O Globo
O destino dá agora a Lula chance de fechar
(?) seu ciclo político de maneira diferente daquela que o levou para a prisão
Começa hoje mais um capítulo da formidável
saga de vida de um nordestino que chegou à presidência da República num país
injusto e desigual graças a um senso político nato inigualável. Como toda saga,
a de Lula teve necessariamente altos e baixos, e sua ação marcou a história do
país, para o bem e para o mal. Por tramas do destino, que nem sempre lhe foi
favorável, saiu da cadeia para voltar ao poder representando, mesmo para
aqueles que nunca haviam votado nele, a alternativa viável para a defesa da
democracia.
A mesma democracia que seu partido e as alianças que forjou, paradoxalmente, feriram ao permitir um ambiente de corrupção política na tentativa de controlar o Congresso. Ser a alternativa a um governante perverso e incompetente não seria em si grande coisa, mas o fato é que sua vitória para um terceiro mandato só ocorreu por ter sido ele o único candidato capaz de reunir em torno de si forças da sociedade que o tornaram majoritário sem que seu partido o fosse, e sem que muitos dos que votaram nele tenham superado restrições graves por conta do mensalão e do petrolão.