O Globo
O economista Alan Blinder, que foi do Banco
Central dos Estados Unidos e debate muito a relação entre economistas e
políticos, diz num de seus livros mais conhecidos que as pessoas acham que os
economistas têm uma grande influência sobre os políticos. Nada mais afastado da
realidade, afirma ele. A relação de políticos com economistas é mais semelhante
à do bêbado com o poste de luz. Os bêbados usam os postes de iluminação não
para iluminar o caminho, mas para se apoiar.
“O Moro é diferente, ele quer luz para seu caminho”, diz o economista Affonso
Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, que cita essa definição do
economista americano no seu mais recente livro “Erros do passado, soluções para
o futuro”, publicado pelo selo Portfolio-Penguin, da Companhia das Letras.
Assim Pastore, um dos economistas mais influentes do país, define seu papel
como colaborador de uma eventual candidatura do ex-juiz Sergio Moro à
Presidência da República: tentar construir uma visão sobre o que seria um país
viável, buscar uma forma de crescimento econômico que seja mais inclusiva.
Projeto que poderá ser usado por qualquer outro candidato da terceira via.
“O Brasil tem uma pobreza absoluta muito grande, não dá oportunidade a uma
camada imensa da população”, ressalta, dando a entender que o combate à
miséria, à fome, à desigualdade tem de ser o objetivo central de um projeto
econômico para o país. Para ele, o equilíbrio fiscal é necessário para o
crescimento econômico, mas não suficiente, “não é um programa de governo por si
só”. Ele esclarece que o liberalismo, no seu entender, exige eficiência no
setor privado, mas isso não significa que “tenha de sair privatizando tudo”.