sexta-feira, 3 de junho de 2011

Opinião – Marco Aurélio Nogueira

O 15M é como o "espírito" de uma nova esquerda, anunciando o que a velha esquerda deixou de valorizar: mais importante que "chegar ao poder" é elaborar novas maneiras de organizar a convivência e compartilhar poderes. Uma esquerda mais "cultural" e participativa, refratária a ordens unilaterais e hierarquias, que deseja uma nova economia, mas dá mais destaque à igualdade, aos direitos, às liberdades, aos indivíduos. Mostra à velha esquerda que a democracia é um valor que precisa ser praticado no Estado e no cotidiano, luta política é mais que controle de votos e recursos de poder. O 15M tenderá a perder força e talvez até desapareça, mas seu exemplo permanecerá.

Movimentos animados por redes não precisam ser prisioneiros do universo virtual. Podem agir no mundo concreto. Debatem, agitam e pressionam, mas vivem sob a constante ameaça de diluição, em decorrência da dificuldade que têm de traçar uma rota planejada ou formar um todo mais articulado. Se cada um pretende mudar as coisas a seu modo, como produzir ação coletiva?

Marco Aurélio Nogueira, Professor titular de Teoria Política da UNESP. Os dominós virtuais e a democracia real. O Estado de S. Paulo, 28/5/2011

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO

FOLHA DE S. PAULO

O ESTADO DE S. PAULO

VALOR ECONÔMICO

ESTADO DE MINAS

CORREIO BRAZILIENSE

ZERO HORA (RS)

JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Já sem apoio do PT, Palocci promete explicação pública

Dirigentes do partido pedem saída do ministro e articulam substituição

Reunida ontem, a Executiva Nacional do PT não deu qualquer declaração de apoio ao ministro Antonio Palocci (Casa Civil) e decidiu esperar uma explicação pública dele sobre o aumento de seu patrimônio quando era deputado federal e coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Dirigentes chegaram a anunciar que o PT divulgaria resolução deixando claro que a crise que envolvia Palocci é uma questão do governo, e não do partido. Mas o Palácio do Planalto interveio, evitando o documento. A operação do Planalto não conseguiu impedir, porém, que quatro dirigentes do PT defendessem a saída imediata do ministro. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu que a situação é delicada e eu Dilma pediu explicações ao ministro, o que pode ocorrer hoje. Reservadamente, petistas já falam em nomes para substituir Palocci.

PT lava as mãos sobre Palocci

 CRISE NO GOVERNO

Mas Planalto intervém e impede nota dizendo que crise é do governo, não do partido

Maria Lima

A Executiva Nacional do PT se reuniu ontem e não fez qualquer gesto de apoio ao ministro Antonio Palocci, da Casa Civil, sob suspeita diante da evolução patrimonial que teve quando deputado federal e coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff. O apoio estava descartado desde a véspera, e, ontem de manhã, dirigentes chegaram a divulgar que uma resolução da Executiva indicaria que a crise envolvendo o chefe da Casa Civil é uma questão de governo, e não partidária. O Palácio do Planalto entrou em campo e impediu a divulgação dessa resolução. Mas a operação palaciana não evitou que três dos 12 membros da Executiva e um integrante do Diretório Nacional defendessem a saída imediata do ministro durante as reuniões de ontem.

No fim da tarde, depois de dois encontros com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, anunciou que a Executiva considerou melhor esperar que Palocci viesse a público dar explicações complementares, o que deve acontecer hoje, sobre o aumento substancial em seu patrimônio e suas atividades como consultor.

Ao longo da reunião de ontem da Executiva, quatro dirigentes petistas defenderam a saída imediata de Palocci da Casa Civil. Pediram sua demissão, durante a reunião, o secretário-geral, Elói Pietá; Renato Simões, secretário nacional de Movimentos Populares; Carlos Árabe, secretário nacional de Formação Política, e Walter Pomar, membro do Diretório Nacional que também participou da reunião.

- Eles argumentaram que, se o Palocci permanecesse no cargo, o tiroteio ia continuar e poderia respingar no PT e no governo Dilma - relatou um dos presentes.

Petistas creem em queda de Palocci

Durante o encontro da Executiva Nacional, nos bastidores, dirigentes petistas fizeram avaliações pessimistas sobre a permanência de Palocci no cargo, mesmo após sua fala de hoje. E reservadamente já falam em nomes que podem substituí-lo, entre eles a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Para a maioria dos petistas ouvidos, a queda de Palocci é uma questão de tempo e de como operá-la sem maiores traumas para o governo Dilma Rousseff.

O clima entre os petistas era de estranhamento com o volume de recursos que entraram para a empresa de Palocci, a Projeto Consultoria, num momento em que a campanha presidencial e os candidatos do partido enfrentavam dívidas vultosas - o faturamento da empresa teria sido de mais de R$20 milhões no ano passado. Mais estranho ainda, diziam os petistas reservadamente, é que ocorreu no momento em que Palocci era um dos arrecadadores de doações para o partido.

- O que mais assustou o partido foi a compra de um apartamento de R$6,6 milhões logo depois da eleição, quando os candidatos nos estados estavam se endividando para chegar ao fim da campanha - comentou um dos dirigentes.

No final da tarde, o clima ainda era de ceticismo, mesmo após as declarações do ministro Gilberto Carvalho de que Palocci irá se explicar. No comando do PT, poucos acreditam, de fato, que ele consiga se segurar no cargo com sua fala pública ou mesmo uma decisão favorável do Ministério Público.

- O Ministério Público nem deve instaurar inquérito, não vai entregar o Palocci. Isso lhe dá algum um fôlego, mas por quantos dias? - indagava outro integrante da Executiva.

- O problema do Palocci está resolvido. Ele está muito bem de vida! - ironizou outro.

A resolução que já estava pronta, e que o presidente Rui Falcão divulgaria ao final do encontro, diria que o caso Palocci não dizia respeito ao PT, mas ao governo.

- A resolução está pronta, mas eu fico com medo de parecer que nós estamos lavando as mãos. O que a imprensa vai dizer é que estamos negando apoio, e entregando o Palocci - justificou Falcão na última etapa da reunião, no meio da tarde. Mais tarde ele afirmaria: - Continuo sustentando que considero que o ministro Palocci agiu dentro da legalidade, com a lisura que lhe é peculiar desde sempre, e que sua honestidade não está em questão neste momento.

Falcão se encontrou com Carvalho na noite de quarta-feira e ontem pela manhã. O deputado Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, também foi procurado por Carvalho.

- Vamos esperar informações complementares. Uma nota agora sem a totalidade das informações não ajudaria em nada - disse Berzoini.

Na Câmara, o presidente Marco Maia (PT-RS) disse que o fato de o ministro Palocci se explicar hoje, em entrevista ou em pronunciamento, não interferirá na sua decisão sobre a convocação do ministro:

- Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O que ele diz para imprensa não tem impacto no que pode dizer na Câmara e vice-versa. Mas que bom que ele fale! Quanto mais se tratar desse assunto de forma pública, melhor.

FONTE: O GLOBO

PMDB exibe Lula e usa programa na TV para rebater Dilma

Cristian Klein

São Paulo - O programa partidário do PMDB que foi ao ar, ontem à noite, entrou na casa de milhões de brasileiros mas teve como alvo principal um único cidadão: a presidente Dilma Rousseff. Eivada de mensagens indiretas, mas com destinatário certo, a propaganda refletiu o mal disfarçado clima de beligerância por que passa a relação entre Dilma e os pemedebistas.

"Na disputa democrática, quem ganha junto, governa junto. É simples assim, ou não é?", disse a apresentadora, ao concluir uma defesa que rebate a imagem disseminada por "adversários" e "boa parte da mídia brasileira" de um PMDB que só se interessa por cargos.

Maior partido da base governista, o PMDB liderou, na semana passada, a primeira e grande derrota da presidente Dilma na Câmara, durante a votação do Código Florestal. A rebeldia veio depois de seguidas recusas da presidente em aceitar indicações dos pemedebistas para o segundo escalão do governo.

"O PMDB não cobra cargos. O PMDB divide trabalho, assume responsabilidades. Tem equipe e resultados para mostrar", afirmou em outro momento o programa.

No auge da crise, a Presidência ameaçou demitir os seis ministros do partido por meio de uma áspera conversa telefônica entre o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e o vice-presidente Michel Temer.

No decorrer dos dez minutos do programa, o ímpeto intimidador - "Num regime democrático tamanho é documento, porque reflete a vontade popular" - aos poucos foi sendo substituído pelo tom mais conciliador.

Michel Temer afirma: "Com moderação, equilíbrio, respeito, atenção às instituições e a proteção de Deus, vamos dar sequência a um projeto que começou com o presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva]".

O ex-presidente não foi apenas citado. Apareceu em depoimento no qual tenta pôr panos quentes na briga. "Estou convencido que a presidenta Dilma e o vice Temer, o PT e o PMDB, construirão uma aliança ainda mais forte, que produzirá muitos frutos para o povo brasileiro", disse Lula.

Antes do depoimento do ex-presidente, a tela foi tomada por uma frase - outra indireta para Dilma: "Ser grande é ser grato".

Em seguida, surgiu Lula, agradecendo ao partido: "As minhas palavras neste programa do PMDB são de agradecimento pelo apoio que o partido deu ao meu governo. Juntos conquistamos muita coisa para o povo brasileiro".

A presença do ex-presidente, associada à ausência de qualquer imagem de Dilma, reforçou o protagonismo que Lula está retomando no cenário político. Durante a crise com o PMDB, quando o governo passou por uma espécie de "apagão", Lula tomou a frente da articulação política e reuniu-se com senadores do PT, à revelia de Dilma - ação que foi interpretada como uma intervenção branca.

Outra vez, Lula exerce um papel de bombeiro ou de mediador da crise. E suscita especulações sobre sua intenção de se candidatar em 2014, ao aparecer ao lado dos pemedebistas e domar, desde já, reações e pretensões de sua sucessora, como a de tentar a reeleição.

Apesar das mensagens cifradas, dos recados à presidente, o PMDB não descuidou do público-alvo de qualquer programa partidário. E também foi ousado ao reivindicar o crédito de várias conquistas do governo liderado pelo PT. O senador alagoano Renan Calheiros é quem melhor rouba as bandeiras normalmente associadas à administração petista.

"Quem diria que, no Brasil de agora, 30 milhões de brasileiros entrariam para a classe média. Quem diria que o nosso país fosse emprestar dinheiro ao FMI. Quem diria que um dia o brasileiro teria o maior programa de distribuição de renda do mundo", proclamou Renan Calheiros.

O senador cearense Eunício Oliveira afirmou que o "PMDB ajudou a revolucionar o campo com o Luz para Todos. Agora vai priorizar o programa Água para Todos" e que "a educação deu um salto com o Prouni".

Estopim da discórdia entre Dilma e PMDB, a questão ambiental foi tratada com mais tato e acenou para um armistício - uma vez que a discussão do Código Florestal continua no Senado. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, fez uma defesa contundente do agronegócio, mas terminou por contemporizar. "O nosso foco agora é investir na agricultura de baixo carbono e assim levar também para o campo o desenvolvimento sustentável".

O programa foi aberto pelo presidente do Senado, José Sarney, e contou com outros caciques do PMDB, como o senador Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do partido, o deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN) e quatro dos seis ministros da legenda: além de Rossi, Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), Garibaldi Alves (Previdência) e Edison Lobão (Minas e Energia).

Ficaram de fora Nelson Jobim (Defesa) e Pedro Novais (Turismo). Não apareceram nenhum dos cinco governadores. Um ano antes das eleições municipais, o programa destacou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em busca da renovação do mandato, e os dois pré-candidatos à disputa em São Paulo: Paulo Skaf, recém-filiado, e Gabriel Chalita, que entra para a sigla no sábado - ambos egressos do PSB.

FONTE : VALOR ECONÔMICO

Não sou refém, diz Dilma; Palocci promete respostas

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em meio à crise em torno do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que ela não vai ser "refém" de dificuldades. No lançamento do programa Brasil sem Miséria, que prevê R$ 20 bilhões anuais para beneficiar 16,2 milhões de pessoas até 2014, ela disse: "Os desafios não me imobilizam, os desafios não me tornam refém".

Presidente diz que não será "refém do medo"

OS NEGÓCIOS DO MINISTRO

Ao lado de Palocci, Dilma afirma que não se "imobilizará" por dificuldades

Para Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, crise que envolve chefe da Casa Civil não para governo

Ana Flor

BRASÍLIA - No momento em que o governo está imerso na crise envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que "não será refém" ou se "imobilizará" por desafios e dificuldades.

A frase fez parte do discurso de lançamento do programa Brasil Sem Miséria, no Palácio do Planalto. Dilma evitou a imprensa no evento.

A poucos metros de Palocci, a presidente disse que ninguém "pode se dar ao luxo de ser refém do medo ou da timidez". "Os desafios não me imobilizam, os desafios não me tornam refém, ao contrário, sempre foram eles que me fizeram avançar na vida, sempre", afirmou ela.

O lançamento do programa, apesar de estar programado há mais de um mês, foi uma forma de mostrar que o governo não está paralisado com a crise no governo.

O evento ocorre na semana em que o governo marcou uma série de eventos na tentativa de transmitir uma "agenda positiva". Hoje Dilma inaugura uma plataforma de petróleo no Rio.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) também afirmou que a crise envolvendo Palocci não está paralisando o governo.
"A crise para nós tem um peso, uma importância, mas ela é muito relativa. A ordem da presidente é que a gente continue trabalhando."

Questionado se a situação de Palocci no governo é "delicada", Carvalho respondeu: "Mas continua firme".

Palocci ouviu de Dilma e do ex-presidente Lula que cabe a ele falar o mais rápido possível sobre seu aumento de patrimônio.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Na crise, Dilma lança Brasil Sem Miséria

Plano se destina a melhorar a vida de 16,2 milhões de pessoas, mas não tem custo definido nem a fonte dos recursos para cumprir a meta

Tânia Monteiro e Leonencio Nossa

BRASÍLIA - Em meio à crise envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff comandou ontem uma solenidade para lançar o plano Brasil Sem Miséria, destinado a melhorar a vida de 16,2 milhões de pessoas que vivem em casas em que a renda mensal é de até R$ 70 per capita. O governo, no entanto, não definiu o custo do projeto e a fonte dos recursos para cumprir a meta.

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, informou que o governo estima investir anualmente R$ 20 bilhões no novo plano. Depois, assessores explicaram que desse total R$ 16 bilhões já são gastos com o Bolsa Família. O governo não detalhou de onde vai tirar o "dinheiro novo", isto é, os R$ 4 bilhões.

Nos primeiros dias de governo, Dilma afirmou que o plano de erradicação da miséria só seria apresentado quando estivesse totalmente pronto. Ontem, ministros e assessores demonstraram dificuldades para explicar as diversas ações prevista e causaram confusão com números e valores.

O Brasil Sem Miséria é um pacote de que junta intenções do governo, projetos que não saíram do papel no governo Lula e reafirmações de compromissos da presidente na área social. Por meio de um conjunto de medidas provisórias e decretos, o governo criará uma Bolsa Verde de R$ 300 por trimestre para cerca de 70 mil famílias que vivem em áreas de floresta, incluirá outras 800 mil famílias no Bolsa Família e tentará localizar 16,2 milhões de brasileiros que, segundo o IBGE, vivem em estado de extrema pobreza.

Refém. Em seu discurso, Dilma leu ressaltou que o combate à pobreza é uma "prioridade" de seu governo. Num pequeno palanque em que estava Palocci, centro das atenções na solenidade, a presidente afirmou que o maior problema hoje do governo é resolver o problema dos pobres. "Se somos capazes de dar atenção a problemas e crises, não podemos esquecer da crise mais permanente, do problema maior e mais angustiante que é termos a pobreza crônica instalada no País", afirmou. "Os desafios não me mobilizam, não me tornam refém. Foram eles que me fizeram avançar na vida."

A presidente também rechaçou o "fatalismo" segundo o qual a pobreza existe e existirá sempre. "Isso não é realismo, é cinismo. Estou certa de que devemos e podemos construir nosso caminho para uma sociedade sem miséria, e acredito que nenhum de nós pode fugir dessa luta."
E prometeu ação: "Nós não mais vamos esperar que os pobres corram atrás do Estado brasileiro. O Estado brasileiro deve correr atrás da miséria e dos pobres deste país."

Metas. O Bolsa Família atende hoje 12,9 milhões de famílias. Com o novo plano, a meta é chegar a 13,7 milhões até dezembro de 2013. Ao mesmo tempo, o governo pretende abrir cursos em parcerias com prefeituras e governos estaduais para qualificar trabalhadores e, assim, retirar gradualmente famílias do cadastro do Bolsa Família. O governo pretende ainda aumentar a oferta de crédito e assistência técnica a pequenos agricultores e posseiros que vivem em regiões isoladas e facilitar o acesso da população de baixa renda a serviços públicos de saúde e educação. Ficou acertada ainda a concessão de R$ 2.400 por família, pagos em quatro parcelas, ao longo de dois anos, para apoiar a produção e a comercialização excedente de alimentos. A ideia é atender até 100 mil famílias neste projeto. O pagamento será feito por meio do Bolsa Família.

Dilma informou que o governo vai lançar uma campanha de mobilização "sem apelos emocionais gratuitos e sem dramatizar a miséria", para buscar apoio da sociedade ao novo plano.

PRINCIPAIS PONTOS DO PROGRAMA

l. O governo pretende gastar cerca de R$ 20 bilhões por ano com o programa de erradicação da miséria até 2014. Desse total, R$ 16 bilhões já são gastos com os pagamentos do Bolsa Família

2. Incluir 800 mil famílias no Bolsa Família até 2014 e alterar os critérios de concessão do benefício, que vai atender até cinco crianças e adolescentes (de até 15 anos) por família

3. Conceder sementes e insumos, como adubos, para 253 mil famílias, além de pagar benefícios em dinheiro para a produção e a comercialização excedente de alimentos

4. Bolsa Verde de R$ 300 por trimestre para cerca de 70 mil famílias que vivem em extrema pobreza e que preservem florestas nacionais e vivam de modo sustentável

5.Lançar o programa Água para Todos, que prevê a construção de novas cisternas para o plantio e a criação de animais. A meta é atender 600 mil famílias rurais até 2013

6.Qualificar 1,7 milhão de pessoas de 18 a 65 anos nos centros urbanos e capacitar aproximadamente 60 mil catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis até 2014

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PMDB, a fênix? :: Roberto Freire

A crise entre PMDB e PT é o sinal de que está emergindo das contradições da base aliada do governo um PMDB com certo grau de unidade, que está exigindo mais respeito.

Mostrou-o o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), na votação do Código Florestal, na qual a emenda da legenda desagradou o governo. “Nós somos governo”, disse Alves, retrucando as críticas e censuras que se seguiram ao gesto perpetrado na estrondosa aprovação do texto da emenda.

Expressava a afirmação de que não só o PT é governo, coisa que não parece muito clara aos adeptos do lulo-petismo.

Tratado com desprezo nos dois governos de Lula -  que estava interessado apenas no número de votos que o partido lhe garantia no Congresso e no tempo de televisão - e também nesse comecinho da gestão Dilma, o PMDB está deixando de ser uma federação, um agrupamento de facções, para voltar a ser um partido de grande porte, que quer ser considerado como tal.

Isso entra em choque com o petismo, que, narcisista, vê apenas a si próprio como digno de respeito, que é incapaz de dispensar a outro partido o mesmo tratamento que deseja receber.

É claro que nem todos os peemedebistas integram esse processo de renascimento do partido. Existem - e não em pequeno número - aqueles que apenas se saciam nos governos aos quais o PMDB garante maioria no Congresso. Esses continuam velhos como suas práticas patrimonialistas e fisiológicas, agarrados a algum naco de poder disponível na máquina do oficialismo. Em outra ponta, há gente querendo mudar esse diapasão.

Não é à toa que o ex-presidente Lula foi parar no programa do PMDB.

É uma tentativa de acabar com a vontade de liberdade desse aliado que não é mais o mesmo, que não quer mais responder, automaticamente, ao comando do Palácio do Planalto, com um Palocci desmoralizado.

Principalmente quando ele veio ameaçando demitir os ministros do partido, caso os seus deputados não votassem com o governo no Código Florestal.

O PMDB que quer ser partido já rejeita arrastar o peso do enriquecimento recorde do ministro-chefe da Casa Civil. A banda fisiológica, que não se importa com a submissão a qualquer governo, prossegue defendendo o indefensável. Mas é interessante notar que uma parte do PMDB não se contenta em ser vaca de presépio. Esse PMDB reclama da falta de articulação da base, cujo líder na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), é um desnorteado, e também da insignificância do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio.

A crise com o PT promete novos episódios quando o Código Florestal passar pelo Senado, sofrer as alterações que o governo quer fazer, e voltar à Câmara. A posição dos peemedebistas está cravada e não deverá mudar.

Se o Planalto quiser evitar que ele entre em vigor, a presidente terá de arcar com o ônus do veto.

Esse casamento não está à beira de uma separação, certamente. O PMDB tem o governismo nas veias e o fisiologismo é seu forte. Ambos têm sede de aparelhamento do Estado no seu DNA. Não se desvencilharão tão facilmente.

E não é demais observar que, no campo das malfeitorias, o PT está ganhando do PMDB.

Roberto Freire é deputado federal e presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Saco de gatos:: Merval Pereira

No Brasil atual, de amplo espectro partidário que abriga nada menos que 27 legendas com registro nacional, sendo que 22 delas com atuação no Congresso, não há partidos "de direita", muito menos de "extrema-direita", e nem partidos de "extrema-esquerda". Todo mundo quer ser "de esquerda" e, quando não dá, no máximo, "de centro".

Sem falar no 28º partido em gestação, o PSD, que não é "de centro, nem de direita, nem de esquerda", segundo a indefinição de seu criador, o prefeito paulistano, Gilberto Kassab.

Essa geleia geral de siglas - a maioria delas abrigada sob uma aliança governista, a mais ampla e diversificada já vista no país - esterilizou a prática política, retirando conteúdos programáticos ou ideológicos dos partidos, transformando-os em meros instrumentos a serviço do governo e de interesses pessoais.

É dentro desse quadro que a aliança entre o deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, e a bancada ruralista na defesa do novo Código Florestal traz novamente à discussão a ideologia dos partidos políticos brasileiros.

O PCdoB já foi, em outras épocas, considerado de "extrema-esquerda", e garante que não mudou de posição: a defesa do novo Código seria a dos pequenos agricultores, ao contrário do que dizem os que acusam o partido de ter se vendido ao agronegócio.

O DEM, saído da tentativa de modernização da antiga Frente Liberal, chegou perto de assumir uma identidade "de direita", aliando-se à Internacional Democrática de Centro (IDC) em 2005. A IDC contrapõe-se à Internacional Socialista, que reúne os partidos de esquerda e social-democratas no mundo, e agrupa legendas representadas também por políticos como Jacques Chirac, na França; Durão Barroso, do PSD, em Portugal, hoje presidente da Comissão Europeia; e o Partido Republicano nos EUA.

Mas houve uma reação a essa decisão e o partido, hoje desidratado, segue sem definição oficial, embora seja visto como "de direita".

O movimento Tea Party (Partido do Chá, em português), uma referência ao movimento de 1773 em Boston, nos Estados Unidos, contra o governo britânico - que, por meio da Companhia das Índias, tinha o monopólio do chá nas colônias e cobrava impostos considerados abusivos -, representa na política americana o conservadorismo mais radical, com políticos ligados à ultradireita, geralmente do Partido Republicano, e se identifica com uma parte do eleitorado.

Temos aqui no Brasil vários deputados atuando individualmente dentro de parâmetros que são definidores da "extrema-direita" e poderiam fazer parte do Tea Party, como os deputados Jair Bolsonaro (PP) e Garotinho (PR) ou a bancada suprapartidária das igrejas. Mas seus partidos não são tachados de "extrema-direita", e nem mesmo se assumem como "de direita".

Esses grupos tiveram ação mais forte na recente campanha presidencial, quando questões como o aborto surgiram, e continuam em ação hoje, sobretudo na discussão da política sobre as minorias. PP e PR, além do mais, estão na base de um governo que se diz "de esquerda", o que aumenta a confusão ideológica.

Ao contrário da regra de que nenhum político brasileiro se declara "de direita", a direita está sempre presente nos governos formados a partir de 1985, quando Tancredo Neves se elegeu presidente da República, numa aliança antes impensável com os dissidentes do PDS, partido que dava sustentação à ditadura militar. O PFL provocou outro choque quando chegou ao poder nas eleições diretas ao lado de Fernando Henrique, do PSDB.

Assim como ninguém é de "extrema-direita", também não existe mais um partido de "extrema-esquerda", pelo menos em atuação no Congresso. Mas, no mundo político real de outros países democráticos, há distinção clara entre "direita" e "extrema-direita", e entre "esquerda" e "extrema-esquerda".

Esquerda seriam Michelle Bachelet, do Chile; o governo espanhol de Zapatero; Lionel Jospin, o premier que antecedeu Sarkozy na França. Já Hugo Chávez, a ditadura cubana que Lula está visitando pela enésima vez, ou mesmo as Farc da Colômbia, deveriam ser classificados como de "extrema-esquerda", mas são jogados todos no mesmo balaio da "esquerda" mundial, no máximo tratados como "vegetarianos" e "carnívoros", uma maneira sutil de tocar em suas tendências sem ser politicamente incorreto.

Essas reflexões sobre a indefinição ideológica me foram propostas pelo experiente jornalista José Gorayeb, que ressalta que, dos anos 1960 aos 1980, e até recentemente, nos anos 1990, a imprensa brasileira fazia essa distinção muito claramente: referia-se a regimes, partidos ou correntes "de extrema-esquerda".

Assim eram referidos o MR-8, o PCdoB, a Libelu e o MEP, entre outros. Talvez porque, no Brasil sob o regime militar, a luta armada era claramente mencionada como ação e ideologia de extrema-esquerda, em contraposição à "esquerda" ideológica, ou seja, o MDB e o PCB, que defendiam a luta contra a ditadura "pelo voto" e pela ação parlamentar. De "esquerda" eram também designados o PDT brizolista e o PT, apesar de este ter agasalhado facções de extrema-esquerda que, com outras denominações, até hoje estão lá.

Ao falar, por exemplo, numa eleição europeia, a imprensa distinguia os partidos de "esquerda", como os socialistas, dos de "extrema-esquerda", a exemplo dos mais radicais, como, na Alemanha, os egressos do terrorismo à la Baader-Meinhof. Como "de extrema-esquerda" eram também mencionados os movimentos insurgentes/terroristas latino-americanos como os Montoneros e os Tupamaros. Hoje, as Farc são referidas como "organização de esquerda".

Essa banalização das ideologias partidárias, e a esterilização da política por meio da cooptação por vantagens fisiológicas, fazem com que todos os gatos se pareçam pardos e caibam no mesmo saco.

FONTE: O GLOBO

Origens da crise:: Dora Kramer

Avaliação de dois aliados de peso, sem nenhum interesse no desgaste político do governo: se a presidente Dilma Rousseff não revisar seus métodos e se o PT não resolver suas disputas internas por hegemonia, o projeto de poder idealizado por Luiz Inácio da Silva pode não ter a vida longa pretendida.

Nessa crise aos cinco meses de governo ficou claro que o modelo petista de governança política não dá muito certo sem a presença de um maestro como Lula para, ao mesmo tempo, atrair e desviar todas as atenções, a depender do interesse.

Portanto, o distanciamento do ex-presidente do cotidiano da política nacional é algo impensável. Mas, se Lula é o remédio, sua eficácia depende da dose em que for aplicado.

O desembarque em Brasília na semana passada como se viu só serviu para desorganizar a confusão e subtrair da presidente uma credibilidade que vinha sendo construída nos primeiros meses em que marcou diferenças do antecessor e deu margem à interpretação de que a complementação de estilos poderia resultar em um projeto eleitoralmente imbatível.

Lula sustentando o patrimônio de popularidade já assegurado entre a imensa maioria dos mais pobres e dos emergentes recentes; Dilma trabalhando na manutenção da confiabilidade entre os mais ricos enquanto conquistava espaços na chamada classe média tradicional e nos setores refratários ao populismo do ex-presidente.

Só que, ao intervir com estardalhaço, o antecessor expôs toda a fragilidade da antecessora, cuidadosamente protegida por anteparos durante a campanha eleitoral. A principal "blindagem" de Dilma, então, era o próprio Lula.

Uma vez estando ela na Presidência, a repetição do método produziu a cena de ilegitimidade captada por todos nos dois dias em que Lula esteve na capital fazendo e acontecendo como se presidente ainda fosse.

Poderia e até deveria intervir, na visão de dois espectadores privilegiados da crise, mas com discrição. A atuação de Lula nos bastidores é considerada imprescindível para orientar na articulação da ampla base partidária, mas, sobretudo, para segurar os apetites por vezes suicidas do PT.

Ninguém duvida de que o infortúnio de Palocci é visto por setores do partido como uma janela de oportunidade para deslocar o eixo de poder.

Mas quem observa o panorama sob a perspectiva dos outros partidos integrantes do governo, principalmente PMDB e PSB, preocupa-se mais com o restante do mandato de Dilma que propriamente com o desfecho do caso em curso.

Este provavelmente se resolve com a saída de Palocci. Mas como se resolvem as questões que levaram o episódio a assumir proporções de crise ampla e quase irrestrita?

A solução, na opinião dos parceiros, cabe a Lula saber apresentar. Afinal, é o avalista de um projeto com o qual todos se comprometeram e do qual todos se pretendem participantes sem reconhecer no PT o papel de protagonista absoluto com o direito de pôr tudo a perder.

Em pessoa. O notório telefonema de Palocci para o vice-presidente Michel Temer ameaçando com a demissão de todos os ministros do PMDB, caso o partido não se alinhasse ao governo na votação do Código Florestal, foi feito do gabinete de Dilma Rousseff.

E com o viva-voz acionado para que ela pudesse acompanhar a conversa pari passu, conforme indicava o eco perceptível do outro lado da linha.

O ministro, que normalmente se refere a ela como "Dilma", naquela noite, ao telefone, durante todo o tempo aludiu às ordens da "senhora presidente".

Isso explica o fato de o sempre habilidoso Palocci ter-se dado ao deslize de tão inábil abordagem.

Ciente. Um dos fatores que teriam contribuído para a ausência de uma decisão mais firme e rápida em relação a Palocci seria a informação passada por ele mesmo à presidente, antes de assumir a Casa Civil, sobre a amplitude de seus êxitos financeiros no período em que esteve fora do governo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Esperando o PMDB :: Fernando de Barros e Silva

O ministro Antonio Palocci se tornou um morto-vivo, uma espécie de zumbi no cargo que ainda ocupa mas já não exerce. Em menos de 20 dias, o superministro virou um espectro dentro do Planalto. Sua presença calada é um estorvo para todos. Trata-se do silêncio mais intrigante (e mais óbvio) da República em muitos anos.

Circulava ontem, entre petistas, que Palocci decidiu, enfim, falar. Estamos todos curiosos para ouvir o Godot de Ribeirão Preto. Mas talvez suas palavras cheguem tarde demais. A não ser que o artista surpreenda a plateia. A ponto de explicar, inclusive, porque demorou tanto para apresentar provas tão cabais de que não é apenas um exímio consultor, mas um homem público de conduta irrepreensível.

O contraste e a simetria com o escândalo do caseiro dão o que pensar. Lá, num impulso delinquente, a máquina do Estado foi mobilizada para violar o sigilo do mais fraco. Agora, numa atitude deliberada, trata-se de evitar que o sigilo dos negócios do futuro ministro com os mais fortes venha à luz. Nos dois episódios, sacrifica-se o interesse público em nome do benefício pessoal ou dos ganhos privados.

Em termos políticos, a pergunta, hoje, talvez não seja mais "quem ainda quer segurar Palocci no poder?", mas, antes, "que diferença isso faz?". O empresariado parece já ter assimilado os custos do que se afigura como inevitável. E o PT, embora tenha receio do avanço do PMDB sobre Dilma, não faz qualquer ação orgânica em defesa do ministro. Pelo contrário, mais e mais petistas enchem a boca para dizer: "Palocci deve explicações".

O PMDB nem precisou esperar a queda do ministro. As ações da governabilidade subiram no mercado parlamentar e o partido dos negócios as oferece preferencialmente à presidente. Dilma não tem muito espaço para recusar o comércio e vai assumindo o papel de que tentava escapar desde o início. Na definição do filósofo Marcos Nobre: a de "síndica do peemedebismo".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Procuram-se boias :: Eliane Cantanhêde

Como chefe da Casa Civil, Antonio Palocci saiu do lançamento do Brasil sem Miséria antes de Dilma e pelos fundos. Como ministro de fato da articulação política, não pôde sequer ir ao almoço da presidente com os senadores do PMDB. Como petista, criou um dilema para a Executiva do PT: fazer ou não nota em seu apoio.

O que se pode deduzir? Que, ao contrário do que querem fazer crer os governistas, o problema deixou de ser "pessoal" -de Palocci- e passou a ser do governo e da própria Dilma. Quanto mais o tempo passa, mais constrangedora é a situação. E sem luz no fim do túnel.

Se Palocci não fala, seu silêncio é ensurdecedor. Se falar hoje, sua fala será emudecedora. A não ser, claro, que explique tudo o que não conseguiu explicar em três semanas, desde que a Folha escancarou que seu patrimônio se multiplicara por 20, incluindo um apartamento maneiro de R$ 6,6 milhões.

Era a história de uma crise anunciada. Quem fica horrorizado com a filha de Fujimori concorrendo a presidente do Peru deveria igualmente ficar com o pulo do gato de Palocci. Ele caiu do governo Lula (depois das malas de dinheiro, da casa esquisitona em Brasília e da quebra do sigilo do caseiro Francenildo) e voltou a subir a rampa do Planalto como homem forte de Dilma. Não podia dar certo. A surpresa é que foi cedo demais, já no primeiro semestre de governo.

Com Palocci jogado ao mar, o ministro político Luiz Sérgio carimbado indelevelmente como "garçom" (o que só anota os pedidos), o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, ainda digerindo a derrota do Código Eleitoral, e o do PT, Paulo Teixeira, engolido pela insignificância, quem ocupa o vácuo? O PT é que não é.

Sobram o PMDB, que lambe os beiços depois do almoço com Dilma, e Gilberto Carvalho, em ascensão. O governo Dilma está cada vez mais com cara de governo Lula. Mas sem Lula.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O tripé que sustenta Palocci trincou:: Maria Cristina Fernandes

Entre os sinais de que o governo já precificou a saída do ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a decisão de se iniciar a agenda positiva pela privatização dos aeroportos talvez seja a mais simbólica.

Sua condição de fiador da chamada racionalidade do mercado é parte do tripé com que se sustenta na Casa Civil. Pois se ainda havia alguma desconfiança em relação às convicções de Dilma Rousseff sobre o papel do Estado na economia, a despeito de seu protagonismo na modelagem da concessão das hidrelétricas e rodovias no governo anterior, a presidente tratou de dissipá-la.

O temor de que as obras da Copa não fiquem prontas a tempo, para o regozijo dos contratados, tem inundado o meio político de boatos absurdos como o de que o Brasil devolveria o direito de sediar o evento. E pode, sim, ter sido o motor da decisão, quase um ano depois de ter sido adiada pelos danos ao discurso eleitoral petista de que o PSDB vendeu sua alma ao diabo com as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso.

Feito no momento em que Palocci está com um pé fora do governo o anúncio das privatizações reveste-se da carga simbólica de uma presidente em luta contra a ideia de que exerce o cargo sob tutela.

Sobrevida de Palocci deixa o governo sob o risco de paralisia

Visto que não há muito mais o que fazer contra as renitentes e cada vez mais infundadas desconfianças em relação a seu compromisso contra a inflação, a privatização dos aeroportos cumpre o papel de dissipar a ideia de que suas convicções carecem de tutela. Cumpre também a missão de apaziguar setores que, privados de seu principal informante e alarmados pela pouca transparência com que é tratada a saúde da presidente, temem seriamente pelo futuro do governo.

Dilma pode ter mais facilidade em impor suas convicções sobre a relação do Estado com o mercado do que livrar-se da imagem de que é tutelada na condução política de seu governo.

O entorno da presidente divulgou a versão de que Lula não agiu a pedido de Dilma para debelar a crise. Supondo que a ausência de um pedido proceda, ultrapassa qualquer fronteira do bom senso imaginar que o ex-presidente fez e desfez em Brasília na semana passada à revelia de sua sucessora.

O que a cortina de fumaça revela é que Dilma descredencia o esforço de Lula para manter um de seus prepostos no governo. E isso revela que a segunda perna do tripé que sustenta Palocci, o respaldo do ex-presidente, também está trincada.

Resta o trânsito do ministro tanto nos partidos da base aliada quanto naqueles de oposição como o terceiro de seus pilares. A crise demonstrou que a capacidade de articulação política de Palocci, cantada em verso e prosa à época de sua nomeação, mostrou-se falsa como uma nota de R$ 20 milhões.

Desde que substituiu Celso Daniel na coordenação da campanha de Lula em 2002, Palocci firmou sua reputação política impondo-se de fora para dentro. Sempre se valeu de suas excelentes conexões no topo do mercado e na chefia das redações para se impor à política.

Durante o ostracismo imposto pela quebra do sigilo de Francenildo Costa, Palocci não perdeu sua patronagem financeira e tratou de reconstruir suas pontes na imprensa. E, pela primeira vez, foi ao PT à cata de respaldo para sua volta ao primeiro time da política. Conquistou o apoio de parte dos paulistas do partido, dividindo setores ligados ao sindicalismo.

Essa divisão não tardou a aparecer quando ficou claro que uma parte significativa dos ganhos da consultoria de Palocci se deu no final do período eleitoral. Agora até José Dirceu virou paradigma da moralidade petista. É apontado por correligionários de ter sido, na cabeça do mensalão, o responsável pela distribuição de recursos e não por sua acumulação, além de ter enriquecido fora do Executivo e do Legislativo, ao contrário do atual ministro.

No exercício do cargo, Palocci acumulou a Casa Civil com a condição de líder da bancada de oposição à política econômica da qual, dentro do governo, era o único representante.

Na gerência da distribuição de cargos queimou o patrimônio político que havia reconquistado para alcançar a Casa Civil. E não apenas pela dificuldade inerente à conciliação entre as diretrizes da presidente e a amplitude de sua base aliada. A contar pelo acúmulo de queixas, o ministro também parece menosprezar a micropolítica.

Foi dela que veio o susto na Comissão de Agricultura da Câmara. Não foi o noticiário da semana, pobre em novos detalhes sobre sua evolução patrimonial, que complicou a situação de Palocci, mas a política.

Das 20 comissões permanentes da Câmara, a da Agricultura é uma das duas presididas pelo DEM. A outra é a Segurança Pública. É comandada pelos mesmos interesses que impuseram a derrota do governo no Código Florestal. Mas ao contrário daquele projeto, em que estava em pauta a plataforma eleitoral de muitos dos parlamentares, a votação do requerimento de convocação apenas mediu a disposição dos parlamentares em blindar ou não o ministro mais poderoso do governo.

Soa implausível a argumentação de que a concomitância da reunião do Conselho Político tenha desmobilizado as lideranças para defender o governo nas comissões. Com uma base amplíssima e a estrutura de vice-líderes partidários e de governo de que dispõe, teria sido possível montar guarda nas comissões se assim tivesse sido determinado.

A comissão tem 40 integrantes, sendo 28 aliados e 12 da oposição. Os governistas compareceram em peso. Dos 32 que registraram presença em ata, 81% eram da base e apenas 58% oposicionistas.

Foi o DEM, partido condenado à inanição pelo PSD, que coordenou a derrota do governo. O partido conseguiu, no mínimo, impor ao PT o desgaste de ter que colocar o presidente da Câmara na contingência de anular a sessão sob alegação de esta foi conduzida de maneira irregular.

A próxima batalha é a do rito das MPs. Haja visto o recurso abundante de que se vale o governo de pendurar de usinas nucleares a bolsas estudantis num mesmo texto, é nesse embate que será testada a disposição de Dilma de salvar Palocci e deixar o governo sob o risco de paralisia.

Maria Cristina Fernandes é editora de Política.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Sim, é possível:: Míriam Leitão

O Brasil pode eliminar a extrema miséria, está dentro do horizonte das nossas possibilidades. Depois dos avanços que começaram na estabilização da moeda nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique, continuaram com os programas sociais e crescimento no governo Lula, é desejável e possível dar o passo seguinte. O governo Dilma está no começo e deve mesmo ter essa meta.

O programa lançado ontem é menos ambicioso do que o nome diz. As estatísticas são conhecidas, há 16 milhões de brasileiros extremamente pobres. Há um número de corte, tão arbitrário quanto qualquer outro: R$70 de renda familiar per capita. Qualquer pessoa sabe que isso não é suficiente para garantir o mínimo. De início, parece mais uma ampliação do Bolsa Família do que um novo programa com um nome tão amplo como "Brasil sem miséria". Como o objetivo inicial é incluir mais 800 mil famílias no Bolsa Família, a rede de proteção social atingirá entre três milhões a quatro milhões dos 16 milhões. Não é, portanto, a erradicação da miséria.

Para quem teme que a ampliação do número de filhos que podem ser incluídos no programa produza o risco de uma explosão demográfica, aqui vai um dado do último Censo. Entre 2000 e 2010 o número de brasileiros com menos de 14 anos caiu em cinco milhões. Em todas as classes sociais as brasileiras estão tendo menos filhos. Dos brasileiros na pobreza, como a ministra Teresa Campelo mostrou ontem, 40% têm menos de 14 anos. As crianças é que estão mais expostas à pobreza. O melhor que a sociedade tem a fazer com elas é alimentá-las e, sobretudo, educá-las.

Mas atenção: nenhuma rede de proteção social será boa o suficiente se o Brasil não fizer mais esforços na educação. Só na escola é possível quebrar-se definitivamente a cadeia de reprodução da pobreza. É a única chance, não há outra. A rede de proteção faz o primeiro socorro; a educação resgata e promove. O investimento em melhoria da educação pública é absolutamente fundamental para que esse não seja mais um programa assistencialista.

Está certa a presidente Dilma em dizer que é o Estado que tem que ir atrás dos pobres; e não os pobres atrás do Estado. É função de quem recolhe os impostos - e como são altos! - dos cidadãos e os distribui encontrar os despossuídos. Mas quanto mais pobre mais difícil de ser encontrado, porque eles sequer sabem dos seus direitos e muitas vezes não têm documentos ou não foram registrados. Não é uma tarefa fácil e os riscos de exploração política são imensos. O benefício terá mais qualidade se for apresentado e entendido com direito dos cidadãos e não benemerência da mãe ou do pai da pátria. O benefício terá mais qualidade se for entregue com plataforma de ascensão social dos atendidos.

O programa foi apresentado na data de ontem por uma estratégia de marketing. O que querem os comunicadores do governo é atender à ordem do ex-presidente Lula de iniciar a divulgação de uma agenda positiva. Espera-se no entanto que tenha sido já bem formatado. Será um desperdício de uma excelente ideia se o programa tiver sido apressado por exigências criadas pela crise política que se abateu sobre o governo, enfraqueceu o ministro mais forte, rachou a base e expôs a ascendência que Lula ainda tem sobre todos e todas. A proposta de aumentar o esforço para enfrentar a miséria é tão sedutora, que o melhor é apostar que nada tenha sido feito apenas para que o governo tenha espaço nas boas notícias.

Tudo vai depender evidentemente da execução, gerenciamento, capacidade de tornar programas pensados em gabinetes em fatos reais na vida dos brasileiros. O país já desenvolveu tecnologia de distribuição de bolsas aos mais pobres e já sabe até o que não fazer. É preciso ter cadastro, ter sistema de avaliação, ter estratégia de saída, ter programas complementares e ter contrapartidas do beneficiado em manter as crianças na escola. Só assim a bolsa não será apenas e meramente uma distribuição de dinheiro. Tomara que o governo tenha aprendido com os erros recentes de programas sociais semelhantes.

Há outros programas com finalidades diferentes incluídos no mesmo lançamento de ontem, como o Bolsa Verde. Também só será bem sucedido se não for mais uma distribuição de dinheiro e sim incentivo à produção. Nada é fácil nesse campo. A maior parte dos sete milhões de miseráveis brasileiros da área rural está no Nordeste. Lá é o núcleo duro da extrema pobreza brasileira. Eles estão em áreas muitas vezes impróprias para a agricultura. É o semiárido nordestino que enfrenta inclusive sérios riscos de desertificação com a mudança climática. Se estiverem em área que possa ser transformada em produtiva, eles precisarão mais do que a Bolsa Verde: precisam de sementes, técnicas, água, implementos e inclusão na rede de comercialização.

O Brasil está num nível de desenvolvimento que permite que ele alimente a ambição de erradicar a extrema pobreza. Será melhor para a economia e para a democracia brasileira se perseguirmos essa meta. Portanto, longa vida ao Plano Brasil sem Miséria; e que ele consiga fugir da tentação da demagogia e ser de fato o que merecemos que ele seja.

FONTE: O GLOBO

As causas estruturais do real forte:: Luiz Carlos Mendonça de Barros

Uma das questões mais relevantes no debate econômico atual tem sido a força do real nos mercados de câmbio. Apesar do esforço do governo, a moeda norte-americana está novamente sendo negociada abaixo de R$ 1,60.

As causas por trás do real valorizado continuam a ser as mesmas que prevalecem há vários anos: entrada maciça de capitais e valorização de produtos primários importantes nos mercados internacionais.

A diferença agora fica por conta de uma mudança na composição dos recursos que estão entrando no país: as aplicações em títulos de renda fixa estão sendo substituídas por investimentos diretos no capital de empresas brasileiras.

Muitos analistas dizem que esse fluxo de investimentos -que, nos últimos 12 meses, chegou a mais de US$ 60 bilhões- não se sustenta no médio prazo e que o real vai voltar a se desvalorizar. Para esses pessimistas, uma nova crise internacional pode ocorrer a qualquer momento e o Brasil enfrentará a fuga desses capitais. A causa mais citada para esse cenário negativo é a de crise na China, seja por questões econômicas, seja por questões políticas.

Mas outro cenário provável é que o crescimento chinês se sustente -como vem acontecendo há mais de 20 anos- e que o mundo emergente atravesse a próxima década crescendo de forma sustentada.

Nessas condições, o Brasil continuará a receber investimentos maciços, principalmente se o governo Dilma resolver trilhar o caminho das concessões de serviços públicos ao setor privado e de outras reformas.

Para um país com taxas muito baixas de poupança -privada e do governo-, a única forma de financiar os investimentos para garantir crescimento anual de 4% será a absorção de poupança externa.

Essa é uma verdade derivada da teoria econômica, e não apenas uma posição ideológica de liberais extremados. Por essa razão é que o real forte é um subproduto natural da onda de investimentos que varre nossa economia e que o governo -corretamente- quer preservar a todo custo. Ou seja, não há como fugir desse fato, a não ser reduzindo os investimentos e, mais à frente, o próprio crescimento econômico.

Outras forças externas estão agindo também na direção do real forte. A principal delas é a valorização das exportações de produtos primários e que têm garantido saldo comercial expressivo, apesar do aumento vigoroso das importações.

Outra fonte externa de demanda pelo real está relacionada com os juros baixos que devem prevalecer no mundo desenvolvido nos próximos anos. A fraqueza da recuperação econômica nos Estados Unidos e em outros países do Primeiro Mundo e o choque deflacionário que ainda virá quando tiverem de lidar com os níveis insustentáveis do endividamento público devem manter esse quadro de juros baixos por um tempo ainda bastante longo. Os mercados, aliás, especulam com um novo movimento do Federal Reserve -que se ria chamado de QE3- no sentido de manter os mercados inundados de dólares em 2012.

Nesse ambiente, os países emergentes vão continuar a receber investimentos internacionais por muitos anos, movimento que deve sustentar as cotações atuais de suas moedas. E o Brasil, que alia um grande potencial de crescimento a juros internos elevados, vai ser uma das economias de maior atração.

Finalmente, podemos observar já há algum tempo uma busca por moedas alternativas por parte dos bancos centrais de países com superavit em conta-corrente -principalmente na Ásia e os produtores de petróleo- e grandes investidores institucionais privados para compor suas reservas e carteiras de investimento de renda fixa.

A gestora de recursos Pimco, a maior do mundo, revelou recentemente que tem hoje um volume de títulos de países emergentes maior do que sua carteira de papéis do Tesouro norte-americano.

Por todas essas razões, acredito que teremos de conviver por muito tempo com o real valorizado e buscar, por outros meios, minorar seus efeitos negativos, entre eles a perda de competitividade da indústria brasileira.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, 68, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso).

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Histórico de desavenças explica ação do PT para desgastar ministro da Casa Civil

Vera Magalhães
SÃO PAULO - Dois jornais relataram ontem um diálogo entre Antonio Palocci e um líder da base governista. Na conversa, o líder diz para Palocci se "defender" do PT, que o resto os aliados resolveriam. "Não consigo. Me ajudem", teria respondido o outrora plenipotenciário ministro de Dilma Rousseff.

O diálogo, ocorrido na quarta-feira -o dia mais agudo da crise que já dura 20 dias- é revelador tanto da rápida deterioração de seu lastro político quanto do já conhecido atrito entre o ministro e seu partido.

Palocci chegou ao coração de Lula e ao cérebro do governo quase por acaso. Virou coordenador da campanha do petista em 2002 após a morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, este sim cotado para ser o titular da Fazenda no governo.

Médico, ganhou a confiança do candidato e dos principais "players" da política e da economia graças ao estilo conciliador. Ajoelhou no altar da ortodoxia e prometeu não fazer mudanças bruscas na economia. E não fez.

Foi aí que o caldo de sua relação com o PT começou a entornar. Palocci incomodava tanto por disputar o protagonismo com José Dirceu -principal artífice da vitória de Lula e que nunca escondeu a disposição de sucedê-lo na Presidência- quanto por adotar um modelo muito próximo ao de FHC, sempre enxovalhado pelo partido.

Acolhido pelo establishment, Palocci nunca cultivou um grupo próprio no PT.

Quando caiu, no escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, foi "adotado" pela ala ligada a Marta Suplicy, que o ajudou a se eleger deputado em 2006.

Sua volta ao centro da ribalta também se deu à revelia do PT. Foi Lula quem convenceu Dilma -ela própria ex-adversária de Palocci no governo- a dar ao ex-ministro da Fazenda a missão de torná-la mais palatável a empresários e banqueiros.

O sucesso da missão e o tal "jeitinho" de Palocci fizeram com que ele caísse nas graças de Dilma, a ponto de virar seu principal ministro.
Ainda assim, foram grandes os esforços do PT, Dirceu à frente, para deixá-lo fora do "núcleo duro" do Planalto.

Diante desse histórico, a atual ação do PT para desestabilizar Palocci não chega a surpreender.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
 

PE: Oposições analisam aceno do PPS

Franco Benites

A proposta do PPS de fazer uma convocação aos demais partidos de oposição para uma atuação conjunta foi aprovada ontem durante reunião da Executiva estadual da legenda. No encontro, os pós-socialistas decidiram ampliar o número de convidados para a chamada “mesa da unidade”. “Vamos convidar também parlamentares que, independentemente do partido, se colocam na oposição ao prefeito João da Costa”, destacou o presidente estadual do PPS, Raul Jungmann. No geral, os partidos de oposição receberam bem a proposta, mas com alguma reserva nos bastidores.

A ideia do PPS de “ampliar o bloco” deixa claro que inicialmente o foco do projeto será contra o PT, visando a disputa eleitoral de 2012. Jungmann não quis adiantar quais políticos fora do bloco oposicionista serão convidados, mas especula-se que os nomes de Edilson Silva (PSOL), do deputado estadual Daniel Coelho (PV) e do vereador Sérgio Magalhães, que passou a integrar o PSD, fazem parte da lista. “Os convites seguirão amanhã (hoje) para as sedes dos partidos”, informou.

Consultado sobre um eventual convite, Edilson Silva descartou a parceria. “Há incompatibilidade de pensamentos. Queremos discutir mais do que o preço de lonas da Prefeitura. Respeito a postura aguerrida das vereadoras Priscila Krause e Aline Mariano e a figura de Jungmann, com quem tenho uma boa relação, mas se for procurado informarei de maneira respeitosa que a nossa pauta é outra”, disse, de maneira diplomática.

O deputado federal Raul Henry (PMDB) se mostrou favorável a uma maior integração da oposição. “Devemos manter o cenário de entendimento, mas sem pensar em nomes para a disputa por enquanto. O DEM tem Mendonça Filho, o PPS Raul Jungmann e o PSDB Aline Mariano e Bruno Araújo. Todos são quadros fortes”, declarou. Por falar em Mendonça, ele também aprova a união de forças. “Vamos cooperar com a iniciativa, pois é importante que a oposição mantenha o diálogo aceso”, comentou.

No que depender de Daniel Coelho, a acolhida também será positiva. “Não tenho dificuldade nenhuma em participar desse projeto até porque efetivamente estou na oposição”, falou, deixando claro sua postura de independência em relação ao PV. A legenda hoje integra o governo Eduardo Campos (PSB) e até pouco tempo estava de namoro com a Prefeitura do Recife. Já o “ok” do PSDB deverá ser o mais fácil de todos, visto que o presidente nacional da legenda, deputado federal Sérgio Guerra, declarou mais de uma vez que o PPS é partido da ala oposicionista com o qual os tucanos têm melhor afinidade.

SINTONIA

Com o aval do DEM, PSDB, PMDB e PMN, a agenda de trabalho conjunta proposta pelo PPS terá início no segundo semestre deste ano. Fóruns com a presença de integrantes de ONGs e universidades, jornalistas e técnicos das áreas de educação, saúde e infraestrutura abrirão o projeto. A busca de sintonia nos Legislativos municipal e estadual, com a unidade na votação dos projetos, também integrará o roteiro.

No entanto, a tarefa não será tão fácil quanto aparece no discurso. Em reserva, fontes desses partidos observaram que a postura do PPS está equivocada. Elas alegam que se a legenda quisesse realmente o entendimento deveria ter enviado o convite e costurado a unidade antes de comentar o projeto com os jornais. A leitura é de que a iniciativa é uma tentativa dos pós-socialistas fortalecerem o nome de Jungmann para a disputa.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)