Enfrentamento entre STF e Senado é prejudicial ao país
O Globo
Instituições deveriam aproveitar tramitação
da PEC para esfriar os ânimos e buscar o entendimento
O Brasil nada tem a ganhar com o embate
institucional entre Senado e Supremo Tribunal Federal (STF),
desencadeado pela aprovação, na noite de quarta-feira, da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) limitando o poder de ministros da Corte tomarem decisões
individuais, conhecidas no jargão jurídico como monocráticas. Ainda que o texto
da PEC tenha sido suavizado em relação à versão original e que o Senado tenha
agido dentro de suas prerrogativas, ela despertou uma reação no STF que, embora
com excessos condenáveis, não se pode classificar como de todo injustificável.
A PEC aprovada proíbe decisões monocráticas que suspendam atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara. Pelo texto encaminhado aos deputados, tais casos teriam de ser levados a plenário (exceto se o Judiciário estiver em recesso, quando haveria prazo de 30 dias para que o presidente da Corte os levasse a votação). A medida faz parte de um pacote de projetos bem mais intrusivos que tramitam no Senado buscando impor freios à atuação do STF. Daí talvez os ânimos exaltados.