Mestre Carlos, rei dos mestres,
aprendeu sem se ensinar...
— Ele reina no fogo!
— Ele reina na água!
— Ele reina no ar!
Por isto, em minha amada acendera a paixão que consome!
Umedecera sempre, em sua lembrança, o meu nome!
Levar-lhe-á os perfumes do incenso que lhe vivo a queimar.
E ela ha de me amar...
Há de me amar...
Há de me amar...
— Como a coruja ama a treva e o bacurau ama o luar!
À luz do setestrelo nos havemos de casar!
E há de ser bem perto.
Ha de ser tão certo
como que este mundo tem de se acabar...
Foi a jurema de sua beleza que embriagou os meus sentidos!
E eu vivo tão triste como os ventos perdidos
que passam gritando na noite enorme...
Porque quero gozar o viço que no seu lábio estua!
Quero sentir sua carícia branda como um raio da lua!
Quero acordar a volúpia que no seu seio dorme...
E hei de tê-la,
hei de vencê-la contra seu querer...
— Porque de Mestre Carlos é grande o poder!
Pelas três marias... Pelos três reis magos... Pelo setestrelo
Eu firmo esta intenção,
bem no fundo do coração,
e o signo de Salomão
ponho como selo...
E ela há de me amar...
Há de me amar...
Há de me amar...
— Como a coruja ama a treva e o bacurau ama o luar!
Porque Mestre Carlos, rei dos mestres,
reina no fogo... Reina na água... Reina no ar...
— Ele aprendeu sem se ensinar...