Regra do mínimo corrói reforma da Previdência
O Globo
Como apontou colunista do GLOBO, impacto das
economias previstas para dez anos cairá pela metade
Pela nova regra proposta pelo governo e
aprovada pelo Congresso no ano passado, o salário mínimo passou a ser corrigido
pela inflação do ano anterior somada ao crescimento do PIB de dois anos antes.
Em palanques ou no púlpito do Parlamento, defensores da nova lei exaltaram a
necessidade de resgatar a dívida social histórica do Brasil. Um olhar mais
atento, porém, faz lembrar a máxima atribuída ao Conselheiro Acácio: o problema
das consequências é que elas vêm depois. O governo decidiu dar com uma mão, mas
acabará tirando com a outra.
Como aposentadorias e benefícios sociais estão atrelados ao salário mínimo, todo aumento repercutirá nas contas do governo. As despesas com o INSS saíram de 2,5% do PIB em 1988 para 8% hoje. Com a nova lei e o envelhecimento da população, não pararão de aumentar. Quanto mais dinheiro for destinado à Previdência e à Assistência Social, menos sobrará para saúde, educação, segurança pública, infraestrutura ou ciência e tecnologia — investimentos capazes de alavancar a economia e beneficiar a renda e o bem-estar dos brasileiros.