sábado, 19 de novembro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Para você pode não ter sido uma surpresa, mas fiquei impactado (com o convite). É preciso calma nesta hora. Aceitei o convite porque é responsabilidade de nós que participamos do impeachment (de Dilma Rousseff), contribuir com esse governo, fruto de nossa ação no Congresso.

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Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS, sobre o convite para assumir o Ministério de Cultura, O Globo, 19/11/2016

Lava-Jato: esquema de Cabral irrigou PMDB do Rio

• Em e-mail, operador do grupo indica contas do partido a empreiteira

Delatora da Carioca Engenharia também relatou pagamentos em espécie a assessor do ex-governador que está preso; repasses ilegais aos acusados que seriam chefiados por Cabral somam R$ 28 milhões

E-mail apreendido pela Operação Calicute, que prendeu Sérgio Cabral, mostra que Carlos Miranda, operador do ex-governador, indicou contas do PMDB para que a Carioca Engenharia depositasse propina em forma de doação eleitoral em 2010. Dias depois, foram transferidos R$ 300 mil ao partido. Em delação, uma executiva da empreiteira contou que entregava dinheiro em espécie a Miranda. Delatores relataram repasses de R$ 28 milhões ao grupo político.

Propina em forma de doação

• E-mail mostra que operador de Cabral indicou a empreiteira conta do PMDB para depósito

Dimitrius Dantas, Gustavo Schmitt e Juliana Castro - O Globo

RIO E SÃO PAULO - E-mail anexado ao processo da Operação Calicute, que levou o ex-governador do Rio Sérgio Cabral à prisão, revela que Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, o Carlinhos, apontado como operador de Cabral, indicou contas do comitê financeiro do PMDB para que a Carioca Engenharia fizesse repasses ao partido camuflados na forma de doações eleitorais. A história foi revelada à Lava-Jato pela executiva da Carioca, Tânia Maria Silva Fontenelle, em delação premiada. O e-mail foi apresentado como prova pela própria executiva, quando a empreiteira fechou acordo de leniência.

Lava-Jato devolve R$ 204 milhões à Petrobras

• Dinheiro recuperado pela força-tarefa servirá para pagar dívidas da estatal

Rafael Martins - O Globo

CURITIBA - A força-tarefa da Lava-Jato devolveu ontem R$ 204 milhões aos cofres da Petrobras, dinheiro que havia sido desviado por corrupção. O dinheiro foi recuperado por meio de acordos de colaboração feitos pela força-tarefa com pessoas físicas e jurídicas. Os recursos estavam depositados na conta judicial da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e foram transferidos para a estatal anteontem.

O presidente da estatal, Pedro Parente, disse que o dinheiro será usado para amortizar as dívidas da companhia. Segundo ele, a empresa deve US$ 132 bilhões, e R$ 6 bilhões foram causados diretamente pela corrupção. Parente usou tanto dólares quanto reais para falar das dívidas.

A quantia é parte do dinheiro devolvido por investigados em 21 acordos feitos com a forçatarefa: 18 de delação premiada (pessoas físicas) e três de leniência (pessoas jurídicas).

Segundo a procuradora-chefe do Ministério Público Federal no Paraná, Paula Cristina Conti Thá, a devolução foi “a maior já feita pela Justiça Penal na História do país”.

Lula e família pedem a prisão de Sergio Moro por abuso de autoridade

• Dirigentes do PT e do Instituto Lula classificaram como “espetaculosa” a prisão de Cabral na Lava Jato 

SÃO PAULO - Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família protocolaram, nesta sexta-feira (18), uma representação em que pedem a prisão do juiz federal Sergio Moro por abuso de autoridade.

A notícia sobre a queixa-crime apresentada pelo petista foi publicada na página "A verdade de Lula". O site reproduz o pedido dos advogados do ex-presidente, que descreve o teor de uma representação apresentada em junho.

A peça, protocolada na Procuradoria-Geral da Republica, pede providências "em relação a fatos penalmente relevantes praticados pelo citado agente público (Sergio Moro) no exercício do cargo de juiz da 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba".

Para especialistas, restrição a 'nanicos' será preço de reforma política

Luisa Leite – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O estrangulamento dos partidos menores será o preço pago pela reforma política necessária para superar a crise que o Brasil enfrenta.

Essa foi a conclusão dos participantes do sexto encontro do ciclo de seminários Ilustríssima FGV, parceria da Folha com a Faculdade de Direito da FGV-SP, realizado na quinta (17), que discutiu crise política e democracia.

A grande fragmentação partidária no Congresso brasileiro foi apontada, no debate, como problema urgente que deve ser combatido. Uma redução do número de partidos, segundo os especialistas, seria positiva porque aumentaria não somente a governabilidade, mas também a inteligibilidade do sistema político pelo eleitor.

Ministro da Cultura, Marcelo Calero, pede demissão do governo

Paulo Gama, Natuza Nery, Daniel Carvalho, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o argumento de que tinha divergências com integrantes do governo do presidente Michel Temer, Marcelo Calero pediu demissão nesta sexta-feira (18) do Ministério da Cultura.

Para o lugar dele, foi anunciado o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP).

Calero é o quinto ministro que deixou a administração do peemedebista desde que ele assumiu o Palácio do Planalto, há seis meses.

A informação sobre a demissão foi antecipada pela coluna Painel, da Folha.

Próximo ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), Calero falou com Temer na noite de quinta-feira (17). O presidente pediu para ele reconsiderar a saída, mas o ministro manteve a decisão e enviou uma carta de demissão nesta sexta-feira.

Roberto Freire vai assumir Ministério da Cultura

• Marcelo Calero pediu demissão por ‘motivos pessoais’, mas razão seria desavença com Geddel

Caterina Alencastro, Eduardo Barretto e Evandro Éboli - O Globo

BRASÍLIA - Presidente do PPS, Roberto Freire assumirá o Ministério da Cultura com a saída de Marcelo Calero, que pediu demissão após desavenças com o ministro Geddel Vieira Lima. O deputado federal e presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP), será o novo ministro da Cultura. Ele vai substituir Marcelo Calero, que pediu demissão ontem, após seis meses no cargo. Calero entregou o posto após desavenças com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que pretendia fazer ingerências na área cultural. Em carta ao presidente Michel Temer, Calero disse que a decisão era de ordem pessoal e irrevogável. E que encontrou limitações na sua gestão.

Deputado diz ter ficado ‘impactado’ com o convite

• Freire defende que é preciso discutir ‘entraves’ na Cultura

- O Globo

Roberto Freire disse ao GLOBO que ficou “impactado” com o convite, e que ainda não havia conversado com o presidente Michel Temer. Ele afirmou que pretende falar também com o ministro demissionário Marcelo Calero:

— Para você pode não ter sido uma surpresa, mas fiquei impactado (com o convite). É preciso calma nesta hora. Aceitei o convite porque é responsabilidade de nós que participamos do impeachment (de Dilma Rousseff), contribuir com esse governo, fruto de nossa ação no Congresso.

O novo ministro afirmou que começa a gestão otimista:

— O próprio presidente já falou que há uma previsão de aumento de recursos para a área de cultura. Já é um sinal importante. Estamos vivendo no momento um processo de reformas. A sociedade exige isso. Na cultura também temos que discutir alguns entraves. Posso dizer que serei mais um integrado na equipe e trabalhando para ver esse governo encaminhar bem sua transição( para 2018), na maior normalidade institucional.

Freire diz que adotará tom de diálogo no ministério da Cultura

Andreza Matais e Mariana Diegas - Coluna do Estadão / O Estado de S. Paulo

O novo ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS-SP), disse que vai adotar no comando da pasta o mesmo tom de diálogo que vem sendo mantido pelo governo do presidente Michel Temer. Ele contou à Coluna que vai analisar todas as medidas tomadas por seu antecessor, Marcelo Calero , que deixou o cargo hoje, e pode manter várias delas. “Antes, tudo o que estivesse lá não iria continuar. Agora é diferente, porque estou pegando um ministério que já é parte deste atual governo”, diz.

Freire chegou a ser convidado para assumir a pasta assim que Temer assumiu o governo em definitivo, mas a nomeação não foi à frente diante da discussão sobre a redução de ministérios na Esplanada. A pasta da Cultura foi agregada à da Educação, o que gerou protestos do meio artístico. A vaga, então, ficou com o indicado do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

“Temer me telefonou hoje e disse que estava renovando o convite que tinha feito lá atrás”, contou Freire. “O governo Temer é de ponderação, de diálogo. Eu entrarei no mesmo diapasão.”

Sobre sua relação com o meio cultural, Freire afirmou que sua origem é no PCB, partido que sempre teve bom diálogo com o mundo cultural brasileiro. Hoje no PPS, a sigla tem entre seus filiados, por exemplo, o ator Stepan Nercessian.

Roberto Freire assume Ministério da Cultura após saída de Marcelo Calero

• Novo ministro da Cultura garante que vai dar continuidade ao trabalho

Tânia Monteira, Vera Rosa e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão ao presidente Michel Temer nesta sexta-feira, 18, que logo convidou o deputado Roberto Freire (PPS-SP) para comandar a pasta. Temer agiu rápido, na tentativa de não alimentar nova agenda negativa para o governo.

Segundo o blog da Coluna do Estadão, uma das razões que motivaram a saída de Calero foi o impasse em torno do projeto, aprovado no Senado na semana passada, que dá à vaquejada status de manifestações da cultura nacional e os eleva à condição de patrimônio cultural imaterial do Brasil.

Com um relatório do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) em mãos, o ministro chegou a pedir ao presidente Michel Temer que vetasse a lei. Encontrou obstáculos de ministros próximos ao presidente, que defendem ainda que Temer faça um evento grandioso para sancioná-la já que o tema teve muita repercussão com a manifestação de vaqueiros em Brasília.

Freire é presidente nacional do PPS e ficou surpreso com o convite, feito à noite. "Vou analisar o que Calero fez e dar continuidade ao trabalho. O governo Temer é de ponderação, de diálogo, não acirra conflito", afirmou Freire ao Estado.

CRONOLOGIA
13 de maio
Michel Temer extingue o Ministério da Cultura.
21 de maio
Depois da forte pressão contrária da classe artística, Temer recria o MinC.
23 de maio
Marcelo Calero assume o ministério.
25 de maio
Um requerimento para a abertura da CPI da Rouanet é protocolado na Secretaria Geral da Câmara dos Deputados.
26 de julho
O MinC demite 81 funcionários ligados a diversas diretorias e instituições importantes de sua estrutura.
3 de setembro
Aos gritos de “golpista”, Calero tem o discurso interrompido no Festival de Cinema de Petrópolis.
18 de novembro
Marcelo Calero pede demissão irrevogável do ministério, motivado por divergências com alguns integrantes do governo.
MAIS CONTEÚDO SOBRE:

Rio: Contribuição de 14% poderá ficar para 2019

• Posposta está sendo discutida dentro do PMDB para amenizar resistência a pacote que prevê aumento de alíquota previdenciária de servidores no ano que vem

Carina Bacelar - O Globo

Diante dos entraves surgidos na primeira semana de discussões do pacote anticrise na Assembleia Legislativa, um dos mais importantes projetos do governo começa a sofrer modificações nos bastidores da Casa. A proposta de aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14% poderá ser menos traumática para os servidores. Em vez de ser em uma única vez, o reajuste poderá ser escalonado em três anos. Mesmo a bancada do PMDB, partido do governo, está certa de que o texto original não passará no plenário. Ainda mais depois da reação violenta dos servidores e de duas decisões judiciais que impediram a tramitação de outras medidas de ajuste do estado.

‘Se não houver negociação, não vamos encontrar uma saída’

• Líder do PSDB critica texto das medidas, que considera ‘inconstitucionais’ em muitos pontos e diz que governistas serão obrigados a negociar

Carina Bacelar- O Globo

• Houve algum erro na elaboração e na condução do pacote anticrise?
O principal erro começou com o Executivo, que, usando o seu pseudopoder imperial, manda para o parlamento um pacote de 22 projetos que não foi negociado preliminarmente com sua bancada, nem com o restante dos deputados. Além do mais, não conversou com os poderes e não teve nenhuma prévia com as forças mais representativas do funcionalismo público. E eles, do governo, ainda falam que é isso ou não é nada, porque não têm um plano B.

• Quais problemas o senhor vê nesses projetos?
O pacote chegou verticalmente e pegou de surpresa os funcionários públicos, os menos favorecidos, e vem com uma proposta extorsiva de aumento de alíquota de energia. O parlamento tem que ler todos os projetos, ouvir as demandas que chegam e se posicionar. Primeiro, uma parcela significativa deles parece que foi escrito por quem nunca leu as constituições da República e do Estado. Seguramente não passou pelo crivo da Procuradoria estadual. Os vícios de constitucionalidade estão em mais de uma dezena desses projetos. No seu mérito, eles atingem muito fortemente o conjunto do funcionalismo, que não foi responsável pela crise.

• Quais projetos devem ser os mais difíceis de aprovar?
O primeiro mais difícil já foi retirado. O segundo é o fim do triênio. Porque tem um artigo na Constituição que incluiu o triênio como direito do servidor. No meu entendimento não passa, por ser inconstitucional e pelo mérito. Ele invade a competência do triênio dos outros poderes. O terceiro, que se você olhar para a rua entende as manifestações, é empurrar com a barriga os planos de cargos e salários da Polícia Civil e da Polícia Militar. O quarto é o aumento da alíquota. Não tem proporcionalidade aumentar o funcionalismo imediatamente e a patronal em seis anos. Outros arrestam direitos das camadas mais pobres, como o do bilhete único, que é um prejuízo para as pessoas e não classifica por renda.

• Acha que, com essa dificuldade, o governo está disposto a fazer concessões?
O Executivo em geral, quando está muito forte, usa seu poder de império. Quando não negocia, ele não chega a lugar nenhum. E esse é um governo que, se não houver uma ampla negociação, não vamos encontrar uma saída. O governo está muito fragilizado. Isso faz com que a bancada fique mais esfacelada.

O teste da nova maioria

• Coalisão de apoio ao governo de Michel Temer, liderada por PMDB e PSDB, já discute o cenário de 2018 em meio a divisões

Por Lucas Ferraz - Valor Econômico/Eu & Fim de Semana

BRASÍLIA - A nova maioria política que se formou no país a partir do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) reeditou uma antiga parceria no poder entre PMDB e PSDB que, apesar das diferenças e divisões, é descrita como fundamental para as pretensões desses partidos em 2018.

Encabeçada pelas duas siglas, que saíram das eleições municipais como as principais vencedoras, a coalizão de centro-direita começa a enfrentar o que aliados chamam de "teste de unidade". Em jogo, além das reformas econômicas em trâmite no Congresso, está a disputa por espaço entre as lideranças para a sucessão presidencial. As aspirações pessoais e partidárias já provocam ruídos na aliança, mas seu futuro dependerá de muitas variáveis, algumas delas de fora da política.

A principal, que ameaça tanto peemedebistas quanto tucanos, é a imprevisibilidade da Operação Lava-Jato. Delações em curso, como a da empreiteira Odebrecht, têm potencial para atingir alguns dos protagonistas da aliança. Mas há outras, como o rechaço dos eleitores ao sistema político tradicional, evidente nas eleições deste ano em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, e a ação em trâmite no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), protocolada pelo PSDB no fim de 2014, que pode cassar o mandato do atual presidente.

A hora do PMDB - João Domingos

- O Estado de S. Paulo

• A chegada de Michel Temer à Presidência da República foi um atalho na História

Não é exagero dizer hoje que em breve o PMDB voltará a ser um coadjuvante da política brasileira, apesar de ocupar a Presidência com Michel Temer e de ter eleito o maior número de prefeitos em outubro. Voltará assim o partido ao papel que exerce desde 1981, quando foi obrigado a mudar o nome de MDB para PMDB, e deixou de ser a única legenda de oposição ao governo militar. Nem quando ocupou a Presidência, com José Sarney (1985/1990), o PMDB foi o protagonista. Sarney vinha da Arena e do PDS, partidos que sustentaram o regime militar, e virara a casaca para ser o vice de Tancredo Neves. Com a morte de Tancredo, antes mesmo da posse, quem passou a mandar de fato no governo foi Ulysses Guimarães, não o conjunto do PMDB.

E se Cabral fosse senador? – Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

De cabeça raspada e usando o uniforme verde de presidiário em Bangu, o ex-governador Sérgio Cabral deve estar arrependido de não ter disputado a cadeira de senador nas eleições realizadas em 2014.

O peemedebista tinha força para ser eleito. Sob a proteção do foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal), provavelmente estaria, como parlamentar, usufruindo de luxo, conforto e riqueza no Rio e em Paris.

Pela Constituição, um congressista só pode ter a prisão decretada se for pego em flagrante de crime inafiançável — como foi o caso do então senador Delcídio do Amaral, detido por obstrução da Justiça há um ano.

Pouca ambição, muito deslumbramento - Cora Rónai

- O Globo

• Em menos de dez anos, passou de governador mais votado a figura detestada pelos eleitores

Dizer que o Rio acordou feliz na manhã de ontem é pouco; o Rio acordou eufórico. A prisão de Sérgio Cabral foi comemorada nas padarias, nos pontos de ônibus, em qualquer lugar onde houvesse pessoas juntas. A internet, que vinha de uma temporada de baixo astral, explodiu em festa. Há tempos não se via tanta gente contente on-line: nem a prisão do abominável Cunha causou tanta satisfação explícita.

Não é o que se esperava para o PIB - Claudia Safatle

- Valor Econômico

• Recuperação será mais difícil do que era imaginado

A troca de governo em maio deu um impulso nos índices de confiança, mas não foi suficiente para que a economia começasse a sair da recessão. As expectativas de uma recuperação da atividade ainda este ano murcharam e a área econômica já admitiu que o crescimento prognosticado para a economia, de 1,6% em 2017, não vai se concretizar. Será menor. Inferior aos 1,2% de crescimento originalmente projetado pelo governo. Pode mesmo ficar abaixo de 1%, configurando-se mais um ano muito difícil. É uma ré e tanto.

A crise herdada da gestão anterior era mais profunda do que a corrosão dos índices de confiança. Sabia-se que não apenas a União, mas também as finanças dos governos estaduais estavam em péssima situação, mas não tão horrorosa como está se mostrando.

O Rio dos desgovernos - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

  • Pezão quer pressionar os funcionários a aceitar seu pacote fiscal e o governo federal a despejar mais recursos

Não é verdade que o Rio está ficando ingovernável, como repete o governador Luiz Fernando Pezão. O Estado está sem governo há anos. No momento, dois ex-governadores, Garotinho e Cabral, estão na cadeia, sob acusação de roubalheira. E o atual foi o vice de um deles. Precisa dizer mais?

Quando diz que o Rio está ficando ingovernável, Pezão quer pressionar tanto os rebelados funcionários a aceitar seu pacote fiscal quanto o governo federal a despejar mais recursos no saco desgovernado e sem fundos.

Uma ponta solta - Rogério Furquim Werneck

- O Globo

• O que se teme é que o que vem ocorrendo no Estado do Rio seja só um trailer, ainda que em cores mais fortes, do que vem por aí

O governo talvez tenha subestimado uma das principais dificuldades que terá de enfrentar na longa rota de saída da crise que vislumbrou para o país. No plano de jogo proposto, há uma ponta solta a exigir atenção redobrada: o rápido agravamento da crise fiscal dos estados e municípios e seus possíveis desdobramentos.

O que se teme é que o que vem ocorrendo no Estado do Rio de Janeiro seja só um trailer, ainda que em cores mais fortes, do que vem por aí. O estado está virtualmente quebrado. O governador Luiz Fernando Pezão alega que, se nada for feito em contrário, só conseguirá pagar sete das 13 folhas de pagamento com que terá de arcar em 2017.

Nuvens pesadas - Fernando Dantas

- O Estado de S. Paulo

• Há uma catástrofe fiscal se desenrolando em diversos Estados brasileiros

O governo Temer toca o barco, mas certamente seus tripulantes mais antenados já divisam no horizonte pesadas nuvens de tempestade. Até agora, o presidente vinha desfrutando da combinação de certa apatia social, sucesso na tramitação de legislações no Congresso e otimismo e altas no mercado financeiro. Não é uma fórmula mágica de popularidade, mas dá para o gasto de governar sem maiores trepidações.

O quadro, porém, está mudando, e para pior. A primeira e provavelmente maior perturbação é que a tão acalentada recuperação da economia, depois da pior recessão em um século, está vindo (se é que está vindo) num ritmo e numa intensidade muito decepcionantes.

Canais de contaminação - José Paulo Kupfer

- O Globo

• Desatar as dificuldades preexistentes da economia brasileira é que tende a ficar mais complicado depois de eleição de Trump

É improvável que a economia brasileira não seja negativamente afetada, apesar das incertezas ainda generalizadas, pelas alterações previstas na dinâmica global, a partir da aplicação das políticas econômicas prometidas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa é a conclusão de praticamente todas as avaliações produzidas depois de ter ficado claro, principalmente pela imediata reação adversa dos mercados, que o Brasil não escaparia dos desdobramentos da surpreendente vitória do ultraconservador magnata americano.

Os bastidores do desastre - Eduardo Giannetti

- Valor Econômico

A vida dos povos, não menos que a dos indivíduos, é vivida em larga medida na imaginação. Como observou o filósofo e economista italiano Vilfredo Pareto, "existe um ritmo do sentimento que podemos observar na ética, na religião e na política como ondas que se assemelham ao ciclo de negócios". A alta volatilidade da imaginação brasileira na representação do seu próprio futuro não fica em nada a dever à volatilidade dos nossos indicadores econômicos e financeiros.

Depois de um longo período de maré baixa e descrença, o Brasil viveu na primeira década do novo milênio uma fase ascendente de autoconfiança e otimismo em relação ao próprio futuro. Não faz muito tempo, o gigante adormecido parecia finalmente haver despertado para o seu destino de grandeza e despontava ao olhar externo e perante si mesmo como verdadeira estrela do mundo emergente. Como nos "anos dourados" da era JK no final dos anos 50, tudo parecia conspirar a favor do Brasil.

Os males da corrupção – Editorial/O Estado de S. Paulo

A edição do Estado de domingo passado trouxe mais uma reportagem da série A Reconstrução do Brasil, desta vez tratando do combate à corrupção. Mais do que um assunto entre outros da agenda nacional, pôr fim à impunidade é uma necessidade prioritária, já que a corrupção afeta negativamente todas as esferas da vida da sociedade e do Estado.

A corrupção não é um mal menor. Ela aumenta a desigualdade social, afasta os investimentos, piora o ambiente de negócios, dificulta a criação de empregos, prejudica a qualidade dos serviços públicos, entre outros danos.

O risco da federalização da crise do Rio – Editorial/O Globo

• É preocupante que o governo fluminense possa recuar nas propostas de equilibrar as finanças do estado, face ao tamanho do rombo nas contas públicas

A crise decorrente da ruína econômica do Rio apresenta um potencial de risco à saúde política e financeira da Federação, caso não seja enfrentada de forma adequada. A penúria atinge pelo menos a maioria dos estados. Comungam causas, e unem-se nas consequências em proporção de suas fragilidades. É razoável que a atenção nacional esteja voltada, neste momento, para o Rio e Brasília. Os sinais tênues de recuperação da economia não autorizam um relaxamento do governo Temer, embora um dos passos essenciais para superar a conjuntura desfavorável — a aprovação de limites aos gastos públicos— esteja bem encaminhado na Câmara.

Extravio - Ferreira Gullar

Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?

Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.

Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.

Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.

Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.

Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.