Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Manchetes dos principais jornais do país
O GLOBO
Cachoeira é condenado a 39 anos e volta à cadeia
Governo quer isenção total na cesta básica
Adeptos do confronto com STF perdem no PT
Governo quer isenção total na cesta básica
Adeptos do confronto com STF perdem no PT
FOLHA DE S. PAULO
PF finaliza caso que envolve ex-assessora em prazo incomum
Governo descarta reduzir juros
e quer 'desintoxicar' economia
e quer 'desintoxicar' economia
Para compensar luz mais barata, imposto nos Estados pode subir
Juízes farão mutirão para julgar casos de assassinato em SP
O ESTADO DE S. PAULO
Cachoeira é condenado a 39 anos e volta à prisão
Bolívia dá o 1º passo para Mercosul
PT se compara a Getúlio e diz ser alvo de desestabilização
Produção de carro cai pela 1º vez desde 2002
Justiça suspende demissões na Webjet
Bolívia dá o 1º passo para Mercosul
PT se compara a Getúlio e diz ser alvo de desestabilização
Produção de carro cai pela 1º vez desde 2002
Justiça suspende demissões na Webjet
CORREIO BRAZILIENSE
Popular, eterno , iluminado
ESTADO DE MINAS
Cada um por si
Despedida ao som de bandas e aplausos
Condenado, bicheiro volta a ser preso
Despedida ao som de bandas e aplausos
Condenado, bicheiro volta a ser preso
O TEMPO (MG)
Receita Federal afirma que 616 mil pessoas ficaram retidas na
malha fina
Alto faturamento aumenta número de pedintes em BH
ZERO HORA (RS)
Falta de investimentos expôs RS a corte de luz
Doença reincidente: Volta da coqueluche põe Estado em alerta
Doença reincidente: Volta da coqueluche põe Estado em alerta
JORNAL DO COMMERCIO (PE)
13º vai para o consumo
Cachoeira volta à cadeia depois de 16 dias livre
Nota máxima no Enade para cinco cursos locais
Cachoeira volta à cadeia depois de 16 dias livre
Nota máxima no Enade para cinco cursos locais
Adeptos do confronto com STF perdem no PT
Partido desiste de
campanha de rua; moção apoia Cristina Kirchner contra a imprensa
O Diretório Nacional do
PT recusou-se a chancelar proposta de uma campanha de rua contra o STF, para
questionar o julgamento do mensalão, informa Ilimar Franco na coluna Panorama
Político. Sobre a perda de mandatos de condenados, petistas dizem que a palavra
final é da Câmara O partido aprovou moção de apoio a Cristina Kirchner.
Sem
obter moção do PT a seu favor, Dirceu se defenderá só
Resolução de solidariedade a ex-ministro não foi votada no encontro
Fernanda Krakovics, Maria Lima
BRASÍLIA Depois que a ampla maioria do Diretório Nacional do PT se
posicionou contra uma proposta de resolução conclamando a militância a ir para
a rua, em uma campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro
José Dirceu disse aos colegas que estava satisfeito com a defesa que o partido
vem fazendo dele e dos companheiros julgados pelo tribunal, no processo do
mensalão. A proposta foi feita por integrante do diretório de Santa Catarina,
mas sequer foi votada.
Ao dizer que era desnecessária a proposta de mobilização da CUT e dos
movimentos sociais, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o ex-presidente
Lula divulgará a nota de desagravo já publicada em defesa dos petistas na
Alemanha e na Espanha, onde está em viagem. Segundo relato de companheiros de
Dirceu, ele usou o microfone duas vezes, durante a reunião do diretório, para
dizer que considerava que o partido estava sendo solidário a ele.
Dirceu afirmou que assumirá sua própria defesa, em peregrinação pelo país, e
não demonstrou, pelo menos em público, contrariedade:
- Estou satisfeito (com a defesa feita pelo PT). Não tenho nada do que
reclamar. Agora, o PT tem que dar continuidade (à defesa como foi feita até
agora) - afirmou Dirceu, segundo presentes.
Na noite anterior, já em Brasília preparando a reunião do diretório, Dirceu
participou de um jantar na casa do deputado Josias Gomes (PT-BA) com cerca de
30 integrantes do partido. Lá, o ex-ministro disse estar certo de que o STF vai
determinar sua prisão antes da análise dos recursos que serão apresentados pela
defesa, após a conclusão do julgamento.
- Estou tranquilo, vou para a prisão e não vou parar. Não sou chefe de
quadrilha, não comprei nenhum deputado - disse Dirceu, que, na mesma noite, foi
à casa do ex-ministro da Defesa e do STF Nelson Jobim, que voltou a advogar.
Dirceu já tem um roteiro de viagens programadas para Manaus, Porto Alegre,
Cuiabá e Rio Branco. Recentemente, participou de atos políticos em sua defesa
em Guarulhos e Curitiba. Ele foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, o
que significa regime fechado.
Além de acusar o STF de fazer um julgamento político, a nota que, segundo
Falcão, Lula divulgará na Europa, ataca a "partidarização" do
Judiciário, afirma que o Supremo não garantiu amplo direito de defesa e teria
dado valor de prova a indícios.
Dirceu entrou e saiu pela garagem, ontem na reunião do diretório, sem falar
com a imprensa. Apesar de serem membros do diretório, o ex-presidente do PT
José Genoino e o deputado João Paulo Cunha (SP), também condenados no mensalão,
não compareceram.
Ontem, Jobim confirmou o encontro com Dirceu:
- Foi só para me dar um abraço. Ele passou lá (em casa) e foi embora - disse
Jobim ao GLOBO.
Aliados e amigos de Dirceu acreditam que, ao procurar o ex-colega de
Esplanada, o ex-ministro quis a opinião de Jobim, como jurista e
constitucionalista. Perguntado se os dois conversaram sobre isso, Jobim,
bem-humorado, disse apenas que não era advogado de Dirceu.
Antes do início do julgamento do mensalão pelo Supremo, Jobim esteve
envolvido em uma grande polêmica envolvendo os petistas. Ele foi anfitrião de um
encontro que conseguiu reunir, em sua residência, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ministro do Supremo Gilmar Mendes. O vazamento da realização
do encontro gerou mal-estar, com interpretações de que o ex-presidente Lula
pretendia conquistar apoio do ministro do Supremo para a causa petista no
julgamento. O encontro foi confirmado pelo próprio Jobim à "Revista
Veja".
Fonte: O Globo
PT se compara a Getúlio e diz ser alvo de desestabilização
O Diretório Nacional do
PT comparou as recentes crises enfrentadas pelo partido a "tentativas de
desestabilizar governos populares", como ocorrera com Getúlio Vargas e
João Goulart. O PT diz que já foi vítima de "campanha de terror" em
2002. Indagado, em Berlim, sobre a Operação Porto Seguro, o ex-presidente Lula
disse: "Não, não fiquei surpreso".
"Não
fiquei surpreso", diz Lula sobre operação
Breve declaração é a única feita até agora por ex-presidente sobre novo
escândalo do governo
Cristiane Vieira Teixeira
BERLIM - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um comentário breve
ontem sobre o escândalo envolvendo a ex-chefe de gabinete do escritório da
Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha: "Não, não fiquei
surpreso", disse ao ser questionado em Berlim se "havia ficado
surpreso"" com a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que apontou
a existência de grupo que vendia pareceres de órgãos públicos a empresas
privadas.
Lula deixava o Congresso Internacional do Sindicato dos Metalúrgicos da
Alemanha ontem, quando foi questionado por jornalistas sobre o assunto. Após a
resposta, preferiu não dar sequência à breve conversa.
O ex-presidente foi responsável pela nomeação de Rose, como a ex-assessora
é conhecida. Ela é suspeita de tráfico de influência por causa de suas relações
com Paulo Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), apontado pela
Polícia Federal como chefe do grupo que vendia os pareceres. Foi ela quem o indicou
para o cargo.
Segundo as investigações, Rose recebeu benefícios, como viagens em
cruzeiros, ao usar o cargo em São Paulo a fim de oferecer facilidades para a
quadrilha. A ex-assessora deixou o cargo após a deflagração da operação da Polícia
Federal, há duas semanas.
Agenda. Em Berlim, Lula participou como palestrante do congresso
internacional do Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha e foi o convidado da
fundação política alemã Friedrich Ebért para um colóquio sobre o papel do
Brasil na nova ordem mundial, ao lado do líder da bancada social-democrata no
Parlamento alemão, o deputado Frank-Walter Steinmeier (SPD), opositor ao
partido da chanceler Angela Merkel (CDU). Amanhã, o ex-presidente segue para
Doha, no Catar.
Em ambos os eventos, Lula apontou o incentivo ao comércio como uma possível
solução para a crise dos países da zona do euro. "Precisamos aumentar o :
consumo e o comércio para aumentar o emprego e estamos fazendo exatamente o
contrário", criticou o ex-presidente, que segue em viagens internacionais
até sexta-feira que vem.
Fonte: o Estado de S. Paulo
Avaliação é que Lula precisa ser preservado
Dirigente do PT diz que Rosemary Noronha tem papel "secundário" em
novo escândalo
BRASÍLIA - Foi unânime entre os membros do Diretório Nacional do PT a defesa
do ex-presidente Lula no escândalo da Operação Porto Seguro e sua relação com a
ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República, em São Paulo,
Rosemary Noronha. Para os petistas, é preciso preservar seu maior líder no que
chamam de tentativa da aposição de desgastar a imagem do PT. A estratégia é
apoiar publicamente a investigação e manter distância entre Rose, chamada de
"petequeira" ou pessoa de "função secundária", e seu
padrinho político.
- O Lula e a Operação Porto Seguro foram discutidos dentro do contexto da
criminalização e da busca do desgaste da imagem do PT - disse o ex-prefeito de
Porto Alegre Raul Pont.
Os petistas tomaram do ex-deputado Roberto Jefferson o termo
"petequeiro", usado por ele ao falar sobre o ex-dirigente dos
Correios Maurício Marinho, flagrado embolsando um pacote com cerca de R$ 3mil,
no grampo que originou o escândalo do mensalão. Na gíria,
"petequeiro" é quem se vende por pequenos valores.
- Houve uma posição quase unânime de defender o presidente Lula contra o uso
político do caso pela oposição. Temos que preservar nossa principal liderança -
disse o ex-deputado Jorge Bittar (RJ).
Para o secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas, Rosemary tem
papel secundário no caso:
- Nenhum homem público é responsável pelo que faz o seu assessor no
exercício do mandato. Muito menos um ex-assessor. Por isso, não vamos comentar
esse tipo procedimento. Está muito nítido que Rosemary tem papel absolutamente
secundário.
Fonte: O Globo
Operação da PF derruba mais um diretor de agência reguladora
Tiago Lima, da Antaq, teria feito parecer suspeito para ajudar empresa
Danilo Fariello
PF. Tiago Lima, que mantinha contatos com Paulo Vieira, pediu exoneração
BRASÍLIA - Citado no inquérito da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal,
sobre tráfico de influências no setor de portos, Tiago Pereira Lima pediu
exoneração ontem da diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq). Conforme revelado em reportagem deste fim de semana da
revista "Época", Lima mantinha relações com Paulo Vieira, ex-diretor
da Agência Nacional de Águas (ANA), o deputado federal Valdemar Costa Neto
(PR-SP) e o ex-senador Gilberto Miranda.
O Ministério Público Federal indica que Lima teria encaminhado parecer para
o qual "não há nenhuma justificativa", que ajudaria a reconhecer o
suposto direito da empresa Tecondi de explorar um terminal no Porto de Santos
em 2010. Lima teria, segundo o inquérito, atuado a favor de liberação de
terminal para Tecondi por meio de pareceres da Antaq e de documentos enviados
ao Tribunal de Contas da União (TCU).
A exoneração ocorreu um dia após o governo federal lançar um pacote de
investimentos bilionários para os portos brasileiros. A Antaq tem papel
fundamental nas licitações de terminais e concessões de portos pelo novo
programa.
A relação entre Vieira e Lima é mencionada no inquérito da PF no trecho que
cita um diálogo telefônico de 25 de abril, em que Vieira, que havia trabalhado
na Antaq, disse ao procurador-geral da agência, Glauco Alves Cardoso Moreira,
que queria encontrá-lo, mas não iria à sede da agência, em Brasília. "É
que eu não gosto muito de ir aí, porque Tiago tem muito ciúme de mim",
disse Vieira, marcando um almoço.
A Antaq é a terceira das dez agências reguladoras federais a ter diretores
envolvidos na operação Porto Seguro. Os primeiros foram os irmãos Paulo e
Rubens Vieira, que integravam as diretorias das agências de águas e de aviação
civil (Anac), respectivamente. A saída de Lima deverá ser publicada no Diário
Oficial da União de segunda-feira. Ontem, saiu no DOU a exoneração de Vieira da
ANA.
A saída de Lima poderá comprometer prazos do programa de portos anunciado na
quinta-feira, pois a Antaq tem papel fundamental para a atração de
investimentos privados, como deseja o governo. Com um diretor, a agência não
pode deliberar sobre licitações e concessões incluídas no programa de R$ 60
bilhões.
Sabatinado pelo Senado, Lima ascendeu à diretoria-geral interinamente com a
saída de Fernando Fialho, em fevereiro. O mandato de Lima se encerraria em 18
de fevereiro de 2013. A terceira vaga da diretoria é ocupada por Pedro Brito.
Para manter a atuação da Antaq, a presidente Dilma Rousseff pode lançar mão
da mesma saída que adotou na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT),
quando o então diretor-geral Bernardo Figueiredo teve sua recondução barrada no
Senado e faltou quórum para deliberações da diretoria.
O Planalto colocou três diretores interinos à ANTT em fevereiro, dos quais
dois foram ontem indicados como diretores efetivos para serem sabatinados pelo
Senado: Carlos Fernando do Nascimento e Natália Marcassa de Souza. O 3º para
completar o quadro foi Daniel Siegelmann, atual secretário de Fomento do
Ministério dos Transportes.
Em nota, a Antaq informou que Lima pediu exoneração "para garantir a
máxima transparência e isenção a todos os processos de apuração em curso"
e, antes de deixar a agência, determinou a realização de auditoria nos
processos sob investigação.
Fonte: O Gobo
Para o partido, perda de mandato é decisão da Câmara
0 PT avalia que cabe à Câmara dar a última palavra sobre a perda do mandato
dos parlamentares condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Em reunião do
Diretório Nacional do PT, ontem, petistas criticaram o que definiram como
"excessos" da Corte.
Se o Supremo decidir que cabe à Justiça decretar a cassação, o deputado João Paulo Cunha (SP) perderá o mandato e o suplente José Genoino não poderá assumir a vaga em janeiro de 2013. "Estamos falando de competência, de quem é eleito para julgar. É uma decisão política. Quem -, julga mandatos somos nós, que estamos no Congresso", disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). "Se o Supremo for pela linha de requerer a perda imediata do mandato, avalio que a presidência da Câmara e a mesa diretora não concordarão", afirmou em São Paulo o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT).
Fonte: O Estado de S. Paulo
Para especialistas, deputados condenados perderam legitimidade
Mas, do ponto de vista jurídico, perda imediata de mandato provoca polêmica
Silvia Amorim, André de Souza
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Os três deputados condenados no processo do mensalão
não têm legitimidade para continuar exercendo o mandato, na opinião da maioria
de especialistas e políticos ouvidos pelo GLOBO. O futuro de João Paulo Cunha
(PT-SP), condenado a 9 anos e 4 meses de prisão, Valdemar Costa Neto (PR-SP),
condenado a 7 anos e 10 meses, e Pedro Henry (PP-MT), a 7 anos e 2 meses, será
definido semana que vem pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros
decidirão se a perda da função será automática e decretada pela Corte ou se é
um tema para deliberação da Câmara.
Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo
Peixoto, o desfecho não pode ser outro que não a perda do mandato, seja pelo
Supremo ou pela Câmara. Ele diz que a legitimidade conferida aos políticos pelo
voto se perdeu com a condenação criminal no STF:
- Não vejo como um deputado condenado criminalmente pode sustentar o
exercício do mandato. É legitimidade zero. Se for assim, como fica a Lei da
Ficha Limpa? Se isso acontecer, esses mandatos serão verdadeiras aberrações.
Cientista político e professor emérito da Universidade Federal de Minas
Gerais, Fábio Wanderley Reis diz que o risco de não haver punições é alto se a
decisão ficar para a Câmara.
- Acho difícil o Congresso cassar esses parlamentares, se o Supremo decidir
que essa é uma decisão a ser tomada pelo Legislativo. Uma eventual decisão do
tribunal nesse sentido já seria um estímulo ao exercício do corporativismo que
tem sido tradição no Congresso - avalia Reis.
Para ele, o argumento de que uma decisão do STF pela perda automática do
mandato poderia representar ingerência do Judiciário no Legislativo é absurdo:
- Vejo nessas declarações uma tentativa de demonstrar independência entre os
poderes, mas esse não é o caso mais apropriado para isso, porque o que está em
jogo é a legitimidade do mandato parlamentar. Parece-me absurdo ter uma
condenação e não haver consequência imediata.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) acredita que não haverá crise
institucional entre Câmara e STF. Para ele, a hipótese de um condenado exercer
o mandato conduziria a situações absurdas. Para Miro, os deputados condenados
terminarão cassados:
- Não significa que a decisão do Supremo tem que ser confirmada. Se não, a
ampla defesa seria uma farsa. Mas no ambiente político, penso que o simples
fato de esses parlamentares não renunciarem a seus mandatos funcionará contra
eles. Politicamente, com a condenação, a declaração da perda de mandato se
confirmará. Não há como entender que alguém submetido a um regime de prisão
exerça o mandato e depois se recolha à Papuda. Como a fórmula conduziria ao
absurdo, não será usada. Tenho certeza absoluta que não haverá nenhuma crise
absoluta (entre Câmara e Supremo).
Para o professor de Direito Penal da FGV Rio Thiago Bottino, seria
importante para o fortalecimento da democracia que o Congresso participasse
dessa decisão:
- Acho que esse é um excelente caso para que o Congresso seja chamado a se
manifestar. Poderes atuando separadamente e de forma harmônica são a base da
democracia. Acredito que os deputados se sentiriam responsáveis perante à
opinião pública, confirmando a perda dos mandatos.
O constitucionalista Mamede Said, da Faculdade de Direito da UnB diz não ter
dúvida: do ponto de vista jurídico, cabe à Câmara decidir:
- Por mais que isso possa representar um privilégio dos membros do
Congresso, é assim que o constituinte decidiu. Não é um ato meramente
declaratório da Câmara, tem que ser submetido ao plenário em votação secreta e
maioria absoluta.
Fonte: O Globo
O STF pode determinar perda de mandato?
Sim. Ao Supremo Tribunal Federal
compete decretar a perda do mandato do parlamentar em duas hipóteses: quando se
trata de crime cometido com abuso de poder ou violação de dever funcional ou
quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro
anos. É o que diz o art. 92, I, do Código Penal. Os réus do mensalão estão
enquadrados nessa lei.
Essa decisão está em conformidade com o art. 15, III, da CF, que prevê a
suspensão dos direitos políticos de quem é condenado criminalmente em sentença
definitiva. Como desdobramento natural, diz o art. 55, IV, que, nesse caso, a
Casa Legislativa apenas declara a perda do mandato (a decisão aqui é judicial,
ou seja, exógena ou externa).
Essa regra geral que comanda o assunto comporta uma só exceção: quando o
Supremo condena o parlamentar e, ausentes os requisitos do art. 92, I, do CP
(por exemplo: quando o condena a pena alternativa ou substitutiva, em razão de
um acidente de trânsito), a decisão de decretar ou não a perda do mandato é
endógena ou interna, ou seja, exclusiva da Casa Legislativa (CF, art. 55, VI),
que constitui exceção à regra geral dos arts. 15, III e art. 55, IV, da CF.
O conflito aparente de normas se resolve pelo critério interpretativo da
regra-exceção. A regra é a prevista no art. 55, IV, c.c. os arts. 15, III, da
CF e 92, I, do CP, enquanto a exceção está prevista no art. 55, VI, da CF. O
mensalão se encaixa na regra, não na exceção. Logo, competente exclusivo para
decretar a perda do mandato é o STF, não a Câmara. Joaquim Barbosa votou pela
regra, e Ricardo Lewandowski ficou, sem razão, com a exceção. Na segunda-feira,
votam os demais ministros.
Luiz Flávio Gomes, professor do Instituto LFG
Fonte: O Estado de S. Paulo
Ministros preparam conclusão de julgamento para semana que vem
Depois de terminada fase de plenário, será preciso publicar decisão e
aguardar recursos de advogados de defesa
Mariângela Gallucci
BRASÍLIA - Ministros do Supremo Tribunal Federal querem encerrar o
julgamento do mensalão, iniciado em 2 de agosto, nas próximas duas sessões da
Corte, na segunda e quarta-feira da semana que vem.
Nesses mais de quatro meses de avaliação do caso no qual a antiga cúpula
petista foi acusada de comandar um esquema de compra de votos no Congresso no
primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram realizadas 51
sessões.
Os ministros condenaram 25 dos 37 réus e confirmaram algumas teses contidas
na denúncia da Procuraoria-Geral da República. Entre elas a de que o dinheiro
usado para abastecer o esquema saiu, em parte, dos cofrs públicos. Também
considerou fraudulentos os empréstimos realizados pelo Banco Rural ao PT e às
agências de publicidade do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. A tese
segundo a qual o dinheiro serviu apenas como caixa 2 de campanhas foi derrubada
pelo STF, que viu prompra de votos no pagamento aos parlamentares por meio do
valerioduto.
Agora, os ministros decidirão, além da questão da perda de mandatos nos
casos de quem tem cargos eletivos, se os condenados a penas de prisão devem ou
não ir imediatamente para a cadeia. Outro assunto pendente é a aplicação de
penas de multa aos condenados. Em novembro, o plenário decidiu fixar esse tipo
de punição, num montante total de R$ 22,3 milhões. Mas ontem o revisor do
processo, Ricardo Lewandowski, propôs uma readequação dessas penas, sustentando
que existem discrepâncias.
Para o ministro, ao estabelecer as multas, o tribunal deveria ter usado os
mesmos critérios que adotou para fixar as penas de prisão. Lewandowski afirmou
que é necessário estabelecer esses parâmetros inclusive para que sirvam de base
para outras decisões da Justiça relacionadas a fixação de multas.
Em sua manifestação, o revisor citou várias situações em que, segundo ele,
houve discrepância. Um dos casos envolve Ramon Hollerbach, sócio do empresário
Marcos Valério, considerado o operador do esquema. A Hollerbach foi imputada
uma multa de R$ 2,79 milhões, superior aos R$ 2,72 milhões fixados para Valério,
que é um dos principais personagens do esquema.
"Há uma discrepância muito grande", disse Lewandowski. O ministro
também mencionou a multa imposta ao ex-deputado José Genoino, condenado a
regime semiaberto, mas que teria recebido multa duas vezes maior que seu
patrimônio: R$ 468 mil.
Se o julgamento terminar de fato na próxima semana, o caso mensalão terá
consumido quase que integralmente o semestre.
No próximo dia 20, o tribunal entrará em recesso e somente voltará se reunir
para votações em fevereiro. Durante o período de festas de final de ano e em
janeiro, o STF funcionará apenas em esquema de plantão para analisar situações
emergenciais.
Depois do recesso, em 2013, os ministros terão que julgar os recursos
interpostos pela defesa dos condenados. Isso só ocorrerá após a publicação do
acórdão da sentença, que, regimentalmente, deve ser publicado em 60 dias. A
expectativa é que o trânsito em julgado da ação penal 470 só ocorra em meados
do ano que vem, quando, aí sim, os réus sentenciados a mais de oito anos, como
o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o publicitário Marcos Valério,
iniciariam o cumprimento de pena em regime fechado.
Próximos
passos
1. Mandatos e prisão. Na próxima semana, provavelmente os ministros encerrarão
a discussão sobre a perda do mandato parlamentar, além de retomar a discussão
sobre a revisão das penas de multa impostas anteriormente. Além disso, deverão
avaliar o pedido do Ministério Público Federal sobre a imposição da prisão
imediata dos réus ao final do julgamento
2. Acórdão. A publicação do acordão prescinde que todos os ministros
encaminhem a redação final de todos os seus votos. Caberá ao ministro relator,
no caso Joaquim Barbosa, redigir a ementa. O regimento do Supremo determina que
o prazo para a publicação do acórdão é de 60 dias após o encerramento do
julgamento
3. Embargos. Cinco dias após a publicação dos acórdãos é possível
interpor embargos declaratórios, com o objetivo de esclarecer alguma questão
omissa, obscura ou contraditória da decisão. Em caso de votação apertada, são
cabíveis embargos infringentes, que pedem uma nova avaliação
4. Execução da pena. A Constituição Federal e o regimento interno do
tribunal determinam que cabe ao Supmreo conduzir o cumprimento da pena, uma vez
que é competência originária do tribunal. Ou seja, cabe ao relator decidir onde
os condenados ficarão presos, alguns casos em regime fechado e outros em regime
semiaberto, no qual a pessoa apenas dorme na cadeia
Fonte: O Estado de S. Paulo
"Trucada" arriscada - Merval Pereira
Não há dúvidas de que a presidente Dilma "deu uma trucada" na
oposição com a proposta de redução da tarifa de energia elétrica, deixando os
governos tucanos de São Paulo, Minas e Paraná e o pessedista com alma democrata
de Santa Catarina em situação política complicada. Ao recusar o acordo do
governo federal de renovação de concessões a preços mais baixos, os
oposicionistas estão sendo identificados pela presidente como
"insensíveis", contrários, em suma, aos interesses da população.
Em 2003, por ocasião da reunião da Organização Mundial do Comércio em Cancún, no México - que paralisou as negociações da Rodada de Doha para liberalização do comércio internacional devido a um impasse que colocou o recém-criado G-20, grupo de países emergentes à época liderado pelo Brasil, em contraposição a Estados Unidos, Japão e União Europeia -, o presidente Lula disse que havíamos dado "uma trucada neles", utilizando-se do "truco", jogo popular de cartas, para se vangloriar de que os emergentes haviam enfrentado com êxito os "países ricos". Até hoje o acordo de Doha não foi alcançado e a "trucada" brasileira não passou de bravata.
Agora, ao anunciar em uma cadeia nacional de rádio e televisão a redução da tarifa de energia elétrica para consumidores de cerca de 20% sem ter combinado com os estados responsáveis pelas principais companhias de energia nem com os acionistas privados, Dilma deu mais uma demonstração da maneira intervencionista que tem de governar.
Como o governo é majoritário na Eletrobrás, obrigou a estatal a aceitar o acordo, deixando acionistas minoritários sem alternativa imediata, com um prejuízo que dificultará a manutenção de serviços e novos investimentos. Mesmo assim, a promessa, feita no 7 de setembro como se fizesse parte das comemorações da independência, não se realizará sem que o Tesouro subsidie cerca de 6% do corte, e a presidente Dilma anunciou, orgulhosamente, que isso será feito. Como se o dinheiro do Tesouro viesse de outro lugar que não do bolso do contribuinte brasileiro.
Quer dizer, o preço da energia será bancado em parte pelo usuário, que não terá noção do prejuízo que está sofrendo com essa decisão voluntarista da "rainha", na visão marqueteira de João Santana.
Politizando uma questão técnica, a presidente vende a ideia de que governadores da oposição recusaram a proposta para boicotar esforços do governo federal de reduzir a tarifa da energia, realmente muito alta. Mas o governo poderia extinguir encargos embutidos na tarifa e reduzir o percentual de tributos e contribuições, alegam os oposicionistas, dando o exemplo que poderia ser seguido pelos estados. A proposta do governo, que teve que ser refeita porque calculava para baixo indenizações que deverão ser pagas, é tão controversa que mesmo técnicos historicamente ligados ao petismo, liderados pelo diretor da Coppe/URFJ, Luiz Pinguelli Rosa, que presidiu a Eletrobrás no governo Lula, enviou carta à presidente Dilma alertando para o risco de o país passar a conviver com apagões devido à incapacidade de investimento das concessionárias.
Os técnicos chamam atenção para a insegurança jurídica que pode afetar o setor elétrico, desestimulando investimentos privados nacionais ou estrangeiros. "Todos sabemos, a duras penas, que não existe plano B para energia elétrica. Eletricidade não tem substituto e pior que kWh caro é a falta de energia que poderá ocorrer no futuro", alertam especialistas.
Eles fazem uma proposta técnica que levaria à redução das tarifas sem atingir tanto a capacidade financeira das concessionárias. Esse caso é exemplar do que a revista britânica "The Economist" chamou de "colapso de confiança" no governo Dilma. A revista, uma das mais respeitadas do mundo, classificou a economia brasileira de "moribunda" e, numa crítica ao intervencionismo do governo federal, chamou a presidente Dilma de"intrometida-chefe".
Para culminar, diz a revista que, se Dilma quiser o disputar a reeleição em 2014 com chances, terá que demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O comentário de Dilma, embora a favor da liberdade de imprensa, teve tom nacionalista, apontado como outra razão para o travamento da economia brasileira: "(...) em hipótese alguma o governo brasileiro, eleito pelo voto direto, vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não seja brasileira".
Fonte: O Globo
"A vida é um sopro" - Tereza Cruvinel
Niemeyer no cinema
Ao longo da vida, Oscar Niemeyer foi contido nas palavras e prodigioso no trabalho.
Em todas as entrevistas, que foram poucas e raras, lançou pérolas reveladoras
de sua personalidade, do processo criativo, de seu pensamento político e
social. Um dos retratos mais completos de Niemeyer foi propiciado pelo
documentário que tem por título uma frase dele, A vida é um sopro, produzido
por Sacha Santa Clara e dirigido por Fabiano Maciel. Rodado em vídeo digital e
16mm no Brasil, na Argélia, na França, na Itália, nos Estados Unidos, no
Uruguai, na Inglaterra e em Portugal, o documentário costura imagens de arquivo
inéditas e raras. Com falas lapidares do arquiteto. Tem ainda depoimentos de
José Saramago, Eduardo Galeano, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Eric
Hobsbawn, Nelson Pereira dos Santos, Mário Soares e Chico Buarque. A TV Brasil
o licenciou e exibiu algumas vezes nos últimos anos. Seguem algumas falas de
Niemeyer em A vida é um sopro:
Brasília, o começo
A primeira vez que eu fui a Brasília de avião foi num avião militar. Eu sentei ao lado do Marechal Lott e, no caminho, ele me perguntou: "O nosso edifício vai ser clássico, não?" Então eu disse, sorrindo pra ele: "O senhor, numa guerra, o que vai querer? Arma antiga ou moderna?"
Os primeiros tempos
O Juscelino passou por aqui, me chamou, descemos juntos pra cidade e ele me disse: "Olha, eu quero fazer uma capital. Uma capital diferente. Não quero uma capital provinciana, quero uma coisa bonita, que mostre a importância do país". E foi bom, começamos a trabalhar. Eu achei Brasília longe demais, mas depois eu me acostumei com a ideia. Que a determinação de Juscelino era tanta que nós passamos a achar que tudo ia correr bem. E Brasília foi assim, uma aventura, cheia de problemas e desencontros, desconforto... a gente mal alojado. Mas havia a determinação do JK, e a coisa prosseguiu. Porque eu acho que a vida é assim. A gente tem que separar as coisas. A vida é chorar e rir a vida inteira. Aproveitar os momentos de tranquilidade e brincar um pouco. Depois, os outros, é aguentar. A vida é um sopro.
Contraste
Eu me lembro da gente trabalhando lá, frequentando as boates no meio daqueles operários, tudo vestido igual. A gente tinha até a impressão que a sociedade ia melhorar, que os homens seriam mais iguais, né? Mas não, quando inaugurou a cidade, vieram os políticos, vieram os homens de negócios, era a mesma merda, a diferença de classes, a imposição do dinheiro, dos negócios, tudo que até hoje anda por aí.
A Catedral
Eu não queria uma catedral como as antigas catedrais. Eu queria uma catedral que exprimisse o concreto. E, mesmo não sendo católico, eu me preocupei que, quando a pessoa estivesse na nave, visse o espaço infinito. Quer dizer, eu procurei uma ligação que para os católicos é importante, a ligação da nave, da terra com o céu. Eu lembro que veio um representante do papa e se espantou: "Que ideia boa!" E depois botamos os vitrais, que são muito bonitos, mas sempre deixando um espaço para que a vista pudesse subir.
Praça dos Três Poderes
E, no Brasil, às vezes, as pessoas ficam reclamando: "Mas por que a Praça dos Três Poderes não tem vegetação? Por que tanto sol?" E a gente tem que explicar isso, que é tão intuitivo... Porque ali é uma praça cívica, é diferente, tem que valorizar a arquitetura. Mediocridade ativa é uma merda!
Beleza e liberdade
O importante para nós, em todos os sentidos, é a liberdade. Tem que haver fantasia, tem que haver uma solução diferente. Isso é que é importante na arquitetura. O que vai ficar da arquitetura, o que ficou, não foram as pequenas casas, muito bem tratadas... foram as catedrais, foram as voutes, foram os grandes balanços. Beleza é importante. Você vê as pirâmides... uma coisa sem o menor sentido, mas são tão bonitas, são tão monumentais que a gente esquece a razão das pirâmides e se admira, né? Se você ficar preocupado só com a função, fica uma merda.
O fator surpresa
Quando me pedem um prédio público, por exemplo, eu procuro fazer bonito, diferente, que crie surpresa. Porque eu sei que os mais pobres não vão usufruir nada. Mas eles podem parar, ter um momento assim de prazer, de surpresa, ver uma coisa nova. É o lado assim que a arquitetura pode ser útil. O resto, quando ela tiver um programa humano, social, aí ela vai cumprir seu destino.
Coerência
Fui convidado pra fazer um trabalho grande nos Estados Unidos. Então, eu fui ao consulado e a mulher me disse: "Olha, tem visto não". "Por quê? É pessoal?" "É pessoal." Eu virei e disse: "Olha, sabe que eu tô contente. Porque, se depois de 20 anos vocês me negam o visto, é sinal de que eu não mudei".
Modo de ser
Todos temos dentro de nós um ser oculto, que nos leva pra um lado ou pra outro. O meu é esse: ele gosta das coisas, ele gosta de mulher, gosta de se divertir, gosta de chorar, se preocupa com a vida. É um sujeito complicado, não é? E nós não somos responsáveis em parte pelas nossas qualidades e defeitos. O sujeito nasce branco, preto, amarelo, azul, rico, pobre, inteligente. Então a gente tem que aceitar as pessoas como elas são. De modo que, quando eu vejo uma pessoa, eu sempre digo: "É feito uma casa, uma casa que a gente pode pintar, consertar o telhado, as paredes, mas se o projeto for ruim, fica sempre a deficiência".
O gênio e o universo
Você olha para o céu e fica espantado. É um universo fantástico que nos humilha e a gente não pode usufruir nada. A gente fica espantado é com a força da inteligência do ser humano, que nasceu feito um animal qualquer, e hoje pensa, daqui a pouco está andando pelas estrelas, conversando com os outros seres humanos que estão por essas galáxias aí. Mas, no fim, a resposta de tudo é isso: nasceu, morreu, fodeu-se.
Fonte: Correio Braziliense
Let's move on – Fernando Rodrigues
Essa foi a expressão em inglês usada pelo
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao falar do mensalão.
"A nação não aguenta mais este julgamento. Está na hora de acabar, está na
hora. Como diriam os ingleses, let's move on".
Em português, "vamos em frente". É uma
boa proposta. O STF poderia aplicá-la a outros casos aguardando julgamento.
Esses processos, como diria Joaquim Barbosa, foram todos "bypassados"
pelo mensalão.
Depois de amanhã, os ministros definirão se os
deputados condenados por causa do mensalão devem perder o mandato sem uma
votação no plenário da Câmara. Como em toda discussão jurídica, há argumentos
sólidos a favor e contra.
Mas não há sob o sol um único argumento aceitável
para o STF estar enrolando há dois anos o caso do deputado Natan Donadon
(PMDB-RO), condenado a 13 anos, 4 meses e 10 dias de prisão pelos crimes de
formação de quadrilha e peculato.
Donadon é do baixo clero. Seu nome raramente
aparece no noticiário. O Supremo o condenou em outubro de 2010, mas o político
continua livre, leve e solto. Exerce de maneira plena o seu mandato de
deputado. Ajuda a aprovar leis, mesmo sendo considerado um quadrilheiro.
Falta o STF julgar recursos ajuizados pela defesa
de Donadon e também dizer se esse político deve perder o mandato já. Por que
não o fez ainda, ninguém sabe. Faltaria espaço para listar na edição inteira da
Folha todos os processos que caminham a passos de tartaruga no Supremo.
É ótima, portanto, a exaltação de Joaquim Barbosa.
"Let's move on". Acelerar o ritmo de andamento dos processos,
inclusive o julgamento do caso do mensalão do PSDB, nascido em Minas Gerais --e
relatado há vários anos pelo próprio Barbosa.
Um registro sobre Niemeyer: era gênio. Nunca quis
viver em Brasília.
Fonte: Folha de S. Paulo
Ministra faz alerta para 'candidatura alternativa'
Sem mencionar o nome de Eduardo Campos, Ideli pede atenção para
"surpresas5 dentro da base governista em seminário do PT em São Paulo
Bruno Boghossian
A ministra das Relações institucionais, Ideli Salvatti, fez ontem um alerta ao PT sobre a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff enfrentar um candidato de sua base aliada na eleição de 2014. O Palácio do Planalto trabalha com a hipótese de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), dispute a Presidência da República daqui a dois anos.
"Nós não devemos estar desatentos a candidaturas alternativas que já começam a se desenhar, que não são contra a presidente Dilma e ao projeto do PT. Temos que estar bastante atentos à nossa própria base que nos sustenta. Podemos ter surpresas", disse Ideli a prefeitos e vereadores eleitos em um evento organizado pelo PT paulista em Embu das Artes, na Grande São Paulo.
Presidente nacional do PSB, Campos criticou no início da semana propostas de estímulo ao consumo são insuficiente para alavancar o crescimento econômico e sugeriu que falta rumo estratégico ao País para enfrentar a crise internacional. Desde as eleições municipais, Campos também vem defendendo a descentralização de recursos da União.
Palanque. No encontro do PT, Ideli antecipou a campanha pela reeleição de Dilma ao afirmar que a presidente está no palanque e ao atacar o provável candidato do PSDB a Presidência em 2014, o senador mineiro Aécio Neves.
"Ontem (anteontem) o Aécio ficou bravo, ficou nervoso. Disse que a Dilma já subiu no palanque. Ora, a Dilma não saiu do palanque. A Dilma é a nossa candidata à reeleição em 2014", disse.
A ministra criticou a postura dos tucanos em relação ao plano do governo federal de reduzir as tarifas de energia elétrica. "Eles fazem uma política pouco inteligente de ser contra uma medida corajosíssima de baixar a tarifa
elétrica. O cara (Aécio) parece mais presidente da Cemig do que candidato a presidente do Brasil e acha que a nossa dona Dilma ia ficar quietinha. Aí tomou uma chapuletada ontem e ficou bravo", afirmou.
Ideli também criticou a exploração do julgamento do mensalão, que tem ex-dirigentes do PT entre os condenados, na disputa eleitoral de 2012. "Nossa vitória de 2012, como a reeleição do (ex-presidente Lula em 2006, teve características daquela música do Chico Buarque: "apesar de você, amanhã há de ser outro dia". Enfrentamos nessa eleição um dos maiores tiro: teios institucionalizados, com transmissão ao vivo, e que chegou a ocupar 18 minutos no Jornal Nacional para nos atingir."
Bruno Boghossian
A ministra das Relações institucionais, Ideli Salvatti, fez ontem um alerta ao PT sobre a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff enfrentar um candidato de sua base aliada na eleição de 2014. O Palácio do Planalto trabalha com a hipótese de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), dispute a Presidência da República daqui a dois anos.
"Nós não devemos estar desatentos a candidaturas alternativas que já começam a se desenhar, que não são contra a presidente Dilma e ao projeto do PT. Temos que estar bastante atentos à nossa própria base que nos sustenta. Podemos ter surpresas", disse Ideli a prefeitos e vereadores eleitos em um evento organizado pelo PT paulista em Embu das Artes, na Grande São Paulo.
Presidente nacional do PSB, Campos criticou no início da semana propostas de estímulo ao consumo são insuficiente para alavancar o crescimento econômico e sugeriu que falta rumo estratégico ao País para enfrentar a crise internacional. Desde as eleições municipais, Campos também vem defendendo a descentralização de recursos da União.
Palanque. No encontro do PT, Ideli antecipou a campanha pela reeleição de Dilma ao afirmar que a presidente está no palanque e ao atacar o provável candidato do PSDB a Presidência em 2014, o senador mineiro Aécio Neves.
"Ontem (anteontem) o Aécio ficou bravo, ficou nervoso. Disse que a Dilma já subiu no palanque. Ora, a Dilma não saiu do palanque. A Dilma é a nossa candidata à reeleição em 2014", disse.
A ministra criticou a postura dos tucanos em relação ao plano do governo federal de reduzir as tarifas de energia elétrica. "Eles fazem uma política pouco inteligente de ser contra uma medida corajosíssima de baixar a tarifa
elétrica. O cara (Aécio) parece mais presidente da Cemig do que candidato a presidente do Brasil e acha que a nossa dona Dilma ia ficar quietinha. Aí tomou uma chapuletada ontem e ficou bravo", afirmou.
Ideli também criticou a exploração do julgamento do mensalão, que tem ex-dirigentes do PT entre os condenados, na disputa eleitoral de 2012. "Nossa vitória de 2012, como a reeleição do (ex-presidente Lula em 2006, teve características daquela música do Chico Buarque: "apesar de você, amanhã há de ser outro dia". Enfrentamos nessa eleição um dos maiores tiro: teios institucionalizados, com transmissão ao vivo, e que chegou a ocupar 18 minutos no Jornal Nacional para nos atingir."
Fonte: O Estado de S. Paulo
Governo Dilma 'politiza tudo', diz governador do Paraná
Estelita Hass Carazzai
CURITIBA - Líder emergente no PSDB e amigo do senador Aécio
Neves (PSDB-MG), o governador do Paraná, Beto Richa, diz que o governo federal
está "politizando qualquer assunto" desde o fim da campanha eleitoral
deste ano.
Em entrevista à Folha, Richa saiu em defesa
dos Estados que não aderiram à renovação dos contratos de concessão do setor
elétrico, proposta pelo Planalto.
Para ele, o governo federal tem tirado receitas e
"enfraquecido sistematicamente" Estados e municípios. Chamou Aécio de
"pré-candidato", disse que torce pela união entre o tucano e o
governador Eduardo Campos (PSB-PE) e defendeu um novo pacto federativo, além da
distribuição dos royalties do pré-sal --numa prévia do discurso tucano em 2014.
Folha - FHC e Sérgio Guerra lançaram o senador
Aécio Neves à Presidência. O PSDB acerta em antecipar a escolha?
Beto Richa - Sim. Há
um grande espaço que deve ser ocupado por um candidato de oposição. O Aécio se
encaixa bem nesse perfil.
Avalia ser possível uma aproximação com o PSB de
Eduardo Campos?
É viável. O Eduardo Campos é um excelente nome. Se
houvesse a união das oposições em torno dele e do Aécio, seria uma candidatura
forte. Sei que eles têm se falado. Torço por isso. O importante é que haja um namoro,
e depois discutir quem seria o cabeça de chapa.
Aécio fez pronunciamentos incisivos contra o
governo federal esta semana. Ele está certo ao ir nessa linha?
Está certo. Inclusive [a mudança no setor elétrico]
é um bom assunto para ele se pronunciar. É uma barbaridade do governo federal.
Como também discordo do veto à distribuição dos royalties do pré-sal. Temos
assistido o governo federal enfraquecer sistematicamente
Estados e municípios, tirando receitas. Parece que
querem Estados e municípios cada vez mais dependentes, de pires na mão.
A mudança da tarifa de energia gerou reação dura do
governo federal e dos Estados governados pelo PSDB. 2014 já começou?
Era esperado que, depois das eleições municipais,
já se iniciasse a campanha de 2014. Agora, qualquer assunto eles [governo
federal] estão politizando. Disseram que os Estados foram insensíveis ao não
aderirem à medida do setor elétrico. É o contrário. Estão tirando recursos da
segurança, educação, saúde e desorganizando todo o setor elétrico.
O sr. falou de royalties. O Paraná irá ao Congresso
pedir o veto do veto?
Vamos nos somar aos outros Estados. Acho injusto,
porque o petróleo é uma riqueza nacional. Por que os benefícios ficam só com
três Estados, e os investimentos com todos os brasileiros? Concordo que deve
haver compensações. Mas será trabalho árduo, porque o governo vai jogar pesado
nisso, por interesse político. Eles têm um reduto forte no Rio de Janeiro.
O sr. tem sido criticado por lentidão das ações de
seu governo, e já disse que vai mudar secretários em janeiro.
Ainda não está no ritmo que gostaria. Mas é bom em
função das condições em que eu recebi o Estado. Acho que ainda pecamos na
divulgação. Os petistas, nossos adversários, são experts nisso.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que o PSDB
está sendo coadjuvante no Paraná e que a derrota na eleição em Curitiba foi um
"castigo merecido".
Não quero polemizar com ele. Ele tem cumprido um
bom papel lá em Brasília. Em relação ao Paraná, ele tem a opinião dele e eu, a
minha. O PSDB foi o partido que mais elegeu prefeitos no Estado.
Fonte: Folha de S. Paulo
Paulinho e Força Sindical endurecem discurso contra governo Dilma
Patrícia Britto
SÃO PAULO - A Força Sindical decidiu nesta sexta-feira (7), em reunião de sua Executiva Nacional, endurecer o discurso contra o governo federal. O movimento é liderado pelo presidente da central e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.
"Tivemos uma lua de mel longa, que nós vamos
romper agora", disse o sindicalista.
Nos bastidores, ele articula para deixar a base de
apoio à presidente Dilma Rousseff e criar um novo partido, o Solidariedade.
Paulinho já teria cerca de 150 mil assinaturas das 500 mil exigidas para o
registro na Justiça Eleitoral.
Os sindicalistas reclamam do tratamento dado pela
equipe de Dilma, que não estaria atendendo às reivindicações do movimento, como
o fim do fator previdenciário e a isenção do Imposto de Renda na Participação
nos Lucros e Resultados (PLR).
A política de enfrentamento ao governo será marcada
por uma série de manifestações a partir do próximo ano, a começar por uma
grande marcha das centrais a Brasília, prevista para fevereiro.
Paulinho ameaçou ainda uma onda de greves dos
trabalhadores do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine da
campanha de Dilma à Presidência. "Ou eles resolvem essa questão do
tratamento com os trabalhadores ou, no ano que vem, vai ter um festival de
greve nessas obras do PAC", disse.
Entre as reclamações com relação às obras de
infraestrutura estão a diferença salarial entre trabalhadores de mesmo cargo
contratados por empresas diferentes e a repressão às greves.
Paulinho disse ainda que o tom mais agressivo muda
o cenário de apoio que a presidente Dilma teve das centrais sindicais até
agora. "Isso ela nunca mais terá, mesmo que faça malabarismos. Ela vai
chegar em 2014, se não tiver cuidado, bem desgastada."
Fonte: Folha de S. Paulo