileiros ergueram o braço dentro da urna

Na segunda-feira (7), o youtuber Bruno Aiub, vulgo Monark, e o conhecido Kim Kataguiri, vulgo deputado federal (DEM-SP), defenderam o direito de existência no Brasil de um partido nazista. Na terça, um ex-BBB, vulgo comentarista político, tratou do assunto em seu canal e ergueu o braço à maneira nazista. Diante do clamor nacional, todos amarelaram. Um estava "bêbado", outro foi "mal interpretado" e o terceiro queria ser "galhofeiro". Quem não sabe beber, se expressar ou fazer galhofa não deve descer para o play. Inúmeras vozes responsáveis repudiaram as declarações. Só Jair Bolsonaro, vulgo presidente da República, não se manifestou.

Mas há mais debaixo disso do que a irresponsabilidade de três patetas. Desde 2019, em vários estados, sujeitos têm passeado em shoppings com suásticas no braço, abanado bandeiras nazistas na janela e enviado emojis referentes a Adolf Hitler. Um professor, temo que com jovens sob sua influência, decorou o fundo da piscina com uma suástica.

Maria Cristina Fernandes: Federar ou federar

Valor Econômico

Mudança de regras, polarização da disputa presidencial e recursos das grandes legendas empurram para a concentração do quadro partidário

O prazo de 2 de abril correu o risco de ficar para 5 de agosto, mas findou em 31 de maio. O adiamento, ainda que mitigado, no prazo de registro das federações partidárias deu alento à tese de que o mecanismo não terá vida longa. Aposta-se que se os partidos não conseguiram se coordenar para as deliberações internas da federação até aqui, não o farão em nova legislatura e sob outro governo.

Parece difícil imaginar, numa conjuntura de tantas divisões internas no governo e nos partidos, a prevalência de uma força centrípeta. Corrobora ainda o rechaço à ideia de impor coerência ao sistema político por decreto, como o fez a verticalização em 2002, obrigando as coligações presidenciais a se reproduzirem em todo o país. Assim como aquela decisão não se sustentou, esta tampouco ficaria de pé.

Os céticos apostam que os partidos não abrirão mão da autonomia para reger seu ordenamento interno. Ignoram, porém, que a mudança de regras sobre o sistema partidário já aconteceu. A federação, na verdade, é um balão de oxigênio para partidos a serem vitimados pelo fim das coligações e pelo estabelecimento da cláusula de desempenho, mudanças cujas consequências sobre o sistema político têm sido subestimadas.

Cristiano Romero*: O genocídio negro

Valor Econômico

Em Alagoas, 99% das mortes violentas em 2019 foram de negros

Será que, se fosse um branco andando e mexendo na mochila, tinham atirado no meu irmão três vezes?” Foi dessa forma que Fabiana Teófilo reagiu ao assassinato de seu irmão Durval Teófilo Filho, no dia 2 deste mês, em São Gonçalo (RJ), uma das cidades mais violentas do país. Durval tinha 38 anos, era casado e pai de uma menina de seis anos, Letícia, que tinha o hábito de esperar o pai retornar do trabalho.

Antes de trabalhar como repositor de supermercado _ o profissional que reabastece as prateleiras, à medida que estas vão sendo esvaziadas _, Durval foi letrista em plataformas da Petrobras. O pintor letrista é responsável por escrever sinalizações para orientar, por exemplo, a aproximação de barcos e helicópteros às plataformas.

Jorge Arbache*: Para uma recuperação mais sustentada

Valor Econômico

Quem melhor otimizar as ações de recuperação econômica, já com um olhar prospectivo, se sairá melhor da crise

As economias da América Latina e Caribe (ALC) estão perdendo fôlego após uma forte retomada no ano passado. Impulsionado pela recuperação dos principais parceiros comerciais, aumento dos preços das commodities e pelas condições favoráveis de financiamento externo, estima-se que o crescimento na região tenha sido de cerca de 7% em 2021. Os avanços na vacinação e medidas de apoio fiscal também ajudam a explicar aquele crescimento.

Mas estimavas recentes indicam que o crescimento em 2022 cairá para 2,5% ou menos, refletindo a perda de fôlego da economia chinesa, rupturas nas cadeias de suprimentos, elevação da inflação, emergência da variante ômicron, novas incertezas quanto ao fim da pandemia, o eventual aperto da política monetária nos Estados Unidos, dentre outros fatores, incluindo os específicos de cada país.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

EDITORIAIS

Leilão do Santos Dumont ainda precisa de ajustes

O Globo

É positiva a decisão do Ministério da Infraestrutura de leiloar o Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, isoladamente, e não mais em bloco com Jacarepaguá (na Zona Oeste do Rio), Montes Claros, Uberaba e Uberlândia (em Minas Gerais), como previa a sétima rodada de leilões do governo federal. A mudança é resultado do grupo de trabalho criado para analisar o modelo de concessão, após críticas do governo fluminense e da prefeitura carioca às regras do edital aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no fim do ano passado.

No entanto permanece sem solução o principal problema do edital: o risco de esvaziamento do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim/Galeão. A proposta de turbinar o Santos Dumont para torná-lo mais atraente ao mercado embute a ideia de aumentar o número de voos, ampliar as instalações e até autorizar rotas internacionais. É um absurdo, levando em conta as características técnicas, a história e a vocação desse aeroporto como origem e destino de voos curtos.