terça-feira, 23 de julho de 2024

O que a mídia pensa| Editoriais / Opiniões

Eficiência do Estado deve estar no topo da agenda

O Globo

Ao destacar privilégios da elite do funcionalismo, novo livro expõe urgência da reforma administrativa

Se a Constituição estabelece como teto salarial do funcionalismo os vencimentos de um ministro do Supremo, atualmente em R$ 44 mil, como explicar que no ano passado 93% dos juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores, além de 91,5% dos procuradores, tenham recebido rendimento médio mensal acima do limite? A justificativa para uma distorção tão grande, sem falar no atropelo da Constituição, está baseada num artifício. São criados auxílios, gratificações e benefícios de diversas naturezas, dá-se a eles o carimbo de “verbas indenizatórias” e finge-se que tudo é legal e moralmente defensável. Não é.

A captura do Estado por corporações de servidores públicos privilegiados perdura no Brasil há séculos. Por estar no nosso cotidiano desde os tempos coloniais, dá a impressão de ser imutável ou invencível. Tal entendimento é um engano. Bastaria uma decisão do STF para acabar com artimanhas que aumentam salários acima do teto. Ou a aprovação do Projeto de Lei dos Supersalários, estagnado no Congresso.

Rana Foroohar - Kamala e o voto dos trabalhadores

Editora do Financial Times em Nova York / Valor Econômico

Enquanto as políticas trabalhistas dos democratas podem ser mais construtivas, os republicanos se destacam no marketing

Aconteceu. Joe Biden renunciou à corrida presidencial e ratificou Kamala Harris como a nova candidata democrata. As duas medidas são boas decisões: nas últimas semanas, Biden despencou nas pesquisas, enquanto Kamala avançou de forma constante. O caos de uma convenção aberta não é algo que os democratas queiram e acredito que o partido se reunirá rapidamente em torno de Kamala. Mas embora a mudança coloque um fim no suspense, ela ainda não resolve um grande problema para os democratas: como garantir os votos da classe trabalhadora em novembro.

Os eleitores da classe trabalhadora nunca foram o público-alvo de Kamala. Ela é vista mais como uma brilhante ex-advogada e promotora da Califórnia. Enquanto isso, os republicanos continuam cortejando com sucesso os trabalhadores. Na Convenção Nacional Republicana da semana passada, Sean O’Brien, o presidente do sindicato Teamsters, sacudiu a política trabalhista ao fazer jogo duplo em nome de seus membros.

Pedro Doria - A eleição e a alma do Vale do Silício

O Globo

Confirmado que Kamala Harris será candidata à Presidência dos Estados Unidos, esta se torna uma eleição-chave para o Vale do Silício. A divisão política que se instalou no coração digital do país será o pano de fundo do pleito. Kamala iniciou a carreira política como procuradora-geral da região da Califórnia que inclui o Vale. Mas não só. O vice escolhido por Donald Trump, J.D. Vance, vem da elite do investimento em tecnologia. Tem ideias próprias fortes, que ajudam a compor um novo tipo de reacionarismo digital. O choque ideológico entre ambos é o choque ideológico que vem se desenhando na indústria da tecnologia nos últimos dez anos.

Em nenhum grupo a divisão política é mais nítida que no conhecido como “Máfia do PayPal”, um conjunto de homens na casa dos 50 anos que ajudou a criar o primeiro sistema de pagamento da internet, nos anos finais do século XX. Depois da venda do PayPal, que tornou todos muitas vezes milionários, eles se mantiveram próximos, numa rede de apoio mútuo, aconselhando uns aos outros em investimentos. Elon Musk fundou TeslaSpaceX e é hoje dono da rede social X. Peter Thiel, David Sacks, Reid Hoffman e Pierre Omidyar viraram alguns dos investidores mais influentes da tecnologia. Seu dinheiro ajudou a financiar, nos estágios iniciais, empresas como Facebook e LinkedIn, e o mais bem-sucedido berçário de startups, a Y Combinator.

Luiz Carlos Azedo - "Rocada" democrata é aposta contra Trump

Correio Braziliense

"Kamala protagonizará um choque dramático entre dois Estados Unidos, o supremacista branco e o multiétnico, o conservador e o progressista, o provinciano e o cosmopolita"

No xadrez, o "roque" é a única jogada em que duas peças se movem simultaneamente. É uma manobra para proteger o rei, movimentando a torre, e abrir novas possibilidades ofensivas. As regras são as seguintes: o jogador só pode "rocar" se não tiver movido seu rei e sua torre (no lado onde deseja "rocar"); nenhuma peça pode ficar entre o seu rei e a torre do lado onde deseja fazer o "roque"; não se pode "rocar" quando se está em xeque ou através dele.

No xadrez da política americana, as regras são outras. A troca do presidente Joe Biden (o rei) pela sua vice, Kamala Harris (a rainha), como provável candidata do Partido Democrata, tirou a legenda de um iminente xeque-mate e possibilitou a retomada da iniciativa política, depois de uma crise dramática. Nas últimas semanas, o atual ocupante da Casa Branca desnudara sua incapacidade física e mental para enfrentar Donald Trump, ainda mais depois que o candidato republicano sobreviveu a um atentado em plena campanha e, na sequência imediata, escolheu um jovem para vice, o senador J.D. Vance, de 39 anos.

Maria Cristina Fernandes - O que Lula perde e ganha sem Biden

Valor Econômico

Biden na cédula traria o paradigma de um octogenário reeleito, mas Kamala é quem oferece a chance de derrotar o farol da extrema direita mundial

Joe Biden ainda estava em sua casa de veraneio, em Delaware, matutando sobre a decisão que tomaria no domingo quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou-se do palanque para fechar, no fim da tarde de sábado, a convenção que sacramentou a chapa Guilherme Boulos/Marta Suplicy para a Prefeitura de São Paulo: “Estou vivendo o melhor momento de minha passagem pelo planeta Terra”.

De calça jeans, camisa de gola rolê e blazer, Lula falou depois da ex-prefeita e candidata a vice, de 79 anos, que leu seu discurso, e da deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP), de 89 anos, que foi no improviso sem perder o fio da meada.

Caçula da trinca, aos 78 anos, Lula percorreu o palanque, por 25 minutos, na fala mais esfuziante da tarde em que disse ser tão candidato quanto o deputado federal de 42 anos que encabeça a chapa. Jogou todas as fichas na campanha como um plebiscito sobre seu governo e no polo de resistência contra “o nazismo e o facismo”.

Sergio Fausto - A necessária coragem política

O Estado de S. Paulo

Não é difícil entender o medo que políticos da direita tradicional têm de enfrentar o líder da extrema direita e sua máquina de aniquilação política

Terá a direita democrática no Brasil coragem política para se afastar do bolsonarismo? Um oportuno editorial deste jornal lançou o desafio semanas atrás. Trata-se de uma questão existencial para a direita democrática brasileira, e importante para todos nós.

Por que se afastar do bolsonarismo requer coragem? Porque, pelo menos no curto prazo, o afastamento tem alto custo eleitoral. Que o digam os políticos que ousaram desafiar Jair Bolsonaro. Depois de criar o Bolso-Doria, o ex-governador de São Paulo está pagando com o ostracismo político a coragem que demonstrou ao enfrentar Bolsonaro em plena pandemia da covid. Tiveram o mesmo destino figuras de menor projeção, como os ex-parlamentares Joice Hasselmann e Alexandre Frota. A lista é extensa.

Merval Pereira - Os donos dos partidos

O Globo

Bolsonaro não conseguiu formar um partido seu. Já passou por mais de dez legendas sem deixar sua marca, embora tenha transformado o PL no maior partido brasileiro

Ao mais uma vez constatar que o ex-presidente Donald Trump tem o controle completo do Partido Republicano, na convenção que o escolheu como candidato à Presidência, lembrei-me do comentário do cientista político Eric X. Li, também empreendedor de risco na China:

— A China tem muitos problemas, mas o sistema chinês de Estado-partido tem provado a todos uma extraordinária habilidade em mudar. Na América, você pode mudar de partido político, mas não pode mudar a maneira política de ele agir. Na China, você não pode mudar de partido, mas pode mudar a maneira política de ele atuar.

Antes de Trump, era uma constatação, hoje é simplesmente um erro de avaliação. Trump transformou o Partido Republicano numa agremiação política à sua imagem e semelhança, fechada em si mesma, favorável ao isolacionismo comercial, ao protecionismo. Houve época em que governos brasileiros preferiam trabalhar com presidentes republicanos. Mas hoje, levados por Trump, os republicanos são menos abertos ao mundo comercial e aos organismos internacionais, o que pode ser decisivo neste período de guerras que estamos vivendo.

Pedro Cafardo - A economia do bem-estar e a perigosa certeza de estar certo

Valor Econômico

Para pesquisadores da longevidade, desvinculação da previdência do reajuste do salário mínimo jogaria no superendividamento uma parcela ainda maior da população de idosos

Está no ar a discussão sobre a desvinculação do salário mínimo dos benefícios da Previdência Social. Se os defensores da desvinculação ganharem o debate e convencerem os deputados e senadores, os benefícios passarão a ser corrigidos apenas pela inflação e não mais pela inflação acrescida do índice de crescimento da economia (do PIB).

Na prática, portanto, os beneficiários, idosos na esmagadora maioria, seriam isolados dos ganhos reais da economia. Teriam seus benefícios estagnados, na melhor das hipóteses, porque o reajuste pela inflação nem sempre acompanha os gastos dos idosos - os medicamentos e os planos de saúde, por exemplo, normalmente aumentam muito mais que a inflação oficial.

Carlos Andreazza - Arthur Lira não faz Pix

O Estado de S. Paulo

Ele defende sistema concentrador das emendas

Arthur Lira tomou gosto pela aclamação. Não aprecia concorrência. Eleição franca no condomínio produz riscos. “Nunca é bom.” Ele quer dirigir, esvaziar (como fez às comissões), a própria sucessão. Construir “tranquilidade para a Câmara”. Para si.

À Coluna do Estadão, Elmar Nascimento, na dúvida sobre se poderá ser aclamado, divulgou o lema de sua candidatura: “Palavra dada é palavra cumprida”.

Sabe pelo que peleja e a quem fala. Concorre – não à sucessão de Lira – a lhe ser o sucessor. É um perfil. Vale o pacto corporativista. Ganha quem tiver mais coragem de bancar esculachos como a PEC da Anistia.

O corajoso referencial Lira, aquele em cuja gestão o orçamento secreto foi institucionalizado, deu entrevista ao Globo. Questionado sobre o autoritarismo com que opera a distribuição de emendas parlamentares, abriu o coração:

Rubens Barbosa – Banho de sangue e guerra civil na Venezuela?

O Estado de S. Paulo

Em vista das incertezas que cercam o resultado da eleição presidencial venezuelana, é possível considerar quatro cenários

Na eleição presidencial da Venezuela, que será realizada no próximo domingo, a oposição tem chances reais de vitória contra o regime autoritário de Caracas. As pesquisas mostram vitória tanto da oposição como de Nicolás Maduro (certamente manipuladas).

O governo Maduro dificultou por todas as formas a indicação de um candidato competitivo de oposição. Dissidentes foram presos arbitrariamente, eleições foram fraudadas, eleitores foram cooptados com a distribuição de alimentos, 15 prefeitos contra o governo foram destituídos e 50 cabos eleitorais da oposição, nos últimos meses, foram presos. Por mudança de regras, apenas 1% dos 4,5 milhões de venezuelanos exilados, que poderiam votar no exterior (cerca de 25% do eleitorado nacional), poderá votar.

Joel Pinheiro da Fonseca – Números e narrativas

Folha de S. Paulo

Propostas de republicano são amparadas por narrativa descolada de dados

A cartilha de Trump para a economia —protecionismo, fim de regulamentações ambientais e corte de impostos— é o completo rechaço do legado de Biden. O que ampara essas propostas é a ideia, tão repetida em seu discurso na convenção republicana, de que a economia americana é terra devastada, e que Biden entrega um país destruído a seu sucessor.

Isso simplesmente não é verdade. O PIB cresceu 2,5% em 2023, mais do que as outras economias desenvolvidas. O desemprego está baixo, em torno de 4%. A inflação, que chegou ao pico em 2022, hoje está em 3% ao ano. A princípio, Kamala tem um legado positivo a defender.

Hélio Schwartsman - Biden e a história

Folha de S. Paulo

Avaliação do legado do atual presidente dos EUA depende do que acontecerá em novembro

Como Joe Biden entrará para a história? Depende do que acontecerá em novembro. Se os democratas vencerem o pleito presidencial, com Kamala Harris ou outro candidato, Biden estará consagrado. O que se dirá é que, além de ter sido um dos melhores presidentes americanos das últimas décadas —uma tese objetivamente defensável—, ele teve a grandeza e o desprendimento de renunciar à candidatura quando ficou claro que teria dificuldades para derrotar Donald Trump. Já apareceram editoriais com esse teor.

Alvaro Costa e Silva - Perseguição, a palavra da moda

Folha de S. Paulo

Ex-presidente usa eleições municipais para salvar a própria pele

Bolsonaro preferiu engolir a pílula, e a seco. Para não destruir sua própria invenção como candidato a prefeito do Rio, dobrou a aposta em Alexandre Ramagem. No entanto, não conseguiu desfazer o clima de desconfiança e traição.

Bolsonaro sabia ou não do áudio em que trama a blindagem do filho 01 no caso das "rachadinhas"? Ramagem o gravou às escondidas? E por que guardou a gravação em seu computador particular? Há outras, como suspeita a PF? Depois que a reunião secreta se tornou pública, o ex-chefe da Abin afirmou que não agiu de forma clandestina e teve o aval do ex-presidente. Por que então, no primeiro momento, aliados do capitão disseram que ele ficou "furioso", cogitando uma troca de seis por meia dúzia, com o general Pazuello no lugar de Ramagem na disputa à prefeitura?

Dora Kramer - Tucanos renegam a origem

Folha de S. Paulo

PSDB ancora sua reabilitação em candidato com o figurino da antipolítica


PSDB já foi um partido voltado ao conteúdo das questões nacionais. Sustentou o Plano Real e fez aliança à direita para emplacar mudanças estruturais de peso na economia, nas comunicações, no funcionamento das estatais, em avanços institucionais. Isso há coisa de 30 anos.

Ancorados na liderança de Fernando Henrique Cardoso, em figuras como Franco Montoro e Mário Covas, ministros do calibre dos antagonistas José Serra e Pedro Malan, os tucanos contribuíram para levar o Brasil ao futuro em decisões de bons resultados.

Ricardo José de Azevedo Marinho - Velhas e Novas Extremas-Direitas

Voto Positivo

Em todo o mundo, as extremas-direitas que na geografia política estão no seu extremo, radicais, duras, sem alternativas factíveis, em tudo distantes dos inúmeros ramos clássicos da direita que perfaz conservadores, liberais, conservador-liberal, liberal-conservador, entre tantas desenhos possíveis que os englobam, são um fenômeno emotivo tanto aliciante para uma minoria e repulsiva para o Grande Número.

Eles desenvolvem a maior desconfiança dos filiados da direita clássica. Eles irritam além dessas Direitas, os Centros e as Esquerdas. Recentemente essa rejeição pelo Centro se deu em França como declarou o antigo primeiro-ministro do Centro de Macron, Édouard Philippe: “É necessário bloquear o "Reunião Nacional" (Rassemblement National, partido de extrema-direita). E no domingo (no último dia 7) do segundo turno votou num candidato de esquerda.

Vagner Gomes de Souza - Donald Trump e a ascensão Jedi

Voto Positivo

Muitas opiniões que se atribuem a uma análise política disfarçam o desconhecimento ou até mesmo como funciona o sistema representativo da política. O anseio de uma vontade geral predominante que muito encantou Rousseau e que muito foi temido por Alexis de Tocqueville ainda estão presentes nesse mundo da política contemporânea. Afinal a política enfrenta a seus dois caminhos entre o imaginário e a realidade. A sombra obscura e a luz do universo Jedi nos tempos em que emergiu a Nova República sobre os escombros do Império conforme se observa na série Ahsoka. A cavaleira Jedi em sua luta contra o resgate do Grande Almirante Imperial Thrawn é nossa indicação para aqueles que desejam compreender como o multiculturalismo faz parte do mundo político da igualdade pela via do americanismo.

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão e Paulo Trindade Vieira * - Jogos Olímpicos: o que se ganhou, e se perdeu...

A abertura dos  XXXIII Jogos Olímpicos de Paris 2024 deverá ocorrer  esta semana (26). As competições se estenderão até 11 de agosto .  Estão inscritas 206 delegações , 10.500 atletas, falando 157 línguas diferentes,  e disputando 47 modalidades esportivas. O evento tem um custo estimado em   8  bilhões de euros, recursos aplicados, parcialmente, na remodelação de estádios, ginásios, pistas, piscinas e aparelhos.
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As Olímpiadas  foram criadas em 1896, tentando reproduzir os Jogos Antigos da Grécia. O Brasil participou, pela primeira vez,  em 1920, na Bélgica. De lá para cá  ganhou 150 medalhas, sendo 37 de ouro. Está entre os países com maior diversidade de práticas esportivas no mundo. Apesar do bom desempenho  na  vela e no vôlei, é o judô, no entanto, o esporte que mais medalhas rendeu para o Brasil.  Em Paris, a representação brasileira terá 277 atletas,  a maioria do  sexo feminino . 

 O evento memorável celebra um encontro de atletas com os maiores índices de virtudes  físicas e mentais  humanas. Com a participação de 200 países, os Jogos promovem, em geral,  uma  interrupção temporária  nos conflitos  e guerras no planeta, o que é chamado de "trégua olímpica" (ἐκεχειρία, ekecheiria). Em seguida, vem  competição paralímpica, de atletas com alguma deficiência que encontram no esporte uma "razão de viver".