O Globo
Nada blinda o governante que aponta ungidos
para a Corte com base em preferências pessoais de se frustrar
Muito se reclama de politização do Supremo
Tribunal Federal (STF), de excesso de ativismo da Corte máxima ou,
frequentemente, da mudança de maiorias conforme sopre o vento da política.
Esquece-se nessas críticas, repetidas com sinal trocado a cada mudança da
guarda do grupo que está no poder, que grande parte desses “defeitos” é
decorrência justamente da forma como são feitas as indicações dos ministros.
Com a aproximação da aposentadoria de Ricardo Lewandowski, o jogo de interesses que se impõe à corrida pela cadeira mostra a repetição de antigos vícios que, quando determinam a escolha, levarão, forçosamente, à repetição dos efeitos tão condenados. O presidente Lula está bastante inclinado a indicar para o lugar de Lewandowski — cuja própria nomeação foi creditada, à época, em parte à proximidade com a família do petista — alguém que seja de sua absoluta confiança, cuja fidelidade esteja acima de qualquer suspeita.