sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Opinião do dia – Claudio Napoleoni

A filosofia moral de Smith acha-se vinculada a uma linha de pensamento que, na Inglaterra do sec. XVIII, nasce como reação ao selfish system de Hobbes, ou seja, a afirmação de um estado natural no qual cada comportamento humano somente possui como objetivo a mera autoconservação, ou egoísmo de cada indivíduo e do qual se alguma vez se tornar possível su realização integral, decorreria uma guerra geral e desagregadora entre os seres humanos. Para os fins que temos em mira, será interessante assinalar a consequência que deriva dessa filosofia moral no terreno da política – consequência que, como já se observou, é traçada com extremo rigor pelo próprio Hobbes. Se os atos humanos não possuem outro objetivo natural que não o egoísmo, torna-se impossível a constituição da sociedade sem a intervenção coercitiva do Estado; dito de outra forma a política não é considerada simplesmente como a atividade ordenadora de uma sociedade que extrai seu próprio fundamento e seu próprio princípio de uma tendência natural e espontânea dos homens no sentido da construção de um tecido de relações recíprocas estáveis; a política, então, converte-se no meio ao qual todos os homens são encaminhados ,pelo temor, como contrapartida a uma tendência natural à desagregação. Ou seja, a política seja a ser a própria fonte da vida social. Portanto, inexiste uma sociedade civil que, em sua ordem natural, preceda logicamente ao Estado; ao contrário, é exatamente em virtude da constituição desse Estado que a sociedade se forma. Consequentemente, a sociedade subsiste apenas enquanto os homens renunciem à própria liberdade; ou seja, segundo Hobbes, enquanto o homem renuncie às suas próprias tendências centrífugas e destrutivas em favor da autoridade estatal, qualquer que seja a forma pela qual esta venha a se configurar constitucionalmente.
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Claudio Napoleoni (1924-1988) foi economista e político italiano, ex-senador na lista do antigo PCI.. ‘Smith, Ricardo, Marx’, 6º Edição, pp. 40-1. Edições Graal Ltda, Rio de Janeiro, 1988.

Temer prometeu ao PSDB reformas após impeachment, diz Aécio

• Temer promoveu jantar com tucanos com o objetivo de aparar arestas com os aliados; segundo Aécio, o presidente em exercício fará pronunciamento após julgamento do impeachment

Ricardo Brito e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA – O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou na noite desta quarta-feira, 17, que o presidente em exercício, Michel Temer, tranquilizou a legenda ao prometer que levará uma agenda de reformas assim que for efetivado como chefe da Nação. Temer promoveu um jantar no Palácio do Jaburu com tucanos com o objetivo de aparar arestas com os aliados, descontentes com os rumos da gestão do interino, em especial na área fiscal, e receosos de que essa ação tinha motivação eleitoral.

Aécio, um dos tucanos que participaram do jantar, disse que o presidente em exercício fará um pronunciamento com a defesa de reformas estruturais após o julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Nós estimulamos (ele) que o faça e esse pronunciamento, a meu ver, sinalizará de forma definitiva o que será o governo Michel Temer, nós esperamos que seja um governo com o compromisso com a história e não com as eleições”, disse ele, na saída do encontro.

PSDB quer conter projeto político de Meirelles

PSDB quer limitar Meirelles

• Partido exige ministro da Fazenda fora da política para evitar concorrência em 2018

Maria Lima - O Globo

-BRASÍLIA- Em uma longa conversa, de quase quatro horas, com o presidente interino, Michel Temer, e o núcleo do governo, dirigentes tucanos pressionaram para evitar que o projeto do PSDB para 2018 não seja atropelado por uma agenda eleitoral comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Os dirigentes do PSDB manifestaram apoio a Meirelles, mas avisaram: que ele cuide da economia e deixe a política para o núcleo político, para não misturar a disputa presidencial de 2018 com a aprovação do pacote de ajuste fiscal. O nome de Meirelles já foi cogitado como potencial candidato à Presidência daqui a dois anos, pelo PSD, partido ao qual é filiado, o que poderia reduzir o apoio do mercado aos tucanos.

Ao fim do encontro, que começou com um jantar e foi até o início da madrugada de ontem, no Palácio do Jaburu, Temer teria atendido todos os pleitos dos tucanos, que deixaram a reunião satisfeitos.

Tucanos buscam garantir discurso para 2018

• Tucanos focam no ajuste fiscal para se manterem como os grandes representantes da ala economicamente mais liberal da sociedade brasileira

Paulo Celso Pereira - O Globo

Desde o momento em que a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff começou a crescer no ano passado, uma preocupação passou a rondar a cúpula do PSDB: a partir da ascensão do PMDB ao poder, que papel restaria ao partido que desde 1994 polarizou a disputa pela presidência com o PT?

Michel Temer chegou ao Planalto, montou um governo de amplo espectro partidário e os tucanos tornaram-se, na prática, apenas mais uma legenda da ampla base parlamentar peemedebista. É para tentar se manter como protagonista do processo político nacional que os tucanos decidiram assumir a linha de frente das críticas à suposta fragilidade do ajuste fiscal de Temer.

No 7 de setembro, Temer pedirá apoio para ‘medidas amargas’

• Presidente interino elabora primeiro pronunciamento pós-impeachment

Maria Lima e Simone Iglesias - O Globo

-BRASÍLIA- Michel Temer definiu o 7 de setembro como o dia do seu primeiro pronunciamento oficial, em cadeia de rádio e TV, como presidente efetivo. O conteúdo ainda está sendo elaborado pelo presidente interino e sua equipe, mas o tom do discurso será o de pedir confiança e crença no futuro. O peemedebista falará em união nacional, como vem pregando desde as turbulências políticas de 2013. Dirá também que, para o país voltar a crescer, serão necessárias “medidas amargas”, entre elas a perda de benefícios e direitos, especialmente, previdenciários.

Inicialmente, o Palácio do Planalto pretendia gravar o pronunciamento de Temer no dia seguinte ao julgamento final da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado. No entanto, o calendário incerto do impeachment e a necessidade da viagem à China, para encontro do G-20, fizeram com que o governo repensasse a data. Não seria adequado o pronunciamento ir ao ar com o presidente em viagem, avaliaram seus auxiliares.

Temer defenderá pacificação do país no 7 de Setembro

Valdo Cruz, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente interino, Michel Temer, informou na noite de quarta-feira (17) a senadores tucanos que pretende fazer no 7 de Setembro seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão caso a presidente Dilma Rousseff seja definitivamente afastada do cargo.

O peemedebista definiu a data no início desta semana e já começou a discutir com a equipe ministerial o tom do discurso, que deverá ser gravado antes de sua viagem para a reunião do G-20, encontro que será realizado nos dias 4 e 5 de setembro na China.

O objetivo do pronunciamento é definir a linha de seu governo a partir do momento em que ele assume definitivamente o cargo. Para isso, a ideia é que o peemedebista defenda a necessidade de uma unidade nacional para superar as crises política e econômica e reforce sua agenda econômica focada no ajuste fiscal e retomada dos investimentos.

Após cobranças, Temer acerta maior participação do PSDB no governo

Valdo Cruz, Daniela Lima, Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em jantar nesta quarta-feira (17), o presidente interino, Michel Temer, acertou com a cúpula do PSDB uma maior participação dos tucanos nas decisões do governo, principalmente as relacionadas ao controle dos gastos públicos.

Ficou combinado que o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), passará a integrar as reuniões no Palácio do Planalto do núcleo econômico do governo.

"Eles pediram, com toda razão, uma maior participação no processo de formulação do governo", disse à Folha o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que participou do jantar no Palácio do Jaburu do presidente interino com líderes do PSDB.

Segundo Padilha, foi um encontro de "aproximação", no qual os tucanos manifestaram o desejo de "construir coletivamente" as principais medidas do governo Temer. "O pedido deles é procedente. Eles vão participar mais. Os outros aliados, também", afirmou o ministro da Casa Civil.

PSDB vai a Temer em busca de protagonismo

Bruno Peres – Valor Econômico

BRASÍLIA - Em jantar do presidente interino Michel Temer com a cúpula tucana, o PSDB recebeu a promessa de que irá integrar mais ativamente a formulação de políticas do governo depois da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Essa maior participação do PSDB no núcleo do Palácio do Planalto será reforçada pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), líder do governo no Senado, segundo o acerto feito no Palácio do Jaburu.

Diante da perspectiva de confirmação pelo Senado do afastamento de Dilma, Temer afirmou durante o encontro com senadores do PSDB ter "absoluta disposição" de inaugurar um "novo tempo em seu governo".

Ficha Limpa pode barrar 4,8 mil candidatos no País

• Promotores eleitorais vão avaliar impugnação das candidaturas com base em irregularidades identificadas por sistema do Ministério Público Federal

Beatriz Bulla,- O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Ao menos 4.849 políticos que tentam concorrer nas eleições municipais deste ano no País podem ter os registros de candidatura impugnados por serem considerados ficha-suja perante a Justiça Eleitoral, segundo levantamento obtido pelo Estado. A análise foi feita sobre as 467.074 candidaturas já validadas pelo Tribunal Superior Eleitoral até esta quinta-feira, 18.

Entre as irregularidades que enquadram um candidato como ficha-suja está desde a rejeição de contas relativas ao cargo ou função pública quanto uma condenação em segunda instância por crimes como lavagem de dinheiro, corrupção, peculato ou abuso de poder econômico.

Barroso diz que lei da ficha limpa é "importante e sóbria"

Carolina Oms – Valor Econômico

BRASÍLIA - - O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem que a Lei da Ficha Limpa "é boa, importante e sóbria". Ao ser questionado por jornalistas sobre declaração do colega Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que disse na véspera que a lei parecia ter sido feita por "bêbados", Barroso defendeu o instrumento legal "Acho que é uma lei que atende algumas demandas importantes da sociedade brasileira por valores como decência política e moralidade administrativa. Acho que a lei é boa e que nós devemos continuar a aplicá-la", afirmou.

Ontem, Gilmar reiterou suas críticas. Disse que a Lei da Ficha Limpa foi "mal feita e sobrecarrega o Judiciário". "Essa lei, só para os senhores terem uma ideia, chegou ao ponto de dizer que se alguém for excluído de uma entidade profissional como OAB, Conselho de Contabilidade, se alguém for excluído dessas entidades, por algum fundamento, fica inelegível", afirmou.

Partidos pouparam R$ 259 milhões

Por Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BRASÍLIA - As campanhas municipais começam com a reclamação geral dos candidatos sobre a falta de dinheiro. Mas, antevendo os problemas de financiamento dos gastos com doações de empresas, partidos políticos fizeram no ano passado uma reserva de R$ 259 milhões para investir na eleição de seus principais candidatos, mostra levantamento feito pelo Valor no Tribunal Superior Eleitoral. Além desses recursos, o Fundo Partidário distribuirá R$ 819 milhões a 34 partidos neste ano.

Embora insuficiente para pagar todas as campanhas no país - a eleição de 2014 custou R$ 5 bilhões -, a reserva terá papel preponderante nas disputas municipais, avaliam especialistas. "Quem poupou parte do fundo terá isso como diferencial em relação aos concorrentes", diz Antônio Queiroz, diretor do DIAP.

O levantamento mostra que os percentuais da poupança variaram de 2,6% no PCO, que só guardou R$ 177 mil, até 65% no PRB, partido dos líderes nas pesquisas às prefeituras do Rio, o senador Marcelo Crivella, e de São Paulo, o deputado Celso Russomanno. Serão R$ 26 milhões para apoiar seus candidatos, fora o dinheiro do fundo que entrou em 2016.

Em SP e RJ, falta de estrutura marca campanha eleitoral

Por Cristian Klein, Fernando Taquari e Estevão Taiar – Valor Econômico

RIO E SÃO PAULO - Na periferia, uma caixa de som sobre rodinhas é empurrada pelas calçadas ou, na falta de espaço, vai pela própria rua, grudada ao meio-fio, enquanto os veículos passam raspando. O tempo já não é mais para grandes comboios com carros e caminhões a romperem bairros anunciando o candidato a prefeito com soberba e estardalhaço. Na eleição em que os gastos estão limitados a tetos e as doações de empresas foram proibidas, as campanhas deste ano já mostram nos primeiros dias os efeitos das novas regras.

A claque de militantes contratados que cercava o candidato e aumentava a sensação de apoio pelas ruas diminuiu. O material de campanha é escasso. A passagem não deixa o rastro do desperdício de santinhos espalhados pelo chão. Na praça, a candidata a vereadora pede à filha que preencha à mão, com uma caneta Bic, um bolo de cartões com seu nome e o número eleitoral.

Senadores do PT acertam fazer 'treinamento' com Dilma antes de julgamento

• A intenção dos aliados de Dilma é preparar na próxima semana um roteiro de perguntas para que a presidente afastada responda, simulando situações do julgamento

Agência Estado / Correio Braziliense

Senadores do PT que visitaram na manhã desta quinta-feira (18/8) a presidente afastada, Dilma Rousseff, acertaram com a petista fazer uma espécie de "treinamento" com ela antes do início do julgamento do impeachment. Dilma já anunciou que vai participar no dia 29 da sessão em que fará sua defesa pessoal do processo.

A intenção dos aliados de Dilma é preparar na próxima semana um roteiro de perguntas para que a presidente afastada responda, simulando situações do julgamento. Reuniram-se com ela no Palácio do Alvorada o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e os senadores petistas Paulo Rocha (PA) e José Pimentel (CE).

Dilma pretende constranger seus ex-ministros

• Petista quer instigar senadores que participaram do seu governo e hoje defendem o impeachment

Vera Rosa, Ricardo Brito e Isabela Bonfim - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Ao fazer sua defesa pessoalmente no processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff citará ex-ministros que hoje são seus julgadores para mostrar que todos eles acompanharam sua gestão no governo. A ideia é constranger ao menos seis senadores, que integravam o primeiro escalão e, na madrugada do dia 10, viraram seus algozes.

A lista dos que foram ministros de Dilma e votaram para transformá-la em ré no processo é composta por Eduardo Braga (PMDB-AM) – que também ocupou o cargo de líder do governo no Senado –, Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Marta Suplicy (PMDB-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ).

Um novo Brasil irá às urnas - Roberto Freire

- Diário do Poder

Com o início oficial da campanha para as eleições municipais de 2016, os brasileiros se preparam para participar de um processo que apresenta características muito peculiares, algumas delas jamais experimentadas em pleitos anteriores. As disputas que elegerão prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em todo o país serão norteadas pelas novas regras impostas pela legislação eleitoral, entre as quais a proibição do financiamento empresarial e a redução do período de campanha de 90 para apenas 45 dias.

Ao contrário do que muitos imaginam, o novo modelo de financiamento não deve causar nenhum grande temor em relação ao aumento do caixa 2 nas campanhas. Haverá, na realidade, uma fiscalização muito mais eficiente e rigorosa sobre todos os candidatos – até mesmo por parte dos adversários –, e isso se deve à sociedade brasileira, hoje muito mais atenta e atuante, e a instituições como o Ministério Público e a Polícia Federal, que vêm funcionando plenamente no combate à corrupção. A Operação Lava Jato, que desnudou o esquema criminoso montado pelos governos lulopetistas na Petrobras e segue a todo vapor, é a maior prova disso.

As nuvens políticas - Merval Pereira

- O Globo

Uma das frases mais conhecidas sobre política é a do ex-senador e ex-governador mineiro Magalhães Pinto, que comparava sua volatilidade à das nuvens, que mudam de configuração a cada momento. Nada melhor para definir as posições mutantes do presidente interino, Michel Temer, e da presidente afastada, Dilma Rousseff, neste momento.

Temer, que se dizia preparado para as vaias que de fato recebeu na abertura dos Jogos Olímpicos no Rio, desistiu de ir ao encerramento, já prevendo que será vaiado novamente. Dilma, que já anunciara que não compareceria à sessão no Senado de seu julgamento, temendo enfrentar as perguntas da situação, decidiu que irá.

Novo nome na praça - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

A dias do impeachment definitivo de Dilma Rousseff e a dois anos da eleição de 2018, num cenário de enorme confusão partidária e muitas interrogações envolvendo políticos, o PMDB de Michel Temer joga ao vento um nome novinho em folha e fora do circuito político para a sucessão presidencial: o do empresário Josué Gomes da Silva.

O objetivo imediato é dissipar as nuvens cinzentas que pairam sobre o Planalto desde que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, admitiu a candidatura de Temer em 2018. A turma do presidente fez fila para desmentir, mas aliados passaram a falar no ministro Henrique Meirelles como alternativa.

Patrocínio de farda – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

"É ouro, é recorde, é militar!" Parece aquele locutor famoso pelo ufanismo, mas é o site do Ministério da Defesa comemorando uma medalha na Rio-2016. Nos últimos dias, o portal trocou as imagens de tanques e aviões por fotos de atletas premiados na Olimpíada.

As notícias exaltam as vitórias brasileiras como se fossem feitos militares. "Forças Armadas conquistam quarta medalha para o Brasil", diz a manchete sobre o judoca Rafael Silva. "Sargento da Marinha vence final de boxe", informa o título sobre Robson Conceição.

Antipolítica não é a solução - Fernando Luiz Abrucio

- Valor Econômico

Em tempos de crise dos políticos, com denúncias mil e descrédito geral, a tentação de reduzir o espaço da política torna-se sedutora. O Brasil vive isso hoje de forma mais acentuada, por conta da Lava-Jato e da deterioração econômica do país. A opção antipolítica aparece claramente nas regras definidas para as eleições municipais, bem como na estratégia de determinados grupos políticos, dentro e fora dos partidos, de defender que o melhor é escolher prefeitos que não sejam parecidos com os políticos.

Trata-se de uma concepção pouco democrática de como as sociedades devem resolver seus problemas de ação política. Pior: em vez de ser um remédio para nossos males, essa visão de mundo mais encobre do que soluciona as questões mais profundas do sistema político.

O começo do fim – Miriam Leitão

- O Globo

O fundo do poço da economia foi em abril, diz o empresário Flávio Rocha, presidente das Lojas Riachuelo. A longa temporada de números negativos nas vendas de varejo começou no fim de 2014 e será deixada para trás depois de setembro. “O Natal já vai ser melhor”, aposta ele. O setor perdeu 500 mil vagas na crise e, segundo o empresário, poderia estar gerando muito mais empregos.

OIndicador Antecedente de Vendas (IAV) mostra exatamente essa trajetória, como se pode conferir no gráfico abaixo. O índice é resultado de consulta a 600 gerentes de compras das grandes empresas de varejo e antecipa tendências. Pelo gráfico, se vê que o que foi previsto pelo índice acompanha bastante o que realmente aconteceu nas verificações do IBGE, na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). As piores expectativas foram em abril, quando os executivos consultados esperavam uma queda de 10,9% nas vendas. A PMC mostrou que a redução acabou sendo de 9%. Para os meses cujos dados não saíram, a previsão é de quedas menores. Em setembro, a expectativa é de quase estabilidade (-0,6%).

O parto da montanha – Editorial / O Estado de S. Paulo

Na fábula de Esopo, depois de muito estrondo a montanha pariu um rato. Dilma Rousseff repetiu a proeza com a divulgação da “mensagem” com a qual pretende convencer de sua inocência o mundo e especialmente os senadores que vão decidir sobre o impeachment no fim do mês. Mas, depois de tanta hesitação, Dilma acabou escolhendo um mau momento para falar de inocência e se apresentar, mais uma vez, como uma mulher honesta, pois, simultaneamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o Ministério Público a abrir inquérito contra ela, o ex-presidente Lula, os ex-ministros Aloizio Mercadante e José Eduardo Cardozo e dois ministros do STJ, destinado a investigar a tentativa de obstrução da Justiça no âmbito da Operação Lava Jato.

Na mensagem lida no Palácio da Alvorada, a presidente afastada reitera, candidamente, seu “compromisso com a democracia e com a necessidade da “superação do impasse político que tantos prejuízos já causou ao País”. Parecia estar falando de um outro país e de outra pessoa que não ela, cuja biografia revela total falta de compromisso com a democracia e a proeza de ter arruinado o Brasil.

Regras demais – Editorial / Folha de S. Paulo

Em terceiro lugar na última pesquisa Datafolha, com 10% das intenções de voto, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) se vê impedida de participar do debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo que será promovido pela Folha, pelo UOL e pelo SBT no dia 23 de setembro.

Pela legislação em vigor, apenas candidatos de partidos com um mínimo de nove deputados federais têm assegurada sua presença em encontros desse tipo. É paradoxal: a regra garante a participação a postulantes de menor representatividade, como Major Olimpio, com 2% das preferências, pois seu partido, Solidariedade, conta com 14 deputados em Brasília.

Estatais criadas desde Lula sobrecarregam Tesouro – Editorial / O Globo

• Marca da ideologia dirigista, as 41 empresas criadas de 2003 até o ano passado gastaram muito com salários e geraram um majestoso prejuízo. Era esperado

Nos 13 anos de lulopetismo no poder, o Tesouro (leia-se, o contribuinte, a sociedade) recebeu pesada conta: os prejuízos bilionários causados por esquemas de corrupção que dilapidaram estatais e o resultado da execução de políticas equivocadas como a da criação subsidiada de “campeões nacionais” via BNDES, além de outras aventuras estatistas.

Por exemplo, a construção da “supertele” a partir da Telemar, o provável embrião do retorno da Telebras como empresa de economia mista, mas que resultou na Oi, uma das maiores falências do mercado. Como entre os caloteados estão os de sempre — bancos estatais e fundos de pensão de empresas públicas, área cativa de influência do braço sindical petista, a CUT —, cedo ou tarde este e outros rombos deixados de herança pelo lulopetismo baterão às portas do Tesouro.

Aprovar PEC dos gastos será o batismo de fogo para Temer – Editorial / Valor Econômico

As dificuldades para a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que limita os gastos da União à variação da inflação do ano anterior começaram a entrar no horizonte, à medida que o impeachment da presidente Dilma Rousseff tornou-se praticamente certo. A fórmula engenhosa, e já politicamente flexível em sua concepção, da PEC traz uma importante e forte trava nas despesas públicas futuras. Será o primeiro grande teste para o governo já efetivo de Michel Temer, que exigirá uma clara demonstração de unidade política dos partidos que o apoiam, algo que ainda está para ser visto.

A PEC não pode admitir exceções e precisa ser complementada por pelo menos outra reforma vital, a da Previdência, para que possa ser viável sem grandes confrontos políticos. Os primeiros passos da tramitação foram recebidos com ensaios de resistência e cogitações de emendas que visam pontos vitais da proposta, os gastos com educação e saúde, que hoje têm vinculações constitucionais. Ao corrigí-los apenas pelo IPCA, o governo mantém a fatia proporcional destes gastos no orçamento atual, mas a contém em relação à evolução positiva das receitas futuras, que autorizariam o seu aumento, pelo sistema vigente.

Cinema: A sombra de ‘Macbeth’ projeta-se em ‘Francofonia’, o Louvre ocupado de Sokurov

Luiz Carlos Merten - O Estado de S. Paulo

Há uma floresta que anda em Francofonia, o novo Alexander Sokurov, que está estreando nesta quinta, 18, nos cinemas brasileiros. E há um Napoleão que circula pelo Louvre procurando os quadros com os quais se identificar. Diante da Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, ele exclama – “C’est moi!”, sou eu. A frase é famosa e atribuída a Gustave Flaubert, falando de sua heroína, Emma Bovary. Não é uma simples ‘boutade’ (piada) de Sokurov. Aqui mesmo em São Paulo, quando veio convidado pela Mostra – era um dos autores que Leon Cakoff colocava em seu panteão particular –, o diretor russo já dissera não ter muito apreço pelo cinema, mas que era seu destino – sua maldição – trabalhar nessa mídia. Como outra ‘boutade’, ou provocação, Sokurov disse que preferia a literatura. E foi direto ao ponto – “Todo cinema cabe em Madame Bovary.”

Já se passaram 14 anos desde que Sokurov fez Arca Russa. Dois anos antes, Cannes celebrara as novas tecnologias, premiando, com a Palma de Ouro, Dançando no Escuro. A Arca de Sokurov provavelmente não teria visto o dia sem o digital, que permitiu ao cineasta visitar o Hermitage, museu de São Petersburgo, ex-Leningrado, num único plano de 99 minutos.

A arte como barragem contra a barbárie

• Novo Filme de Sokurov desafia fronteiras

Luiz Zanin Oricchio - O Estado de S. Paulo

Francofonia desafia fronteiras. Não é ficção ou documentário. É outra coisa. O novo filme do russo Aleksandr Sokurov usa imagens próprias e de arquivo. Reporta-se a um fato histórico real, a ocupação da França pelos nazistas durante a 2.ª Guerra Mundial.

Em Paris, mostra o relacionamento entre duas figuras públicas da época, o diretor do Museu do Louvre, Jacques Jaujard, e o oficial alemão Franz von Wolff-Metternich. Introduz uma figura histórica de outra época, Napoleão Bonaparte, e um símbolo da Revolução Francesa, Marianne, com seu barrete frígio e o lema revolucionário na boca: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Na parte histórica, Metternich e Jaujard discutem o que deve ser feito para preservar o patrimônio artístico do Louvre. Metternich era encarregado do “Kunstschutz”, a política de preservação das obras de arte do país ocupado. De certa forma, era um olhar para o futuro, para além da guerra. Esta, um dia passaria e o patrimônio deveria ser conservado para as futuras gerações.

Podemos quase ouvir o coração de Sokurov pulsando com esta demonstração de apreço à cultura em meio à barbárie. Lembremos que ele é o mesmo cineasta de Arca Russa, notável filme sobre o Hermitage feito num único plano sem cortes. Mas, em Francofonia, Sokurov não deixa de lembrar a diferença de tratamento recebida pela França e pelo seu país durante a 2.ª Guerra. Se em Paris, a Cidade Luz, buscava-se preservar a integridade das obras, em Leningrado, hoje São Petersburgo, a história era outra. Cercada pelos alemães durante três anos, a cidade perdeu um milhão de seus habitantes pelo frio e pela fome.

Sokurov não esquece as tragédias da História nem omite suas referências culturais, como Tolstoi e Chekhov, evocados como figuras tutelares. Na linha fina do filme, trata-se sempre de evocar a cultura, a arte, como possíveis antídotos à desumanização, barragens erguidas pela espécie contra as forças da morte e do obscurantismo.

Hoje, muito menos – Ruy Castro

- Folha de S. Paulo

Alguns jornalistas americanos na Rio-2016 ficaram chocados com os biquínis e sungas dos brasileiros nas praias e piscinas — para eles, reduzidos demais. É mesmo? Bem, este é um assunto sobre o qual os EUA não podem legislar fora do seu feudo. Enquanto o Brasil mantiver a soberania sobre as virilhas nacionais, nossos rapazes e moças continuarão a se exibir como quiserem.

Os EUA parecem ter um problema com o corpo humano. No filme "Aconteceu Naquela Noite" (1934), de Frank Capra, Clark Gable ia passar uma noite (perfeitamente inofensiva) com Claudette Colbert. Quando se despiu para se deitar e surgiu na tela de peito nu, milhões de pascácios americanos descobriram estarrecidos que Clark Gable não usava camiseta sob a camisa social. E só então aderiram à prática, com o que a indústria de camisetas como roupa de baixo quase faliu.

O cão sem plumas – João Cabral de Melo Neto

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.