sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Opinião do dia – Jürgen Habermas

Como consequência da definição constitucional da esfera pública e das suas funções, a publicidade tornou-se o princípio organizacional dos procedimentos dos próprios órgãos do Estado; neste sentido, fala-se na sua “publicidade”; por outro lado, a relação entre esta noção de publicidade (transparência) e a pratica parlamentar e judicial é enfatizada. “O caráter público das deliberações parlamentares garantia à opinião pública a sua influência; assegurava a relação entre representantes e eleitores como partes do mesmo público”. E, por volta da mesma altura, também os procedimentos legais nos tribunais começaram a ser tornados públicos.

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Jürgen Habermas, filosofo e sociólogo alemão. 'Mudança estrutural da espera pública’. Tempos Brasileiros, 1984.

Pacote contra corrupção vai ficar parado na Câmara

‘Como faço agora? Devolvo aos autores?’, questiona Rodrigo Maia. que vai esperar decisão do STF

Jailton de Carvalho e Leticia Fernandes | O Globo

BRASÍLIA - O Congresso, que já fez manobras contra a Lava-Jato, tem sido lento para aprovar pacote anticorrupção. O presidente do Senado devolveu à Câmara as medidas propostas por iniciativa popular. Mas os deputados vão esperar decisão do Supremo antes de votar. -BRASÍLIA- No mesmo dia em que o Senado, com dois meses de atraso, devolveu à Câmara o pacote das dez medidas anticorrupção, cumprindo decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu ontem que vai esperar que o plenário do Supremo Tribunal Federal examine a liminar que suspendeu a tramitação do pacote no Senado. O resultado é que o projeto, aprovado na Câmara em novembro, volta a ficar parado no Congresso.

Câmara ‘devolve’ texto anticorrupção para o Supremo

'Como faço agora?', diz Maia sobre pacote anticorrupção

Presidente da Câmara se manifesta após o Senado devolver proposta à Casa; afirma que vai aguardar decisão do STF

Daiene Cardoso e Isadora Peron | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira, 16, que vai esperar o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestar sobre a tramitação do pacote anticorrupção aprovado pelos deputados em novembro do ano passado. Nesta quinta, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), devolveu a proposta para a Câmara e Maia disse não saber o que fazer com o projeto. "O problema é que ficou muito confuso agora. Como eu faço agora? Eu devolvo para os autores?", questionou o deputado.

A devolução tem como base a liminar do ministro do STF Luiz Fux que determinou, no último dia 14 de dezembro, o retorno do projeto à Câmara para que a proposta fosse analisada novamente pelos deputados a partir da "estaca zero". Apesar de evitar críticas diretas ao ministro e de ressaltar que respeitará a decisão judicial, 

'Não sei como proceder', diz Maia sobre pacote anticorrupção

Ranier Bragon – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), manifestou nesta quinta-feira (16) várias dúvidas sobre o que fazer com o pacote de medidas anticorrupção do Ministério Público, que foi devolvido à Casa pelo Senado.

Após sugerir uma ou outra saída, afirmou: "O presidente do Senado devolveu, agora estamos com um problema. Eu não sei como proceder".

Apesar disso, Maia indicou que deve esperar uma decisão definitiva do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto. "Não vamos confrontar o Supremo, mas entendemos que uma decisão de tamanha gravidade precisa de uma decisão definitiva do plenário do Supremo para que depois a gente tome alguma decisão aqui."

Maia cita o STF porque foi de lá que saiu uma decisão liminar do ministro Luiz Fux determinando nova votação do pacote sob o argumento, entre outros, de que o projeto de iniciativa popular foi alterado pelos deputados e que ele não poderia ter sua autoria encampada por deputados, como ocorreu.

Barroso diz que foro privilegiado representa ‘perversão da Justiça’

Para ministro do STF, instrumento pode resultar em ‘manipulação’

- O Globo

-BRASÍLIA- O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu ontem uma interpretação mais restritiva da regra do foro privilegiado. O instrumento dá tratamento diferenciado apenas a autoridades que cometeram crimes durante o mandato, no cargo específico ocupado. Atualmente, o foro especial é estendido para qualquer crime atribuído a autoridades, independentemente de quando foi cometido.

Em despacho, Barroso lembrou que, hoje, tramitam no STF cerca de 500 processos contra parlamentares, de acordo com as estatísticas da Corte. Para o ministro, a regra resulta em impunidade porque, quando uma autoridade deixa o cargo, o processo muda de instância, dificultando a conclusão das investigações. Para o ministro, a regra do foro se tornou uma “perversão da Justiça”.

Temer repensa divisão do Ministério da Justiça

Presidente havia pensado em subordinar estrutura ao Palácio do Planalto, o que permitira acomodar o amigo no cargo, mas foi alertado de riscos

Tânia Monteiro e Carla Araújo | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Depois do avanço das negociações para retirar a Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça e levá-la para o Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer começou a repensar a ideia. Auxiliares fizeram pressão para que o peemedebista não executasse o plano porque seria colocar no colo o problema da segurança dos Estados.

Nesta quinta-feira, 16, na saída do evento de sanção da nova lei do ensino médio, ao ser questionado por jornalistas se a secretaria sairá da estrutura da pasta da Justiça, Temer gesticulou com um sinal negativo.

Conforme mostrou o Estado, o presidente consultou aliados sobre dividir as atuais funções do Ministério da Justiça e dar mais poder à secretaria que cuida da área de segurança pública. A princípio, a ideia com a transferência seria de mostrar a importância que o presidente está dando para o tema, um dos que mais preocupa a população brasileira.

Convidado a ajudar a 'salvar' o país, Velloso ainda avalia assumir Justiça

Camila Mattoso – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Mário Velloso, 81, afirmou que foi convocado pelo presidente Michel Temer para "ajudar a salvar o Brasil".

Ele disse à Folha, no entanto, que ainda não decidiu se aceitará o convite para assumir o Ministério da Justiça, no lugar de Alexandre de Moraes, indicado ao Supremo.

Clientes com contratos com cláusulas de exclusividade com seu escritório de advocacia estão criando dificuldades e podem impedi-lo de aceitar o convite.

Velloso e Temer conversaram na noite desta quinta (16) sobre o problema e podem ter uma conversa definitiva nesta sexta (17).

TSE pune partidos por não promover participação política da mulher

PT, PMDB, PRB, PHS, PSB, PSC, PCdoB, PR e PSD não cumpriram determinação de utilizar 10% do tempo em rádio e tv para incentivar inclusão

Rafael Moraes Moura e Breno Pires | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram na manhã desta quinta-feira, 16, cassar o tempo de propaganda de PT, PMDB, PRB, PHS, PSB, PSC, PCdoB, PR e PSD. De acordo com os ministros, essas nove legendas não cumpriram a determinação legal de utilizar 10% do tempo de propaganda no rádio e na televisão para promover a participação de mulheres na política.

“Penso que o objetivo da lei é acabar com o sistema em que os homens se intitulam representantes naturais da mulher. A norma pretende fazer a mulher reconhecer que ela é cidadã igual ao homem, com voz própria para defender seus direitos”, disse o ministro Herman Benjamin, relator das representações.

Nova fase da Lava-Jato no STF atinge o PMDB

Por André Guilherme Vieira e Murillo Camarotto | Valor Econômico

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Edison Lobão (PMDB-MA), foi o alvo indireto da Leviatã, a nova fase da Operação Lava-Jato deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF). Lobão foi descrito como um operador de propinas para o PMDB pelo delator Flavio Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia. O senador teria participado de desvios de recursos nas construções da hidrelétrica de Belo Monte (PA) e da usina nuclear Angra 3 (RJ), quando ministro de Minas e Energia.

Deflagrada com ações de busca e apreensão no Rio, Distrito Federal e em Belém (PA), a Leviatã teve como alvos diretos o executivo Márcio Lobão, presidente da Brasilcap (empresa de capitalização cujo maior acionista é o Banco do Brasil), e o ex-senador Luiz Otávio Campos (PMDB-PA), ligado ao senador Jader Barbalho. Barra disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que tanto um quanto o outro teriam sido designados pelo PMDB para recolher propinas.

PSOL protocola pedido de impeachment de Pezão

Partido elenca rombo na Previdência e isenções fiscais entre motivos da iniciativa levada à Assembleia do Rio

Constança Rezende | O Estado de S.Paulo

RIO - O PSOL protocolou, na tarde desta quinta-feira, 16, um pedido de impeachment do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Segundo o deputado Marcelo Freixo (PSOL), os motivos do pedido são o rombo do estado na Previdência, as isenções fiscais a empresas e o não cumprimento do mínimo constitucional de 12% de gastos em saúde.

“O relatório oficial (de Gestão Fiscal do último quadrimestre de 2016) do Estado deixa claro que o governo não garantiu o mínimo de investimento em uma área social tão importante como a saúde. Além disso, provocou um rombo imenso nas contas dando isenções fiscais”, argumentou o deputado.

Entrevista Roberto Freire: Um teto para a Lei Rouanet

Ministro criará instrução fixando limite para patrocinador e proponente. A ideia é atacar a concentração

Robinson Borges e Rosângela Bittar | Eu & Fim de Semana/Valor Econômico

BRASÍLIA - O ministro da Cultura, Roberto Freire, vai anunciar nos próximos dias uma instrução normativa para a Lei Rouanet. Sua principal ação será fixar um limite de valor para o proponente e para o patrocinador cultural. Com essa medida, pretende atacar duas distorções bastante criticadas da lei de incentivo: a concentração e a regionalização. Um projeto não poderá ultrapassar o limite de R$ 10 milhões, salvo as exceções previstas na lei, como construção e restauração de obras. Haverá também uma barreira de valor para o patrocinador, ainda não definida. Se uma companhia quiser ultrapassar esse teto, terá de incentivar projetos em regiões que não têm tanto retorno de imagem. "Se tenho R$ 1 bilhão de renúncia fiscal, se deixo que isso fique para poucos espetáculos, gero concentração, não democratizo o acesso", diz Freire ao Valor.

A Lei Rouanet é a principal ferramenta de estímulo à cultura no Brasil, responsável por cerca de 80% dos recursos destinados ao setor. No ano passado, entretanto, houve uma redução de projetos aprovados e no valor de recursos aportados. A má fase já vinha de antes: em julho, iniciou-se a Operação Boca Livre, da Polícia Federal, que investiga desvio de recursos em projetos culturais com uso de isenção fiscal. Pouco antes, havia começado a abertura da CPI da Rouanet, que apura irregularidades na concessão de benefícios fiscais por meio da lei de incentivo.

Com a instrução, Freire pretende diminuir o passivo que a Lei Rouanet tem frente a opinião pública. "Estou querendo definir algo que corresponda à política de incentivo e, ao mesmo tempo, responda a alguma indignação por você olhar para um projeto que pede somas astronômicas. É o desperdício. Desperdício, porque o dinheiro é público", comenta.

Pernambucano, Roberto Freire, de 74 anos, foi eleito deputado federal pelo PPS, partido que presidiu. Ele já havia sido sondado pelo presidente Michel Temer para ficar responsável pela Cultura no início do governo, quando a pasta teria seu status reduzido a uma secretaria. No entanto, foi indicado oficialmente para o cargo em novembro, logo depois da ruidosa saída de Marcelo Calero. O ex-ministro da Cultura pediu demissão após afirmar que o então ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria do Governo) o teria pressionado a produzir parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão que está submetido à pasta da Cultura, havia permitido a construção de um prédio de até 13 andares numa região tombada de Salvador, mas o projeto original era de 31 andares. Geddel teria interesse no imóvel, pois seria proprietário de um dos apartamentos mais altos.

"O grave seria se os ministros tivessem continuado e se não tivéssemos referendado a decisão do Iphan. Aí você podia espantar. 'Um ministro caiu?' Ótimo! É sinal de que estamos numa democracia e que as leis são respeitadas, diferentemente de governos passados", diz.

Com um bolo total de cerca de R$ 2 bilhões, orçamento dividido com a Ancine - que fica com a maior fatia -, o Ministério da Cultura enfrenta escassez de recursos. Freire tenta convencer o governo Temer a não contingenciar os recursos do Fundo Nacional de Cultura, um instrumento para compensar a regionalização e a concentração das produções culturais. "Se houvesse um bom entendimento do governo, esse fundo não teria contingenciamento, porque não depende de arrecadação do governo. Depende de 3% da loteria", afirma "Nesse momento de crise, a discussão é saber se vai continuar." Hoje, são contingenciados R$ 280 milhões. O que chega ao ministério não ultrapassa os R$ 60 milhões.

Apesar de enaltecer as realizações da Ancine, o ministro considera a hipótese de transferir parte dos recursos da agência para a Secretaria do Audiovisual, que tem orçamento de R$ 10 milhões. "Vamos analisar", diz.

Ex-comunista, Freire afirma que permanece um homem de esquerda, mas hoje é um defensor do mercado. "Já fui do dirigismo total. Não deu certo. Porque algumas pessoas pensam: 'O mercado gera problema', mas o mercado é pluralista. Não posso, como Estado, definir quais são as obras que eu tenho que financiar", pondera.

O ministro diz que ainda não assistiu, mas pretende, a "Aquarius", filme de Kléber Mendonça Filho. O longa esteve no centro de protesto no Festival de Cannes contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que teve apoio de parcela importante da classe artística, também refratária ao novo governo. "O diálogo com o setor foi retomado", afirma. "Pode ter lá muita gente que tenha esse histrionismo de imaginar que estamos vivendo num golpe. Num país que tem a plena liberdade, não tem preso político. Num regime democrático até a estultice política é permitida."

Leia, a seguir, trechos da entrevista:

Restrição ao foro privilegiado - Merval Pereira

- O Globo

A questão do foro privilegiado continua no centro dos debates políticos, seja pelo temor que as denúncias dos executivos da empreiteira Odebrecht estão provocando na classe política, seja pelas propostas de reduzir o alcance do que representa um privilégio para milhares de autoridades que só podem ser julgadas pelos tribunais superiores ou TRFs.

Levantamento realizado pelo projeto Supremo em Números, da FGV Direito Rio, divulgado pelo GLOBO, mostra que no Supremo Tribunal Federal (STF) 68% das ações prescreveram ou foram repassadas para instâncias inferiores porque a autoridade deixou o cargo nos últimos anos. A condenação ocorreu em apenas 0,74% dos casos.

Faz que vai, mas não vai - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Quanto mais os políticos esperneiam contra a Lava Jato, mais são obrigados a recuar

Quanto mais o Congresso tenta avançar contra a Lava Jato e a favor da impunidade, mais é obrigado a recuar, pela pressão dos órgãos de investigação e daquele ator político que, a partir de junho de 2013 e da valorização das redes sociais, está cada dia mais forte: a opinião pública brasileira, ou seja, o senhor, a senhora, você. Foram ao menos cinco recuos históricos, e estridentes, nos últimos meses.

Dois deles, na quarta-feira. No Senado, o ex-ministro e atual líder do governo, Romero Jucá, lançou uma proposta para blindar os presidentes do Senado, da Câmara e do Supremo e, horas depois, teve de recuar. Na Câmara, o plenário incluiu familiares de políticos na nova rodada de repatriação de recursos não declarados no exterior, na chamada “Lei Cláudia Cruz”, e teve de voltar atrás, também horas depois, numa segunda votação.

Cunha tem mais perguntas – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Eduardo Cunha planejava passar o Carnaval no Rio. Obrigado a ficar em Curitiba, decidiu retaliar antigos companheiros de folia. É o que indica o novo questionário que ele enviou à Justiça Federal.

O correntista suíço voltou a arrolar Michel Temer como testemunha de defesa num processo por corrupção. Desta vez, na ação que investiga fraudes em fundos administrados pela Caixa Econômica Federal.

Cunha fez 19 perguntas, reproduzidas pelo site da revista "Época". Elas tratam de acertos com empreiteiras para bancar campanhas do PMDB e falam explicitamente no pagamento de "vantagens indevidas", eufemismo jurídico para propina.

Democracia e Democracias - Argelina Cheibub Figueiredo

- Valor Econômico

O presidencialismo de coalizão não é o vilão da hora

Recentemente nossa democracia sofreu um revés. E, como sempre, as instituições políticas são responsabilizadas. O principal alvo de crítica desta vez é o presidencialismo de coalizão. De acordo com uma lógica tortuosa, estabelece-se uma relação entre a existência de corrupção e governos que constroem maioria por meio da distribuição de cargos aos partidos. Governos de coalizão em qualquer lugar no mundo são assim formados. Controlar postos governamentais é uma das maneiras pela qual os partidos podem ter influência nas políticas públicas. Alguns governos de coalizão são corruptos, outros não. Dentre os partidos de um mesmo governo, uns são corruptos, outros não. Da mesma forma, alguns governos unipartidários são corruptos, outros não.

O momento da economia - Míriam Leitão

- O Globo

Arminio Fraga acha que a dívida pública brasileira pode chegar a 90% do PIB. Mesmo assim, ele sente alívio no atual momento porque a crise poderia ter sido muito mais profunda. Admite que o Brasil “é uma aberração no quadro global” em termos de taxas de juros, mas defende que não existe caminho fácil, não doloroso, para se derrubar os juros para patamares dos países desenvolvidos.

A recuperação desta vez será lenta porque a economia está endividada e há muita incerteza, principalmente política, disse Arminio. Eu o entrevistei na Globonews sobre esse momento da economia e o debate travado com André Lara Resende sobre o nível de taxas de juros. O debate tem aspectos muito técnicos, mas, resumindo, André alertou em dois artigos já publicados no “Valor” que a nova teoria macroeconômica sustenta que juros altos demais, por tempo prolongado, podem ser a causa de inflação resistente e não seu remédio. Vários economistas discordaram, e ele esteve esta semana no Rio para um debate acadêmico sobre o assunto. Arminio se posicionou contra a tese de André neste momento e para o Brasil:

Nove meses depois - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

O governo Temer completou nove meses e isso já dá mais do que uma gestação. A crise e seu problemas continuam aí. O jeito de governar ainda é muito à moda antiga, mas, na área econômica, dá para notar algum avanço em direção à saída.

Não é preciso repisar demais os problemas, todos conhecidos. O rombo do setor público é enorme, agravado agora pela situação falimentar de Estados importantes, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Não há ainda certeza de que o mergulho do PIB tenha acabado. O desemprego está a 12%. O alto endividamento das famílias e o das empresas são obstáculo ao aumento do consumo e ao crescimento econômico sustentado. Não há indícios de que o investimento como participação do PIB esteja reagindo.

Produtividade em queda segura o PIB - Claudia Safatle

- Valor Econômico

É grande o número de pequenas empresas improdutivas

O medíocre desempenho da produtividade no Brasil está na raiz do baixo crescimento da economia. Os dados são eloquentes: dos anos de 1950 a 1980 o país teve ganhos de produtividade da ordem de 3,5% ao ano, percentual que despencou para a média de 0,5% ao ano de 1980 em diante. A partir de 2010 houve queda da ordem de 0,3% ao ano. A chave do crescimento futuro está nos ganhos de produtividade, sem o que a renda não vai melhorar e o país estará condenado a uma expansão de no máximo 1,5% a 2% ao ano.

"Chama a atenção que esse é um problema sistêmico", alerta o economista Fernando Veloso, do Ibre/FGV. Ou seja, não há um setor da economia que possa explicar esse comportamento. Ele é disseminado e isso fica claro na análise que foi feita de 35 setores das áreas de serviços, indústria e agropecuária.

Jararaca e Ratinho - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

É um cenário do tipo “rouba mas faz” (Ademar de Barros) versus “prendo e arrebento” (João Batista Figueiredo)

A dupla caipira Jararaca (o alagoano José Luiz Rodrigues Calazans) e Ratinho (o baiano Severino Rangel de Carvalho) fez história no chamado cancioneiro popular. A fama veio com os filmes da antiga Vera Cruz e com a Rádio Nacional, mas os dois exímios músicos foram também grandes humoristas e brilharam no programa Balança Mas Não Cai, tanto no rádio quanto na televisão. Com a morte do parceiro Ratinho, autor de Saxofone, por que choras?, Jararaca encerrou a carreira no elenco de Chico City, mas ambos deixaram pérolas da nossa música popular, como Sapo no saco, recentemente gravada por Pedrinho Miranda, Vamos apanhar limão e Frevinho bossa nova? É dele uma das marchinhas mais cantadas no carnaval desde a década de 1940: Mamãe, eu quero!, cuja letra maliciosa volta e meia serve de analogia para descrever a corrupção na política.

Foro não pode ser privilégio – Editorial | O Estado de S. Paulo

A Constituição estabelece que algumas autoridades tenham, em razão do cargo, o chamado foro privilegiado. O art. 102 da Carta Magna define, por exemplo, que uma das competências do Supremo Tribunal Federal (STF) é “processar e julgar originariamente, nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República”. No caso de governadores, prefeitos e desembargadores, entre outras autoridades, o órgão competente para processá-los e julgá-los por crimes comuns é o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em tese, nada há de pernicioso nesse tratamento especial, cuja razão de existir é plenamente legítima: preservar determinadas autoridades da litigância de má-fé e de eventuais perseguições políticas e ideológicas por parte de juízes de primeira instância, o que impossibilitaria o exercício de suas funções públicas, em claro prejuízo para a coletividade. Sem essa prerrogativa de função, a passagem por um cargo público poderia acarretar uma enxurrada de ações judiciais, representando tal transtorno que, além de prejudicar o trabalho dessas autoridades, levaria a que muitas pessoas se negassem a ocupar funções públicas. Sem o foro privilegiado, alguns meses dedicados a servir ao País poderiam significar anos de infindáveis batalhas judiciais em todo o território nacional.

Jucá faz manobra de guerrilha contra Lava-Jato – Editorial | O Globo

Emenda constitucional proposta por senador para blindar Rodrigo Maia e Eunício Oliveira foi mais uma manobra acintosa contra os interesses da sociedade

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) não falha. Na mira da Lava-Jato, grampeado por Sérgio Machado, agente do petrolão na Transpetro, em conspiratas contra a operação com sede em Curitiba, junto com outros peemedebistas — Renan Calheiros, Edison Lobão e Sarney —, Jucá voltou ao ataque.

Dessa vez, por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estende aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo a prerrogativa de não serem investigados/processados por fatos ocorridos antes de assumirem os mandatos. O objetivo é blindar Rodrigo Maia (Câmara) e Eunício Oliveira (Senado), nomes citados em investigações sobre a proximidade excessiva a empreiteiros. Passariam a ter o mesmo benefício do presidente da República.

Novos humores – Editorial | Folha de S. Paulo

No mais célere e volúvel dos mercados, o financeiro, há otimismo como há muito não se via.

Ainda estão por serem vistos sinais de recuperação do consumo, dos investimentos ou da produção industrial; a queda do desemprego deve demorar ainda mais. Já nas transações diárias com o dólar e ativos relacionados à dívida pública, as cotações voltaram aos patamares anteriores ao agravamento da crise econômica.

Um exemplo da mudança de humores se dá com o CDS, como os investidores chamam uma espécie de seguro negociado pelos que desejam proteger-se de uma eventual inadimplência do país. Os preços cobrados nessa operação hoje são os menores em quase dois anos.

Movimento similar ocorre com a moeda norte-americana, vendida a pouco mais de R$ 3 —um ano atrás, durante a agonia terminal do governo Dilma Rousseff (PT), ultrapassava-se a marca dos R$ 4.

Os novos pobres de Lula – Editorial | O Estado de S. Paulo

Os dados de um estudo do Banco Mundial sobre o aumento do número de pobres no Brasil e do Ministério do Desenvolvimento Social sobre o número crescente de pessoas que estão voltando ao Bolsa Família, desde 2012, mostrados em reportagens do jornal O Globo, expõem mais uma vez, agora de forma dramática, os conhecidos limites das políticas populistas, como as executadas pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff. E demonstram o tamanho da mistificação e da demagogia da “transformação social” que eles teriam operado no Brasil com aquele programa.

Deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6 milhões – de acordo com as previsões otimista e pessimista – o número de pobres em 2017, segundo o Banco Mundial. O total de pobres chegará a 19,8 milhões, dos quais 8,5 milhões em estado de extrema pobreza, num cenário otimista de crescimento econômico. No cenário pessimista, os números serão respectivamente 20,9 milhões e 9,4 milhões. Mesmo no melhor dos casos, a situação é ruim.

Trump consegue em um mês desorientar aliados e inimigos – Editorial | Valor Econômico

Donald Trump já na campanha eleitoral avisou que pretendia abalar o establishment americano e cumpriu a promessa, produzindo em um mês a mais caótica estreia de um presidente americano em décadas. Longe de trazer para a Casa Branca um time coeso de talentos com alguma experiência na arte de governar, Trump quer conduzir sob sua aura de homem de negócios um bando de ultraconservadores republicanos, de neófitos na administração, militares e milionários do mercado financeiro. O presidente governa por impulsos e orienta por espasmos, disparando políticas que confundem os próprios subordinados e chocam até mesmos seus inimigos mais céticos. Ao completar 30 dias de mandato na segunda-feira, dia 20, Trump deixa no ar a suspeita de que poderá não terminar seu mandato.

A Música - Charles Baudelaire

A música pra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano,
Minha pálida estrela a demandar!

O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame de um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;

Sinto vibrar em mim todas as comoções
De um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões

Conseguem a minha alma acalentar.
— Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrível me exaspera!