segunda-feira, 23 de outubro de 2023

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Recuo do Brasil no combate a corruptos tem efeito global

O Globo

OCDE manifesta preocupação com decisão do STF que anulou provas do acordo de leniência com Odebrecht

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou na semana passada um relatório específico sobre o combate à corrupção no Brasil. Não é um relatório qualquer. Faz parte da avaliação do Grupo de Trabalho Antissuborno (WGB, na sigla em inglês) sobre o cumprimento da Convenção Antissuborno do organismo multilateral, a que o Brasil aderiu em 2000. Foi o quarto escrutínio a que o país se submeteu para avaliar a implementação de mecanismos de prevenção e combate à corrupção, em especial praticada por estrangeiros. A OCDE registrou preocupação com a impunidade e constatou o retrocesso nos últimos anos, marcados pelo recuo dos processos vinculados à Operação Lava-Jato.

Em dez anos, as autoridades investigaram, segundo o relatório, apenas 28 de 60 alegações de corrupção envolvendo estrangeiros. Oito de nove réus foram absolvidos por prescrição de crimes. Ninguém recebeu condenação final, necessária para cumprir pena. “O grupo de trabalho está preocupado que o Brasil não seja capaz de sustentar o nível de combate à corrupção atingido nos últimos anos”, diz o documento.

Fernando Gabeira - Dar uma remota chance à paz

O Globo

O Brasil deve insistir em todos os caminhos que atenuem o sofrimento humano no Oriente Médio

Ondas de insanidade varrem o mundo. Crianças mortas em ataques terroristas, hospitais bombardeados, e nós aqui desolados, com olhos vagando pela Convenção de Genebra, pelo Estatuto de Roma — enfim, por algo que expresse um limite civilizatório para tantos crimes de guerra.

As ondas se estendem para as redes sociais, onde uma parte da esquerda no mundo se recusa a condenar o terrorismo do Hamas, e uma parte da direita acha que todos os palestinos, inclusive crianças, são culpados.

Não chegamos a este ponto de repente, como um raio em céu azul. Quando houve o ataque de sábado, 7 de outubro, comentei que Israel se tornou mais vulnerável com o populismo de direita de Benjamin Netanyahu. Entre alguns espectadores, foi um deus nos acuda. Como assim?

O avanço do governo sobre as prerrogativas da Justiça suscitou um grande movimento de protesto. O país estava francamente dividido. O próprio ministro da Defesa, Yoav Gallant, admitiu que a tensão política tornava Israel mais vulnerável.

Miguel de Almeida - Coração nas trevas

O Globo

Desde o traumático dia 7 de outubro, o terrorismo do Hamas exalou ondas de desumanidade

O conflito Israel-Hamas, não bastassem as mortes e a tristeza, se mostra agravado pelo modo Fla-Flu como os populares enxergam o mundo globalizado. Onde a turba tem opinião sobre todos os assuntos, inclusive medicamentos para Covid-19, questões atuariais ou ainda a dosimetria aplicada aos militantes do sopão bolsonarista.

O padrão violento das discussões nas redes sociais contamina o cotidiano, com um ódio feroz; exacerba as opiniões, que desconhece nuances; e provoca, ao final, outra quantidade de vítimas, abatidas desta vez pelos memes e pela lacração; ou ainda pela imposição autoritária de algum tipo de poder. Seja econômico ou emocional.

O tal post, em sua facilidade de ser multiplicado por um simples toque de dedo, fez muito mal à sociedade. Convenhamos, fala-se muita besteira sem pensar. Aquela leviandade antes inocente, muitas vezes maliciosa ou apenas recalcada, tornou-se arma ferina. A palavra escrita, quase sempre, pesa mais que uma fala, porque destituída da inflexão da voz ou dos gestos e trejeitos. Também das piscadelas.

Maria Cristina Fernandes - Consenso pelos dois Estados sairá fortalecido da guerra

Valor Econômico 

“Não vamos partir.” Quando o presidente da Autoridade Palestina, Mahamoud Abbas, concluiu sua fala sobre o futuro do conflito, já estava claro que o encontro do último sábado, no Cairo, reunindo chefes de Estado e chanceleres do mundo árabe, da Europa e do Brasil seria tão inconclusivo quanto têm sido as reuniões do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ao longo dos discursos daquele fórum, porém, assim como naqueles da ONU, a única unanimidade que parece emergir é a de que, findo o conflito, a tese dos dois Estados, Israel e Palestina, ressurgirá. O tema é tão antigo quanto a criação do Estado de Israel, mas foi supressão que levou ao conflito.

A solução dos dois Estados foi marginalizada pela vitória do Hamas sobre o Fatah, com a ajuda do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pela ocupação israelense da Cisjordânia, que dificultou a unidade territorial dos palestinos, e pelos acordos que aproximaram os países árabes de Israel, marginalizando a questão palestina.

Bruno Carazza* - A reforma, os senadores e seus lobbies

Valor Econômico

Votação da reforma tributária no Senado virou um leilão de benefícios para setores empresariais

Num episódio shakespeareano de nossa história, Fernando Collor, primeiro presidente da República eleito após a ditadura, foi acusado de patrocinar um imenso esquema de corrupção envolvendo o pagamento de propinas para a concessão de benesses de toda ordem em estatais, ministérios e outros órgãos públicos.

A denúncia - e aqui surge seu lance mais surreal - partiu do seu próprio irmão, Pedro, que, motivado por divergências quanto aos negócios da família e um misto de fatores psicológicos que vão de traumas de infância a ciúmes, procura a revista de maior circulação nacional para contar tudo o que sabia sobre o caso. A história, contada de modo eletrizante por Évelin Argenta no podcast Collor vs Collor, inaugura uma sequência de escândalos que expuseram as íntimas relações entre dinheiro, eleições e poder no Brasil.

Alex Ribeiro - Déficit fiscal americano cria risco a corte da Selic

Valor Econômico

Dados de curto prazo melhoraram, mas risco persiste

Não é só o Brasil que está com as contas públicas fora de lugar. Os déficits fiscais nos Estados Unidos colocam riscos importantes para o ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, conduzido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

O grande receio é que, para cobrir o buraco no seu orçamento, o Tesouro americano passe a absorver, como uma esponja, uma parcela importante dos recursos que circulam pelo mundo - deixando menos dinheiro para financiar os emergentes, como o Brasil.

É o que presidente do BC, Roberto Campos Neto, chamou recentemente de “crowding out”. “Esse aperto de liquidez pode se dar a partir do segundo trimestre do ano que vem”, disse, em um evento do banco Credit Suisse. Ou seja, a incerteza sobre os juros longos americanos poderá se prolongar por um bom tempo.

Argentina: eleição para presidente vai para 2º turno entre Massa e Milei

Por Marina Guimarães — Para o Valor Econômico, de Buenos Aires

Os argentinos foram às urnas neste domingo (22) e os resultados oficiais indicam para a realização de um segundo turno, previsto para 19 de novembro, entre o atual ministro da Economia, Sergio Massa, de centro-esquerda e que teve 36% dos votos, e o candidato de extrema direita Javier Milei, que liderava as pesquisas, mas recebeu 30%.

A ex-ministra Patricia Bullrich, terceira força eleitoral e candidata de centro-direita, obteve 26% dos votos, segundo os dados da Câmara Nacional Eleitoral (CNE), que até às 21h45 de domingo tinha apurado mais de 81% dos votos.

Ainda à noite na Argentina, Milei e Massa fizeram discursos a apoiadores. Milei acenou pedindo apoio ao campo não kirchnerista para o segundo turno. Já Massa dirigiu o discurso aos eleitores de Milei pedindo-lhes que mudem de opinião em prol da democracia.

Primárias na Venezuela indicam disputa incerta entre Maduro e Corina

Folha de S. Paulo

Opositora é favorita no lado contrário ao regime, mas foi inabilitada pela ditadura; votação ocorre com problemas logísticos

Os venezuelanos votaram neste domingo (22) para decidir quem será o único candidato a disputar as eleições de 2024 contra o ditador do país, Nicolás Maduro, no poder há dez anos.

Favorita nas pesquisas das primárias, María Corina Machado, 56, que está na ala mais radical da oposição, é apontada como vitoriosa pela apuração inicial das urnas. Ela é engenheira industrial e ex-deputada.

Mas Corina está inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos. Esse fator a impediria de registrar sua candidatura no próximo ano.

A votação começou às 8h no horário local (9h em Brasília), mas vários dos mais de 3.000 centros de votação atrasaram. Segundo especialistas consultados pela agência de notícias AFP, cerca de 1,5 milhão de pessoas participaram do pleito. As urnas foram fechadas no início da noite, quando começou a apuração.

Sylvia Colombo - Eleição argentina é a mais tensa e histórica das últimas duas décadas

Folha de S. Paulo

Massa e Milei vão ao 2º turno e começam jogo completamente diferente

"Os peronistas somos como os gatos. Parece que estamos brigando, mas, na verdade, estamos nos reproduzindo". A frase atribuída ao próprio general Juan Domingo Perón (1895-1974) volta a ganhar atualidade.

O candidato peronista, Sergio Massa, obteve uma votação surpreendente neste domingo (22) e passa para o segundo turno à frente de Javier Milei.

Assim, mostra que, mesmo com tantas diferenças internas dentro da aliança União pela Pátria, foi possível que seu representante superasse a média da base de votos da qual o peronismo sempre parte na maioria das eleições, a de 30%.

Horas antes, a vice-presidente Cristina Kirchner havia dito que não tinha "nada a ver com essa eleição", ou seja, que acreditava que Massa estava derrotado. E mais, se desligou de Alberto Fernández, "eu sou apenas a presidente do Senado, o presidente é ele".

Pois, não muito tempo depois, a esquina de Corrientes e Dorrego, usual ponto de encontro dos peronistas nos últimos anos, estava lotada de apoiadores de Massa, batendo bumbo, cantando e festejando a boa votação dos peronistas.

Vinicius Torres Freire - Argentina evita 'polarização' e medo da dor da mudança deve definir eleição

Folha de S. Paulo

Um terço do eleitorado nem é Massa nem Milei; pânicos marcam economia e política

Os argentinos até agora rejeitaram uma "polarização à brasileira". Deram mais votos ao candidato e economista-mor de um governo fracassado. Além dos finalistas Sergio Massa e Javier Milei, os demais candidatos tiveram um terço dos votos.

Pelas pesquisas da semana passada, Milei venceria Massa no segundo turno; na urna, o anarcodireitista teve menos voto agora do que nas primárias, em 14 de agosto.

Superinflação, pobreza, desesperança e pânicos à parte, 36% dos argentinos votaram no candidato do governo, do peronismo kirchnerista, ainda que o "mais liberal" deles, Sergio Massa. Resta saber se o medo de um governo do autodenominado anarcocapitalista e queridinho da extrema direita Javier Milei é maior do que o receio de continuísmo, mesmo que mitigado, com Massa.

Se o programa de Milei é um mergulho no escuro com uma camisa de força, o continuísmo é uma clara caminhada para o abismo. A administração do medo, das "expectativas", deve ter peso decisivo no segundo turno.

Antonio Carlos Souza de Carvalho* - O sindicalismo e a democracia

Folha de S. Paulo

Garantir o financiamento da estrutura sindical é garantir a democracia

Os sindicatos são uma instituição da democracia, e assim devem ser tratados. Está em desenvolvimento uma proposta de criação de contribuições a serem aprovadas em assembleias dos trabalhadores de cada categoria, no contexto da aprovação de seus acordos coletivos e isso não é a retomada do imposto sindical.

O imposto sindical, eliminado pela reforma trabalhista, consistia em um desconto obrigatório feito em folha de pagamento, em valor arbitrado pela lei, repassado automaticamente para as entidades sindicais. O mecanismo foi uma criação nada democrática da Era Vargas que tinha como objetivo controlar o financiamento dos sindicatos para que a própria estrutura de representação dos trabalhadores fosse controlada pelo Estado.

Ao longo dos anos, a imposição desse modelo de financiamento foi responsável por sustentar sindicatos com baixo grau de representatividade e transparência com a efetivação desses recursos que acabaram por contribuir com um abalo considerável na legitimidade do sindicalismo. No entanto, esses mesmos anos assistiram um aprofundamento de crises políticas que abalaram a democracia em diversos países do mundo.

Marcus André Melo - A Argentina na encruzilhada

Folha de S. Paulo

A ascensão de um libertário mostra que o ciclo histórico do Peronismo se esgotou

A eleição presidencial argentina aponta para uma provável derrota do governo e vitória de um outsider no segundo turno. Em um quadro de gravíssimo surto inflacionário, o candidato governista é o ministro da economia. Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio, reagiu: "Uma coisa dessas só se explica porque a Argentina é indecifrável; por uma mitologia, o peronismo".

A eleição é marcada pela expectativa de uma espetacular crise financeira na esteira de um processo de erosão institucional de longa duração. E sim, o peronismo é indissociável dela. Como mostrei aqui na coluna.

Mas a esperada derrota é também consistente com o padrão observado na América Latina. O "risco" de ser governo aumentou na região. De 2015 a 2023, a oposição ganhou 79,3% dos pleitos; de 2003 a 2014, venceu apenas 44% deles, segundo Gerardo Munck. Um viés pró-incumbente é o esperado. Governantes abusam da máquina de governo nas eleições. O boom de commodities e a Covid (e a inflação global atual) alteraram o padrão: beneficiando e punindo incumbentes, respectivamente.

Denis Lerrer Rosenfield* - Hamas

O Estado de S. Paulo

Desinformação propagada por Lula, PT e seus satélites exige uma espécie de pequeno dicionário para analisar a junção entre a ideologia e a estupidez humana

A desinformação propagada pelo governo Lula, pelo PT e por seus satélites, como PSOL, PCdoB e MST, exige que se faça o esclarecimento do significado de certas palavras, sob pena de afundarmos no abismo moral. Exigiria, mesmo, uma espécie de pequeno dicionário, voltado para a análise da junção entre a ideologia e a estupidez humana. As palavras perdem o seu significado e são substituídas pela irrupção disfarçada da maldade.

Terror.

O ataque do Hamas a Israel foi um ato inequívoco de terror. Visados foram bebês, trucidados e queimados, crianças assassinadas na frente de seus pais e vice-versa, sequestros de crianças levadas para Gaza, idosos e mulheres feitos reféns, jovens assassinados numa festa rave no sul do país e assim por diante. Tais atos se inscrevem na história humana da maldade, cujos antecedentes recentes são o Isis (Estado Islâmico) e as ações nazistas conduzidas pela SS. Himmler ficaria orgulhoso de seus herdeiros e simpatizantes de esquerda.

Felipe Freller* - Raymond Aron* recusou panaceia de livre mercado e buscou liberalismo político

Ilustríssima / Folha de S. Paulo

Sociólogo francês criticava esquerda intelectual por justificar crimes em nome dos mitos de revolução e de sociedade perfeita

Em 17 de outubro de 1983, morria o filósofo e sociólogo francês Raymond Aron (1905-1983), um dos principais pensadores liberais do século 20. Quarenta anos depois, sua obra permanece importante para a teoria política, a filosofia da história, a sociologia e a teoria das relações internacionais, mas seu nome parece, estranhamente, distante dos principais movimentos intelectuais e políticos que reivindicam o liberalismo. Algo a se lamentar e a se buscar compreender.

Várias vertentes do liberalismo floresceram nesses últimos 40 anos. O que se pode apontar em quase todas, contudo, é uma dificuldade em lidar com o fenômeno político. A crise do socialismo e da social-democracia conferiu um novo impulso às teses do livre mercado, pregadas, muitas vezes, de modo fundamentalista, como se o mercado pudesse se tornar um modelo de toda a sociedade.

A onda democrática do final do século 20, seguida pela globalização, levou a uma nova valorização das liberdades individuais e do Estado de Direito, fazendo frequentemente a dimensão jurídica e constitucional da democracia adquirir preeminência sobre sua dimensão propriamente política.

Cacá Diegues - Guerra contra todos

O Globo

Hoje vemos, que Biden não era muito melhor que Trump. Será que não podemos ter esperança no futuro do planeta?

O mundo responsável segue preocupado com o ataque do Hamas ao sítio israelense e à resposta dos atacados. Os mortos já passam de 5 mil mil cidadãos, cidadãs e crianças. A cidade de Gaza e o resto da Faixa de Gaza já estão quase totalmente destruídos, como não podia deixar de ser. Só vemos fotos na imprensa onde tudo se encontra em restos de paredes e estruturas pelo chão.

No meio da tragédia somos informados de que os palestinos libertaram duas pessoas sequestradas por razões humanitárias. Estão livres, podem voltar para o seio da família, o contrário do que os sequestradores anunciavam quando começaram a entrar em ação.

Ótimo. Claro que nos sentimos solidários à alegria da dupla, que aplaudimos a decisão dos sequestradores. Mas de onde vem essa decisão? O que ela significa? A que ela nos leva? Que brincadeira é essa com os nossos corações?

Entrevista: Henry Laurens: ‘Há um abismo de ódio entre os povos, e nem de longe há uma porta de saída’

Por André Fontenelle (Especial para O GLOBO — Paris)

Professor de História Contemporânea do Mundo Árabe no Collège de France, onde Lévi-Strauss e Foucalt lecionaram, afirma que único ‘consolo’ da situação atual é a volta do debate sobre a situação palestina

No prestigioso Collège de France, mais tradicional instituição acadêmica de Paris, que já teve entre seus professores Claude Lévi-Strauss, Roland Barthes e Michel Foucault, Henry Laurens é titular há duas décadas da cadeira de História Contemporânea do Mundo Árabe. O professor de 69 anos, autor do livro “La Paix Impossible” (“A paz impossível”, editora Fayard, 2015), disse ao GLOBO nunca ter estado tão pessimista em relação ao conflito. O único “consolo”, segundo ele, é a volta da discussão de uma solução para a população palestina. A porta de saída para o conflito entre israelenses e palestinos, porém, está distante, porque existe “um abismo de ódio” entre os dois lados.

Qual a sua reflexão em relação aos acontecimentos das duas últimas semanas?

Como historiador, me faz pensar em primeiro lugar nas guerras de 1948 e 1967. Em 1948 por causa das atrocidades cometidas nos kibutzim, e na cidade de Sderot, que correspondem a terras confiscadas dos habitantes árabes em 1948 e 1949 — o que não justifica de modo algum as atrocidades cometidas. E 1967 porque remete ao fato de que a chamada Guerra dos Seis Dias supostamente resolveria tudo, levaria a uma paz duradoura e a excelentes relações entre árabes e israelenses. Isso mostra um fracasso total.

Como evitar a escalada?

A paz está distante há uns 15 anos. A última negociação séria foi por volta de 2008. O pensamento estratégico do conjunto dos países ocidentais, dos EUA, foi mais ou menos o seguinte: reduzir os palestinos a uma violência de baixa intensidade; fazer a paz entre Israel e os estados árabes, escanteando os palestinos; e aqueles que falassem da Palestina eram os chatos fora da ordem do dia. Hoje a Palestina voltou à ordem do dia, mas há um penhasco, um abismo de ódio entre os dois povos.