quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Merval Pereira - As manhas do eleitor

O Globo

Eleitor pode ter dado um voto de advertência a Lula, para não deixá-lo ganhar no primeiro turno

Se a pesquisa do Ipec estiver certa, sobraram eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes que não fizeram voto útil em Bolsonaro no primeiro turno e votarão em Lula no final, ampliando a diferença a favor do ex-presidente, embora Bolsonaro tenha também aumentado sua votação. Não colocar os que se abstiveram no primeiro turno na soma de votos que ainda podem ser alcançados é um erro de cálculo. Existem mais que os 6,2 milhões de votos de diferença do primeiro turno. E a turbinada da disputa religiosa na campanha terá consequências no futuro da democracia no país.

Como o comportamento do eleitor está um tanto fora da curva, dificultando as pesquisas, há ainda outra possibilidade, além do voto útil no primeiro turno. O presidente teria sido beneficiado por um “voto advertência”. Alguns eleitores teriam votado nele apenas para evitar que a eleição terminasse no primeiro turno, para não dar a Lula um cheque em branco.

Malu Gaspar – Quem liga para a democracia?

O Globo

Votação expressiva de candidatos que exaltam a ditadura ou defendem o fechamento do STF frustrou centro político e a esquerda

Os resultados do primeiro turno causaram perplexidade pelas discrepâncias entre os números das pesquisas e o resultado final, pelo tamanho da votação de Bolsonaro e pelo crescimento da direita bolsonarista no Congresso. Esses temas vêm sendo discutidos à exaustão, mas uma pergunta ainda paira aqui e ali. Afinal, o brasileiro não dá importância à democracia?

A votação estrondosa de candidatos que exaltam a ditadura militar ou defendem o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) — além, é claro, do próprio Jair Bolsonaro — causou frustração nos intelectuais, na esquerda e no centro.

Parte dos apoiadores de Lula concluiu que faltou ao petista gritar mais alto para “mostrar ao povo” o risco autoritário que o Brasil corre com uma hipotética vitória de Bolsonaro. Outra ala, mais pragmática, chegou à conclusão de que grande parte do eleitorado, no fundo, não está nem aí para a democracia. Quer saber é de comer, trabalhar, pagar as contas.

Vera Magalhães - Pesquisa não reflete ímpeto político de Bolsonaro na largada do 2º turno

O Globo

Ipec mostra Lula à frente após reorganização de seu time e também dá notícias positivas ao candidato à reeleição

O resultado do primeiro levantamento do Ipec no segundo turno não capta um efeito claro do ímpeto político da campanha de Jair Bolsonaro na largada do segundo turno. Impulsionado pelo resultado obtido nas urnas para si e para os aliados, o presidente obteve nos primeiros dias da nova etapa da disputa apoios relevantes do ponto de vista político.

Os pouco mais de 43% dos votos válidos, acima da margem de erro do que mostravam as sondagens da véspera do pleito, também deram corda ao discurso do presidente e de seus aliados de ataque aos institutos de pesquisa, inclusive com a tentativa de instrumentalizar a Polícia Federal para criminalizar os levantamentos.

Míriam Leitão - Dúvida eleitoral mudou em 2022

O Globo

Em 2002, a grande dúvida era o que aconteceria com a economia. Agora, a primeira pergunta é o futuro da democracia, e deve ser feita a Bolsonaro

A pergunta de 2022 é diferente da de 2002. Naquele ano, Lula precisava responder se manteria o Plano Real que havia derrotado a hiperinflação. Agora, a pergunta central recai sobre Bolsonaro. Que garantia o país pode ter de que a democracia será respeitada? Em 2002, Lula escreveu a Carta aos Brasileiros e manteve as bases do plano de estabilização. E agora, mesmo se Bolsonaro escrevesse uma carta, que confiança poderíamos ter na sua palavra, dado que ele sempre elogiou a ditadura que houve no Brasil e hoje se identifica com os mais emblemáticos autocratas?

Nesta largada do segundo turno, há uma corrida por apoios em que os dois lados podem cantar vitória. Bolsonaro recolheu o apoio de governadores como Zema e Garcia e, como já tinha o do Rio, pode dizer que tem os administradores dos três maiores colégios eleitorais. Lula recebeu apoios do PDT, da ex-candidata Simone Tebet, que recolheu 5 milhões de votos, e reuniu governadores e senadores do Nordeste em evento que demonstrou força em São Paulo.

Bruno Boghossian - Um atalho para o eleitor nem-nem

Folha de S. Paulo

Ao dizer que supera divergências, senadora deixa claro que 2º turno não tem duas opções equivalentes

Ao anunciar apoio a Lula no segundo turno, Simone Tebet fez questão de destacar que mantém críticas ao petista. A senadora disse acreditar, porém, que a eleição deste ano é maior do que essas divergências. Na véspera, Ciro Gomes havia feito algo parecido: afirmou que as duas candidaturas eram insatisfatórias, mas deixou clara sua escolha.

Declarações de voto crítico podem não ser tão confortáveis quanto manifestações de "apoio incondicional", mas carregam um valor extra nesta etapa da disputa. As mensagens de Simone e Ciro criam um atalho para o eleitor que recusou Lula e Jair Bolsonaro no primeiro turno.

Thiago Amparo - Bolsonaro, adepto do satanismo?

Folha de S. Paulo

Presidente se aproxima de figura mitológica ao pregar vingança em seu discurso

No purgatório que separa o primeiro do segundo turno, poucos imaginariam que o Satanás, ele próprio, seria tema de debate eleitoral, como se não houvesse mais coisas entre o céu e a terra para se debater. Poderíamos, ao invés, falar sobre alguns dos efeitos do primeiro turno: a interiorização do bolsonarismo em SP e Nordeste; ou o triste fim do PSDB, morto pelo bolsonarismo com o qual algumas de suas figuras flertam vs. a postura digna da outra parte do centro e da direita em apoiar Lula pela democracia (Tebet, FHC e outros).

Conrado Hübner Mendes* - Como autocracias nascem

Folha de S. Paulo

Eventual reeleição de Bolsonaro pode lhe dar a carta branca que faltava

Bolsonaro ensina muitas lições sobre democracia e constituição. Ensina, por exemplo, que presidente engajado na supressão de limites jurídicos, se não enfrentado à altura, vai levar instituições à fadiga e esgotamento. O regime de irresponsabilidade, corrupção e anomia. Com a complacência de juristas da corte.

Valores imateriais como liberdades civis e políticas deixam de ter lastro real e passam a depender apenas da boa vontade e das boas relações. E da sua condição social. Deixam de ser liberdades, portanto. Já a promoção de valores materiais como desenvolvimento econômico e redução da pobreza, na ausência de regras estáveis, coordenação institucional e confiança, torna-se inviável e ineficiente.

Neutralizadas as instituições, a Constituição vai se tornando literatura de ficção, cartilha de legalismo fantástico. Essas não são lições novas, mas lições mal aprendidas pela análise política hegemônica. A sacralização das instituições e o apagamento dos indivíduos que as operam promovem miopia cognitiva.

William Waack - O irreversível

O Estado de S. Paulo

País fica inviável se não for superado o profundo choque Lula-Bolsonaro

Confirmou-se no domingo que Lula é maior que a esquerda e Bolsonaro, menor que a direita. Tanto nas eleições proporcionais quanto nas diretas o avanço de nomes ligados à “esquerda” foi menor do que Lula conseguiu para si mesmo. Da mesma maneira, Bolsonaro ficou menor no primeiro turno do que a projeção alcançada pela “centro-direita”.

Claro que isso tem a ver diretamente com os dois personagens. Lula continua sendo para uma expressiva camada do eleitorado o “pai dos pobres” – algo só comparável ao que foi o getulismo, e igualmente irreversível como fenômeno de massas.

Bolsonaro é considerado um “mito” por outro fenômeno também irreversível, o bolsonarismo. Ocorre que dentro da demanda geral do eleitorado, que é claramente de centro-direita, Bolsonaro não é unanimidade e angariou forte rejeição mesmo entre os que detestam Lula.

Eugênio Bucci* - Não, o resto não é silêncio

O Estado de S. Paulo

As palavras dóceis do governador de São Paulo comprometem a honradez de seus correligionários e vandalizam a história do PSDB.

O resto é o “apoio incondicional” pronunciado em volume ultrajante pelo governador paulista, Rodrigo Garcia, do PSDB, diante de um presidente da República de cara fechada e seu séquito enfezado. Não, aquilo não foi um apoio, foi uma rendição completa e sobrenatural. Ao fim da tragédia, a cena continua, provando que existem palavras depois da morte política. Eis o resto do resto.

Assim estrebuchou o cadáver do tucanato paulista, estraçalhado, desfeito – e tagarela. Sua máscara mortuária saiu matraqueando para microfones, fotógrafos e cinegrafistas, seguindo um roteiro de humilhação prolongada. Não, o clima não era de campanha. Nada daqueles figurantes se amontoando em volta dos protagonistas de braços erguidos e de mãos dadas, em euforias suprapartidárias, nada disso. O clima era de velório, quer dizer, de velório militar. Homens fascistas não choram, mas também não riem – quando se permitem mostrar os dentes, parecem prestes a latir.

Maria Hermínia Tavares* - A nova cara das direitas

Folha de S. Paulo

O antipetismo eleitoral deixou de ter a sua personificação na direita tucana, democrática, civilizada

Logo depois da vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton, em 2016, Ezra Klein, colunista do New York Times, perguntou ao cientista político Larry Bartels, da Universidade Vanderbilt, o que ocorrera de incomum, capaz de explicar por que o improvável candidato republicano tivesse levado a melhor.

Respeitado especialista em estudos eleitorais e autor, com Christopher Achen, do instigante livro "Democracy for realists"(Democracia para realistas), Bartels respondeu que não acontecera nada de anormal: a distribuição de votos daquele ano se parecia muito com a das disputas de 2012, 2008 e 2004 —Trump era, sim, um candidato bizarro; os resultados das urnas, não.

Maria Cristina Fernandes - O novo vírus do eleitor

Valor Econômico

Vitória de Lula no 2º turno passa por entender por que Bolsonaro ganhou onde a pandemia mais matou

Fica difícil juntar lé com cré ante a notícia de que Jair Bolsonaro venceu a eleição em Manaus. Mas o desnorteio não para por aí. Levantamento do Valor Data mostra que, das 40 cidades com maior mortalidade por Covid (Manaus é a 40ª), o presidente ganhou em 38. Dos 1.498 municípios que registraram uma mortalidade por Covid-19 acima da média nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva ganhou em menos de um terço. Some-se ainda a eleição avassaladora do ex-ministro Eduardo Pazuello (PL) para a Câmara e a reeleição do deputado Osmar Terra (MDB), apóstolo da cloroquina.

Que país é esse? A frente ampla que, finalmente, começa a se formar em torno de Lula neste 2ª turno não deveria adiar as respostas. É um país que já não aguentava as máscaras, diz um, e já esqueceu a mortandade, diz outro. Certamente não é aquele previsto até por governistas onde cada morto produziria 100 enlutados de oposição, entre amigos e parentes. Fosse assim, Lula teria tido 68,6 milhões de votos e estaria eleito, com folga, no 1ºturno.

Cristiano Romero - Bolsonarismo: uma história longe de acabar

Valor Econômico

FHC alertou para chance de vitória de Bolsonaro em dezembro de 2017

Em novembro de 2017, durante jantar com empresários em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso levantou hipótese que deixou a maioria dos convivas boquiaberta. “Olha, o deputado [Jair] Bolsonaro está chegando e, na minha opinião, pode surpreender e vencer a eleição presidencial do ano que vem”, profetizou FHC.

Naquele momento, para a maioria absoluta dos observadores da cena política nacional, Bolsonaro não figurava nem como azarão para a disputa de 2018. Como um deputado federal desconhecido fora do Rio de Janeiro e de Brasília, cujo discurso, ao longo de sete mandatos (quase três décadas), sempre foi uma espécie de samba de uma nota só - a defesa intransigente dos salários e vantagens da corporação militar e dos funcionários públicos em geral - poderia aspirar ao cargo de presidente da República?

Luiz Carlos Azedo - Adesismo e derrota na federação PSDB-Cidadania

Correio Braziliense

Com todos os seus defeitos, Doria tinha uma proposta programática social-liberal. Já o grupo liderado por Garcia não tem proposta alguma. O PSDB declara neutralidade, o Cidadania apoia Lula

A coligação PSDB-Cidadania elegeu 18 deputados, de uma bancada de 29 parlamentares. Os tucanos eram 22, agora são 13. Os “cidadânios”, digamos assim, eram sete, e agora são cinco. A coligação foi feita para consolidar a hegemonia interna dos deputados paulistas de ambas as legendas, em torno da candidatura à reeleição do governador Rodrigo Garcia, que não chegou ao segundo turno. À época, o candidato do PSDB era o governador João Doria, candidato à Presidência, mas havia uma conspiração armada para defenestrá-lo tão logo se desincompatibilizasse do cargo para disputar a eleição.

No começo, Doria não acreditou que isso poderia ocorrer, mas levou um xeque-mate tão logo Garcia assumiu controle pleno do Palácio dos Bandeirantes. O vice que assumira o governo fazia a política municipalista, enquanto Doria se digladiava com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia, diga-se de passagem, em defesa da causa mais justa naquele momento: a política de distanciamento social e a corrida para produção de vacinas.

Compromisso com democracia é destaque nos 34 anos da Constituição

Gilmar Mendes afirmou que os ataques às eleições brasileiras só “chegaram a esse ponto” em razão da “omissão conivente” de órgãos e agentes públicos

Por Isadora Peron e Luísa Martins | Valor Econômico

Em um discurso em homenagem aos 34 anos da Constituição Federal, celebrados nesta quarta-feira, o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou que os ataques às eleições brasileiras só “chegaram a esse ponto” em razão da “omissão conivente” de órgãos e agentes públicos.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que costuma lançar dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, Gilmar elogiou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, pela “altivez” com que tem desempenhado sua função.

“Estamos irmanados no mesmo propósito do ministro Alexandre de Moraes, que com altivez tem defendido o processo eleitoral brasileiro de sério ataque antidemocrático, jamais presenciado, e que só chegou a esse ponto em razão da omissão conivente de diversos órgãos e agentes públicos”, disse Gilmar.

O decano afirmou que, em apoio ao TSE, o Supremo continuará a exercer a função de guarda da Constituição. “Assim o faremos de forma resoluta, sem titubear e com unidade. Simplesmente não dispomos, quanto ao ponto, de alternativas.”

Entrevista | Simone Tebet: 'Não estou pensando em 2026, nem em cargos'

O GLOBO 

Em entrevista ao podcast "Dois+Um", emedebista também afirmou que eleitores estavam esperando o 'mínimo de propostas' do petista, por isso o segundo turno

Horas depois de declarar apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada na disputa, afirmou, no podcast "Dois+Um", do GLOBO, que o petista não entendeu que o eleitor estava esperando dele o "mínimo de propostas" para "temas básicos" como fome, miséria, desemprego, pauta econômica e social e segurança pública, e por isso "decidiu levar a eleição para o segundo turno". Tebet também foi bem direta sobre a decisão: "Não estou pensando em 2026, nem em cargos."

Na entrevista à CBN, a emedebista disse que a equipe da campanha de Lula presente no almoço de hoje na casa da ex-prefeita Marta Suplicy reconheceu que é preciso dar um sinal mais claro em relação à pauta econômica e se "posicionar mais ao centro". A senadora disse ainda que não deseja cargos ou ministérios e que sua entrada na campanha depende do quanto Lula está disposto a incorporar o projeto de país que ela afirma sonhar.

Por quais razões a senhora tomou a decisão de apoiar Lula?

Leia a íntegra do discurso de Simone Tebet em apoio a Lula para o segundo turno

Senadora, candidata do MDB à presidência da República, ficou em terceiro lugar no primeiro turno

Por O GLOBO 

Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, declarou voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Lula terminou o primeiro turno em primeiro lugar, com 48,4% dos votos. O presidente Jair Bolsonaro (PL) está atrás dele, com 43,2%.

Ao anunciar seu apoio ao petista, Tebet afirmou que lançou sua candidatura à Presidência em meio a um clima de ódio, destacou seus mais de 4,9 milhões de votos na terceira colocação ao Planalto e disse "não estar autorizada a abandonar as ruas e as praças enquanto a decisão soberana, do eleitor, lhe autorizar".

Leia a íntegra do discurso no qual Simone Tebet manifesta seu apoio a Lula:

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Números não favorecem Bolsonaro no 2º turno

Valor Econômico

Mágicas eleitoreiras podem dar algum resultado, a melhora da economia faz o tempo correr a favor do presidente

O jogo político mudou para o segundo turno das eleições. A votação maior do que a prevista do presidente Jair Bolsonaro colocou o PT sob enorme pressão e de imediato trouxe a impressão de que Lula, o candidato petista, é o rejeitado pelos eleitores, quando o governo atual é que foi reprovado em um pleito com fortes características plebiscitárias. A força eleitoral revivida de Bolsonaro “normalizou” por um momento uma disputa que nada tem de normal. O presidente fechou a boca sobre as urnas na hora em que viu que seu apoio popular não declinou tanto quanto seus índices de rejeição fariam supor, de forma que o argumento de defesa da democracia sob ataque parece ter se esvaído na contenda. No entanto, um segundo mandato de Bolsonaro gera temor de enfraquecimento democrático no Brasil.

Os primeiros lances dos candidatos para o segundo turno foram rápidos. O presidente amarrou um apoio de peso com os governadores do Sudeste, maior colégio eleitoral do país (43% do eleitorado), Romeu Zema (MG), Cláudio Castro (Rio) e Rodrigo Garcia (SP). Lula arrematou o apoio do PDT de Ciro Gomes e de Simone Tebet - ambos obtiveram 8,5 milhões de votos no primeiro turno. Nenhum desses apoios significa que os votos se transferirão automaticamente ou sequer que haverá de fato transferência.