Folha de S. Paulo
O que explica o abismo entre o voto para o
Legislativo e Executivo?
O mito do Nordeste
vermelho retornou à opinião pública; mas, como já discuti na coluna,
não resiste às evidências. Vejamos: na região, o núcleo duro do chamado centrão
(PL, PP, Republicanos), somado ao PSC e Patriotas, elegeu 35% dos deputados
federais. As legendas de esquerda —PT, PSB, PC DO B, Verde, Rede, PSOL,
Solidariedade— lograram eleger 33%.
O percentual regional de eleitos pelo PL,
PP e Republicanos é similar ao nacional (36%). Assim, dois terços dos
representantes do Nordeste na Câmara pertencem a legendas do núcleo duro do
centrão, de centro ou centro direita, em uma classificação convencional.
Em Sergipe, no primeiro turno da eleição presidencial, Lula obteve quase dois terços dos votos. Mas nenhum candidato dos partidos de esquerda foi eleito; metade é do núcleo duro do centrão. Em Alagoas, a esquerda elegeu apenas 1/5 dos deputados, mesmo percentual encontrado no Rio Grande do Norte e no Maranhão. Em Pernambuco, o núcleo do centrão elegeu 1/3 dos deputados; a esquerda, 40%.