Dilma gastou mais que Bolsonaro para tentar se reeleger
O Globo
Estudo estima as despesas dela em 3,1% do PIB
e as dele em 0,2% — mas ambos recorreram a gastos ocultos
O Brasil tem um longo e problemático
histórico de incúria fiscal em anos eleitorais. Tanto Dilma
Rousseff quanto Jair
Bolsonaro, apesar das diferenças ideológicas, recorreram a gastos
eleitoreiros em suas respectivas tentativas de reeleição. Ambos adotaram
mecanismos de contabilidade criativa para ocultar despesas. Mas um olhar atento
revela diferenças, constata um novo estudo dos economistas Alexandre Manoel,
Marcos Lisboa, Marcos Mendes e Samuel Pessôa, recém-publicado pelo Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Para comparar os gastos, eles estimaram a variação entre os dois primeiros e os dois últimos anos de cada mandato. Constataram que, na tentativa de reeleição de Dilma em 2014, sua administração aumentara as despesas primárias em 1,4% do PIB. A maior extensão da prodigalidade fiscal, porém, ficou oculta. Pelos cálculos dos economistas, Dilma ainda acumulou 1,7% adicional do PIB em “gastos encobertos”, como adiamento de despesas para o próximo governo (restos a pagar) e manipulação da contabilidade das empresas estatais. Ao todo, entre o visível e o oculto, Dilma gastou 3,1% do PIB para se reeleger.