quarta-feira, 5 de maio de 2010

Reflexão do dia – O Estado de S. Paulo

Para atrair multidões às festas do 1.º de Maio, centrais sindicais promovem sorteios, contratam cantores populares e animadores carismáticos. É bem verdade que o fazem sobretudo com dinheiro alheio, desembolsado por estatais como Petrobrás, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNDES e espertas empresas privadas. Ainda assim, em retrospecto, pode-se argumentar que o gasto foi em ampla medida desnecessário. Afinal, quem conta com um dos maiores artistas de palanque do mundo, o presidente Lula, no auge da forma, tem sucesso assegurado, com a vantagem de que ele não cobra cachê - apenas pede votos.


(O Estado de S. Paulo, no editorial
O ''sequenciamento'' de Lula, publicado, ontem)

Sentimentos contraditórios :: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

Fora o fato de que, se não fosse Lula, a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República pelo PT jamais existiria, neste momento da campanha eleitoral ela só existe pela expectativa de que o presidente Lula terá a capacidade de levá-la à vitória em outubro.

Mas as notícias não são boas, nem as objetivas nem as de bastidores, que falam de novas pesquisas, depois da saída de Ciro Gomes, que indicariam a ampliação da vantagem do tucano José Serra sobre Dilma.

A campanha de Dilma não passa um dia sem ter sobressaltos, e sempre relacionados com uma maneira nada popular de se comunicar da candidata oficial, o que exacerba o contraste com as virtudes performáticas de seu padrinho, ampliando os defeitos da protegida novata em campanhas eleitorais.

Os movimentos bruscos do presidente nos últimos dias, alternando uma excitação desproporcional com uma emotividade excessiva diante da aproximação do final do seu mandato, indicam que as coisas não estão saindo como ele planejou.

Ele mesmo teve a sinceridade de revelar, chorando, no discurso de 1º de Maio da CUT, numa extravasamento de sentimentos contraditórios que parece estar experimentando, que ser indicado pela revista "Time" como uma das personalidades mais influentes do mundo fez seu ego "engordar" um pouco mais, a ponto de já não caber "dentro das calças".

Fora o fato de que a metáfora é confusa e de mau gosto, fica o registro de um momento de fragilidade emocional de um presidente extremamente popular que vê se aproximando o fim de seu "reinado" e que quer desesperadamente ter um terceiro mandato indireto através de sua escolhida.

É justamente esse desespero que está chamando a atenção de tantos quanto participam dessa campanha eleitoral.

Colocar como objetivo máximo eleger sua sucessora, depois de literalmente inventá-la, parece um desafio desnecessário para quem já obteve tanto sucesso.

Mas, mesmo com todo o seu empenho, já paira no ar uma leve desconfiança de que ela é pesada demais mesmo para Lula, e uma indicação clara disso é a neutralidade do PP na corrida presidencial.

Poucos meses atrás, a adesão do partido à candidatura oficial não era questionada, parecia uma decisão automática a acrescentar 80 segundos de tempo à propaganda gratuita no rádio e televisão para a campanha de Dilma.

Ontem, depois de um almoço com a cúpula do PP, a candidata oficial saiu de mãos abanando.

No momento, o máximo que o PP pode prometer é uma neutralidade, que significa na prática um benefício para a oposição.

Essa neutralidade do PP pode perfeitamente evoluir até junho para a formalização do apoio à candidatura oposicionista, até mesmo com o senador Francisco Dornelles tornando-se o candidato a vice na chapa de Serra.

Movimento similar está acontecendo com o PTB, já em processo mais avançado de apoiar a nível nacional a candidatura de Serra à Presidência da República, tirando outros 40 segundos da propaganda da chapa oficial para acrescentá-los à candidatura oposicionista.

A oposição está também negociando com o PSC e outras pequenas siglas que têm alguns segundos preciosos de propaganda gratuita, graças a uma legislação eleitoral completamente inexplicável.

Se PTB e PP formalizassem o apoio a Dilma, a vantagem dela na propaganda de televisão e rádio seria enorme: a petista teria 11 minutos e 37 segundos em cada bloco de 25 minutos exibido à tarde e à noite.

O tucano José Serra teria menos da metade: 5 minutos e 36 segundos.

Com os rearranjos que estão sendo negociados nos bastidores, a vantagem da candidata oficial ainda se manterá, mas já não haverá o massacre que estava sendo anunciado.

Os dois principais candidatos terão um tempo de propaganda gratuita perfeitamente suficiente para expor seus programas, e a diferença de minutos não será tão grande que represente uma vantagem.

Além do mais, temos o exemplo do próprio presidente Lula, que venceu uma eleição em 2002 com menos tempo de televisão do que o então candidato oficial, José Serra, que àquela altura tinha o apoio do PMDB, como Dilma hoje.

Os especialistas dizem que um mínimo de 5 minutos é suficiente para uma boa campanha, e o que vier acima disso pode ser até prejudicial, dando uma superexposição ao candidato que pode cansar sua imagem diante do eleitorado.

No momento, o presidente Lula gasta sua liderança tentando conter um sentimento de frustração dos partidos que embarcaram na aventura apostando na sua reconhecida sensibilidade política e, mais que isso, na sua popularidade recorde.

O deputado federal Ciro Gomes já disse que Lula "viajou na maionese" na pretensão de ungir sua sucessora.

O fato é que o próprio presidente Lula parece ter embarcado nessa viagem com uma certeza de chegar a porto seguro, que, se vê agora, tinha mais arrogância do que dados de realidade a embasar.

Precisa agora despender toda sua energia política para manter acesa a esperança de seus aliados, e para isso ele não se furtará a frequentar todos os palanques possíveis, e parece disposto a encontrar meios de superar qualquer legislação que se coloque como obstáculo.

Assim, forma-se um círculo vicioso (ou virtuoso?), com o próprio presidente alimentando uma presunção de poder, e os partidos que fazem parte de sua base aliada aguardando sinais de confirmação de que a sua capacidade de transferência de votos se transformará em realidade.

A Justiça é o limite:: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O termo "judicialização" - sobre o qual Antonio Houaiss não registra sinônimo nem definição em seu dicionário - frequenta o noticiário político desde que o Judiciário passou a ter um papel mais ativo na interpretação das leis e na imposição dos limites, por vezes constitucionais, a determinadas condutas.

Foi uma reação quase imediata. O Judiciário atuava no vácuo das omissões do Legislativo, e do Parlamento a tese ia ganhando adeptos, sendo repetida em vários setores até que se restabeleceu agora no cenário da eleição presidencial por causa da série de ações judiciais recíprocas entre PT e PSDB.

A expressão tem caráter pejorativo. Como que aponta interferência indevida da Justiça em assuntos da alçada exclusiva dos políticos e partidos.

Há quem veja no recurso à Justiça um fenômeno malsão. Uma deformação, algo a ser evitado. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, se orgulha de seu partido até agora nunca ter recorrido à Justiça contra o adversário.

Diz que só decidiu fazê-lo como forma de represália. "Eles (os tucanos) já entraram com mais de dez (ações) contra Lula e Dilma. Agora tudo o que eles fizerem conosco, vamos fazer também."

Vejamos se ficou bem entendido. Até agora o PT tinha motivos para reclamar de infrações do PSDB à lei e não o fez. Por que? Fidalguia? Suposição de que assim poderia transgredir valendo-se da gentileza ao molde de contrapartida?

Ou não havia motivo relevante, continua não havendo e o PT agora entrará na Justiça ainda que a ação seja inconsistente?

Seja como for, a argumentação de José Eduardo Dutra não obedece aos ditames republicanos que políticos tanto gostam de invocar.

Ademais, convenhamos: reclama da "judicialização" quem se sente prejudicado. Enxerga desvantagem quem infringe a lei com frequência e gravidade, ficando mais vulnerável a punições.

Os indignados com o fato de conflitos se decidirem na Justiça queriam o quê? Que políticos e demais setores da sociedade resolvessem suas questões sem a arbitragem judicial?

Descontada a hipótese de se dirimir conflitos no braço, sobram os tribunais como o único foro civilizado em que se garantem condições de igualdade independentemente do peso das armas à disposição dos oponentes.

As críticas à chamada "judicialização" da política, ao menos nos termos em que se apresentam, são puro sofisma.

Seja no Parlamento, seja em ambiente de campanha eleitoral, o que se esconde por trás delas é mal disfarçada vontade de transgredir livremente sem a Justiça no meio para atrapalhar.

Exatamente o que aconteceria se ninguém recorrer à arbitragem do tribunal para assegurar a aplicação da lei.

Pois se com a aplicação de multas do TSE o presidente Luiz Inácio da Silva faz o que faz; se agora o PSDB foi acusado pelo PT por usar dinheiro de governos tucanos em ato de campanha de José Serra; se a realidade mostra a necessidade de vigilância estreita, imagine o caro leitor/eleitor se não houvesse a Justiça como limite.

Essa não. A tal gafe do Nordeste Dilma Rousseff não cometeu. Ela disse que os nordestinos emigraram para o Brasil no sentido de o restante do País. No máximo falhou por não concluir o raciocínio.

Notório saber. Toda eleição é a mesma coisa: famosos de médio porte de diversas áreas são procurados ou procuram partidos para se habilitar à conquista de um mandato.

As legendas querem "puxadores" de voto; as razões das quase celebridades variam da vaidade à suposição de que terão acesso ao poder, mas o traço de união entre todas é o profundo desconhecimento em relação ao mundo em que pretendem entrar.

Tanto é que a grande maioria dos eleitos tem atuação pífia e não prospera no ramo.

No time que se apresenta à eleição deste ano, um rapaz de nome Kleber, codinome Bambam, ex-BBB por profissão, promete se empenhar no aprendizado para se candidatar a deputado.

Seu mestre? O cunhado, experiente veterinário.

Direito e Sociedade – Apresentação:: Luiz Werneck Vianna e José Eisenberg

DEU NO BOLETIM CEDES/IUPERJ

Apresentação à edição brasileira

Este livro é um marco da reflexão da sociologia norte-americana sobre o direito. E ainda que sua publicação no Brasil somente se realize agora, quase trinta anos depois, nem por isso ele perdeu sua atualidade e sua capacidade de nos trazer questões de vanguarda no campo da reflexão sobre o direito, suas instituições e procedimentos, especialmente nessa quadra particular que vivemos em que o acesso à justiça se tornou um bem público fundamental.

Este atraso editorial se deve, em parte, ao próprio descompasso entre a história do direito no Brasil e nos Estados Unidos. Oriundos de matrizes e tradições diversas ! de um lado, a civil law do direito romano que prevalece em nosso país, e, de outro, a common law do direito inglês que permeia a tradição estadunidense ! o livro encontrou ressonância imediata quando foi publicado no hemisfério norte em 1978, quando prenunciava-se uma crise energética que ameaçava sepultar de forma definitiva o modelo fiscal do estado de bem-estar social (welfare-state).
Naquele contexto, P. Nonet e P. Selznick, seus autores, souberam reconhecer que, naquele contexto politicamente adverso à defesa de direitos existentes e à aquisição de direitos novos, a arena judicial podia e devia participar do processo de tomadas de decisão em matéria de políticas públicas. Para eles, o direito não poderia ser neutro quanto a consequências dos atos praticados em seu nome, daí derivando a questão central, e difícil, de como ajustar às exigências de sua abertura a temas sociais com a preservação da sua integridade.

Já no Brasil, foi somente dez anos depois da publicação deste trabalho, a partir da promulgação da Constituição de 1988, que os problemas abordados e soluções apresentadas por este instigante ensaio de sociologia e teoria do direito ganharam relevância. Os novos campos abertos para a atuação dos operadores do direito, e em particular os novos instrumentos instituídos pela Carta de 88, deram à problemática do livro contornos cujo alcance para a compreensão da lei sob a qual vivemos estava aquém de nós, uma vez que, em 1978, nossos temas principais ainda eram primordialmente determinados pela luta pela ampliação dos direitos civis.

Com a nova ordem constitucional e os mais de vinte anos de sua prática, entretanto, os conceitos que organizam a idéia de direito responsivo exposta por Nonet e Selznick parecem ter alcançado a nossa realidade. Com efeito, aí estão as ações civis públicas, o controle da constitucionalidade das leis, entre tantos outros institutos novos, com que a sociedade se faz presente na produção do direito.

Sobretudo aí está a vigência do constitucionalismo democrático que, ao afirmar princípios e valores como partes inelimináveis da produção e da aplicação do direito, requer que eles encontrem conseqüência fática. Esses são os sinais da mutação porque vem passando a nossa cultura jurídico-política, exemplar no deslocamento da antiga supremacia do Código Civil em favor da supremacia do Direito Constitucional, e que conferem atualidade à interpretação consequencialista da norma dos nossos autores.

Tal processo de mudança de paradigma, como notório, tem transcorrido em uma conjuntura onde a democracia, se renovou as instituições políticas, não tem sido capaz de legitimar os pleitos emergentes das maiorias silenciosas. O resultado dessa falta, tem contribuído para que, nesses mais de vinte anos de vigência da Constituição, essas maiorias, por ensaio e erro, terem descoberto o judiciário como uma nova arena da política, procurando nele atendimento de muitas de suas expectativas por direitos.
Sob essa pressão, cada vez mais intensa, como o demonstra a explosão da litigação nos tribunais, as nossas instituições jurídicas se acham inscritas no coração do dilema descrito pelo livro que o leitor tem em mãos, qual seja o da abertura, quando elas se comportam como responsivas diante dos problemas que lhes são trazidos, e o da integridade, quando defendem o direito dos riscos da fragmentação.
O modelo da responsividade não pode ser, como advertem os autores,um caminho para “a morte do direito”, mas sim para uma ordem democrática que, demonstrando permeabilidade a demandas sociais, antigas e novas, põe sob tensão princípios, leis e políticas públicas, no sentido de uma permanente renovação do Direito feita com a participação de todos.

Luiz Werneck Vianna (IUPERJ)
José Eisenberg (UFRJ)


O livro, publicado pela Editora Revan, pode ser adquirido pelo telefone (21) 2516-2581 ou pelo site da Editora: http://www.revan.com.br/

Pedra no caminho:: Fernando de Barros e Silva

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - Todos os problemas levam a Minas, onde, dizem muitos, a eleição poderá ser decidida. Até o lançamento da candidatura de José Serra, Minas era considerada, entre tantas, a maior pedra em seu caminho. A recepção calorosa de Aécio Neves ao colega paulista esvaziou, ao menos por ora, essa percepção.

Os petistas ainda torcem para que Minas e Aécio voltem a ser, mais adiante, o próprio inferno na Terra para Serra. Sonham com sua cristianização pelo aliado. O fato, no entanto, é que as coisas no último mês andaram a favor do tucano. Sua candidatura hoje parece mais sólida do que parecia em março.

Minas virou sobretudo um problema para Dilma Rousseff e para os petistas. A vitória de Fernando Pimentel sobre Patrus Ananias na prévia de domingo abre caminho para que o partido venha apoiar a candidatura de Hélio Costa ao governo do Estado, como deseja Lula.

Ocorre que neste roteiro forçado, no qual Pimentel sai candidato ao Senado, está prevista também a cristianização do nome do PMDB pelo PT local. Ou alguém acredita que a militância sairá às ruas animada para eleger Hélio Costa?

Há um custo político e há um custo moral na imposição de Lula ao PT mineiro. Não é apenas Fernando Pimentel que estará sendo sacrificado em nome do "projeto nacional". Com ele, sacrificam-se uma série de valores e referências históricas. Isso pode soar ingênuo diante do que o lulismo já foi capaz de fazer (e de esquecer), mas até que ponto vale esticar a corda para se equilibrar sobre o abismo da ética?

Hélio Costa é um típico representante do telepopulismo à moda antiga. Enquanto conseguiu, foi um fiel servidor da Rede Globo. Figura pomposa e hoje obsoleta, mais atrasado do que propriamente conservador, Costa encontrou no PMDB, a legenda que melhor exprime o vale-tudo da política brasileira, um espelho e uma casa para sua carreira tão repleta de ideias e de ideais.

Dilma faz, na sua terra natal, a opção clara pelo atraso. Pode ser um preço alto demais para ter o PMDB.

Sangue-frio até a Copa:: Fernando Rodrigues

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Faltam dois meses para o dia 5 de julho. Essa é a data-limite imposta pela lei para todos os candidatos passarem a ser de fato o que já são hoje. Até lá, nos Estados e no plano federal, os políticos blefarão na esperança de ampliar suas alianças e obter mais tempo na propaganda de rádio e de TV.

É também ao longo dos próximos 60 dias que os candidatos a presidente e a governos estaduais definirão quem serão seus vices. Na disputa pelo Planalto, José Serra se equilibra com a esperança de ter o tucano Aécio Neves ao seu lado ou Francisco Dornelles, do PP. É possível que o nome escolhido não seja nenhum desses dois.

Do outro lado, o PT pretende formalizar uma inédita parceria pré-eleitoral com o PMDB. Nunca essas duas siglas estiveram juntas numa eleição presidencial nesta fase da campanha. O peemedebista Michel Temer deve ser o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.

Como se trata de um momento de ajuste político fino, os partidos estão todos testando e sendo testados. Quem tiver mais sangue-frio (e um pouco de sorte) acabará se saindo melhor na linha de largada, em julho. No caso da eleição presidencial, o consenso mais nítido no momento é sobre a competitividade grande entre Serra e Dilma.

O deputado Gustavo Fruet, do PSDB do Paraná, é talvez um dos políticos mais ponderados hoje dentro do Congresso. Ele resume assim o atual momento: "Há dois ou três meses, parecia que a eleição estava ganha pelo PT. Agora, o jogo se reequilibrou. É impossível fazer previsões. Só há a certeza de uma disputa muito acirrada".

As pesquisas eleitorais serão um termômetro nas próximas semanas. Se não houver grandes alterações, todos venderão a ideia de terem realizado boas pré-campanhas. Tudo considerado, Serra e Dilma jogarão na retranca até um pouco depois da Copa do Mundo. Depois, virá a disputa real.

Ensaio sobre um novo sistema de governo :: Rosângela Bittar

DEU NO VALOR ECONÔMICO

A falta de um líder carismático que mobilize a superestrutura numa mesma direção, a produção de programas às pressas sob encomenda para negociar adesões, e a ausência de ideias claras que revelem à sociedade a existência de um projeto de país são lacunas percebidas a olho nu no PMDB. Confrontadas com o gigantismo do partido, produzem a certeza que estamos diante de uma força desgovernada de grande potência.

Imagina-se que tenha sido a partir de uma observação como esta que o cientista político Luiz Felipe Alencastro construiu uma teoria, exposta em entrevista ao Valor há duas semanas, sobre o risco de o Brasil estar vulnerável a uma espécie de sistema governo que denomina de vice-presidencialismo.

Falava o professor sobre a possibilidade de o deputado Michel Temer (PMDB-SP) integrar, como vice, a chapa liderada por Dilma Rousseff (PT) como candidata a Presidente da República, o que, hoje, é praticamente uma realidade política. Ao argumentar, o cientista apresenta a candidata do PT como alguém sem experiência política e eleitoral, tendo como vice um deputado comandante de um superPMDB que filia 6 ministros de Estado, um deles presidente do Banco Central, 9 governadores, 5 vice-governadores, os presidentes da Câmara e do Senado, 91 deputados federais, 17 senadores, 27 diretórios estaduais, 4671 diretórios municipais, 1201 prefeitos, 6 prefeitos de capitais, 2 milhões de filiados, 15 milhões de simpatizantes.

Os números impressionam e pressionam. O partido consegue o que quer.

"O que me assusta é a idéia de ter Michel Temer como vice-presidente. Ele é deputado há décadas e foi presidente da Câmara duas vezes. Controla a máquina do PMDB e o Congresso à perfeição. Vai compor chapa com uma candidata que nunca teve mandato e é novata no PT", expõe. Para Alencastro, o presidencialismo brasileiro pressupõe um vice discreto, porque eleito de carona, só para levar ao grupo alianças e palanques. Afirma que aos trancos instaurou-se, no Brasil, um presidencialismo que tem dado certo. "O fato de haver dois turnos, associado à integração do vice na chapa do presidente, deu estabilidade ao sistema".

Nos últimos anos tem sido assim, com os casos Fernando Henrique e Marco Maciel, e Lula e José Alencar, exemplifica o professor para estabelecer as diferenças de agora: "Dilma e Temer formam uma combinação inédita. Uma candidata até então sem mandato associada a um político cheio de mandatos e dono do PMDB, que é o maior partido do Brasil". Alencastro explica que fala de "dono" porque se trata do cargo mais vistoso, e é um partido que nunca elegeu um presidente e "vai com sede ao pote".

"O PMDB pode estabelecer um vice-presidencialismo, com um papel de protagonista que seria descabido", é a sua hipótese. Esse imenso partido desgovernado assusta.

Para o historiador e cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília, Alencastro pode ter uma certa razão. "Sabe-se que o Temer é uma raposa velha, está há muito na política, e Dilma está estreando. Estrear na política por cima é muito difícil", afirma. Lembra, porém, que os vices, no Brasil, seja com presidentes fortes e experientes, fortes e inexpressivos politicamente, fracos, ou tenham o perfil que tiverem, se acomodam. " O vice-presidente não tem função executiva, a não ser a que lhe atribuir o presidente. Mesmo que tenha muito mais experiência, é difícil ultrapassar barreiras.

Marco Antonio Villa, professor de História Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), cita que a idéia do vice-presidencialismo vem sendo falada há uns dois, três meses, mas vê equívocos no raciocínio. Quando os meios acadêmicos começaram a falar sobre a tese a comparação era feita com 1985, quando, com a morte de Tancredo Neves, assumiu José Sarney, um vice-presidente dominado pelo PMDB. "O PMDB de 1985 não é o PMDB de 2010", ressalva.

"A diferença é abissal. De um lado porque a Dilma está com um partido forte, que tem 30 anos, tem larga experiência de luta política, está incrustado no interior do Estado brasileiro e tem vinculações com movimentos sociais. Portanto, o PT é um partido que tem todas as garantias para se mobilizar para defender seus interesses, ou partidários ou da cúpula partidária, não importa".

Para o historiador da UFSCar, o risco não está presente, a aliança com o PMDB deve-se única e exclusivamente ao tempo de televisão para propaganda eleitoral. "O Lula sabe que tem uma candidata fraca, mas era a única candidata propensa a aceitar seu projeto pessoal, que é voltar em 2014. Dilma Rousseff só foi conhecida publicamente em 2003, quando nomeada para o Ministério das Minas e Energia".

Para Villa, o processo lembra um pouco o mexicano PRI: "No México o presidente indicava seu sucessor, só que lá era fácil porque as eleições eram fraudadas, aqui é mais complicado". O professor assinala que para um candidato com essas circunstâncias, uma das condições indispensáveis é o tempo da televisão. "Sem isso esse projeto teria dificuldades de ser viabilizado, daí a aliança com o PMDB".

E como o partido é uma federação de caciques, as alianças são com frações do partido, que considera frágil. "Você ganha o tempo na televisão . Se a candidata não decolar, as divisões estaduais vão abandonando a candidata. O segredo do PMDB é esse. Aliança com o PMDB é sempre isso, você compra mas não leva todo o pacote".

Acredita também o professor que apesar de ser presidente do partido e presidente da Câmara, Temer não é propriamente reconhecido por ser um hábil articulador político, capaz de fazer sombra, sendo vice, ao presidente. "O Temer foi o último colocado como deputado federal em São Paulo em 2006. O PMDB, dos 70 deputados, elegeu 4, e ele foi o último".

Villa considera, inclusive, que a força do deputado no partido, hoje, vem exatamente da perspectiva de ser eleito vice-presidente. Não se vislumbram, portanto, condições objetivas para o risco.

Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras

MG emperra a aliança entre Dilma e PMDB

DEU EM O GLOBO

Sem acordo com o PT nos palanques de vários estados, como Minas Gerais, o PMDB adiou para junho o anúncio de seu vice na chapa da petista Dilma Rousseff para disputar o Planalto. O PMDB quer o apoio a Hélio Costa para o governo de Minas, mas o PT tem candidato. O PP, partido da base de Lula, anunciou neutralidade na disputa.

Impasse em alianças estaduais faz PMDB adiar anúncio de vice de Dilma

Petista suspende convite que faria a Temer para integrar chapa

E PP, cortejado pelos tucanos, decide ficar neutro na disputa presidencial

Gerson Camarotti e Maria Lima

BRASÍLIA. Apesar de ter feito ontem forte ofensiva para manter os aliados em seu palanque, a pré-candidata petista a Presidência da República, Dilma Rousseff, viu os seus planos frustrados. Primeiro, foi informada de que o PP deverá mesmo ficar neutro na disputa presidencial. No início da noite, o PMDB, principal aliado governista, comunicou que cancelou o encontro que faria no dia 15 de maio para consolidar a aliança nacional do partido com o PT, o que só fará agora na convenção nacional de 12 de junho.

Dilma jantou ontem com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), para convidá-lo a ser o candidato a vice em sua chapa. Mas, pouco antes, o PMDB desmarcou o encontro do partido previsto para o dia 15. A alegação é que há ainda problemas regionais em 14 estados entre PMDB e PT. Entre as pendências, está o apoio do PT ao PMDB em Minas. O PMDB quer quer o apoio dos petistas a Hélio Costa, mas o PT escolheu Fernando Pimentel como candidato. Também há conflitos na Bahia, Pará, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Ceará.

- Ainda há muitos problemas entre PT e PMDB - reconheceu o vice-líder do governo no Congresso, senador Waldir Raupp (PMDB-RO), que quer o apoio dos petistas em Rondônia.

A primeira dificuldade de Dilma, ontem, ocorreu durante o almoço, quando o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), disse a ela que a tendência da legenda era ficar sem candidato presidencial, mesmo integrando o governo Lula. A campanha petista está preocupada com o avanço do PSDB na tentativa de atrair o PP.

No almoço com o PP, estavam o ministro das Cidades, Márcio Fortes (PP), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, além o deputado Antonio Palocci (PT-SP) e do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Dilma lembrou que o PP integrao governo e perguntou se ela e o PT podiam trabalhar para reverter os que estavam contrários à coligação. Segundo relatos, Dornelles disse que sim, mas alertou:

- Cuidado, porque, se pressionar muito e houver disputa na convenção, pode sair um resultado contrário - disse Dornelles, indicando que poderiam aprovar aliança com Serra.

PP consulta diretórios sobre adesão a petista

Dornelles afirmou que no último levantamento no PP, o apoio a Dilma tinha a adesão de 20 dos 27 diretórios regionais. Mas que esse levantamento foi feito em dezembro. O partido está fazendo nova consulta:

- Uma das características desse pleito é que a questão estadual é mais importante que a nacional. No PP, cada filiado é livre para conversar com quem quiser e desejar. Esse foi um almoço normal de presidente do partido com uma candidata, como também posso almoçar com a Marina (Silva) ou o (José) Serra - disse Dornelles.

- A tendência do partido é ficar neutro como ficou nas últimas eleições presidenciais. O que queremos é aumentar o numero de senadores e crescer nossa bancada na Câmara - disse o vice-presidente do PP, deputado Ricardo Barros (PR), que deve concorrer ao Senado.

- A prioridade é a eleição em Santa Catarina. Não tenho compromisso com a chapa nacional. Estarei próximo de quem for parceiro - disse a deputada Ângela Amin (PP-SC), candidata ao governo catarinense.

Na noite de segunda-feira, na reunião de integrantes do conselho político da campanha de Dilma com o marqueteiro João Santana, ficou claro que os aliados decidiram ignorar os erros da candidatura e esperar o grande trunfo petista: a entrada do presidente Lula na campanha. De acordo com os aliados, a expectativa é que Lula será o verdadeiro candidato e que terá condições de mudar o jogo assim que entrar, junto com os sindicatos. Eles avaliam que o presidente irá agregar, a partir de julho, 10 pontos na pesquisa.

- O grande diferencial será Lula e a militância, com os sindicatos 100% fechados com a campanha. Dilma terá que ser empurrada, ou rebocada. Nos primeiros 30 dias, Lula e a militância agregarão de 10 a 15 pontos de largada. Dilma crescerá com cenários que não dependem dela. Serra não, é ele sozinho - disse um integrante do comando da campanha.

- É possível que o presidente Lula se afaste para entrar na campanha de cabeça, mas primeiro ele quer sentir o desempenho de Dilma - disse o representante do PR, deputado Luciano Castro (RR).

No Ceará, disputa pelo Senado está complicada

A situação no Ceará está muito complicada por causa da disputa pelo Senado. O PMDB não quer um nome da própria base aliada concorrendo com o deputado Eunício Oliveira, presidente estadual do partido, escolhido para concorrer ao cargo.

A indicação do PT é o ex-ministro da Previdência José Pimentel. A intenção é impedir a reeleição do senador Tasso Jereissati (PSDB), para enfraquecer a oposição no Senado. A escolha desagradou ao governador Cid Gomes, que não endossou o nome do petista e só declarou apoio a Eunício.

Serra no RS, descontração e otimismo

DEU EM O GLOBO

Momentos de libido em alta

No RS, Serra diz que tesão ajuda a administrar; ao "CQC", que aprecia "pescoço de mulheres"

Sérgio Roxo e Márcia Abos Enviado especial

SANTA MARIA (RS) e SÃO PAULO. Em um discurso recheado de críticas ao PT, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem, em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul, que é preciso ter “tesão” para resolver os problemas que podem emperrar a continuidade do crescimento da economia brasileira.

— Vão me perguntar: você está pessimista? Não. Se couber a mim, podem estar certos que vamos enfrentar e manter o bom desempenho econômico.

Mas exige conhecimento, cuidados e muito tesão, muita vontade de consertar essa situação — disse Serra, em encontro do Fórum das Entidades Empresariais de Santa Maria.

Segunda-feira, confrontado com questões delicadas no humorístico “CQC”, da “TV Bandeirantes”, Serra já se mostrava confortável em temas picantes: falou sobre sua primeira vez, o gosto por “pescoços de mulheres” e traição. A entrevista, ao quadro “O povo quer saber”, foi na casa de Serra e respondeu perguntas dos telespectadores.

O tucano só se mostrou contrariado com uma pergunta sobre a exvereadora Soninha Francine e sobre que cargo ela teria em seu governo.

Serra disse não lembrar muito bem como foi sua primeira vez, nem sua segunda: — Olha, faz muito tempo, não lembro direito.

Mas lembro que queria ter um bom desempenho.

O tucano confessou ter “um certo medinho” de tomar injeção. Achou graça ao perguntarem se era um vampiro: — Aprecio muito pescoços de mulheres, mas não a ponto de morder para tirar sangue.

Perguntaram se Serra “já fez um rala e rola na areia”. Ele olhou para a equipe do programa, querendo saber o significado da expressão, e respondeu: — Acho que sim, mas faz tanto tempo que não lembro direito.

O tucano não respondeu se já teve uma relação extraconjugal, limitou-se a chamar a atenção do telespectador: — Mas que pergunta, hein? Como você é xereta, hein? A última pergunta foi qual das outras pré-candidatas, Marina Silva (PV) ou Dilma Rousseff (PT), Serra “pegaria”.

O tucano perguntou à equipe do “CQC” se Marina é casada. Depois de ouvir que sim, respondeu: — Não pegaria nenhuma das duas, até porque sou casado. E a Marina também. Seria uma confusão muito grande.

Um telespectador perguntou: — Se você for eleito, que cargo vai dar para a Soninha? — Qual Soninha? Eu tenho uma secretária Soninha. Tem a Soninha que era subprefeita, foi vereadora. Tem mais umas três ou quatro Soninhas. A pergunta é provocativa — reagiu.

Lembrando que Dilma já fez cirurgia plástica, um telespectador quis saber se Serra faria um implante capilar.

Ele disse que não.

— Não gosto de ser careca, mas não vou mudar meu rosto. Além do mais, não tem matéria-prima para fazer implante — brincou, mostrando as laterais de sua cabeça.

Em Santa Maria, Serra citou a taxa de juros como “a maior do mundo”; a carga tributária, “a maior dos países em desenvolvimento”; o baixo investimento em infraestrutura, a “segunda menor taxa de investimentos governamentais em proporção ao PIB”; e o déficit nas contas externas como “problemas sérios” que podem interromper o ciclo de crescimento do país.

Serra disse que o PT ao chegar ao poder tirou proveito de conquistas, como a Constituinte, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e o Plano Real, criticadas pelos integrantes da sigla no momento da implantação.

Sobre a batalha judicial de representações entre PT e PSDB no período de pré-campanha eleitoral, respondeu que há transgressões nos dois lados da disputa, mas disse que são desiguais: — Não há essa igualdade em ambos os lados em matéria de transgressão (à legislação eleitoral). Seria injusto dizer que, no atacado, estamos fazendo o mesmo tipo de coisa.

Serra ganha mais 22s de tempo na TV

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Aliança com PSC, da base aliada de Lula, deixa acordos estaduais de fora e exclui apoio a Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal

Christiane Samarco

BRASÍLIA – O PSC fechou aliança nacional com o PSDB para apoiar a candidatura do tucano José Serra à Presidência, sem dar chances à petista Dilma Rousseff para qualquer apelo em contrário. Foi o que o presidente do PSC, pastor Everaldo Pereira, comunicou ontem ao presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

A coligação só será oficial após passar pelo crivo da direção do Partido Social Cristão. Na conversa com Guerra, porém, o pastor Everaldo assegurou que a Executiva Nacional do PSC está decidida a apoiar Serra.

Com isso, o tucano passa a contar com mais 22 segundos em cada um dos dois blocos diários do programa eleitoral gratuito no rádio e na TV. Além de ganhar o tempo do PSC, Serra evita que a adversária petista incorpore a seu tempo de propaganda eleitoral os segundos de um partido aliado do presidente Lula.

Um dirigente do PSDB afirma que a negociação com o partido da base lulista não incluiu palanques estaduais e que o acordo não estabeleceu condições. A tradução eleitoral do acerto é que o PSC não condicionou o apoio a Serra ao apoio à candidatura de Joaquim Roriz ao governo do DF.

A notícia agradou setores do tucanato que querem Roriz fora do palanque de Serra, por conta de denúncias de corrupção. Setores mais pragmáticos do partido argumentam que a parceria com Roriz pode render a Serra cerca de 1 milhão de votos na periferia de Brasília.

Na maior parte dos Estados, o PSC está aliado aos tucanos e a direção partidária avalia que esse é o melhor caminho para o crescimento da legenda no País.

"Tesão". Em discurso a empresários e líderes comunitários de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Serra disse ontem que enfrentará os problemas econômicos do País com "muito tesão". Segundo ele, o que foi feito até agora dá ao Brasil "boas condições" de garantir o crescimento para o futuro, mas apontou alguns problemas que ainda persistem, segundo sua ótica.

Entre eles, citou o superávit comercial em declínio, enquanto o Brasil precisa de investimentos do exterior. "É um assunto que tem de ser enfrentado." Para Serra, a questão da infraestrutura precisa de solução urgente. Por fim ponderou que a União faz poucos investimentos, deixando 70% deles para Estados e municípios que, por lei, não podem fazer déficit. Ele já havia criticado o tratamento dado pelo governo federal à saúde, segurança e educação.

"Acho sinceramente que dá pra gente enfrentar. Se couber a mim, pode estar certo que vamos manter o bom desempenho econômico, mas exige conhecimento, cuidados e tesão, muita vontade de consertar essa situação."/ COLABOROU EVANDRO FADEL, ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA

PP deve ficar neutro na corrida presidencial

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Eugênia Lopes, Vera Rosa

BRASÍLIA – Nem Dilma, nem Serra. A tendência do PP é ficar neutro nas eleições sem se coligar formalmente com a candidata do PT à Presidência ou com o tucano José Serra.

Na tentativa de atrair o partido do deputado Paulo Maluf (SP), Dilma Rousseff entrou ontem na operação política, sem resultado. Um fato, porém, animou os petistas: diminuíram as chances de o PP apoiar o PSDB depois que a parceria entre os dois partidos naufragou no Rio Grande do Sul. "Até a última semana de maio, vamos ter um posicionamento de todos os Estados sobre a aliança nacional" , afirmou o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ).

Cortejado para a vaga de vice na chapa de Serra, Dornelles almoçou ontem com Dilma, acompanhado do ministro das Cidades, Márcio Fortes, o único representante do partido na Esplanada.

"O importante é que a direção do PP autorizou seus integrantes a continuarem no conselho político da campanha de Dilma e a reforçarem os comitês de apoio a ela", disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Levantamento preliminar feito pelo PP indicou a preferência do partido pela candidatura de Dilma com 20 Estados favoráveis à petista e sete pró-Serra.

Minas. Dilma jantou ontem com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para vice em sua chapa. Hoje, PT e PMDB se encontram na Câmara. A reunião terá as presenças do senador Hélio Costa (PMDB), candidato ao governo mineiro, e do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), um dos coordenadores da campanha de Dilma.

Serra receita "tesão" na economia, mas nega "virada de mesa"

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Tucano critica "entraves" ao crescimento, como câmbio, juros e deficit externo, mas promete solução "gradual"

Tucano aproveita giro pelo Rio Grande do Sul para fazer críticas ao MST e costurar apoios do PMDB e do PP no Estado à sua candidatura


Catia Seabra
ENVIADA ESPECIAL A SANTA MARIA (RS)
Graciliano Rocha
DA AGÊNCIA FOLHA EM SANTA ROSA (RS)

O candidato do PSDB e líder da disputa pela Presidência, José Serra (PSDB), disse ontem que não pretende "virar a mesa" na economia, mas apontou "entraves" ao crescimento do país: deficit externo, alta taxa de juros, carga tributária e a carência de investimentos.

As críticas foram sempre pontuadas com ponderações, para não dar margem a críticas do governo e do PT. Ele disse que não está pessimista e que dá para "enfrentar" esses problemas mantendo um bom desempenho econômico.

"Exige conhecimento, cuidados e muito tesão, muita vontade de consertar a situação", discursou, durante almoço em Santa Maria, parte de seu roteiro no Rio Grande do Sul.

Serra disse que a questão do câmbio tem de ser "enfrentada", mas negou que vá fazer mudanças radicais: "Ajudei a botar a mesa de pé no Brasil. Não vou virar a mesa. Mas temos que ter consciência de que esse [o câmbio] é um problema e ver as formas de enfrentamento gradual e responsável".

Repetindo que não aposta "no quanto pior melhor", Serra reconheceu avanços no governo Lula. "Isso é uma coisa. Outra é achar que o Brasil está pronto ou não tem problemas."

Questionado se tanto ele quanto Dilma Rousseff (PT) teriam antecipado a campanha, Serra admitiu que a lei eleitoral cria um "hiato" entre a desincompatibilização e o início da corrida sucessória.

Ele disse que "não tinha ideia a respeito de ajuda" de administrações tucanas ao evento evangélico do qual participou no sábado, Santa Catarina, mas que, se soubesse, "provavelmente não teria deixado de ir". "Não houve nenhum uso [eleitoral]. Eu não disse nada a respeito da eleição diretamente".

MST

Em outro evento, em Santa Rosa, Serra disse que o MST usa a reforma agrária como pretexto para "invasões políticas" e afirmou que, se eleito, vai cortar as fontes de financiamento federal do movimento.

As declarações foram dadas quando o tucano visitava a 18ª Fenasoja (Feira Nacional da Soja), um dos principais eventos do agronegócio gaúcho.

"Tem financiamento indireto na esfera federal, isso é óbvio", disse, numa referência aos convênios que permitem ao governo repassar verbas para cooperativas ligadas ao MST.

Palanque duplo

Serra deixou claro que subiria "com muito gosto" em dois palanques no Estado, deixando claro que a governadora Yeda Crusius (PSDB), desgastada após uma crise política, não terá exclusividade. Ele negocia ter o apoio do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), adversário da tucana.

Além do PMDB, investiu sobre o PP gaúcho. "Temos interesse em compor com o PP, inclusive no cenário nacional. Precisamos desses segundos", orientou, numa roda.

Serra troca afagos com PMDB gaúcho

DEU NO ZERO HORA (RS)

Pré-candidato do PSDB à Presidência recebeu elogios do prefeito de Santa Maria e retribuiu com aceno a José Fogaça

Em sua primeira incursão em terras gaúchas como pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra conversou com eleitores e trocou afagos e elogios com peemedebistas do Estado – ainda que o partido, formalmente, deva integrar a aliança da principal adversária, Dilma Rousseff (PT). O tucano, que passará hoje por Porto Alegre, foi recebido com entusiasmo em Santa Maria.

Além de líderes do PSDB gaúcho, esperava por ele na pista do aeroporto da cidade o prefeito santa-mariense Cezar Schirmer (PMDB). Em almoço com autoridades e empresários locais, Schirmer chamou Serra de “querido presidente”, corrigindo o tratamento em seguida para “querido amigo”. O peemedebista não poupou elogios ao ex-governador paulista:

– Serra é homem dotado de experiências indiscutíveis para ser presidente da República.

Serra disse ter “muito tesão” para enfrentar problemas

Em um discurso de 53 minutos, o tucano afirmou que o país construiu uma boa base para seguir na trilha do crescimento e disse estar com “muito tesão” para enfrentar os problemas econômicos do país.

Em seguida, a bordo de uma van, Serra foi para o calçadão principal da cidade para cumprimentar eleitores.Sobre as chances de reeleição da governadora Yeda Crusius (PSDB), Serra se esquivou de comentar, mas no que se refere a um possível apoio do candidato do PMDB, José Fogaça, disse:

– É óbvio que eu gostaria de ter uma grande proximidade na campanha.

Depois de Santa Maria, Serra esteve em Santo Ângelo e Santa Rosa, onde visitou a Fenasoja. Nas duas horas em que esteve na feira, Serra criticou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e voltou a tirar fotos e a brincar com eleitores. Preocupado em não fazer campanha antecipadamente, Serra criou novo significado para o gesto do “v” da vitória:

– Isso quer dizer viva a soja.

Às vésperas de anunciar a decisão, Jarbas elogia Serra

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Antes de anunciar amanhã sua decisão, se disputa ou não o governo do Estado, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) conversa, hoje, em Brasília, com o senador Sérgio Guerra (PSDB), mais uma vez. Ontem, eles se reuniram, na sede do PSDB, para buscar o consenso sobre a composição da chapa majoritária das oposições. Quando saiu, Jarbas disse à Agência O Globo que não estaria animado para enfrentar as urnas, mas, ao mesmo tempo, reconheceu que essa é uma missão. “Se depender de mim, não sou candidato. Mas na política as coisas não são assim”, desabafou. Nos bastidores, comenta-se que a opinião do tucano não mudou. Teria desistido de vez de renovar o mandato e reeditar a chapa de 2002, como Jarbas pretendia.

Guerra prefere lançar sua pré-candidatura a deputado federal. Assim, poderá ser o coordenador-geral da campanha do presidenciável José Serra (PSDB). E participar ativamente da sucessão estadual.

Para motivar Jarbas, Serra disse que Pernambuco é uma prioridade. Por isso, precisa de um palanque no Estado. Jarbas revelou à Agência O Globo que está confiante com os rumos da pré-campanha de Serra. “Estamos assistindo a uma campanha sem erros. O PT não esperava por isso. Ele foi surpreendido pela postura impecável de Serra”, falou. Segundo Jarbas, “se o vento soprar muito para Serra”, a dissidência no PMDB vai aumentar – a legenda está no palanque da presidenciável Dilma Rousseff (PT).

Politicamente, Jarbas não conta com o apoio de nenhuma máquina pública forte. Os governos federal, estadual e do município do Recife estão ao lado do governador Eduardo Campos (PSB), que trabalha para ficar mais quatro anos no Palácio. Em função disso, financeiramente, não será fácil conseguir “estrutura” para enfrentar o atual chefe do Executivo estadual. No entanto, em 2006, Eduardo começou sua trajetória vitoriosa fazendo comícios em cima de um caixote e caminhando sozinho nas comunidades.

No caso de Jarbas aceitar a “missão”, resta saber quem vai substituir Guerra na majoritária. Um grupo defende que a vaga para o Senado permaneça com os tucanos. Outro, que o PSDB abra espaço para uma segunda legenda, já que o seu líder maior desistiu. O problema é encontrar alguém que tenha boa votação.

Guerra ainda precisa convencer Jarbas de que vai “segurar” os seus prefeitos. Muitos deles já desembarcaram no palanque de Eduardo. Tudo ainda está no campo das especulações. Até porque Jarbas, se for candidato, não vai anunciar amanhã a majoritária completa, como se previa. Com isso, teoricamente, a oposição tem tempo para encontrar uma alternativa.

Gabeira é Marina, PSDB/PPS/DEM apoiam Serra

DEU NO JORNAL DO BRASIL

Por telefone, Marina pede que Gabeira explique mal entendido

A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, cobrou terça-feira explicações do deputado Fernando Gabeira, pré-candidato da legenda governo do Rio de Janeiro. Logo após de formalizada a coligação PV-PPS- DEM-PSDB, foram veiculadas notícias de que Gabeira apoiaria, no primeiro turno, os dois candidatos à sucessão presidencial das legendas: ela e o tucano José Serra. Terça-feira, em seu blog, o pré-candidato verde fez questão de negar a informação.

Alguns jornais online afirmam que apoiarei as candidaturas de Marina e Serra no primeiro turno e se equivocam. O acordo feito em nível nacional e estadual era de que apoiaria Marina e a coligação dos três partidos apoiaria Serra (...). Sou candidato da coligação no sentido de que não farei distinção entre candidatos a cargos proporcionais do PV e dos partidos aliados escreveu Gabeira.

Gabeira explicou que, em função da coligação, o tucano José Serra deverá aparecer em seu programa eleitoral. Mas apenas para pedir votos ao verde. Uma coisa é ele pedir votos para mim. O contrário não vai ter, garantiu.

Sirkis diz que está tudo bem

Afirmando que a candidatura de Marina Silva está sendo alvo de um conluio de setores da imprensa que querem a bipolarização da sucessão presidencial, o presidente do PV no Rio de janeiro, Alfredo Sirkis, também recorreu à internet para evitar rusgas na relação entre os pré-candidatos da legenda.

O Gabeira não falou que apoiaria o Serra, eu estava ao lado dele. Não falou e nem falaria.

Ele apoia a Marina destacou. O que aconteceu foi uma pegadinha: perguntaram para ele se ele recusaria apoio de Serra, e ele disse que não atestou.

Sirkis garante que no encontro para formalizar a coligação entre os partidos, o tema eleição presidencial não foi debatido.

Menos ainda falou-se sobre segundo turno. Até lá, muita água vai rolar e a Marina tem todas as condições para estar nele. Já liquidaram o Ciro (Gomes), mas não vão fazer isso com a Marina, porque ela tem o apoio do partido disparou.

Na coligação formada na chapa de Gabeira, a candidata do PV ao Senado, Aspásia Camargo, foi excluída. Ela vai concorrer à vaga, mas de maneira isolada. Com isso, terá menos tempo na propaganda eleitoral. Os candidatos oficiais de Gabeira serão o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) e o advogado Marcelo Cerqueira (PPS).

Gabeira diz que estará só com Marina

DEU EM O GLOBO

Verde agora afirma que não fará campanha para Serra no Rio; tucanos insistem no palanque duplo

Cássio Bruno e Rafael Galdo

Mal resolveu o imbróglio em torno do nome do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) na disputa pelo Senado, a coligação formada por PV-PSDB-DEM-PPS está envolvida em outra polêmica. Ontem, a direção nacional do PV divulgou nota dizendo que o apoio de Gabeira no Rio será exclusivo para a candidata do PV ao Planalto, Marina Silva, e não dividido com o tucano José Serra. Subindo o tom da discussão na nota “Gabeira apoia Marina e só Marina”, o partido diz ser “totalmente descabida a afirmação atribuída ao ex-deputado Márcio Fortes” de que Gabeira apoiaria os dois candidatos à Presidência.

Gabeira agora nega que fará campanha do tucano e afirma que caminhará apenas com Marina.

Mas o provável vice da chapa, Márcio Fortes (PSDB), insiste que o deputado pedirá votos para Serra e Marina.

Gabeira tenta acalmar os ânimos e, apesar da divergência, diz não haver crise na coligação.

Segundo ele, suas negociações com os tucanos foram cristalinas: para que ele faça campanha com Marina, e para que o PSDB, o PPS e o DEM apoiem Serra. Anteontem, porém, após um encontro das legendas para formalizar a pré-candidatura do verde, Fortes afirmara que Gabeira faria campanha para ambos. E o próprio Gabeira havia dito que os dois presidenciáveis estariam na convenção da aliança, em junho.

Um dia depois, no entanto, o deputado desmentiu o palanque duplo, suposição que gerou respostas da campanha de Marina e do PV.

— Serei candidato da coligação.

Mas o entendimento é de que farei a campanha da Marina.

O vice e os outros três partidos (PSDB, PPS e DEM) fazem para o Serra — disse Gabeira.

— Uma vez superado esse problema com o Cesar Maia, estão tentando que entremos numa outra crise. Só que esta não existe.

Gabeira teria telefonado ontem para Marina para dar explicações sobre o episódio.

Fortes repetiu o discurso de que Gabeira “não é candidato do PV, mas de uma coligação” que tem dois postulantes à Presidência.

Para o ex-deputado, independentemente dos acertos iniciais, apenas o curso da campanha vai mostrar o comportamento dos candidatos: — Pela primeira vez, temos uma coligação que apoia dois candidatos à Presidência. Por isso, são comuns as dificuldades iniciais— disse Fortes.

Alfredo Sirkis, presidente regional do PV, afirmou que, pelo que foi decidido, Serra apoia Gabeira, mas não há reciprocidade.

E acrescentou que as afirmações de Fortes provocaram constrangimento.

— Evidente que cria um mal-estar. Mas não é um problema do arco da velha, sem solução — disse Sirkis. — Claro, no entanto, que os tucanos têm interesse de gerar essa ambiguidade (sobre o apoio de Gabeira).

Câmara dá 7 ,7% a aposentados e decisão de vetar será de Lula

DEU EM O GLOBO

A Câmara aprovou reajuste de 7,7% para aposentados que ganham acima do mínimo e o fim do fator previdenciário - que retarda aposentadorias precoces. O impacto na Previdência é de R$ 15 bilhões. O reajuste era de 6,14%, e o governo avisara que aceitaria 7%. Antes da votação, o ministro Paulo Bernardo reafirmou que o governo vetaria um valor "insuportável". Mas, em ano eleitoral, todos os partidos da base e da oposição votaram a favor. O PT liberou a bancada. O governo deve perder no Senado e o ônus do veto será de Lula.

Um rombo para Lula administrar

Câmara aprova 7,7% para aposentados, criando impacto estimado em R$ 15 bilhões

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - Em uma das maiores derrotas políticas do governo Lula, a Câmara aprovou ontem dois projetos que ampliam o rombo nas contas da Previdência: o reajuste de 7,7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo, retroativo a janeiro; e o fim, a partir de 2011, do fator previdenciário, em vigor desde 1999 como mecanismo de cálculo para retardar aposentadorias precoces.

Sob aplausos, a proposta de reajuste de 7,7% foi apoiada por todos os partidos, da base aliada e da oposição.

Nem o PT ficou ao lado do governo, preferindo “liberar” a bancada. O governo era contra o aumento, aceitando um reajuste máximo de 7%. A medida provisória 475, em vigor desde janeiro, fixava em 6,14% o aumento dos aposentados nessa faixa. Em ano eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante da previsão de rombo, deverá se ver obrigado a vetar o texto.

No Senado, a maioria dos partidos também já avisou que vai aprovar os 7,7%. Ao longo das negociações, que duraram meses, Lula ameaçou vetar aumento superior a 7%, mesmo diante da possibilidade de um desgaste político em ano eleitoral. O aviso de que Lula vetará um reajuste “insuportável” para as contas da Previdência foi reforçado ontem pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo: — Sei que o presidente Lula já me disse que, se o índice exorbitar muito o acordo, ele vai vetar.

Relator da MP 475, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ficou isolado na defesa de um reajuste de 7%. Segundo dados do próprio governo, o aumento de 7,7% causará um rombo adicional ao INSS de pelo menos R$ 1,6 bilhão em 2010, em comparação aos R$ 6,7 bilhões que custam os 6,14%, que já são pagos desde janeiro.

“Um pepino para ir ao Senado”

Vaccarezza criticou o comportamento dos colegas. Para ele, o resultado foi influenciado pela eleição. Ele estimou em R$ 15 bilhões em 2010 o impacto nas contas da Previdência das duas medidas aprovadas ontem.

— Estamos com esse pepino para ir ao Senado. É tão absurdo. O impacto vai ser de R$ 15 bilhões. Não é valor, chama-se eleição.

O destaque aprovado, prevendo os 7,7%, foi apresentado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, e aliadíssimo de Lula e da presidenciável petista Dilma Rousseff. O aumento será retroativo a janeiro, quando o benefício começou a ser pago, e é o resultado da concessão da inflação do período mais 80% do PIB de 2008.

A MP 475 havia fixado como grande conquista para os aposentados os 6,14%, que eram o resultado da inflação do período mais 50% do PIB. O governo argumentou que já tinha dado, pela primeira vez, reajuste acima da inflação, que foi de 2,55% dos 6,14%.

Mas desde fevereiro, os aposentados e seus defensores no Congresso estão em intenso lobby por reajuste maior.

Ontem, os aposentados ocuparam mais uma vez as galerias do plenário, depois de fazerem uma passeata pela Esplanada dos Ministérios.

— Todos votaram a favor dos 7,7%, e tenho certeza de que o Senado vai votar isso por unanimidade. E tenho certeza de que o presidente Lula não vai vetar. O governo vai se dar conta do componente político — disse Paulo Pereira da Silva.

Maior bancada da Câmara, o PMDB foi fundamental para a costura do acordo em torno dos 7,7%.

— Com muito orgulho, votamos em 7,7% — disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que já tinha informado que acompanharia a posição do PMDB no Senado, que antecipara compromisso com esse percentual.

Na barulhenta votação na Câmara, coube ao deputado José Genoino (PT-SP) encaminhar o voto pelo PT.

Ele disse que acompanhava o líder do governo, contra os 7,7%, mas que liberava a bancada.

Temor sobre Espanha derruba bolsas

DEU EM O GLOBO

Os rumores de que a crise da Grécia teria contaminado a Espanha e de que já estaria sendo elaborado um pacote de socorro de € 280 bilhões derrubaram os mercados globais. A Bolsa de Madri caiu, 5,41% e em Atenas, 6,68%, enquanto em Nova York a queda foi de 2,02%. No Brasil, a Bovespa recuou 3,35% e o dólar subiu 1,66%, para R$ 1,761. O euro perdeu 1,52% frente ao dólar. O presidente do governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, desmentiu os rumores, classificando-os como "absoluta loucura".

Ameaça agora vem da Espanha

Rumor de que Madri receberia socorro de G 280 bi derruba bolsas mundiais. FMI desmente

Bruno Villa Bôas*
NOVA YORK, BRUXELAS e RIO

Os mercados viveram ontem um dia de caos arrastados por rumores de que a crise fiscal da Grécia teria contaminado a Espanha e que inclusive já estaria sendo elaborado um pacote de ajuda de C 280 bilhões ao governo de Madri. O impacto no mercado e o pânico dos investidores levaram o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, a desmentir os rumores, classificando-os como uma “absoluta loucura”. Mesmo assim, o euro caiu pela primeira vez desde abril de 2009 para abaixo de US$ 1,30, e os principais índices de ações de Europa e EUA despencaram.

Também pesou nos mercados as incertezas sobre a sustentabilidade do plano de corte de custos anunciado pelo premier grego, George Papandreou, e até mesmo a dúvida se o pacote de C 110 bilhões à Grécia, aprovado no fim de semana pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), será suficiente para evitar o colapso da economia do país.

A Bolsa de Madri caiu 5,41% e em Atenas, a queda foi de 6,68%. Frankfurt, principal pregão da Europa, recuou 2,60%. A crise europeia repercutiu do outro lado do Atlântico e o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, teve queda de 2,02%, para 10.926,77 pontos, sua menor pontuação desde 7 de abril. No Brasil, a Bolsa recuou 3,35%. Já o euro perdeu 1,52% frente ao dólar, fechando a US$ 1,2991.

Impacto em bancos europeus preocupa

Apesar de a situação fiscal da Espanha ser ligeiramente melhor do que a Grécia, a economia espanhola tem um peso muito maior para a Europa e para o mundo. Enquanto o PIB grego é de apenas US$ 342 bilhões, o espanhol é de US$ 1,47 trilhão e, considerando a paridade do poder de compra, o país é a 12amaior economia mundial. A dívida pública da Espanha hoje supera o meio trilhão de euros, contra C 273 bilhões do endividamento grego e, por isso, se Madri precisar de socorro, a ajuda terá que ser significativamente maior.

Em uma entrevista, o espanhol Zapatero mencionou os rumores de contágio grego na economia espanhola e do suposto pacote de ajuda ao país: — Falaram-me desse boato, e a verdade é que não dou ouvidos. É uma absoluta loucura — afirmou Zapatero. — O que me preocupa é que um boato dessa natureza, que é um despropósito descomunal, provoca um efeito imediato nas nossas bolsas. É intolerável e causa prejuízo à Espanha.

Horas mais tarde, o FMI também desmentiu um suposto resgate da Espanha.

— Não há qualquer verdade nesses boatos — disse o porta-voz do Fundo, Bill Murray.

As agências de classificação de risco Fitch e Moody’s, por sua vez, desmentiram outro rumor que rondou os mercados, de que rebaixariam o rating da Espanha.

Um porta-voz das duas agências disse que elas manterão a nota AAA para o país, mas acrescentou que não especula sobre o futuro.

Para analistas, um agravamento da crise espanhola desestabilizaria a economia europeia.

— Se houver de fato um risco para a Espanha, isso afetará todos os bancos multinacionais — disse Uri Landesman, presidente do Platinum Partners.

— O que está acontecendo na Europa eventualmente vai terminar em calote — disse, por sua vez, Jeffrey Saut, chefe estrategista da corretora Raymond James. — Eles colocaram um band-aid na situação, e eu acho que vai ser muito ruim para o complexo bancário europeu.

Embora os outros 15 países da zona do euro e o FMI tenham concordado conceder à Grécia C 110 bilhões num período de três anos, os investidores veem com ceticismo a aplicabilidade do plano de austeridade anunciado por Atenas. Ontem, centenas de manifestantes gregos tomaram as ruas da capital grega para protestar contra as medidas de corte de custos, que incluem o congelamento de salários e aumento de impostos, para cortar os gastos em C 30 bilhões até 2012. Várias categorias profissionais, sobretudo do setor público, iniciaram greves de 48 horas em todo o país. Hoje, entram em greve trabalhadores de transportes públicos.

Já manifestantes do Partido Comunista grego estenderam uma faixa gigantesca, com os dizerem em inglês: “Povo da Europa, erga-se”, no Pathernon, no topo da Acrópole de Atenas, o mais famoso monumento do país, para protestar contra as políticas defendidas pela UE e o FMI. A polícia não inteveio.

— Essa é uma mensagem para o povo da Europa — disse Panagiotis Papageorgopoulos, dirigente do Partido Comunista, referindo à faixa na Acrópole. — As pessoas estão vivendo o mesmo problema em todos os lugares.

Podemos assumir o controle de nosso destino com protestos organizados, de modo que nossas vidas não sejam dirigidas pela UE e o FMI.

Bancos e seguradoras alemãs prometeram reforçar o socorro à Grécia, principalmente mantendo abertas linhas de crédito para os bancos gregos.

Os bancos também concordaram em comprar títulos emitidos pelo banco estatal alemão KfW, que vai participar diretamente do socorro, como forma de financiar o resgate. O anúncio foi feito em coletiva da qual participaram o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, e o diretorexecutivo do Deutsche Bank, Josef Ackermann.

‘Commodities’ caem e Bovespa perde 3,35%

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 3,35%, aos 64.869 pontos pelo Índice Bovespa (Ibovespa), influenciada pela crise europeia e também pela queda de 3,37% nas ações PN da Petrobras. Com isso, a Bolsa recuou ao menor patamar desde 24 de fevereiro. O aumento da aversão ao risco elevou o dólar em 1,66%, para R$ 1,761. Foi a maior alta do dólar em três meses.

— A situação é preocupante. A Espanha precisará honrar o pagamento de C 24 bilhões em títulos em julho e ainda lida com uma taxa de desemprego acima de 20% — disse Leonel Pitta, da Lopes Filho & Associados.

No setor de commodities, o dia foi ainda de ajustes ao aperto monetário da China, que anteontem anunciou um aumento nos compulsórios bancários do país. Recuaram Vale PNA (4,85%), MMX ON (5,50%) e CSN ON (5,04%).

Dos 63 papéis que compõem o Ibovespa, apenas Braskem (1,41%) e Ambev (0,87%) fecharam em alta.

Segundo Fabio Silveira, da RC Consultores, a tendências das commodities permanece de instabilidade nos próximos meses.

— Pequim deve promover novas medidas para desacelerar a economia da China para evitar uma aceleração da inflação.

(*) Com “New York Times”, “El País” e agências internacionais

"Ó o auê aí, ó" :: Vinicius Torres Freire

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Crise greco-europeia afeta Bolsas, que "desabam", e chama a atenção "pop". Mas o que entendemos disso tudo?

O TUMULTO europeu ficou mais "pop" ontem. Meios de comunicação "pop" puderam tratar da crise de modo "gráfico", para usar o anglicismo e até porque TVs e on-lines puderam publicar aquelas ilustrações com bandeirinhas nacionais e setas para baixo, a indicar a queda de cada mercado, sob o título "Bolsas desabam".

Mas crises do gênero sempre serão incompreensíveis para a maioria dos cidadãos, que mal entendem o que sejam Bolsas, muito menos porque elas "desabaram pelo mundo" devido à pindaíba da obscura Grécia.

Talvez alguns noticiários fossem mais prestantes se dissessem apenas, como o surfista carioca da piada, "ó o auê aí, ó" ("olha o auê aí, olha": "deu confusão"). Ou, como meteorologistas, "frente fria deve provocar chuvas e trovoadas", embora tampouco saibamos bem o que sejam frentes frias. Ou se vai chover.

Foi mais ou menos assim também na crise financeira iniciada em 2008, que passou a causar alguma sensação quando "Bolsas desabaram pelo mundo", crise que no entanto nada tinha a ver, a princípio, com o valor das ações em Bolsas.

E daí? O que isso teria a ver com economia? Não tem a ver. Tem a ver com política. Como habitantes de cidades remotas das Províncias de antigos impérios, apenas sentimos bestificados o efeito de decisões inaudíveis ou incompreensíveis tomadas em Roma, Persépolis, Constantinopla ou Alexandria. A consciência vem tarde, apenas quando as hordas inimigas nos atropelam.

Os governos das Províncias que habitamos -Beócia, Capadócia ou Brasil- reagem como podem, quando podem, e mistificam a patuleia, nós, tentando faturar como obra sua o vento da sorte ou se absolvendo do tsunami de más novas, ambos vindos do exterior. Quando em campanha eleitoral, tratam de tampar a última réstia de luz, furtando o público da discussão das medidas que ainda podem ser tomadas autonomamente pelas Províncias. Sobrou pouco a fazer, e nem isso discutimos.

Mudanças geopolíticas, como a entrada na China na Organização Mundial do Comércio e o "segundo grande salto capitalista adiante" decidido pelo Politburo chinês, acabaram por inflacionar o preço dos nossos recursos naturais e nos permitir alguns anos de largueza de consumo e aumentos de salários.

Aqui, isso aparece como "governo de sicrano criou 10 milhões de empregos", como se nada tivesse dependido das decisões do Império do Oriente, o chinês. E como se, de resto, governos "criassem" empregos.

No Império do Ocidente, os EUA, as elites americanas debatem as liberdades da grande banca de criar intricados produtos financeiros que levaram o mundo à breca em 2008, além da liberdade de manipular mercados com esses monstrengos.

Trata-se do famoso caso dos CDOs do Goldman Sachs, produtos financeiros montados a partir de seguros de crédito cujo valor dependia de pacotes de dívidas imobiliárias securitizadas. Não, não é para entender. Mas é isso que faz o mundo rodar, nos dois sentidos de "rodar".

Podemos saber em "tempo real" de detalhes da crise dos derivativos, da dívida grega ou da política monetária chinesa, que definem mais nossa vida que as "rebolations" de Serra ou de Dilma. Mas não adianta nada.

Honduras divide Unasul e ameaça cúpula de Madri

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Correa diz que, além de Lula, outros presidentes de países do bloco podem boicotar reunião com europeus por causa de convite a líder hondurenho

Ariel Palacios, Marina Guimarães
ENVIADOS ESPECIAIS/ CAMPANA

O presidente do Equador, Rafael Correa, declarou ontem que "não se pode ocultar o mal-estar majoritário" com o convite da Espanha para que o novo líder de Honduras, Porfirio Lobo, participe da cúpula de países da União Europeia e da América Latina. "Muitos presidentes da Unasul podem não comparecer (ao encontro que começa no dia 18, em Madri)", alertou Correa, que ocupa a presidência rotativa da União das Nações Sul-Americanas.

"Em Honduras há um conflito latente. O país está fora do sistema latino-americano. É uma leviandade convidar um governo que não é reconhecido por outros países", disse Correa, ao lado da presidente argentina, Cristina Kirchner.

Fontes diplomáticas envolvidas com a reunião em Campana revelaram ao Estado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou aos colegas da Unasul que não pretende comparecer à cúpula de Madri, caso Lobo esteja presente.

As mesmas fontes indicaram que o presidente chileno, Sebastián Piñera, apresentou uma proposta conciliadora. Ele teria concordado com Lula sobre Lobo, mas sugeriu que não era conveniente continuar criticando o novo presidente hondurenho por seu passado, mas sim "olhar para frente". Segundo as fontes, apenas Colômbia e Peru não seguiriam a posição de Lula.

Lobo tomou posse em janeiro, mas a maioria dos países da Unasul não reconhece sua eleição, que ocorreu após a destituição do presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho.

Segundo Correa, Lula apresentou uma moção para que Zelaya possa voltar ao país e ter restituída a totalidade de seus direitos políticos. O líder equatoriano, que mantém uma relação tensa com a imprensa, propôs ? e obteve respaldo ? que jornalistas fossem impedidos de acompanhar boa parte da reunião da Unasul.

A organização sul-americana também criticou a criminalização de imigrantes ilegais no Estado do Arizona, nos EUA. Segundo a Unasul, a lei permite a detenção de pessoas por considerações raciais e idiomáticas e pode legitimar atitudes racistas.

A Unasul também manifestou sua "solidariedade" ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que enfrenta nas últimas semanas uma escalada de ataques da suposta guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP), que atua em cinco regiões do país - hoje, sob estado de exceção.

Segundo a Unasul, a "violência criminosa" ameaça a população e o Estado paraguaio. A organização ressaltou que respaldará as medidas tomadas por Lugo "dentro do respeito aos direitos humanos e os valores democráticos".

Encontro bilateral. Depois do encontro da Unasul, Lula foi para Montevidéu, onde se reuniu com o presidente uruguaio, José Mujica. Ambos discutiram acordos nas áreas de transporte e energia e anunciaram que estudam o uso das moedas locais no comércio bilateral. / COLABOROU ELDER OGLIARI, DE MONTEVIDÉU

Ação do Planalto faz País perder chance de pôr fim a impasse

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Roberto Lameirinhas

A ameaça do presidente Lula de não comparecer a uma reunião de cúpula na Espanha, caso o hondurenho Porfirio "Pepe" Lobo seja convidado, deve pôr o Brasil de novo na contramão de União Europeia e EUA, que se dispõem a reinserir Honduras no sistema internacional.

No Itamaraty, não são poucos os que defendem a revisão da posição sobre o país - pobre e de reduzida importância geopolítica. Lobo, desde o golpe contra Manuel Zelaya, manteve-se discreto, evitou defender publicamente o regime de facto de Roberto Micheletti e ganhou a eleição de forma limpa, ainda que sob a égide do regime de facto.

A eleição teria sido o pretexto ideal para pôr fim à crise. Aparentemente, porém, o Planalto assumiu a condução diplomática do tema, negando o reconhecimento sob o argumento de que isso incentivaria novos golpes na região.

Ahmadinejad agradece a Lula por apoio

DEU EM O GLOBO

Presidente iraniano diz não ter medo de sanções e afirma que isolamento fortaleceu o país

Marília Martins / Correspondente

NOVA YORK. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu ontem que a aprovação de sanções contra o Irã na ONU vai desmoralizar as intenções de Barack Obama em mudar a imagem americana no Oriente Médio e acabar com esperanças de sucesso da política dos Estados Unidos no Iraque, no Afeganistão e na Palestina. Ahmadinejad reuniu um pequeno grupo de correspondentes internacionais para dizer que não teme o agravamento de sanções e agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além do premier turco, Recep Erdogan, pelos esforços de negociar uma saída para o impasse atual: — O presidente Lula e o primeiroministro da Turquia têm sido amigos, vão visitar Teerã, e esperam abrir um caminho para a negociação. Mas é preciso que haja sinceridade do outro lado, do lado dos americanos, o que não está acontecendo. Nós não desejamos mais sanções, mas não temos medo delas. Há 30 anos, o país vem convivendo com sanções americanas e isto só nos fortaleceu e nos uniu — disse o iraniano.

Ahmadinejad afirmou que seu país tem 800 mil pessoas dependentes de tratamento médico à base de urânio enriquecido e que “até por motivos humanitários” os americanos deveriam atender aos pedidos de colaboração que já foram feitos. Ele acusou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de ter usado “um tom de advertência” contra o Irã quando “deveria ter usado este tom contra os EUA”.

— Este Tratado de Não-Proliferação está sendo usado para impedir países em desenvolvimento de ter acesso à energia nuclear. O TNP não tem a mesma ênfase em supervisionar o desarmamento das grandes potencias como tem para supervisionar a tecnologia dos países em desenvolvimento e impedir que eles desenvolvam suas pesquisas.

Nós pedimos o urânio que precisamos para a ONU, mas alguns países impõem précondições que estão impossibilitando a troca de combustível, porque não estão sendo sinceros e suspeitam que estamos secretamente desenvolvendo armas — acusou Ahmadinejad.

O iraniano considerou positivo o fato de que os EUA revelaram o número de ogivas nucleares de seu arsenal, mas disse que isto não é o bastante: — Os EUA são o único país do mundo a ter usado a bomba atômica.

O que adianta dizer que eles têm cinco mil ogivas? Por acaso este número é pequeno? Este arsenal é menos poderoso do que os anteriores? Não. E como podemos saber se eles dizem a verdade? Eles esperam aplausos, mas a verdade é que deveriam submeter-se a um controle internacional e ter seu arsenal contado por países independentes — disse ele, acusando os EUA de terem usado armas químicas contra seu país na Guerra Irã-Iraque.

Para presidente, Irã trata as mulheres melhor

Ahmadinejad qualificou o discurso da secretária Hillary Clinton como “muito agressivo” e disse que temia que grupos radicais de direita pressionassem Obama para chegar a um ponto irreversível de aprovação de sanções, o que levaria a um afastamento definitivo de qualquer engajamento diplomático.

O presidente iraniano terminou a entrevista dizendo que seu país não apenas respeita os direitos humanos como trata as mulheres muito melhor do que o Ocidente: — O que resta da dignidade feminina no mundo ocidental? No Irã, as mulheres são tratadas com respeito e admiração.

Elas estão em postos do governo, estão nas universidades, são altamente consideradas.

Mas não queremos para nossas mulheres o mesmo tratamento que é dado às mulheres no mundo ocidental. Isto não serve para nós, e a comunidade internacional deveria respeitar as diferenças entre as culturas e sociedades. Isto para nós é respeito aos direitos humanos — avaliou o presidente Ahmadinejad.

Vida fugidia :: Graziela Melo



Fugindo
se vai
a vida!!!

Perdida
nos meus
descaminhos,

encontrá-la
já não
consigo!

Deixa-me
ficar
contigo

esbanjando
meus
carinhos

que trago
guardados
na alma...

Pois,
ao fim
da tarde
calma

não
estarás
mais
comigo!

O último
instante
é o agora

e é minh' alma
que te implora:

Deixa-me
Ficar
contigo!!!!



Rio, 04/05/10