O Globo
Um ministro do Supremo que é aprovado da
maneira como Zanin foi torna-se parte de um grande conluio, implícito na
maneira “amigável” como foi tratado
Como se sabe, a Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) é a principal do Senado. É ela que atesta a base
legal de qualquer iniciativa parlamentar antes de a matéria ser enviada para
decisão do plenário. Como se explica, então, que seu presidente, o senador Davi
Alcolumbre, tenha liberado a votação da indicação do advogado Cristiano Zanin
para o Supremo Tribunal Federal (STF) sem que a sabatina tivesse sido
encerrada?
Somente com o desprezo com que os senadores
tratam, e não é de hoje, as sabatinas dos candidatos ao Supremo, que, em tese,
são uma das tarefas mais importantes que têm pela frente nos oito anos de
mandato. Nada justifica tamanho descaso, mas o fato demonstra que os senhores
senadores não atribuem à sabatina a relevância que ela tem.
Não é apenas o presidente da República quem indica o novo integrante do Supremo, mas também o Senado, que, ao aprová-lo, é corresponsável pela indicação. Se o fizerem sem o devido rigor, os senadores se tornam cúmplices de uma ação que mascara a democracia, fazendo com que sua mera formalização a desidrate, perdendo o vigor necessário para o pleno funcionamento.