Le Pen e Macron, que disputam o segundo turno da eleição presidencial francesa no domingo, opuseram visões antagônicaso: uma protecionista, outra pró-globalização
Andrei Netto | O Estado de S. Paulo
PARIS - O desemprego, o euro e o futuro da União Europeia marcaram nesta quarta-feira o único debate antes do segundo turno da corrida ao Palácio do Eliseu entre Emmanuel Macron e Marine Le. Em um debate marcado por acusações mútuas, os candidatos opuseram duas visões antagônicas sobre o mundo: uma protecionista, outra pró-globalização.
O debate entre dois turnos é uma tradição que há décadas mobiliza a França. Em 2017, a linha do confronto entre Macron e Le Pen foi clara: o primeiro a acusou de não dispor de um projeto, de ser despreparada e de apelar a mentiras e à política do medo. Ela tentou colar em seu oponente a imagem elitista, de herdeiro do governo do socialista de François Hollande.
Le Pen iniciou o debate com uma apresentação que se transformou em ataque frontal ao rival. “Macron é a escolha da globalização selvagem, da uberização, da precariedade, da guerra de todos contra todos, do saque econômico, em especial do desmantelamento dos grandes grupos da França.”
Macron demonstrou pouca paciência com a estratégia de Le Pen. “Você é a herdeira de um sobrenome, de um partido político, de um sistema que prospera nas costas da cólera dos franceses há muitos e muitos anos”, afirmou Macron, referindo-se ao líder de extrema direita Jean-Marie Le Pen, pai de Marine. “Frente a esse espírito de derrota, eu porto o espírito de conquista dos franceses. A França sempre foi bem-sucedida nesse mundo.”