quarta-feira, 21 de março de 2012

OPINIÃO DO DIA – Luiz Werneck Vianna: a guinada que não houve

O que marca a guinada introduzida por Dilma no presidencialismo de coalizão brasileiro? Como seria uma coalizão mais programática?

"Essa guinada ela não fez nem ameaça fazer. As marcas visíveis, evidentes até então, são de que ela persiste no modelo anterior. Não é fácil erradicar, é preciso ter coragem política para erradicar. Importaria ter um programa de reformas real. Mas o que vemos é um governo dividido em todas as questões. Por exemplo, a reforma trabalhista: os empresários a querem, os sindicatos não. Tanto empresários como sindicatos estão dentro do governo.

Outro exemplo é a reforma do Código Florestal: a oposição entre o agronegócio e os ambientalistas é mortal. Os dois lados estão dentro do governo, assim como está também a estrutura da propriedade familiar. Como resolver isso? É um ministério para um, um ministério para outro, e assim vão se criando essas composições. Vejo que a reforma previdenciária, que parece que Dilma vai fazer, é algo que vai repercutir, por ser uma questão sensível e pelo fato de o PT ser um partido mais “funcionário público” do que qualquer outra coisa. A questão promete ser dolorosa. Não sei o quanto de dor, mas alguma dor isso acarretará."

WERNECK VIANNA, Luiz, sociólogo, professor-pesquisador da PUC-Rio. Entrevista: O PT como condutor da expansão burguesa. Revista IHU-On-line, nº 386 de 19/3/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Vazamentos: leis só preveem atuação após óleo derramado
Deputados emperram Lei da Copa
PF começa a ouvir 17 acusados
Para senador, políticos ganham mal
'Papelzinho' e papelão

FOLHA DE S. PAULO
Dilma chama empresários para cobrar investimentos
Menor demanda da China por minério de ferro prejudica Vale
ANP vai aplicar 25 autuações contra a Chevron por vazamento
Polícia foi 'irresponsável', diz cônsul na Austrália
Governo volta a contrariar Fifa e coloca acordo da Copa em risco

O ESTADO DE S. PAULO
Governo deixa para os Estados decisão sobre bebida na Copa
ANP vai rever prevenção em casos de vazamento
Petróleo em alta ameaça recuperação da economia
Fraude na saúde do Rio chega a R$ 124 mi

VALOR ECONÔMICO
Sob pressão, União negocia o fim da 'guerra dos portos'
Boa vizinhança
Embrapa perde terreno na pesquisa agrícola
Luiz Marinho volta às urnas com plano de polo de defesa
Elétricas podem entregar conta diretamente a cliente

CORREIO BRAZILIENSE
Jovens vão às compras e afundam em dívidas
Senado enrola e não vota fim de privilégio
Fifa terá que negociar bebida com governadores

ESTADO DE MINAS
Brecha para ficha-suja

ZERO HORA (RS)
Reajuste do magistério é aprovado sob vaias
Do Sul ao Norte, um Estado naval

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Estado dispensará empresa suspeita
Golpe frustra sonhos
Estados vão decidir sobre bebida na Copa

Entrevista - Marco Aurélio Nogueira: A arte política de incorporar o atraso sem prejudicar o progresso

Para Marco Aurélio Nogueira, quanto mais democrático, republicano e sensível o governo for, mais chance teremos de ele ser uma espécie de líder da sociedade para o ataque aos problemas sociais que são os mais dramáticos hoje

Por: Graziela Wolfart

Para Marco Aurélio Nogueira, Dilma Rousseff “dedicou 2011 a fazer um estudo de como converter um modo político popular de governo em um modo mais técnico e político. Lula governou de um modo político popular. Ela, por estilo, por opção, por personalidade, quer fazer um governo que tenha uma natureza mais técnico-política, que se preocupe mais com gestão, com controle e com o caráter de políticas, coisas que aconteciam no governo Lula, apesar dele”. Em entrevista concedida por telefone para a IHU On-Line ele afirma que “deveriam existir limites programáticos, éticos, políticos, mas o sistema em que se vive no Brasil torna muito difícil a obediência a esses limites, de modo que a coalizão acaba sendo tão necessária para os governos que acabam aceitando como parceiros tudo aquilo que está disponível, e não aquilo que é selecionado em função de critérios políticos, programáticos. Daí fica-se até em dúvida para saber quem é oposição e quem é situação”.

Marco Aurélio Nogueira é doutor em Ciência Política, pela Universidade de São Paulo – USP. Obteve o título de pós-doutor na Università degli Studi La Sapienza, em Roma. Atualmente é professor da Unesp. Também é autor de Um Estado para a sociedade civil: temas éticos e políticos da gestão democrática (São Paulo: Cortez Editora, 2005) e Em defesa da política (São Paulo: Editora Senac, 2005), entre outras obras.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – De forma geral, como avalia o primeiro ano do governo Dilma?

Marco Aurélio Nogueira – O primeiro ano foi de transição e de tentativas de ajuste do governo às características políticas de Dilma. Ela procurou usar o primeiro ano do mandato para fazer com que o governo tivesse a “cara” dela. Dilma recebeu uma espécie de legado dos oito anos do governo Lula. E isso acabou, por um lado, facilitando a sua vida, já que ganhou a eleição, de certa maneira, beneficiada também por esse fator, e, por outro lado, acabou por comprometer um pouco da sua movimentação, já que o “legado Lula” é pesado, não é só de coisas boas. Não que tenham sido transferidos para ela muitos problemas, mas foi transferido para ela o carisma de Lula. Esperava-se que ela fosse o “Lula de saias”, como muitas vezes se fala. Ela não teve condições de governar segundo um “modo Dilma de ser”. Está tentando isso ainda. O primeiro ano foi um período que ela usou para testar um pouco os espaços que tem para esse tipo de movimento. Ela dedicou 2011 a fazer um estudo de como converter um modo político popular de governo em um modo mais técnico e político. Lula governou de um modo político popular. Ela, por estilo, por opção, por personalidade, quer fazer um governo que tenha uma natureza mais técnico-política, que se preocupe mais com gestão, com controle e com o caráter de políticas, coisas que aconteciam no governo Lula, apesar dele.

IHU On-Line – O “coronelismo”, tal qual interpretado na transição dos séculos XIX e XX, já não existe, mas continua presente até os dias de hoje como se vê na coalizão de governo em que ministros são oriundos de oligarquias. Por que o Brasil não consegue romper com as forças conservadoras e atrasadas? Elas são necessárias para se governar o país?

Marco Aurélio Nogueira – São necessárias e importantes na vida do país. O que nós chamamos de atraso tem que ser incorporado às práticas de governo para que a democracia não corra o risco de ver crescer, em uma de suas margens, qualquer obstáculo para o prosseguimento do processo democrático. É preciso incorporar tudo, falando de forma mais abstrata. A política de estado tem que ser um movimento de incorporação. O próprio sistema democrático tem regras para fazer isso. Entendo o processo político como um movimento de inclusão. A questão é saber como se incorporam forças atrasadas e conservadoras sem prejudicar as forças progressistas. Esse é um jogo difícil de ser resolvido teoricamente. É operação política do dia a dia e que passa pela habilidade do governante. Essa é uma questão que está posta no Brasil desde sempre. Nossa forma de progredir tem uma marca particular, que é justamente a de ter sido feita sem o esmagamento ou a neutralização radical das forças conservadoras. Sempre incorporamos as forças conservadoras mediante a atenuação das reformas. Mesmo assim nós progredimos, ou seja, não foram as concessões que impediram o progresso; elas apenas o condicionaram.

Coronelismo

Acho que nós não temos mais uma situação coronelista no Brasil. O coronelismo é um arranjo entre o poder público e o poder privado de certos latifundiários; e um pacto desse tipo acabou por facilitar uma série de coisas no Brasil. Mas esse processo acabou. Os políticos conservadores, que têm força no Estado brasileiro, não são coronéis. Eles são outra coisa. Podemos dizer que eles, de certa maneira, privatizam o espaço público, a política estatal e o governo, ocupando espaços indevidos. E fazem isso por conta da força econômica e eleitoral que têm. Mas aí temos muita gente que faz o mesmo tipo de operação. Temos ministros que não são oriundos de oligarquia e que são tão nefastos para a vida governamental e democrática quanto os que são. Essa ocupação indevida e essa presença de forças que não são propriamente republicanas na vida do governo é algo que vai além do conservadorismo. E o conservadorismo que está presente nessas posições oligárquicas não tem sido capaz de impedir o progresso do Brasil.

IHU On-Line – Há limites para a coalizão de governo?

Marco Aurélio Nogueira – Deveriam existir limites, e eles até existem, mas são tênues, fracos, sem uma linha demarcatória clara. Tudo está sendo possível. E isso vem lá de trás. Tem a ver com o governo Dilma, com o governo Lula, com o governo Fernando Henrique. Todos eles tiveram muitas dificuldades e, até certo ponto, perderam essa briga no que diz respeito a fixar limites para a coalizão. Não conseguiram. Penso que deveriam existir limites programáticos, éticos, políticos, mas o sistema em que se vive no Brasil torna muito difícil a obediência a esses limites, de modo que a coalizão acaba sendo tão necessária para os governos que acabam aceitando como parceiros tudo aquilo que está disponível, e não aquilo que é selecionado em função de critérios políticos, programáticos. Daí fica-se até em dúvida para saber quem é oposição e quem é situação.

IHU On-Line – Isso não acaba enfraquecendo os partidos?

Marco Aurélio Nogueira – Lógico que acaba! É uma coisa muito louca isso. Enfraquece, mas, ao mesmo tempo, é o oxigênio que os partidos precisam para continuar vivos. Uma dimensão é a lógica do governo, que precisa dos partidos para ganhar maioria, ter condições de aprovar projetos, ganhar a chamada governabilidade. Por outro lado, os partidos também precisam das alianças, da coalizão, porque, no Brasil, eles se tornaram muitos estatalizados, muito pouco societais, ficando muito dependentes do controle de determinados recursos que são dados pelas posições de governo. Um partido que não tem controle de certos recursos políticos perde competitividade na sociedade, e nem precisa ser necessariamente na escala federal. Por exemplo, o PSDB está fora do governo federal há dez, 12 anos, no entanto, ele controla alguns governos estaduais e acaba detendo controles políticos importantes. No caso de partidos que se preocupam de modo particularmente forte com valores, programa, identidade, esse modo de fazer coalizão é uma tragédia. No caso do PT, na medida em que ele se entregou a esse jogo de coalizão, perdeu muito em termos do que pretendia ser quando surgiu.

IHU On-Line – Nesse sentido, o PT perdeu a capacidade de inovação?

Marco Aurélio Nogueira – Perdeu a capacidade de inovação tanto para a política do governo como para ele enquanto partido. O PT não se renovou, pelo contrário, estagnou. E se tornou um partido igualzinho aos outros, que não coloca mais como ponto de honra ser diferente. Mas tudo bem. Nunca achei que os partidos têm que ser diferentes. O ideal seria que todos os partidos fossem igualmente criteriosos, com programas, mesmo que uns fossem de direita e outros de esquerda. O ruim é quando todos se transformam nessa pasmaceira que estamos vendo. As diferenças não aparecem de maneira interessante e rica no debate público. O PSDB também se prejudicou com isso. Mas ele tem a característica histórica de ser um partido socialmente fraco, sem muitas pretensões. Já o PT tinha a pretensão de ser um partido social, com militância, bases, capilaridade, com gente que não tem cargo, mas que faz política. Enquanto que o PSDB sempre quis ser um partido com algumas pessoas especiais, qualificadas.

IHU On-Line – Quais seriam as possíveis soluções democráticas consistentes para os problemas que estão emergindo no Brasil atual? O que podemos esperar do governo Dilma nesse sentido?

Marco Aurélio Nogueira – Podemos esperar muita coisa do governo Dilma, sobretudo porque ela está se propondo (pode ser que ela não consiga) a dar um maior valor à dimensão técnica, gerencial no seu governo. Isso pode ajudar o governo Dilma a ganhar um posicionamento bom no país, levando em conta o fato de ser a Dilma quem é e do PT ser quem é. No entanto, não será um governo tecnocrático. Será um governo com maior preocupação técnica, o que pode ser um recurso importante para se ter uma política democrática. O grande problema que temos é o social, no sentido da desigualdade de renda. Isso exige uma solução que seja maior do que as políticas assistencialistas que têm sido feitas nos últimos anos, e aqui estou me referindo basicamente ao Bolsa Família, que foi o grande fator do qual se obteve ganho em termos de inclusão social no Brasil recentíssimo. O outro lado foi da política de crédito, que aumentou o poder de consumo das pessoas. Tanto uma (o Bolsa Família) como a outra (o crédito popular) não podem ser políticas de voo longo. A política de crédito tem um risco muito grande de ser suicida, porque ela pode, dependendo de como o resto vai andar, levar o tomador de empréstimo à inadimplência. Dessa forma, torna-se a pior solução de todas, porque não só o cidadão não terá mais crédito como também ficará com uma dívida que não conseguirá pagar.

IHU On-Line – Principalmente por causa dos prazos longos...

Marco Aurélio Nogueira – Exatamente. Para se obter um bom financiamento, prolonga-se o prazo: 60 meses, dez, 20 anos. Hoje em dia não se pode dizer que daqui a um ano vai dar para continuar pagando um empréstimo feito. Isso falando de uma pessoa que não tem muita “bala no revólver” para se jogar no mercado financeiro (estou “me lixando” para os que têm). Para quem ganha pouco, trabalhar com empréstimo e financiamento é complicado, visto que o emprego é instável e, de repente, numa virada econômica qualquer, pode perder o emprego. Esse é um critério do mundo em que vivemos. Todo mundo passou a ter empregos flutuantes. Pode ter hoje, não ter amanhã; não se tem muita margem de segurança. E a política assistencial também é assim, porque até quando o governo vai continuar transferindo X milhões de reais para os necessitados? Uma hora isso vai bater no teto também. E será preciso financiar o Bolsa Família. O melhor que os governos podem fazer é se comportar democraticamente. As soluções democráticas que podem vir do governo têm a ver com a conduta democrática dele. Quanto mais democrático, republicano, sensível o governo for, mais chance teremos de ele ser uma espécie de líder da sociedade para o ataque aos problemas sociais que são os mais dramáticos hoje.

IHU On-Line – Como a tensão entre representação e participação aparece no governo Dilma?

Marco Aurélio Nogueira – Acho que não aparece, para ser franco. No entanto, ela existe na sociedade. Porque, por um lado, há uma crise de representação, o que significa dizer que as pessoas não confiam muito nos seus representantes, e, por outro lado, há um certo desejo de participação, que é uma espécie de efeito colateral do modo como se vive atualmente. Esse modo exacerba a movimentação das pessoas. Nós todos somos pessoas inquietas. Não gostamos muito de ordens, ainda que acabamos por comprá-las. Não gostamos muito de receber um pacote de decisões e gostamos de nos movimentar fisicamente, quando possível, e nos movimentamos freneticamente no plano virtual. Isso tudo funciona como uma espécie de êmulo de participação, ainda que não seja necessariamente participação política.

IHU On-Line – Pensando na relação com os movimentos sociais e outras instâncias da sociedade civil, como o senhor avalia que Dilma tem reagido diante das capacidades coletivas de reação e emancipação no Brasil?

Marco Aurélio Nogueira – Em primeiro lugar, precisaríamos chegar a um acordo sobre quais são as capacidades coletivas de reação e emancipação no Brasil. Essas capacidades, que evidentemente existem, não estão sendo muito bem utilizadas no Brasil e estão meio adormecidas. Não estamos vivendo uma fase de ativação dos movimentos sociais. Eles existem, estão aí, mas teríamos que gastar um tempo para nomeá-los. Os governos têm que ser flexíveis em relação aos movimentos sociais, pois a sociedade está fragmentada, há muita insatisfação em várias áreas no que diz respeito à representação política, há um clima potencial de exacerbação de insatisfação. No momento, o que o governo Dilma está fazendo com relação aos movimentos sociais é conversar com eles quando aparecem.

IHU On-Line – Mas o senhor percebe uma abertura por parte do governo Dilma em relação aos movimentos sociais?

Marco Aurélio Nogueira – Depende de qual é o parâmetro que temos. Se for em relação aos primeiros meses do governo Dilma, a resposta é que parece que ela está sendo mais sensível. Se for em relação ao governo Lula, eu diria que não, já que o governo Lula era bastante aberto para os movimentos sociais, talvez mais do que a Dilma. O que não significa que o governo dele tenha sido melhor que o dela. Não é só porque você é mais flexível com os movimentos sociais que vai governar melhor. Mas é claro que se for repressor dos movimentos sociais já fica excluído do bom governo. Nós não temos notícia de que os governos brasileiros têm sido particularmente duros com os movimentos sociais. Posso dizer isso porque os movimentos no Brasil não têm sido particularmente ameaçadores. Estão contidos, ou pela sua dificuldade de organização ou pelas dificuldades estruturais de agir no mundo capitalista em que vivemos.

FONTE: IHU On-Line

Chico de Oliveira: “18 de brumário” de Luis Inácio Lula da Silva

Para Francisco de Oliveira, o governo Dilma é a amostra da impossibilidade de manter-se, no longo prazo, o tipo de conciliação ampla dos dois mandatos do governo Lula

“A sociedade brasileira é cada vez mais complexa para que seus interesses contraditórios sejam envelopados numa fórmula carismática”. “As chamadas qualidades da presidente (Dilma) têm sido consumidas no ‘apagar fogo’ de uma coalizão que não tem qualquer identidade programática”. Essas são algumas das ideias que o professor Francisco de Oliveira esboçou ao refletir sobre o primeiro ano do governo Dilma a partir de uma série de questões enviadas a ele pela IHU On-Line. O professor preferiu respondê-las resumidamente, em um bloco único, e enviou por e-mail o texto que segue.

Francisco de Oliveira formou-se em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. É professor aposentado do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo – USP.

Confira o comentário.

O governo Dilma é a amostra da impossibilidade de manter-se, no longo prazo, o tipo de conciliação ampla dos dois mandatos do governo Lula. A sociedade brasileira é cada vez mais complexa para que seus interesses contraditórios sejam envelopados numa fórmula carismática. Já as dificuldades da candidatura Haddad estão demonstrando que Lula não é o mago que ele mesmo acredita ser e sua segunda clonagem tem todas as chances de falhar estrondosamente. Daí Dilma ter que demitir, ou aceitar a renúncia de uma quantidade de ministros que, no todo, daria para formar um time de futebol: o time Dilma. E todos não foram por corrupção, como é anunciado. Nelson Jobim não saiu do governo por corrupção, mas porque sua opção de interesses se compatibiliza mais com Serra do que com Lula/Dilma. Daí, Dilma não é propriamente inábil, ou trator, ou faxineira. É que Lula abafou e conciliou numa escala que não dá para manter por muito tempo.

Quanto à política econômica, Dilma mantém o mesmo ritmo, as mesmas opções que, aliás, estão aí desde Fernando Henrique Cardoso. Lula mesmo não mudou nada das orientações neoliberais de FHC; apenas injetou mais dinheiro no BNDES, seguindo assim, as orientações da Economia da Unicamp, da qual Luciano Coutinho é um dos mais representativos: fazer as empresas brasileiras serem internacionais, atuando fortemente para fora, e não para dentro.

Quanto à classe trabalhadora, Lula foi uma espécie de Bonaparte : enquanto exportava a Revolução Francesa na ponta de suas baionetas, Bonaparte arrasou com o ímpeto revolucionário interno da Revolução Francesa, anulando o poder da novel classe trabalhadora francesa. Lula foi um Bonaparte reduzido, ou seu governo foi um “18 de brumário” de Luis Inácio Lula da Silva. A classe trabalhadora, por suas frações organizadas, não apita nada neste governo, como consequência da anulação de seu poder de classe operado por Lula da Silva.

Enquanto isso o Bolsa Família representa exatamente essa anulação: estendendo um pequeno subsídio para a subsistência dos mais pobres, ele anulou o poder reivindicatório das frações organizadas da classe. Na verdade, isso é o que se pode dizer do primeiro ano do governo Dilma. As chamadas qualidades da presidente têm sido consumidas no “apagar fogo” de uma coalizão que não tem qualquer identidade programática, e por isso seu governo pode ser chamado de “governo de combate ao fogo amigo”.

FONTE: IHU –On-Line

Governo deixa para os Estados decisão sobre bebida na Copa

O governo e a base aliada na Câmara selaram acordo para votar a Lei Geral da Copa sem liberar expressamente a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como quer o PT. O texto apenas suspenderá o artigo do Estatuto do Torcedor que proíbe a venda, e a Fifa terá de negociar diretamente com Estados onde há leis contrárias. Segundo o relator do projeto, Vicente Cândido (PT-SP), em 7 das 12 sedes esse problema existe, mas o governo diz que todos os Estados, quando se candidataram a sede, comprometeram-se a acabar com a proibição. A Fifa, por sua vez, avalia que a lei da Copa tem de ser única para todo o País. A votação ficou para hoje porque a oposição e a bancada ruralista ameaçavam obstruir até que fosse marcada a data da votação do novo Código Florestal

Estados vão decidir sobre bebida

Governo fecha acordo com a base aliada na Câmara e Lei Geral vai ser votada com artigo que fará a Fifa negociar caso a caso a liberação do álcool

Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - Para evitar desgastes, o Palácio do Planalto e sua base aliada na Câmara selaram ontem um acordo para a votação da Lei Geral da Copa sem a liberação expressa da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, como já tinha defendido o PT. A manobra transfere para os Estados o ônus de negociar o fim das restrições. O texto apenas suspenderá durante os eventos da Fifa o artigo do Estatuto do Torcedor, que proíbe a venda, e a entidade terá de negociar diretamente com Estados onde há leis contrárias.

Segundo o relator do projeto, Vicente Cândido (PT-SP), em sete das doze sedes este problema existe. A votação ficou para hoje porque os líderes da oposição e representantes da bancada ruralista só concordam em votar o projeto após ter uma data para a análise do código florestal.

Os ministros do Esporte, Aldo Rebelo, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deixaram claro o repasse do problema para os governadores e afirmaram que acordos assinados com a Fifa no âmbito dos Estados também pressionam estes entes federativos a retirar as proibições. "Os governadores que participaram das candidaturas a sediar a Copa também assinaram essas garantias", disse Aldo. "Não só o Brasil, como os 12 governadores assinaram também", repetiu Ideli.

A escolha pelo texto menos favorável à Fifa foi feita após a contabilização de votos dentro da base. O resultado é que dificilmente seria possível aprovar a liberação expressa. "Se eu tivesse condições de ganhar, eu manteria (a liberação expressa). Mas a base entendeu que assim fica mais leve, mais fácil de votar", disse o relator. "Tinha acordo com o governo até semana passada, mas agora fui enquadrado".

O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), admitiu a maior facilidade para votação do texto original do Executivo, sem a liberação expressa, e citou argumentos jurídicos que pesaram na decisão. Segundo ele, havia temor de que uma lei federal em contrariedade a regras estaduais e municipais levasse a questionamentos.

"Poderia haver uma guerra jurídica de legislações concorrentes. Então, imaginando que pudesse ajudar, acabaríamos atrapalhando", disse Tatto.

Desentendimento. A definição da base é mais um capítulo nas idas e vindas do governo sobre o tema. Na semana passada chegou-se a negar a existência de compromisso formal com a Fifa sobre o assunto. Aldo Rebelo alertou o Planalto que um documento assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007 garantia a "não proibição" da venda ou propaganda de produtos de parceiros da entidade, entre eles comidas e bebidas.

Depois de "encontrar" o acordo assinado, o governo passou a discutir se isso estaria contemplado pelo projeto original do Executivo ou se era mesmo necessária a redação mais abrangente adotada pelo relator e aprovada na comissão especial. Diante da dificuldade em ter o apoio da base para um texto mais amplo o governo concordou com a tese de que a suspensão da proibição era suficiente.

A decisão de repassar a polêmica para os governadores vai prolongar o imbróglio. De acordo com o relator, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul têm legislações próprias que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios. Tatto acredita que uma chantagem da Fifa poderia tornar essa negociação mais fácil. "Se não fizerem isso (liberar), a Fifa pode até tirar a Copa desses Estados".

A oposição e a bancada ruralistas avisaram que só aceitam votar a Lei Geral se for marcada uma data para a análise do novo Código Florestal.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dilma chama empresários para cobrar investimentos

Em busca de uma agenda positiva, Dilma Rousseff fará amanhã reunião com 27 grandes empresários em que cobrará mais investimentos para acelerar o ritmo de crescimento do país. O encontro acontece num momento em que o Planalto enfrenta uma turbulência política, após trocar os líderes do governo na Câmara e no Senado, desagradando principalmente ao PMDB.

Dilma convoca elite do PIB para cobrar investimentos

Presidente tenta mudar agenda do governo em meio a turbulência política

Grupos privados, que se queixam de falta de interlocução com o Planalto, pararam de investir no fim do ano

Valdo Cruz, Flávia Foreque

BRASÍLIA - Numa tentativa de mudar o foco do governo para uma agenda positiva, a presidente Dilma Rousseff faz amanhã uma reunião com um grupo de 27 grandes empresários e banqueiros do país para cobrar mais investimentos no setor produtivo.

A reunião foi convocada num momento em que o Palácio do Planalto enfrenta uma fase de turbulência política em suas relações com o Congresso e o principal partido da base aliada, o PMDB.

Segundo assessores, Dilma quer mostrar que a crise política não imobilizou sua administração e que sua prioridade continua ser fazer a economia crescer pelo menos 4% em 2012, depois de um crescimento de apenas 2,7% no primeiro ano de sua gestão.

Dilma vai pedir aos participantes do encontro que invistam mais para acelerar o ritmo de crescimento.

Segundo o IBGE, os investimentos ficaram praticamente estagnados no segundo semestre do ano passado.

A intenção da presidente, disse um assessor, é despertar o "espírito animal" dos empresários, expressão que o ex-ministro Delfim Netto, conselheiro de Dilma, costuma usar para salientar a influência que as expectativas criadas pelo Planalto têm nas decisões dos investidores.

A relação dos 27 pesos-pesados da economia chamados pelo governo é encabeçada pelo empresário Jorge Gerdau, do setor siderúrgico, que assessora a presidente na área de gestão e competitividade e ajudou-a a elaborar a lista.

Também foram convidados Lázaro Brandão (Bradesco), Roberto Setúbal (Itáu), Emílio e Marcelo Odebrecht, Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), Luiz Nascimento (Camargo Corrêa), Murilo Ferreira (Vale), José Roberto Ermírio de Moraes e Frederico Curado (Embraer).

Se os empresários repetirem em público o que dizem em conversas reservadas, Dilma ouvirá que a bola do jogo está nas mãos do governo, que teria que melhorar as condições da economia para que eles se sintam encorajados para voltar a investir.

Nos encontros com assessores presidenciais, a principal reclamação do setor é que o próprio governo incentiva a direcionar parte do caixa para aplicações financeiras ao não agir contra os elevados custos tributários e logísticos.

Empresários e banqueiros também têm se queixado de falta de interlocução com o Planalto. Eles argumentam que tinham canal mais aberto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no governo e afirmam que, depois da saída de Antonio Palocci da chefia da Casa Civil, perderam o principal interlocutor que tinham com a presidente Dilma.

Ontem, às vésperas do encontro, o governo rebateu publicamente um manifesto de associações da indústria publicado nos jornais com críticas aos seguidos cortes de verbas sofridos nos últimos anos por programas federais de incentivo à inovação tecnológica.

Irritada com o documento, que considera os cortes "incompatíveis com os recentes compromissos do governo", a presidente escalou dois ministros para responder aos empresários e cobrar deles mais investimentos no setor.

"As empresas precisam aprender a fazer melhor e mais barato, para que o Brasil tenha competitividade", disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, afirmou que as empresas brasileiras "precisam ser mais protagonistas, investir mais".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Jobim sugere a estados pacto 'factível'

Segundo ex-ministro, é urgente aprovar regras para distribuir recursos do FPE

Cristiane Jungblut, Martha Beck

BRASÍLIA. Reconhecendo a dificuldade de se estabelecer no país um novo pacto federativo, o ex-ministro Nelson Jobim disse ontem, após encontro com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), que a comissão especial criada na Casa para discutir o assunto fará um trabalho "factível". O mais urgente, segundo Jobim, é o novo marco regulatório para a distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que precisa entrar em vigor em 2013.

Mas o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, foi ao Senado defender outra questão que o governo considera mais urgente: o fim da guerra fiscal em torno de produtos importados, patrocinada com isenção ou redução do ICMS.

Barbosa enfrentou governadores que, contrários a essas mudanças, afirmaram que seus estados vão quebrar. Diante da chiadeira, a Fazenda acenou com compensações.

Jobim disse que é preciso pressa na discussão das novas regras para o FPE, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo até dezembro para que novos critérios sejam aprovados pelo Senado sobre a distribuição dos recursos do fundo - hoje a maior parte vai para os estados do Norte e do Nordeste. Ele ressaltou, no entanto, que o pacto federativo é um "processo", ou seja, não se trata de acabar com o sistema, apenas melhorá-lo.

A comissão será instalada no próximo dia 12 de abril, mas já recebeu crítica dos senadores, que reclamam de perda de espaço na discussão para os "14 notáveis".

- O que pretendemos fazer é algo factível e não algo que caia do céu. A reunião com o presidente Sarney foi para saber da amplitude dos trabalhos da comissão. Há temas com dinâmica própria, mas podemos colaborar - disse Jobim.

A questão do fim da guerra fiscal, por meio da aprovação da chamada Resolução 72, dominou ontem as discussões em torno do novo pacto. Numa audiência que durou quatro horas e meia, governadores, senadores e representantes do governo federal discutiram na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a polêmica resolução, que unifica em 4% as alíquotas do ICMS interestadual sobre importações.

O tributo (sua redução ou isenção) é usado por Espírito Santo, Santa Catarina e Goiás como forma de incentivar empresas importadoras a usarem sua infraestrutura portuária. Para o governo, essa prática prejudica a indústria nacional. A ideia do governo é que as alíquotas (hoje fixadas em 12% ou 7%) sejam reduzidas para 4% imediatamente - na outra ponta, os governadores alegam perda de receitas que quebra as economias locais.

Com a polêmica, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, senador Delcídio Amaral (MS), que reclamou da comissão especial a ser presidida por Jobim, disse que a Resolução 72 não deve ser votada na próxima semana, como quer o governo.

FONTE: O GLOBO

Manifesto critica cortes na Ciência

Cientistas e empresários assinam texto; governo rebate e cobra parcerias

Demétrio Weber

BRASÍLIA. As principais entidades científicas e industriais do país divulgaram manifesto ontem criticando o corte no orçamento deste ano do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo o texto, assinado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o governo contingenciou R$ 1,5 bilhão, uma redução de 23%.

"Os repetidos cortes e contingenciamentos de recursos destinados à pesquisa científica e à inovação são incompatíveis com os recentes compromissos do governo para manter o status conquistado pelo Brasil, hoje dono da sexta maior economia do mundo e reconhecido como uma nação de liderança global", diz o texto, assinado ainda por Firjan, Fiesp e Academia Brasileira de Ciências.

Segundo o manifesto, é o segundo ano seguido em que o ministério sofre cortes. As entidades cobram da presidente Dilma Rousseff que restabeleça o valor original previsto no orçamento do ministério (R$ 6,7 bilhões).

O governo reagiu. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que até janeiro era o titular de Ciência e Tecnologia, e o atual ministro Marco Antonio Raupp cobraram mais investimentos privados na área.

- O setor privado investe muito pouco em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Por isso, quero saudar essa iniciativa. Quando eles estão colocando inovação como prioridade, é um salto extraordinário no debate e abre uma perspectiva de futuro no Brasil - disse Mercadante. - Precisamos de um manifesto dos empresários para empresários.

Segundo Raupp, o governo investiu 0,61% do PIB em ciência e inovação, em 2010, enquanto o setor privado aplicou 0,55%. Em países desenvolvidos, ocorre o inverso: no Reino Unido, a parcela de investimento do setor privado no mesmo ano foi de 0,82% do PIB, e a do governo, 0,56%.

Os ministros afirmaram que o manifesto desconsidera outros gastos do governo com o setor científico, entre eles os empréstimos a juros de 4% ao ano concedidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que deverão alcançar R$ 6 bilhões este ano.

FONTE: O GLOBO

Executivo corta mais R$ 368 milhões

Conta fica com Legislativo e Judiciário, alvos do novo contingenciamento

BRASÍLIA. O governo decidiu cortar mais R$ 368,6 milhões nas chamadas despesas discricionárias dentro do Orçamento da União de 2012. Assim, o contingenciamento desse tipo de despesa - verbas que podem ser usadas mais livremente, como investimentos - subiu dos R$ 35,01 bilhões anunciados em fevereiro para R$ 35,4 bilhões. Na prática, a área econômica fez um ajuste para compensar o aumento nas despesas obrigatórias (que não podem ser bloqueadas) e uma queda de R$ 72,9 milhões na receita líquida da União (já descontado o repasse para estados e municípios).

Mas o Executivo entregou essa conta para o Legislativo e o Judiciário, que foram os afetados pelo novo corte.

Segundo o Ministério do Planejamento, o Executivo mantém o corte de R$ 35,01 bilhões nas suas despesas discricionárias, enquanto o Legislativo terá um corte de R$ 94,5 milhões; o Judiciário, de R$ 248,2 milhões; e o Ministério Público da União, de R$ 25,9 milhões, totalizando a economia adicional de R$ 368,6 milhões.

Com as mudanças, o esforço fiscal final anunciado em fevereiro teve uma pequena elevação, passando dos originais R$ 55 bilhões para R$ 55,073 bilhões.

"Após a reavaliação da projeção das receitas e despesas, verificou-se a necessidade de ampliar a limitação de empenho e movimentação financeira indicada no citado relatório em R$ 368,6 milhões, totalizando uma redução de despesas discricionárias de R$ 35,4 bilhões. O esforço fiscal total atingirá R$ 55,1 bilhões", diz a íntegra do relatório bimestral enviado ao Congresso, arredondando o valor final.

Segundo técnicos da Comissão Mista de Orçamento, o governo fez "uma conta de chegada" e dividiu com os demais poderes o aumento nas despesas. Os R$ 368,6 milhões bloqueados tapam o rombo da queda de R$ 72,9 milhões na arrecadação; a verba extra de R$ 40 milhões (parte para o projeto Antártida) e o aumento líquido de R$ 255,7 milhões nas despesas obrigatórias.

FONTE: O GLOBO

Rombo de fraude na saúde do RJ chega a R$ 124 mi

Auditoria da Controladoria-Geral da União começou em abril de 2011 e identificou problemas em contratos de obras e de serviços em redes de hospitais

Vannildo Mendes

BRASÍLIA - A Controladoria-Geral da União (CGU) já identificou rombo de R$ 124 milhões em contratos de obras e prestação de serviços com a rede de seis hospitais federais do Rio de Janeiro.

Solicitada pelo Ministério da Saúde, a auditoria começou em abril de 2011 e já rastreou R$ 887 milhões em negócios com empresas privadas. As fraudes consumiram mais de 14% desse montante. Três das quatro empresas que participaram do esquema de corrupção denunciado pelo Fantástico, da TV Globo, estão citadas no levantamento da CGU: a Rufolo Serviços Técnicos e Construções, a Locanty Soluções e a Toesa Service. Os auditores anotaram indícios de direcionamento de licitações realizadas pelos hospitais, cartelização nos serviços de lavanderia, limpeza e conservação hospitalar e alimentação, superestimativa de quantitativos de equipamentos locados e alto custo das locações.

No caso da Rufolo, a CGU apontou falta de fiscalização na execução de contratos com a rede e pagamento de R$ 780 mil sem cobertura em um deles. O órgão recomendou a apuração de responsabilidades pela irregularidade, constatada na auditoria de gestão de 2009. A auditoria, ainda em fase de fechamento, constatou que, em 2009, a Locanty foi contratada irregularmente para prestar serviço de coleta de lixo na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por dispensa emergencial, mesmo com preços 180% maiores que os da concorrente Rodocon.

Com diversas irregularidades contratuais detectadas, a Toesa figura no Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis), mantido pela CGU. A empresa foi proibida de ser contratada pela administração federal por cinco anos. A pena, instituída pelo Instituto Nacional do Câncer, vale até julho de 2013, mas liminar da Justiça restringiu a proibição apenas aos contratos com o órgão. Com ramificações também no Centro-Oeste, a Toesa foi investigada até no inquérito da Operação Caixa de Pandora, que desmantelou um esquema de desvio de dinheiro público no governo do DF. Ineficiente na gestão do dinheiro público, o governo do DF deixou aplicados em conta remunerada os recursos da saúde, o que resultou na necessidade de contratação de serviços emergenciais terceirizados.

Com a rede pública sucateada, várias empresas obtiveram contratos milionários. A Toesa levou em 2009 o contrato de número 060.011.384, de R$ 12,9 milhões. A Corregedoria-Geral da União, vinculada à CGU, começou ontem as investigações sobre a conduta das empresas denunciadas pelo Fantástico, para levantar provas que levem à declaração de inidoneidade. Apenas uma, a Bella Vista Refeições Industriais, não apareceu nos levantamentos preliminares, mas seus contratos também são alvo do pente fino.

A auditoria nos 6 hospitais federais do Rio resultou em recomendações ao Ministério da Saúde. Uma delas, a adoção de pesquisa de mercado junto a sistemas de compras de todo o País, para cotação de insumos. Outra, já implementada, a centralização de compras de bens e serviços realizadas para todos os hospitais, segundo a CGU, implicou economia de R$ 40,4 milhões em 2011.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Ana de Hollanda é prestigiada em cerimônia no Planalto

Raymundo Costa

BRASÍLIA - Sob pressão de intelectuais e de setores da classe artística, a ministra Ana de Hollanda (Cultura) recebeu ontem uma dupla manifestação de prestígio da presidente Dilma Rousseff. Primeiro, no fim de uma solenidade no Palácio do Planalto, Dilma cumprimentou efusivamente a ministra, de modo que a cena fosse claramente registrada pelas emissoras de televisão. Depois, mandou a ministra Helena Chagas (Comunicação Social) dizer aos jornalistas que Ana de Hollanda continua no cargo.

"A ministra Ana de Hollanda não está deixando o governo", foram as palavras de Helena Chagas, ao voltar do gabinete presidencial. Ao ser questionada se a ministra "não está" mas pode vir a sair do ministério, Chagas afirmou que todos os ministros, em algum momento, deixarão o governo. As especulações sobre a eventual saída da ministra ganharam novamente força na semana passada, após a divulgação de um manifesto assinado por intelectuais e artistas contra sua gestão na Cultura.

Essa não é a primeira vez que a ministra Ana de Hollanda é criticada por setores da área cultural. Na realidade, os ataques à ministra são recorrentes, mas ela sobreviveu a todos, até agora. Na segunda-feira, auxiliares da presidente da República admitiam que Ana poderia deixar o cargo devido à falta de interlocução da ministra com o setor e as recentes críticas de artistas e intelectuais à atual gestão do Ministério da Cultura. Dilma, segundo esses auxiliares, estaria disposta a resolver não só a situação da ministra, como também nomear o novo ministro do Trabalho antes de sua viagem à Índia, neste fim de semana próximo.

Em vez de demitir, Dilma resolveu anunciar a permanência da irmã do compositor Chico Buarque de Hollanda no governo. Também não há definição sobre a data da nomeação do novo ministro do Trabalho. O nome mais cotado é o do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que conseguiu reunir o apoio da CUT e da Força Sindical a seu nome, mas continua rejeitado pela maioria dos 27 deputados e cinco senadores do partido. Dilma pensava em nomear o deputado gaúcho Vieira da Cunha, cujo nome também sofreu vetos do partido. Ele continua no páreo. Outro candidato é Manoel Dias, secretário-geral do PDT. O problema, com a demora da nomeação, é que a divisão do PDT acaba virando um assunto de governo e em mais um elemento a alimentar um ambiente de crise no Planalto.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Líder sem tom conciliador

Senador Eduardo Braga ainda tem dificuldades no trato com os aliados e recebe "orientação" do vice-presidente

Paulo de Tarso Lyra

Uma semana após ter sido indicado como líder do governo no Senado, a avaliação na Casa é de que o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) ainda não encontrou o tom para debelar a insatisfação na base aliada. Nesse período, em pelo menos três momentos, Braga, segundo políticos experientes ouvidos pelo Correio, fez declarações incompatíveis com o cargo que ocupa: na quinta-feira, disse que "o governo só negociaria com o PR se o partido não radicalizasse"; também afirmou que a presidente "vai enfrentar velhas práticas políticas". Por fim, cobrou do senador Fernando Collor (PTB-AL) explicações sobre as comparações feitas por ele em relação ao comportamento da presidente Dilma Rousseff com o Congresso.

Uma raposa peemedebista lembra que o momento é de cautela e que atitudes como essa do novo líder governista não vão amenizar em nada o clima ruim que existe no Congresso. "Nós precisamos de um bombeiro com aquelas mangueiras potentes para apagar incêndios, não de alguém com mais disposição para jogar lenha nessa fogueira", disse um cacique do PMDB.

O senador teve novamente uma conversa com o vice-presidente Michel Temer, na última segunda-feira, depois da reunião de coordenação da presidente Dilma Rousseff com os líderes partidários para tratar dos assuntos em tramitação no Congresso. Temer repetiu o que dissera na semana anterior, em jantar realizado no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. "Você é o líder de todos. É preciso buscar unificar o PMDB e os demais integrantes da base", alertou Temer.

Um dos integrantes do chamado grupo dos independentes, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), acha que a presidente Dilma Rousseff errou ao substituir Romero Jucá (PMDB-RR) por causa da derrota na votação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). "Não foi culpa do Jucá. A derrota se deu pela incompetência de Bernardo Figueiredo", afirmou Requião.

É justamente nesse argumento que os aliados de Jucá se amparam para defendê-lo. "O Requião fez nove ou 10 discursos no plenário e isso acabou contaminando os demais. Além disso, era uma votação secreta. Dificilmente essa conjuntura se repetirá novamente", disse o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Mágoas

Nos bastidores, os peemedebistas seguem remoendo as mágoas. No domingo, um grupo de caciques do partido reuniu-se na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ontem, Braga teria, em tese, seu primeiro teste de fogo: a votação de uma medida provisória com recursos para a defesa civil. Foi aprovada, sem sustos. "O PMDB não vai votar contra o país e contra o governo. Pode até reclamar de atrasos nas emendas parlamentares, mas não interessa para o partido prejudicar a governabilidade. A relação de Temer com Dilma é ótima e não podemos atrapalhar isso", disse o pré-candidato do partido à prefeitura de São Paulo, deputado Gabriel Chalita.

Isso não quer dizer, no entanto, que os caciques do partido não estejam esperando um momento para explicitar suas insatisfações. "Ninguém vai passar recibo, são todos políticos experientes. Quanto mais demorar para o troco, melhor. Vingança é um prato que se come frio", disse um parlamentar nordestino. O Planalto poderá ganhar tempo, no entanto, porque, em tese, não há temas candentes no Congresso que possam prejudicar o Executivo. A votação da Fundação de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp) parece ser tranquila e, segundo analistas políticos, dificilmente algum parlamentar vai se vingar na Lei Geral da Copa, projeto que interessa aos governadores.

Um petista acostumado a conviver com crises políticas estranhou o clima silencioso pelos corredores do Senado ontem. "A atmosfera está muito morna depois de uma semana agitada como a que passou", avaliou.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Proibição no Twitter chega ao STF

O PPS entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de liminar para que o Twitter possa voltar a ser usado livremente por pré-candidatos aos cargos de vereador e prefeito. O partido tenta reverter a decisão tomada na última quinta-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibiu pré-candidatos às eleições municipais de usarem o microblog para fins eleitorais antes do período oficial de campanha.

Na ação, o PPS pede que prevaleça nas redes sociais, a qualquer tempo, o direito à manifestação de pensamento quando envolver preferências, ideias e opiniões sobre pré-candidaturas. A legenda defende que qualquer compreensão que venha a impedir a livre manifestação de pensamento e de opinião por meio das redes sociais seja considerada inconstitucional.

O partido pede ainda que, no julgamento definitivo da ação, os trechos da lei eleitoral que proíbem políticos de fazer campanha até 5 de julho sejam interpretados de outra forma, de modo a permitir "a livre manifestação de pensamento e de opinião". O relator do caso é o ministro Joaquim Barbosa, que deu rito abreviado ao processo em face da relevância da matéria. Ele enviou ofícios ao Congresso e à Presidência da República solicitando informações. Depois, abrirá prazo de cinco dias para a Procuradoria-Geral da República e a Advocacia-Geral da União se manifestarem. (DA)

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

PR decide ignorar Dilma em programas de TV

Direção nacional da sigla, em guerra com o Planalto, se reuniu ontem com líderes regionais e determinou boicote ao governo nas inserções eleitorais

João Domingos, Cristiane Samarco

BRASÍLIA -  Para forçar uma negociação com o Planalto, o PR não fará nenhuma menção ao governo da presidente Dilma Rousseff nas 40 inserções de 30 segundos do partido que serão divulgadas nos meses de maio e junho. Uma reunião da direção nacional com os presidentes regionais do partido decidiu que todo o conteúdo será preenchido apenas por representantes locais da legenda. No ano passado, ainda no governo, o PR destinou sua propaganda ao governo federal.

Na reunião realizada ontem, o partido decidiu ainda que entre o fim deste mês e o início de abril decidirá qual posição terá em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff. Por enquanto, o Senado pratica o que os senadores chamam de "oposição independente"; os deputados, um "apoio independente".

De acordo com o presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM), não haverá posição dúbia a partir do mês que vem. Antes, ele vai ouvir os dois lados. E aguardar possíveis acenos do governo para que o PR volte à base de apoio da presidente Dilma. Poderá optar por uma posição independente.

Qualquer que seja o lado que o PR optar - se oposição, governo ou independência - ficou acertado com os presidentes regionais do partido que na eleição municipal de outubro não haverá privilégios ao PT. "O partido fará coligações e alianças com legendas que nos oferecerem espaço. Porque é na eleição municipal que começamos a montar a base da eleição de 2014, quando garantimos nosso tempo de propaganda na TV e no rádio", disse Alfredo Nascimento.

Ele lembrou que o PR tem hoje um bom tempo na propaganda política em todo o País e em São Paulo (um minuto e trinta e cinco segundos por bloco). A tendência é que fique com Gabriel Chalita (PMDB) ou com José Serra (PSDB).

Alfredo Nascimento, que foi ministro dos Transportes até julho (saiu na esteira de um escândalo na área dos transportes), disse que hoje "a articulação política do governo está muito perdida, porque não existe interlocução." Ele afirmou que o PR cansou de esperar pelo governo, porque já se passaram nove meses e Dilma não definiu qual pasta o partido terá.

"Posso dizer que a interlocução está um horror", afirmou. Agora, segundo ele, se o governo quiser conversar, terá que procurá-lo, por ser o presidente da legenda. "As coisas agora têm de ser feitas de forma institucional, de governo para o presidente do partido." O PR tem 7 senadores e 36 deputados. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM), procurou ontem o líder do PR, Blairo Maggi (MT), na tentativa de iniciar novas conversações para reaglutinar a base de apoio. Maggi insistiu que a posição do partido não é de luta por cargos. "Tentaram passar a imagem de que o PR é fisiológico. Se fui convidado duas ou três vezes para ser ministro, e não aceitei, fisiológico é quem me ofereceu o lugar", disse o líder.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Oposição faz blitzes nas obras do PAC

A oposição ao governo Dilma na Câmara dos Deputados inaugura, na sexta-feira (23), uma nova estratégia para tentar expor o lado negativo da gestão petista. Uma comissão formada por vinte parlamentares, sob o comando do líder do PSDB na Casa, o pernambucano Bruno Araújo, fará uma inspeção às obras do eixo Norte do Canal da Transposição do Rio São Francisco, na cidade de Mauritis, Sertão do Ceará. Com esta primeira “blitz”, o grupo – composto por deputados do PSDB, DEM e PPS – dará início à uma série de visitas a obras federais em andamento no País.

“Escolhemos o Nordeste para iniciar as inspeções porque a transposição é um dos projetos mais caros financiados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal. Mas vamos dar continuidade vistoriando outras obras em vários Estados do País”, explicou Bruno Araújo. “Queremos mostrar ao País o que realmente está acontecendo, a despeito da propaganda oficial do governo”, acrescentou.

O líder tucano lembrou que as obras da transposição foram iniciadas em 2007, com uma estimativa de custo de R$ 4,5 bilhões e previsão de entrega do eixo Leste em 2010 e do Norte em 2012. No entanto, este mês o governo elevou a previsão de gastos para R$ 8,1 bi. E nenhum dos dois eixos foi concluído. Foram esses dados que levaram os opositores da presidente Dilma a formular a ideia da vistoria das obras.

O grupo desembarca na sexta às 9h em Juazeiro do Norte (CE) e segue de carro por cerca de 80 Km até Mauritis.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Kassab vai à Bahia apoiar candidato do PT na capital

Tiago Décimo

SALVADOR - Com as presenças do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, o PSD anunciou ontem, em Salvador, apoio à candidatura de Nelson Pellegrino (PT) à prefeitura da cidade. A sigla é a primeira a formalizar o acordo com o PT.

O evento contou com a presença do governador baiano, Jaques Wagner (PT), que tem como vice o presidente estadual do PSD, Otto Alencar. De acordo com o governador, não há conflito entre o apoio do PSD ao PT em Salvador e o acordo da sigla com o PSDB em São Paulo. "A arte da política é juntar diferentes. Quem quer fazer política não pode fazer com o fígado." Kassab projetou a possível aliança para 2014 e disse que, juntos, Wagner e Otto Alencar vão "pensar 2014".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Serra invoca legado para atrair militante

A quatro dias da prévia do PSDB, ex-governador investe na receita de eleições passadas e lista até obras estaduais para ganhar votos

Bruno Boghossian

Na reta final da prévia do PSDB em São Paulo, o ex-governador José Serra decidiu adotar como estratégia a defesa do "legado" de suas gestões na Prefeitura e no governo do Estado para tentar atrair votos de militantes. Ausente de debates propostos pelos outros pré-candidatos, que acabaram não sendo realizados sem a concordância do ex-governador, Serra aproveita os últimos dias de pré-campanha para visitar um hospital, um posto de saúde e obras de uma escola técnica, projetos que foram tocados pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD), o vice que assumiu a Prefeitura diante da renúncia em 2006.

A equipe de Serra quer intensificar sua agenda esta semana para que ele possa fazer aparições nesses espaços públicos. Até a semana passada, o tucano tinha, no máximo, um evento de pré-campanha por dia. Hoje, deverá ter três compromissos.

Serra conversou recentemente com secretários que o acompanharam na Prefeitura e no governo sobre os principais projetos implantados em suas gestões. Com Eduardo Jorge (Meio Ambiente), trocou informações sobre as ciclovias da cidade. Com Januário Montone, falou sobre projetos na área da saúde.

Os tucanos têm defendido as realizações de Kassab na Prefeitura, uma vez que Serra tocou seus projetos na capital por apenas 15 meses.

Lembranças. Para reforçar a imagem de gestor público e destacar seu papel como chefe do Poder Executivo, o ex-governador também usou os últimos dias para fazer telefonemas a lideranças locais do PSDB e relembrar principalmente sua passagem pela Prefeitura. Nesses diálogos, Serra costuma citar programas que estão ligados diretamente ao dia a dia dos bairros, como obras viárias e a criação de parques. Nos discursos a militantes, o tucano tem enumerado feitos como a criação da Virada Cultural e a implantação do modelo de medicamentos genéricos, quando foi ministro da Saúde, até 2002.

Seu currículo também é lembrado em panfletos que foram distribuídos em uma reunião na zona leste por militantes ligados ao secretário do Meio Ambiente, Bruno Covas.

O legado do ex-governador foi lembrado até por vereadores tucanos na Câmara. O líder da bancado do PSDB, Floriano Pesaro, exaltou ontem projetos de Serra na Prefeitura. "Consideramos que Serra tem solidez, tem experiência, tem capacidade técnica para comandar, e bem, a maior cidade do Brasil."

A bancada do PT reagiu ao que chamou de "propaganda eleitoral gratuita" na Câmara. "O senhor está aqui querendo fazer proselitismo eleitoral, lamentavelmente", disse o presidente do PT na capital, Antonio Donato.

Esta tarde, o ex-governador deve visitar o Hospital Municipal do M"Boi Mirim (zona sul), promessa de sua campanha para a Prefeitura em 2004, mas que foi inaugurado em 2008, por Kassab. Logo depois, Serra é esperado na unidade do Jardim São Luiz da Assistência Médica Ambulatorial (AMA), projeto iniciado em sua gestão no município - ele entregou 24 unidades e Kassab ampliou o número para 116.

Governo. A estratégia de Serra também inclui utilizar obras feitas no âmbito estadual na campanha municipal. Na quinta-feira, Serra deve visitar obras da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Itaquera. Quando era governador, ele usou como bandeira a ampliação desse modelo de ensino profissionalizante.

Serra também esteve, na última sexta, na nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC), anunciada após sua posse no governo do Estado, em 2007, mas que só foi aberta em janeiro deste ano. Ontem, cancelou a visita a uma Fábrica de Cultura, outro projeto retomado quando assumiu o Palácio dos Bandeirantes.

Colaborou Felipe Frazão

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Jarbas e Guerra são cobrados na oposição

Após ver sua candidatura à Prefeitura de Olinda ser rifada, Terezinha Nunes diz que falta diálogo e clama pela reconciliação entre os dois líderes oposicionistas

Débora Duque

Rompidos politicamente desde a campanha de 2010, as duas principais lideranças das oposições em Pernambuco – Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Sérgio Guerra (PSDB) – estão sendo cobradas pela desunião do bloco nas articulações para o pleito municipal. A autora das cobranças é a mais recente vítima da falta de diálogo entre os dois caciques, Terezinha Nunes (PSDB). No dia seguinte à retirada de sua candidatura à Prefeitura de Olinda por “falta de apoio político”, a ex-deputada desabafou via Twitter e clamou pela reconciliação, afirmando que ambos deveriam se “despir de vaidade e agir em nome do bem comum”.

A mensagem reflete a preocupação de Terezinha com o fracionamento das oposições na disputa em Recife e Olinda. De um lado, o PSDB lançando Daniel Coelho na capital e negociando o apoio à reeleição do prefeito Renildo Calheiros. Do outro, PMDB articulando com DEM e PPS as cabeças de chapa de uma possível tríplice-aliança nos dois municípios. “Não está havendo interesse em abrir o diálogo. Vamos enfrentar os dois prefeitos mais mal avaliados da história e a oposição, por falta de conversa, não cria condições objetivas de derrota-los”, queixou-se ao JC.

Ressentida com a falta de apoio do PMDB à sua postulação, a tucana, mesmo sendo próxima a Jarbas, considera que ele não tem “respondido” aos “sinais” de reaproximação emitidos por Guerra. Um deles teria sido evidenciado na iniciativa do correligionário de ter lançado dois candidatos tucanos no Recife e em Olinda que desfrutassem de boa relação com o peemedebista, como foi o caso de Daniel Coelho e da própria Terezinha. Ela também cita a conversa travada entre Guerra e Raul Henry (PMDB) , recentemente, a convite do tucano. “Sérgio tem emitido sinais de querer o diálogo, mas não tem sido correspondido. Nesse aspecto, quem tem menos culpa é ele”, avalia.

O senador Jarbas Vasconcelos preferiu não comentar o assunto, mas interlocutores do partido informaram, em reserva, que ele achou “injusta” as declarações da colega. Do lado peemedebista, a leitura é de que a ex-deputada não deve cobrar a Jarbas a “fatura” de sua saída da disputa em Olinda, mas à sua própria sigla, que teria optado por apoiar o atual prefeito em troca do apoio do PCdoB à reeleição de Elias Gomes (PSDB), em Jaboatão.

Os peemedebistas também continuam sem digerir a “conivência” de Sérgio Guerra, em 2010, com a debandada de prefeitos tucanos para o palanque governista, assim como o fato de ele não ter aceitado concorrer ao Senado pela coligação jarbista. Mesmo assim, o próprio Jarbas chegou a ensaiar, no final do ano passado, uma reaproximação , mas teria desistido diante de algumas provocações do tucano, publicadas na imprensa. Entre elas, as negativas de se reeditar a antiga União Por Pernambuco. Procurado pelo JC, Guerra estava realizando exames médicos, em São Paulo, e não retornou as ligações.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O tempo escoa para Dilma – O Estado de S. Paulo: Editorial

Uma base de apoio assim, melhor não ter. É o que talvez esteja imaginando a presidente Dilma Rousseff diante da enorme dificuldade que encontra a cada dia para manter sob controle e minimamente afinada com os propósitos de seu governo a enorme, heterogênea e, tem-se visto, pouco confiável aglomeração de partidos que compõem aquilo que se convencionou chamar de maioria governista no Parlamento. O episódio da troca dos líderes do governo no Senado e na Câmara foi bem emblemático do espetáculo quase surreal que tem sido oferecido ao distinto público toda vez que Executivo e Legislativo discutem a relação, muitas vezes com o Judiciário formando a terceira ponta do triângulo. Nas últimas semanas, todas as iniciativas do Palácio do Planalto nesse assunto só têm feito piorar o quadro.

Afinal, o que está acontecendo? O governo não tem, de fato, ampla maioria no Parlamento? Tem uma maioria mais ampla do que aquela com que qualquer outro governo jamais pode contar nesses quase trinta anos depois da redemocratização do País. A atual maioria não é tão heterogênea e pouco confiável quanto aquela que deu apoio ao presidente Lula, principalmente em seu segundo mandato? Certamente, sim.

A diferença não está no Congresso. Está no Palácio do Planalto. Lula administrou tranquilamente a maioria parlamentar que ele próprio construiu graças a especialíssimas habilidades políticas respaldadas por sólido apoio popular. Mas ele tem tudo o que Dilma não tem: carisma, poder de sedução, malícia, paciência, uma concepção um tanto ligeira dos fundamentos da democracia e uma enorme capacidade de engolir sapos e fingir que não está vendo tudo o que é melhor ignorar. Lula inventou Dilma, tornou-a sua sucessora, mas seus poderes não chegam a ponto de conseguir transformá-la naquilo que ela não é.

É natural, portanto, que, ao herdar o modelo lulopetista de governar - do qual fez parte desde sempre, como ministra -, Dilma esteja sentindo grande dificuldade para dar continuidade ao pacto de poder construído por seu patrono. Mas isso não a absolve dos erros que tem cometido e que se refletem negativamente no governo. A óbvia obrigação de fazer a máquina do Estado funcionar implica também estabelecer com o Congresso uma relação produtiva em benefício dos interesses nacionais. E para se desincumbir dessa responsabilidade a chefe do governo dispõe de muitos recursos, simbolizados por sua caneta.

É claro que a ausência de uma incontrastável autoridade política como a de Lula estimula as raposas aliadas a ousadias contra Dilma que jamais cogitaram de praticar contra o ex-presidente. Insatisfeita desde a queda de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, a bancada do PR no Senado mandou um recado desaforado para o Planalto e declarou-se matreiramente na oposição. Cada vez mais, a matilha de apetite voraz que controla o Senado aumenta a pressão sobre Dilma. Cada vez mais, elevam-se as vozes de rebeldia na bancada governista na Câmara. Não foi por outra razão que Dilma deu bilhete azul para seus líderes no Senado, Romero Jucá, e na Câmara, Cândido Vaccarezza. E tanto pelo que as duas substituições significam em termos de alteração na correlação de forças no Parlamento quanto pela maneira desastrada como foram operadas, o resultado foi o agravamento da crise.

Por causa do clima de revolta reinante no Congresso, adiaram-se votações urgentes e relevantes, como a do Código Florestal e a da Lei Geral da Copa. É um exemplo claro de como a baixaria política que Dilma não consegue controlar pode afetar gravemente os interesses do País.

Não levará muito tempo para Dilma descobrir que, na tentativa de impor sua autoridade com a substituição das lideranças no Congresso, trocou seis por meia dúzia. Mas, mesmo que tenha de assumir o risco de ver a situação piorar muito, antes de melhorar, está mais do que na hora de a presidente da República, há quase quinze meses no poder, decidir se vai começar a governar de fato ou tornar-se definitivamente refém do fisiologismo e do atraso.

Esperando Lula:: Merval Pereira

O mais provável é que até o dia 23 de abril o quadro político brasileiro continue instável como está, à espera de uma definição sobre a situação da saúde do ex-presidente Lula. Nesse dia os médicos do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo farão os exames que definirão se será preciso continuar o tratamento do câncer na laringe de Lula ou se o tumor desapareceu por efeito da quimioterapia e da radioterapia.

O ex-presidente já é capaz de receber líderes políticos selecionados, está recuperando alguns quilos perdidos durante o tratamento e ainda fala com dificuldade devido à inflamação no local da doença.

Se tudo der certo, Lula retomará as rédeas da situação política, e a inquietação na base aliada do governo tenderá a ser controlada.

O que está acontecendo neste momento é uma mistura de estranhamento dos políticos à maneira brusca com que a presidente Dilma decidiu conduzir as negociações partidárias com uma desconfiança de que Lula não retornará à vida política com o vigor anterior, o que daria margem a vários movimentos no interior dos partidos, a começar pelo próprio PT.

Políticos são como o mercado financeiro: trabalham com rumores e precificam consequências futuras desses mesmos rumores.

Passam a vida tentando antecipar para onde o vento do poder está soprando para poder se posicionar, a favor ou contra, mas sempre com o olho na próxima eleição.
Anos eleitorais, então, são pródigos em mudanças de lado, a partir de pesquisas de opinião e do contato direto com as chamadas "bases".

Por isso, mesmo quando o Palácio do Planalto, como agora, está convencido de que tudo vai bem, os políticos andam freneticamente tentando uma sintonia fina com o que vem por aí, seja o aumento da inflação ou o aumento do crédito, questões imediatistas que se refletirão nas urnas em outubro, nunca questões estruturais, pois essas geralmente não dão votos e podem ser no máximo temas para entressafras eleitorais.

Em anos como este que vivemos, em que os partidos disputarão os espaços políticos regionais de olho nas eleições de 2014 e nas alianças que poderão ser feitas com vistas à Presidência da República, o importante é saber quem manda em quem, e a presidente Dilma ainda é uma incógnita a ser decifrada.

Dá-se como improvável que o ex-presidente Lula tenha mesmo dito ao novo líder do governo, senador Eduardo Braga, que apoiaria a presidente em sua cruzada contra o fisiologismo.

Simplesmente porque esse não é o estilo de Lula que seus "companheiros" tanto enaltecem e de que sentem tanta falta.

O máximo que é possível aceitar é que Lula compreenda que a presidente não aceite ser chantageada, mas nesse caso seria apenas questão de acertar essa sintonia fina entre o que é reivindicação justa e o que é chantagem explícita.

Lula era um craque em se antecipar às demandas de sua base aliada, não dando margem a que algum líder tentasse uma chantagem.

Dilma, ao contrário, parece estar muito satisfeita com sua capacidade de enfrentar a tentativa de chantagem, embora reconheça que a relação entre Executivo e Legislativo tende a ser de atritos pela característica quase "parlamentarista" de nosso presidencialismo de coalizão.

A derrota no Senado da recondução do presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) parece ter sido o detonador dessa ação-relâmpago do Executivo sobre o Legislativo, trocando seus líderes na Câmara e no Senado de uma vez, inclusive mexendo no seu próprio partido.

A presidente viu nesse episódio uma afronta pessoal, já que o nome indicado era de sua confiança, e uma oportunidade de demonstrar seu descontentamento.

Determinar o fim do chamado "toma lá dá cá", no entanto, não depende apenas da vontade soberana da presidente, mesmo que nosso presidencialismo seja imperial.

Mesmo porque a presidente Dilma, tendo exercido a chefia da Casa Civil durante tanto tempo no governo Lula, não pode dizer para seus interlocutores no Legislativo que desconhecia essa prática ou que não concordava com ela.

A Dilma-ministra deve ter sido a negociadora de muitos acordos desse tipo, mesmo a contragosto se for o caso, e deve ter assumido muitos compromissos com a base aliada quando era a candidata de Lula.

Além de ter herdado outros tantos acertos feitos pelo próprio ex-presidente, que culminaram, alguns, em nomeações para o seu primeiro Ministério.

Assim como Lula e seus ministros assumiram compromissos em nome de seus sucessores para a realização da Copa do Mundo, com mais razão ainda também na organização da base partidária que daria apoio a Dilma na sua sucessão, o ex-presidente Lula deve ter assumido compromissos com os líderes partidários que terão de ser cumpridos.

Por isso mesmo, até o momento, a presidente tem feito exibições de força que não resultaram em mudanças efetivas no relacionamento com os aliados.

Além do mais, há uma tradição na política brasileira de o Legislativo se curvar ao Executivo quando é de seu interesse, ou melhor, quando seus interesses mesquinhos são poupados nessa relação.

É difícil, no entanto, ver-se o Executivo impor ao Legislativo alguma decisão que não seja negociada. Pois, quando querem, os parlamentares sabem perfeitamente usar os poderes que têm para ganhar mais força nas negociações.

Nesse sentido, o Executivo terá boas dificuldades com sua própria base aliada se não puder contar com o apoio de Lula nessas negociações ou se perder a expectativa de poder que a presença ativa do ex-presidente garante.

Apenas um exemplo das dificuldades que esperam a presidente Dilma: com a nova tramitação das medidas provisórias determinada pelo Supremo Tribunal Federal, a Comissão Mista que passará a recebê-las ganhará uma força política incalculável.

Fazer parte dela valerá ouro.

E o Congresso será obrigado a exercer seu poder sobre o Executivo, o que lhe dará uma nova margem de manobra.

FONTE: O GLOBO

De mocinhos e de bandidos:: Rosângela Bittar

O governo Dilma está sofrível, ainda. Desde sua inauguração, ano passado, essa condição tem sido registrada e, até o momento, não aprumou rumo a uma gestão que lhe permita colher resultados concretos. A presidente transformou o Palácio do Planalto em uma Casa Civil. Toma conta de tudo e de todos. Miriam Belchior não compra uma resma sem sua autorização. Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann não têm autonomia para negociar nada, estão sem instrumentos para fazer a coordenação política e administrativa. Interessa-se a presidente pelo detalhe técnico do pormenor jurídico da vírgula administrativa. Por medo, seus ministros se escondem, não avançam no projeto que ela parece querer para o país. Dilma não tem e não vem adquirindo gosto pela política partidária como era feita antes.

Mas tem a sua maneira. Quer governar com uma coalizão partidária e com apoio amplo do Congresso. Manteve a correlação de forças que recebeu do antecessor, mas é ousada, ainda bem, nas mudanças ao descartar material estragado por produto da mesma origem mas ainda em boas condições, até segunda avaliação.

Não foi por esse cenário que a presidente se viu, de repente, neste março, o alvo do tiro. Nem porque o governo funciona mal, ou porque não faz reformas ou quer governar sem o Congresso, ou abusa das medidas provisórias. Os aliados se rebelaram e a têm tratado, bem como aos demais integrantes do seu staff, com extrema grosseria e falta de compostura por que, mesmo? Não toda, mas há uma base aliada que está na linha de frente da força que tenta encostar a presidente na parede.

Fisiologismo de adjetivos: acintoso, ofensivo, insultuoso

Experiente político aconselha a não elucubrar muito. Esfregando o indicador no polegar, traduz o que no jargão da política explicaria o tal "carinho" de que os políticos tanto se queixam aos que sabem que levarão recados: o que falta, de imediato, é dinheiro para a campanha municipal. Para o futuro, um bom posto de observação e acesso à fonte.

Ganhar ministério também não significa o apoio ao governo. Os evangélicos ganharam um e não estão nem aí para os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para realizar a Copa do Mundo.

Será que Renan Calheiros e Romero Jucá, no PMDB, Blairo Maggi e Alfredo Nascimento, no PR, ficariam de pé após uma campanha, de boa marquetagem, ao modelo Lula de chorar o preconceito, que os acusasse de machismo na tentativa de desestabilização da presidente?

A entrevista em que Maggi anunciou rompimento do PR com Dilma é um escárnio, uma desfaçatez. Discurso que não deixou outra saída a não ser manter a posição firme de apoio ao ministro que escolheu e que, embora do PR, é um funcionário de carreira. Não terá sido Paulo Passos rejeitado por descomprometimento excessivo com o malfeito?

Imaginemos que esses partidos, armados até os dentes, partam para o revide ao desprezo por um fisiologismo insultuoso, para a criação de CPIs contra a presidente, até para o impeachment, pois são os primeiros a saber que, em qualquer governo, principalmente de coalizão partidária, se deixarem procurar vão encontrar. A comissão de inquérito em melhor andamento para ser instituída no Senado é justamente a dos Transportes. Estariam mesmo dispostos a atear fogo às vestes?

Todos sabiam que Romero Jucá estava com os dias contados na representação do governo. Evidência vivida por todos da bancada do PT que viveram na pele a atuação do líder. Já na sua estreia como nova senadora do Paraná, Gleisi não compreendia como um líder do governo podia trabalhar contra, como ele trabalhava. Era a mesma impressão de Ideli Salvatti, agora na Relações Institucionais, por mais de uma vez líder do seu partido na Casa.

O deputado Cândido Vaccarezza, preterido para a coordenação política, também sabia que deixaria de ser o líder do governo na Câmara. Dilma tinha conseguido tirar da sua raia as pessoas denunciadas sem desfazer a correlação de força dos partidos na aliança. Por que não fazer o mesmo com seus líderes no Congresso? Mas não tirou o poder dos partidos, apenas o deu a quem atribui qualidades para representar o governo.

Trocas feitas, deu para ver: não é que Dilma não goste de política. Ela não gosta de alguns políticos e seu modelo de operação. Não se registre que os parlamentares se surpreenderam com o comportamento e as atitudes da Ideli, seus modos ríspidos e a incompetência para resolver os problemas da base. Até os novatos a conheciam. Não terá sido por afinidade de temperatura e pressão que foi guindada ao pódio? É óbvio que Ideli gostaria de sair pelos tapetes coloridos distribuindo emendas. Mas há alguém, acima dela, com mandato conferido por mais de 50 milhões de eleitores, tentando fazer do seu jeito, que não lhe passa o guichê.

As poderosas do Palácio são muito semelhantes, mas só uma manda: firmes, ríspidas, cobradoras, autoritárias, o que se pode chamar de mulheres fortes. Sabem o que querem, para onde vão. O ultimato do qual Maggi foi porta-voz e que boa parte do Senado aprova é inaceitável e contém, mesmo, uma elevada dose de machismo. A impaciente gritaria meio difusa, difícil de ter razão precisamente localizada, denota uma certa covardia, até na chantagem. Parece um lança chamas que suga e solta a labareda quando for conveniente.

Não é porque já aprovou as políticas do salário mínimo, a emenda da DRU e a correção do imposto de renda até o fim de seu mandato que Dilma não precisa mais do Congresso. Tanto precisa que manteve o governo de coalizão partidária. Apenas escolheu governar com pemedebistas que conhecia de outros carnavais e não dos bailes de Calheiros e Jucá. Aposta na melhor distribuição do poder na política e no arejamento dos partidos. Foi a ação concreta na política mais perceptível da presidente desde que assumiu. Quem esperar vê-la entregar-se de mãos ao alto, é melhor esperar sentado.

FONTE: VALOR ECONÔMICO