Combater milícias exigirá mais que operações policiais
O Globo
É necessário seguir práticas de sucesso
contra máfias do mundo todo: asfixia financeira e inteligência
A semana que passou expôs de modo cruel o
poder das milícias no Rio de Janeiro. Depois da morte de um de seus líderes em
confronto com a Polícia Civil, a reação semeou o caos: 35 ônibus, quatro
caminhões, um trem e automóveis foram incendiados, espalhando tensão por sete
bairros, ou mais de 1 milhão de habitantes. Uma série de reportagens publicada
pelo GLOBO tem esmiuçado os tentáculos dessas organizações criminosas,
salientando a urgência de uma estratégia consistente para desarticulá-las.
Criadas há quase 20 anos a partir de grupos de policiais organizados para combater o tráfico por conta própria, as milícias rapidamente se constituíram num poder paralelo que hoje controla vastas extensões do Rio. Ao todo, uma área de 284 quilômetros quadrados da Região Metropolitana, onde vive um terço dos 6,2 milhões de cariocas, está sob influência das milícias, de acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF).