sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Fim dos tempos. Por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Só São Paulo está às escuras? Ou o Congresso, o STF, o Brasil e o mundo também?

A semana e o ano vão fechando com uma sensação de fim dos tempos, em que você olha para um lado e vê a Câmara imoral e o Senado raivoso, olha para outro e vê o Supremo em chamas e, ao virar para o Planalto, vê um palanque, onde Lula, em campanha, finge que não tem nada a ver com isso.

Tudo é espantoso no Congresso, a dita “casa do povo”, onde o tal “povo” não é ouvido e se choca, dia sim, outro também, com as decisões mais estapafúrdias, como a Câmara manter o mandato da deputada Carla Zambelli, condenada, foragida e presa. Pura confrontação contra o STF, e Alexandre de Moraes anulou a decisão, jogando álcool na fogueira entre os Poderes.

Perdendo o respeito, o presidente da Câmara, Hugo Motta, conseguiu irritar o STF, esquerda, direita, governo e oposição, dando asas a absurdos nunca dantes imaginados. Não cassar Zambelli é só um exemplo e projeta a absolvição de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, que estão nos EUA, a muitos quilômetros da Justiça e da Câmara.

Como os três são bolsonaristas, a direita jogou no mesmo saco o deputado Glauber Braga, do PSOL, que foi processado no Conselho de Ética por chutar um ex-militante do MBL e tem razão ao reclamar que seu caso é diferente e muito menos grave. Isso, porém, não justifica ele repetir os adversários e ocupar a cadeira de presidente da Câmara.

Totalmente perdido, Motta pensou em tapar o sol com a peneira, com censura e veto à imprensa e à própria TV Câmara no plenário, enquanto Glauber era arrancado pela polícia à força e sua mulher, a também deputada Sâmia Bomfim, era jogada no chão.

E o acordão entre bolsonaristas e Centrão? Inacreditável! O senador Flávio Bolsonaro se lançou à Presidência, impactou Bolsa e câmbio e cobrou “um preço” para livrar o País da sua candidatura: trocar os 27 anos e 3 meses de prisão do pai, decididos pelo STF, por meros três, e olhe lá!

O STF tropeça nas próprias pernas, com Gilmar Mendes tirando prerrogativas do Senado para votar impeachment de ministros da Corte e voltando atrás rapidinho, depois das revelações graves embolando o Master com Moraes, cuja mulher atua no escritório de advocacia que defende o banco, e Dias Toffoli, que viajou com o advogado de um dos mandachuvas e dias depois tomou decisões favorecendo o grupo.

Como meu lado Poliana foi para o brejo, lembro que a deterioração política interna vem junto com a ameaça de invasão da Venezuela, EUA de um lado e Rússia de outro, e é acompanhada de ventos que deixam São Paulo às escuras. Aliás, só São Paulo? Ou o Brasil e o mundo estão às escuras? 

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