Governo demonstra maturidade ao manter meta
fiscal
O Globo
Mesmo que ela seja inviável, intenções
importam. Seria demais voltar atrás antes da estreia do novo arcabouço
É bom que o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, tenha saído vitorioso da batalha em torno da manutenção da
meta de déficit zero em 2024. Na quinta-feira, o relator do Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União-CE), afirmou que o
Planalto descartara qualquer emenda para mudar a meta fiscal do próximo ano —
ao menos neste momento. Melhor assim. Ela ainda poderá ser
alterada em dezembro, durante a discussão da Lei Orçamentária Anual (LOA), ou
em março, na revisão das contas públicas prevista pela Lei de Responsabilidade
Fiscal. Mas Haddad ganhou um tempo precioso diante do bombardeio que vinha
recebendo de seu próprio partido.
No fim do mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou de atrapalhar o trabalho de seu ministro da Fazenda semeando desconfiança. Num café da manhã com jornalistas, afirmou que dificilmente o governo cumpriria a meta de zerar o déficit primário em 2024. “Muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida”, disse Lula. “E se o Brasil tiver déficit de 0,5%, de 0,25%, o que é? Nada.” Foi a senha para mais uma vez entrar em ação a profícua fábrica de crises do PT.