Anistia para réus do 8 de Janeiro é inadmissível
O Globo
Investigação da PF revela que violência e
invasão a sedes dos três Poderes foram parte da trama golpista
As revelações da Polícia Federal (PF) sobre a
tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e o indiciamento de 37 envolvidos na trama golpista, entre eles o ex-presidente
Jair Bolsonaro e autoridades graduadas de seu governo, corroboram que é
inadmissível o projeto que tramita no Congresso para anistiar quem participou
da invasão às sedes dos três Poderes no 8 de Janeiro. Implicitamente, a
proposta visa também a beneficiar Bolsonaro, inelegível devido à condenação
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Crimes contra a democracia são
gravíssimos. Não pode haver anistia nem para os participantes do 8 de Janeiro,
nem para quem tramou um golpe de Estado.
A trama golpista, diz a PF, foi urdida dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos de Bolsonaro. Um plano com o passo a passo da intentona, que previa o assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin e do então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, foi impresso nas dependências palacianas. As investigações mostram também que os acampamentos de onde partiram as manifestações violentas do 8 de Janeiro não foram protesto espontâneo de descontentes com a vitória de Lula. Faziam parte do plano para impedir a posse dele, depois tumultuar seu governo. De acordo com a PF, o general da reserva Mário Fernandes, preso na semana passada, funcionava como elo entre o Planalto e os acampados na frente do quartel-general do Exército em Brasília. A invasão e a vandalização dos prédios públicos, depois que a intentona fracassara por falta de apoio no Alto Comando do Exército, objetivavam gerar instabilidade ao governo recém-empossado.