Durante os mais de trinta dias passados
desde então, a pauta prevista para a coluna foi superada por inúmeros fatos
políticos, de modo que não há mais sentido em correlacionar, a supostos efeitos
daquela pesquisa, já antiga, andamentos atuais das quatro campanhas, ainda que
a interpretação mais abrangente dos seus resultados - a alta probabilidade de
vitória de Lula no primeiro turno – tenha sido revalidada, há uma semana, por
nova pesquisa daquele mesmo instituto. Vou tratar, na verdade, das candidaturas
de Lula, Ciro e Simone, tendo em conta a reiteração do prognóstico baseado no Datafolha.
Há ressalvas, no entanto. Outros institutos não confirmam o prognóstico e a própria pesquisa recente do Datafolha revela aspectos pontuais que reduzem a distância entre Lula e Bolsonaro, se considerados certos segmentos pesquisados, embora a redução, no geral, seja mínima, dentro da margem de erro. Mantém-se o prognóstico, mas não se está diante de um processo drástico. A probabilidade apontada há um mês segue alta, mas não se mostra uma tendência consolidada. Mesmo assim, a campanha de Lula entrou na antessala da comemoração, parecendo, ao menos em público, não cogitar qualquer outro cenário, senão o da vitória antecipada. Vencer no primeiro turno tornou-se obsessão e tendo em vista esse objetivo máximo, qualquer 1x0, ou até mesmo um WO, tem valor de goleada. Esse estado de ânimo, otimista e plebiscitário, acentuou-se, nas hostes lulistas, diante de seguidos revezes sofridos, tanto pelos movimentos golpistas de Bolsonaro, voltados a chantagear a República, quanto pela estratégia liquidacionista do centrão para obter sua reeleição através do assalto ao erário público, por incontáveis atos de arbitrariedade e ilegalidade, cometidos com crescente ousadia e senso zero de dever público.