segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Opinião do dia – Friedrich Hegel*

“Na história política, o indivíduo, na singularidade da sua índole, do seu gênio, das suas paixões, da energia ou da fraqueza de caráter, em suma, em tudo o que caracteriza a sua individualidade, é o sujeito das ações e dos acontecimentos. Na história da filosofia, estas ações e acontecimentos, ao que parece, não têm o cunho da personalidade nem do caráter individual; deste modo, as obras são tanto mais insignes quanto menos a responsabilidade e o mérito recaem no indivíduo singular, quanto mais este pensamento liberto de peculiaridade individual é, ele próprio, o sujeito criador. Primeiramente, estes atos do pensamento, enquanto pertencentes à história, surgem como fatos do passado e para além da nossa existência real. Na realidade, porém, tudo o que somos, somo-lo por obra da história; ou, para falar com maior exatidão, do mesmo modo que na história do pensamento o passado é apenas uma parte, assim no presente, o que possuímos de modo permanente está inseparavelmente ligado com o fato da nossa existência histórica. O patrimônio da razão autoconsciente que nos pertence não surgiu sem preparação, nem cresceu só do solo atual, mas é característica de tal patrimônio o ser herança e, mais propriamente, resultado do trabalho de todas as gerações precedentes do gênero humano.

*Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). “Introdução à História da Filosofia” (28.10.1816), p.321. Os Pensadores (Hegel). Editora Abril Cultural, 1985.

Entrevista | Francesca Albanese: Resposta global à guerra Israel-Hamas é repugnante, diz relatora da ONU

Mayara Paixão / Folha de S. Paulo

Francesca Albanese afirma que facção terrorista cometeu crimes injustificáveis, mas critica resposta de Tel Aviv

Francesca Albanese, 46, enfrenta o período mais crítico de seu trabalho desde que, há um ano e meio, assumiu a liderança da relatoria especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, cargo criado em 1993 pelo Comitê de Direitos Humanos da organização.

Desde que eclodiu a guerra entre Israel e Hamas, em 7 de outubro, a italiana condena de maneira enfática o que chama de crimes de guerra cometidos pela facção terrorista, ao mesmo tempo em que critica as ações de Israel e defende os direitos de civis palestinos.

Albanese tem clamado por um cessar-fogo imediato e afirma, nesta entrevista, que a comunidade internacional, cujas ações descreve em termos como "repugnantes" e "cínicas", tem falhado.

A relatora diz que a guerra trouxe à tona o antissemitismo e a islamofobia. E diz que a ocupação dos territórios palestinos, que chama de um movimento colonizador feito por Israel, agride os dois povos. "A colonização de povoamento aprisiona tanto os palestinos quanto os israelenses. Claro, com responsabilidades diferentes."

A italiana considera os ataques do Hamas, "crimes hediondos", injustificáveis. Mas dia que a resposta de Tel Aviv "vai muito além do que é razoável". A maneira como Israel age, diz, tende a fortalecer o Hamas —que, afirma, não representa todos os palestinos de Gaza.

Em quais termos descreve os ataques do Hamas em 7 de outubro?

Fernando Gabeira - Desumano, demasiadamente desumano

O Globo

É possível demonstrar empatia pelo sofrimento do povo palestino e condenar com firmeza ataques terroristas

Quando acontecem as tragédias, policiais, ecológicas ou políticas, os jornalistas reportam, fotografam e comentam. Aparentemente, voltam para casa e se preparam para novos acontecimentos. Mas não é isso que experimentamos na vida real. As tragédias impactam nosso cotidiano, nosso inconsciente, nosso lazer e o próprio sono.

Foi assim que aconteceu comigo depois de entrar no Carandiru, após o massacre, depois de fotografar os mortos de Vigário Geral, acompanhados de uma vela solitária. Foi assim também depois de cobrir os desastres em Mariana e Brumadinho.

O ataque terrorista do sábado, 7 de outubro, em Israel, apesar da distância, amargou minhas férias anuais, que começariam na segunda-feira. Muita tristeza e desolação. Dizem que ficamos mais sentimentais com a idade. Mas o massacre de famílias israelenses e jovens que dançavam numa rave, além de tudo, acentuou meu sentimento de frustração e impotência diante de um conflito que parece não ter fim.

A resposta para isso é o bombardeio de Gaza, invasão armada e morte de civis. São acontecimentos que abalam a crença no ser humano. Em 50 anos de vida política, acompanho o que se passa no Oriente Médio com uma esperança de que a solução de dois Estados, Israel e Palestina, acabe triunfando e estabeleça a paz e a cooperação entre os dois vizinhos.

Demétrio Magnoli - Israel, depois de Netanyahu

O Globo

Não há saída fora da política

Num só dia, o dia do terror, desmanchou-se no ar o conceito estratégico que norteou os governos israelenses de Netanyahu desde 2009. A ilusão da segurança sem paz foi destroçada pela maior carnificina da história do Estado judeu. Agora, Israel definiu o objetivo de desmantelar militarmente o Hamas. É outra ilusão: não há saída fora da política.

A segurança sem paz apoiou-se sobre três pilares. O primeiro, militar, materializado no rígido controle das fronteiras da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, esfarelou-se em poucas horas. O segundo, político, baseado no estímulo à divisão dos palestinos em governos rivais, destinava-se a enfraquecer a Autoridade Palestina e a justificar a sabotagem permanente de negociações de paz. No fim, acabou nutrindo o terrorismo do Hamas.

O terceiro pilar, diplomático, representado pelos Acordos de Abraão, de reconhecimento mútuo entre Israel e os países árabes, seria coroado pelo acordo com a Arábia Saudita. A finalidade era congelar, para sempre, a questão dos direitos nacionais palestinos. A guerra em curso desenrola-se entre as ruínas do edifício estratégico erguido por Netanyahu — e sobre os escombros políticos do governo de Netanyahu.

Ligia Bahia* - Vias tortas do debate sobre plasma

O Globo

Venda de sangue foi polêmica. Houve gente que enriqueceu e quem tenha se dedicado a teorizar sobre sua natureza mercantil

Manter um suprimento adequado de sangue e plasma para pacientes que necessitam de transfusão ou hemoderivados — garantindo o uso adequado e a segurança dos produtos, bem como a prevenção da transmissão de doenças infecciosas — está entre as principais preocupações das autoridades nacionais de saúde e instituições internacionais.

Todo ano, milhões de pacientes recebem transfusões de sangue, componentes sanguíneos ou derivados do plasma para melhorar sua qualidade de vida e sobrevivência. O Brasil tem uma legislação adequada e conta com hemocentros responsáveis pela doação de sangue e medula óssea.

Valores solidários e o modelo de organização do sistema de sangue nacional são compatíveis com países desenvolvidos e recomendações da OMS. Decisões de superar um passado quando se comercializava sangue foram tomadas devido à contaminação de milhares de pessoas e acúmulo de evidências sobre a correlação entre venda, pobreza e infecções que poderiam ser evitadas. O pagamento da doação conforma um ciclo que desestimula atos voluntários e solidários, essenciais para assegurar estoques, inclusive de tipos sanguíneos mais raros.

Bruno Carazza* - Sobre baleias e tubarões, super-ricos pobres

Valor Econômico

Livro sobre desigualdade expõe desafio da tributação dos mais ricos no Brasil

Mineiro como sou, nunca tive a sorte de ver uma baleia de verdade na minha frente. Por isso não consigo imaginar um animal que pode atingir os 30 metros de comprimento, mais de 17 vezes a altura de uma pessoa comum.

A discrepância entre as dimensões de uma baleia-azul e um ser humano é uma alegoria utilizada pelo sociólogo Marcelo Medeiros para ilustrar a diferença entre um brasileiro mediano e aqueles que ocupam o topo da cadeia alimentar da distribuição de renda em nosso país.

No recém-lançado “Os Ricos e os Pobres: o Brasil e a desigualdade”, o pesquisador do Ipea e atual professor na Columbia University recorre a diversas imagens para ilustrar aquilo que, para mim, os números já demonstram com eloquência acachapante.

Sergio Lamucci - A importância de focar o ajuste fiscal pelo lado do gasto

Valor Econômico

Um ajuste só pelo lado da receita não será bem-sucedido, e já há sinais importantes de que essa opção é inviável

A meta do governo federal de zerar o déficit primário da União em 2024 é vista como uma possibilidade remota, dependendo da obtenção de um volume de receitas adicionais de R$ 168,5 bilhões, muito difíceis de serem alcançadas. Para que o alvo seja cumprido, ou pelo menos não fique tão distante, o governo terá de mirar também no gasto, a principal fonte de problemas das contas públicas do país. As despesas são muito elevadas e excessivamente rígidas, marcadas por gastos de baixa eficiência, que pouco ou nada contribuem para aumentar a capacidade de crescimento do país a taxas mais altas.

Para tentar cumprir a meta de déficit zero, é provável que o governo anuncie um bloqueio de gastos no começo de 2024, recorrendo ao chamado contingenciamento de despesas. Mais do que usar esse expediente, porém, é importante que o Executivo trace uma estratégia para combater estruturalmente a expansão dos gastos obrigatórios e reduzir subsídios.

José-Francisco L. Gonçalves* - Oferta e demanda

Valor Econômico

Se vai dar Biden, Trump ou coisa pior, a fragilidade da política americana para lidar com a situação é evidente

O nível atingido pelos rendimentos dos Treasuries de prazos mais longos nos meses recentes, assim como a velocidade em que isso se deu, tem assustado os analistas, participantes do mercado e bancos centrais.

Com razão.

Com mais razão ainda os governos, pois a alta do custo da dívida pública adiciona pressão sobre a política fiscal. Aqui a primeira observação.

As frustrações com a administração Biden, em que pese a natureza progressista e criativa de suas medidas “anti-inflação”, os desdobramentos da pandemia sobre o mercado de trabalho ainda afligem a população com impactos políticos relevantes. Como era esperado, não há como promover uma transição na economia sem que se saiba bem onde se pretende chegar.

Ngaire Woods* - Cooperação ou crise

Valor Econômico

Estamos novamente numa era de incerteza e debate sobre a estrutura da economia política global

Lideranças mundiais que participaram das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Marrakech na semana passada tinham decisões difíceis a tomar.

Para começar, várias economias em desenvolvimento - entre elas Egito, Etiópia, Gana, Quênia, Paquistão, Sri Lanka, Tunísia, Ucrânia e Zâmbia - estão à beira da inadimplência ou já entraram em inadimplência. Enquanto isso, o relatório climático recente de “balanço global” das Nações Unidas mostra que estamos longe de atingir a meta de 1,5º Celsius para o aquecimento global.

Embora o crescimento econômico robusto possa fornecer os recursos necessários para enfrentar esses desafios, o FMI prevê lentidão global e uma luta prolongada contra a inflação. Sem cooperação internacional, os países podem ficar enredados num esforço lento, confuso e caro para gerenciar suas dívidas, combater as mudanças climáticas e estimular o crescimento.

Não é a primeira vez que o mundo enfrenta tal crise. Como o historiador econômico Martin Daunton(1) observa em seu próximo livro, “The Economic Government of the World 1933-2023”, formuladores de políticas de 66 países se reuniram na Conferência Econômica de Londres de 1933 para enfrentar desafios assustadoramente parecidos com os que encaramos hoje: dívida, protecionismo, instabilidade financeira e polarização. Com a economia mundial em queda livre e os preços das commodities caindo, a demanda por bens industriais evaporou. À medida que o desemprego crescia, aumentavam também as tensões entre as agendas políticas domésticas e as preocupações econômicas internacionais.

Moisés Naím - Um mundo sem precedentes

O Estado de S. Paulo

Previsões são feitas em geral com base no que já aconteceu. Elas falham quando há tanta coisa inédita

Neste mundo sem precedentes, mais de tudo está acontecendo, e mais rápido, e a geopolítica fragmentada e um ecossistema global abalado representam riscos existenciais à humanidade

Isso é algo novo. Nada parecido com isso jamais aconteceu. Depois do choque, da tristeza e da indignação, essa foi a reação instintiva – e correta – que muitos de nós tivemos diante da barbaridade exibida pelo Hamas.

Apesar das inúmeras tragédias que Israel sofreu em seus 75 anos de história de ataques surpresa e ataques terroristas, o país nunca sofreu um ataque de estilo militar contra sua população civil nessa escala.

As cenas que mostram terroristas assassinos andando calmamente pelas ruas e assassinando ou sequestrando indiscriminadamente suas vítimas são cruéis e sem precedentes. Nunca antes o terrorismo atingiu tão ferozmente o coração da sociedade israelense.

Carlos Pereira - Somos muitos, mas coesos no Legislativo

O Estado de S. Paulo

Na eleição, o ‘craque’ faz a diferença; mas ‘time’ que não joga coeso perde no Legislativo

A coesão partidária no Brasil tem sido muito alta. O índice de coesão (que varia de zero, quanto o partido racha ao meio, a 1, quando todos os legisladores votam da mesma forma) médio dos partidos é igual a 0,89 nesses últimos 20 anos.

O que explicaria uma coesão partidária tão alta? A princípio, partidos coesos em ambiente altamente fragmentado não faria o mínimo sentido. Afinal, a conexão eleitoral não obedece a uma lógica partidária, mas é fundamentalmente baseada nos vínculos individuais do parlamentar com o eleitor.

Identifico pelo menos três determinantes que podem explicar esse paradoxo.

Marcus André Melo - Risco de malogro da estratégia global do governo

Folha de S. Paulo

Sob Lula 3 as arenas externas e internas mudaram; o personagem principal permanece o mesmo

A escolha estratégica de Lula para o seu terceiro mandato foi delegar poderes no plano da política doméstica e focar a política externa onde estariam "as frutas fáceis de colher". Como afirmei aqui. Como evoluiu esta estratégia ao longo de quase um ano? Há dois aspectos a considerar. O primeiro é que o ambiente internacional sofreu um duplo choque —a Guerra da Ucrânia e agora o ataque terrorista do Hamas. O segundo estava escrito na pedra: a montagem da coalizão legislativa pelo Executivo hiperminoritário foi marcada por vicissitudes, produzindo uma maioria congressual frouxamente articulada.

A prioridade estratégica de Lula é entrar para a história como estadista de primeira linha, recuperando sua conspurcada reputação. Mas os benefícios potenciais que resultam do papel da Amazônia na agenda ambiental global —os frutos fáceis de colher— não compensaram os custos reputacionais causados pelas declarações de Lula em relação à Guerra da Ucrânia, e que acabaram levando o governo a voltar atrás na postura que vinha adotando. O que foi reforçado pela posição de lideranças regionais, à frente Boric, ameaçando a liderança ideológica no campo da esquerda. A resposta inicial ao ataque do Hamas foi mais cautelosa, mas o risco é ainda maior. Quem não lembra o episódio do "anão diplomático"?

Camila Rocha - Guerra nas redes sociais não é a mesma, e influenciadores podem ter papel decisivo

Folha de S. Paulo

Desprovida de maior substância, política se reduz a um mero teatro para atacar oponentes

A guerra vista pelas redes sociais não é a mesma guerra narrada pela mídia tradicional. Como aponta Jason Farago, a enxurrada de imagens fragmentadas que inundam as redes muitas vezes ignora qualquer cronologia dos acontecimentos e pode ser utilizada para as mais diversas finalidades políticas.

Em meio a tal emaranhado de "conteúdos", o papel de influenciadores pode ser decisivo. De acordo com um estudo realizado pelos pesquisadores Darian Harff e Desirée Schmuck em 2023, influenciadores podem transmitir notícias de forma mais rápida, didática e compreensível em comparação com o que é veiculado na mídia tradicional. Isso pode afetar positivamente pessoas mais jovens, por exemplo. Afinal, a percepção de possuir maior competência para compreender assuntos distantes e complexos, como uma guerra em um país distante, pode desencadear maior interesse por temas políticos, sobretudo quando há um vínculo mais forte com o influenciador em questão.

Ana Cristina Rosa - O simbolismo da mira na cabeça

Folha de S. Paulo

Há algo metafórico em destruir o crânio de uma pessoa

Desde o assassinato de Mãe Bernadete Pacífico –coordenadora nacional da articulação de quilombos (Conaq) executada na Bahia há dois meses, no dia 17 de agosto, com mais de uma dezena de tiros na face– volta e meia me pego a pensar no simbolismo embutido em mirar na cabeça.

Em 2017, a ialorixá teve um filho executado com a mesma tática por defender direitos de regularização fundiária das terras tradicionalmente ocupadas por 350 famílias descendentes de escravizados que constituem o Quilombo Pitanga dos Palmares, área que entrou na mira da especulação imobiliária.

Bia Braune - Ao explorar os mundos invisíveis de Italo Calvino, todo leitor é Marco Polo

Folha de S. Paulo

Até hoje, me lembro do nosso encontro: uma capa discreta indagando 'Se um Viajante numa Noite de Inverno'

De onde me encontro, consigo contemplar todo o meu império. São reinos, países, aldeias e povoados. Milhares de quilômetros contidos numa prateleira que vai de fora a fora, atravessando cidades invisíveis e dicionários de italiano.

À moda do imperador Kublai Kahn, meu trono é a poltrona mais confortável da casa. Daqui sou capaz de explorar, tal como o enviado especial Marco Polo, todos os rincões do meu escritor favorito. Basta procurar os diminutos rabiscos que fiz em suas páginas. Cada "x" indicando um tesouro.

Neste centenário de Italo Calvino, busco também a mim mesma do passado que sinalizou, a lápis, o que precisaria ser relido sempre ("às vezes a gente se imagina incompleto e é apenas jovem"). Ou revistado, feito parentes.

Gente fantástica, como o barão que subiu às árvores para jamais descer; o cavaleiro que não existe, mas filosofa dentro da armadura vazia; o visconde partido ao meio, mas que colado de novo não fica nem bom nem mau.

Sem esquecer meu agregado pré-Big Bang: o cosmicômico Qfwfq, que mantém com outras partículas do universo o vício em apostas. "No dia 8 de fevereiro de 1926, na Rua Garibaldi, nº 18, a senhorita Giuseppina Pensotti, de 22 anos, sai de casa às 5h45 da tarde e segue para a esquerda ou para a direita?"

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Erradicar analfabetismo é prioridade

O Globo

É vergonhoso que mais da metade dos alunos até o 2º ano da rede pública não saiba ler nem escrever

O Brasil tem fracassado no desafio educacional mais simples e relevante: ensinar as crianças a ler e a escrever. Entre 2019 e 2021, a parcela alfabetizada dos alunos da rede pública diminuiu a ponto de os não alfabetizados se tornarem maioria entre os alunos matriculados no 2º ano do ensino fundamental — etapa em que todas as crianças deveriam estar alfabetizadas.

Em 2019, 60,3% dos estudantes pesquisados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sabiam ler e escrever o básico. A proporção retrocedeu em 2021 para 43,6%, uma queda vertiginosa de 16,7 pontos percentuais. Levantamento conjunto feito por Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) constatou que 40% dos alunos tinham dificuldades de aprendizado e que 11% enfrentavam dificuldades em leitura e escrita incompatíveis com a série em que estavam matriculados.

Poesia | Graziela Melo – Bruxas e cinderelas

Tristes

sonhos

me fustigam

por longas

noites

a fio...

lembranças

de desditas

já passadas,

temores

de

horizonte

mais sombrio!!!