terça-feira, 5 de setembro de 2017

Opinião do dia – Roberto Freire

“Durante este ano, em uma quadra tumultuada da vida nacional, outro dado que merece ser ressaltado é a inequívoca força das nossas instituições e o avanço do combate à corrupção e às malfeitorias reveladas pela Operação Lava Jato.

O Ministério Público Federal, a Polícia Federal, o Poder Judiciário e os órgãos de fiscalização e controle estão em pleno funcionamento e com total independência para realizar seu trabalho, com acompanhamento cada vez mais assíduo por parte da própria sociedade. Não tenho dúvidas de que sairemos melhores da crise.

Já faz um ano que Dilma, Lula e o PT se tornaram página virada da história e ficaram para trás, embora continuem ensaiando narrativas e discursos vazios como se tivessem condições de retornar ao poder quando bem entendessem.

Apesar das dificuldades, a inflação despencou e hoje é a menor em décadas, a economia dá sinais de recuperação e reformas importantes foram aprovadas ou estão em andamento no Congresso. A responsabilidade pela transição existe e continuará, e ela é a maior segurança de que completaremos a travessia até 2018 e construiremos um país melhor.”

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Roberto Freire é deputado federal por SP e presidente nacional do PPS, “Memórias do impeachment e um olhar sobre o futuro”, Blog do Noblat / O Globo, 01/09/2017

Janot vê ‘crimes gravíssimos’ da J&F e ameaça cancelar acordo de delação

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou a abertura de investigação que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada de Joesley Batista e mais dois delatores do grupo J&F – os executivos Ricardo Saud e Francisco de Assis Silva. A decisão foi tomada com base no áudio de conversa entre Joesley e Saud entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) em 31 de agosto. A conversa revelaria o que Janot chamou de indícios de “crimes gravíssimos” envolvendo Marcelo Miller, ex-procurador que foi seu auxiliar.

“Além disso, há trechos no áudio que indicam a omissão dolosa de crimes praticados pelos colaboradores, terceiros e outras autoridades, envolvendo inclusive o STF”, diz o pedido entregue por Janot ao Supremo. Apesar da ameaça de revisão do acordo de delação, Janot disse que as provas já apresentadas pelos executivos da J&F continuam válidas. A expectativa é de que Janot envie à Corte, ainda nesta semana, uma segunda acusação contra o presidente Michel Temer, por organização criminosa. Para auxiliares de Temer, o pronunciamento de Janot “destrói” a delação de Joesley, que atingiu o presidente, e enfraquece a provável segunda denúncia.

“Há trechos no áudio que indicam a omissão dolosa de crimes praticados (...) envolvendo inclusive o Supremo Tribunal Federal” Rodrigo Janot, procurador-geral da República

Janot ameaça cancelar acordo de delação da J&F

Conversas gravadas comprometeriam ex-procurador e um membro do STF; provas já apresentadas por Joesley Batista continuam válidas

Beatriz Bulla, Fabio Serapião | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou ontem a abertura de investigação que pode levar à rescisão do acordo de delação premiada de três dos delatores da J&F – Joesley Batista e os ex-executivos de seu grupo Ricardo Saud e Francisco de Assis Silva. A decisão foi tomada com base no áudio de uma conversa entre Joesley e Saud, entregue à Procuradoria Geral da República (PGR), no dia 31 de agosto.

Delação da JBS por um fio | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Temer deixa de ser o único alvo, PGR entra no próprio foco, Joesley está frito

O presidente Michel Temer é o principal beneficiário da reviravolta nas delações da JBS, porque deixou de ser o alvo solitário das flechadas do procurador Rodrigo Janot, que o trata como o principal líder do “PMDB da Câmara” e se preparava (ou se prepara) para denunciá-lo como líder de organização criminosa.

Se Janot tinha “obsessão” por Temer, agora está às voltas com a rescisão total ou parcial do acordo com os irmãos Joesley e Wesley Batista e com o envolvimento de seu antigo braço direito, Marcello Muller, em “crimes gravíssimos”. A PGR entrou no próprio foco, Temer ganhou algum refresco, os irmãos Batista conquistaram um inimigo implacável.

O ex-procurador Miller saiu da PGR direto para o escritório de advocacia que atendia justamente a JBS. Significa, na prática, que ele colheu todas as informações privilegiadas na PGR e foi negociá-las com o investigado. Ou seja, foi usá-las para ganhar dinheiro com a defesa de quem ele antes acusava. É grave e deixa Janot numa situação no mínimo constrangedora. O tom de Janot em relação a Miller, definitivamente, não foi de amigo.

Pressa em lançar flechas pode fazer Janot virar alvo | Vera Magalhães

- O Estado de S. Paulo

'Reviravolta na desde o início controversa delação da JBS tem octanagem suficiente para causar estrago no instituto das colaborações judiciais'

E eis que a saideira que Rodrigo Janot preparava para ser épica pode se tornar melancólica para o procurador-geral da República, que de arqueiro se transforma em alvo. Mais grave que isso, a reviravolta na desde o início controversa delação da JBS, com o falastrão Joesley Batista à frente, tem octanagem suficiente para causar estrago no instituto das colaborações judiciais, instrumento essencial à Lava Jato e ao que parecia o fim da impunidade nos crimes envolvendo políticos e empresários no Brasil.

Ao que tudo indica por engano a defesa da própria JBS se encarregou de enviar ao Ministério Público Federal em que, sempre garganteando, Joesley trata com seu executivo Ricardo Saud de pormenores nada republicanos de figuras da República.

A conversa, que tem evidências de que foi travada em 17 de março, data em que foi deflagrada a Operação Carne Fraca - que tinha o grupo como um dos alvos - mostra os dois futuros delatores falando sobre informações repassadas pelo então procurador da República Marcelo Miller, um dos mais destacados integrantes do grupo de trabalho de Janot.

‘Conteúdo gravíssimo’

Janot ameaça anular benefícios da delação da JBS por indício de omissão de informações sobre crimes

Procurador afirma, porém, que provas já apresentadas pelos irmãos Batista não serão invalidadas

Três meses e meio após a delação premiada da JBS, que levou à abertura de investigação sobre o presidente Temer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou ter recebido gravações com “conteúdo gravíssimo” de indícios de omissão de informações sobre crimes que poderão anular benefícios da colaboração. Ele afirmou, porém, que provas já obtidas não serão invalidadas. Na gravação entregue ao MPF pela JBS, Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud “fazem referências indevidas à PGR e ao STF”, segundo Janot, além de levantarem indícios de “conduta criminosa” do ex-procurador Marcello Miller, ex-integrante da Lava-Jato que teria atuado em favor da JBS quando estava na PGR. Janot abriu investigação. O STF poderá manter ou não sigilo da gravação. A defesa de Temer quer acesso ao áudio para decidir se tentará anular provas.

O ‘autogrampo’ da JBS

Janot admite anular delação após empresa enviar áudio que envolve ex-procurador e STF

Carolina Brígido, Vinicius Sassine | O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Em uma nova reviravolta no caso da delação da JBS, que voltou a abalar a política e a Justiça do país, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um pronunciamento ontem para anunciar que abriu investigação interna com o objetivo de rever e possivelmente anular os benefícios da delação premiada de três dos sete executivos do Grupo J&F: Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva. Em uma autogravação, aparentemente sem querer, os dois primeiros teriam dito que tinham sido ajudados pelo ex-procurador Marcello Miller na elaboração da proposta de colaboração assinada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Marco Aurélio diz que todo o STF fica sob suspeita

Na Câmara, presidente da CCJ afirma que haverá debate sobre provas

Eduardo Bresciani, Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA- Após a revelação de que novas gravações podem comprometer a delação da JBS, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello protestou contra o fato de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter mencionado supostos crimes envolvendo a Corte e a PGR, sem identificar quais ministros poderiam ser postos sob suspeita. Segundo o ministro, está criado o clima de suspeição contra todo o plenário do STF.

— O ruim é quando não se nomina esses possíveis mencionados, porque ficamos todos nós sob suspeita. O comum do povo vai imaginar que os 11 ministros estão envolvidos — afirmou Marco Aurélio ao GLOBO.

Ele afirmou que o momento é de esperar os próximos passos do caso. Ressaltou que a possibilidade de revisão da delação sempre esteve aberta e que a homologação feita pelo Supremo não significa que os benefícios estavam garantidos em casos como este.

Série brasileira | Míriam Leitão

- O Globo

Janot pode corrigir erro de ter dado imunidade à JBS. O procurador-geral foi ao ministro Fachin ontem à tarde e falou rapidamente sobre o assunto. Depois, protocolou documento informando que tinha aberto procedimento de revisão do acordo do JBS para possível rescisão. Mas pediu que Fachin avalie manter a gravação em sigilo. Só que ainda não a entregou. Por causa do horário, o protocolo foi eletrônico e aí não se pode anexar gravação. Ela só será entregue hoje.

Essa foi mais uma reviravolta na série brasileira do combate à corrupção: o empresário Joesley Batista pode ter a sua delação revista por provas apresentadas por ele mesmo, sem querer. Um ficcionista não imaginaria tanto. Os colaboradores beneficiados por um acordo excessivamente generoso podem perder essas benesses. É a chance do procurador-geral corrigir o erro que cometeu.

Janot ameaça anular delação de Joesley e mais dois de JBS

Procurador vê indícios de crime em novos áudios; interpretação é precipitada, diz empresa

Rodrigo Janot abre investigação e ameaça cancelar a delação da JBS

Reynaldo Turollo Jr., Letícia Casado | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em pronunciamento nesta segunda (4), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou abertura de investigação que pode levar ao cancelamento da delação de três executivos do grupo J&F, dono da empresa JBS.

Janot abriu procedimento de revisão dos acordos de três dos sete delatores do grupo: Joesley Batista, um dos donos do frigorífico, Ricardo Saud e Francisco de Assis.

O procurador-geral, que deixa o cargo no dia 17 de setembro, citou indícios de omissão de informações sobre práticas de crimes no processo de negociação do acordo. O problema surgiu após os delatores entregarem à PGR (Procuradoria-Geral da República), na semana passada, novos áudios.

Em uma conversa de cerca de quatro horas entre Joesley e Saud -que aparentemente não sabiam que estavam se gravando-, há indícios de crimes cometidos por agentes da PGR e do STF (Supremo Tribunal Federal).

A gravação foi feita em 17 de março, dez dias depois de Joesley ter gravado o presidente Michel Temer e dias antes de assinar o acordo. Ela ainda não passou por perícia.

Flechada no pé antes da nova denúncia é maior derrota de Janot | Igor Gielow

- Folha de S. Paulo

O anúncio de que o acordo de delação premiada da JBS poderá ser revisto por omissões importantes é a maior derrota política do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em seu embate com o presidente Michel Temer (PMDB).

Às vésperas de entregar uma nova denúncia contra o peemedebista, o reconhecimento do problema na apuração é um desastre para o procurador-geral. Como ele mesmo disse, o que foi descoberto pode vir a anular privilégios dados aos irmãos Batista, mas não interferirá na validade das provas até aqui coletadas no caso que envolve não só Temer, mas nomes graúdos da elite política do país.

Isso pode ser verdade, juridicamente, embora certamente haverá contestações. Do ponto de vista político, contudo, fica reforçado o discurso do Planalto e de políticos aliados a Temer de que os Batista são "bandidos" que teriam ou manipulado os investigadores para obter benefícios ou coisa pior –como o que transpareceu até aqui na relação do procurador Marcelo Miller com a JBS insinua.

Delação em xeque | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A reviravolta na delação da JBS embaralha as cartas num momento decisivo para a Lava Jato. A operação já estava sob ataque em várias frentes simultâneas. Agora pode ser obrigada a recuar em seu maior acordo de colaboração.

O procurador Rodrigo Janot não abriu o jogo, mas informou que o Ministério Público descobriu fatos "gravíssimos". Eles estão relatados em conversa entre o empresário Joesley Batista e o lobista Ricardo Saud, que conduzia os acertos do frigorífico com os políticos.

De acordo com Janot, o novo áudio traz revelações importantes. Primeira: a JBS omitiu crimes ao negociar o acordo de delação. Segunda: surgiram indícios contra o ex-procurador Marcelo Miller, que integrava a cúpula da Lava Jato.

Omissões ameaçam delação da JBS

Por Murillo Camarotto e Luísa Martins | Valor Econômico

BRASÍLIA - Em uma reviravolta no caso JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou, no início da noite de ontem, que os benefícios da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista e de executivos da empresa podem ser cancelados. Segundo Janot, gravações entregues pelos empresários à PGR, na quinta-feira passada, supostamente revelam fatos ilícitos envolvendo o ex-procurador Marcelo Miller e integrantes do Supremo Tribunal Federal.

O áudio também indica que os irmãos Batista teriam omitido informações em suas delações. Janot disse que a PGR vai investigar as omissões. A gravação que pode resultar na anulação do acordo que assegurou imunidade penal aos empresários, em troca de informações que comprovem o envolvimento de políticos em atos de corrupção, traz conversa entre Joesley Batista e o então diretor jurídico do JBS, Ricardo Saud.

Segunda denúncia está 'fragilizada', avalia Planalto

Por Andrea Jubé e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto foi surpreendido positivamente pelo anúncio ontem do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que estuda rescindir parcial ou integralmente as colaborações premiadas dos executivos do grupo JBS que implicam o presidente Michel Temer e dezenas de políticos em crimes de corrupção.

A avaliação interna do Planalto é de que a decisão de Janot comprova a tese inicial da defesa de Temer de que havia "omissão e mentira" nas acusações e que houve "açodamento" da Procuradoria-Geral da República ao denunciar um presidente da República sem aprofundar-se nas provas.

Outra conclusão é de que os fatos novos fortalecem politicamente o governo diante da iminente segunda denúncia contra Temer, pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa, que Janot estuda apresentar após o feriado de 7 de setembro.

Denúncia contra Temer perde força

Pronunciamento de Janot destrói delação de Joesley e coloca em xeque provável segunda ação contra o presidente, dizem auxiliares

Tânia Monteiro, Vera Rosa e Carla Araújo | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - As investigações abertas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, colocando em xeque a delação do empresário Joesley Batista e de executivos da JBS, deram munição ao Palácio do Planalto. Para auxiliares de Michel Temer, o pronunciamento de Janot “destrói” a delação de Joesley, que atingiu o presidente, e enfraquece a provável segunda denúncia contra ele.

Embora Janot tenha dito que a provável rescisão do acordo de delação “não invalida nenhuma prova”, a defesa de Temer avalia a possibilidade de questionar o depoimento do dono da JBS no Supremo Tribunal Federal (STF).

Foi com base no depoimento de Joesley que Janot ofereceu denúncia contra Temer por corrupção passiva. No dia 2 de agosto, a Câmara barrou o prosseguimento da acusação, mas Temer ainda poderá ser julgado no STF quando deixar o cargo.

O pronunciamento de Janot foi visto no governo como uma demonstração de que a provável segunda denúncia contra o presidente, por obstrução de Justiça, ficou totalmente prejudicada. No Planalto, Joesley é chamado de “mentiroso” e “bandido”. Na madrugada deste sábado, 2, o empresário rebateu as declarações de auxiliares do presidente e divulgou nota qualificando Temer como “ladrão-geral da República” que “envergonha” os brasileiros.

Flechada no pé | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

O suspense era sobre a nova denúncia contra o presidente Michel Temer, mas o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista coletiva ontem à noite, ao contrário, anunciou a abertura de investigação para apurar “indícios de omissão de informações de práticas de crimes” no acordo de delação premiada dos executivos do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, que originou a primeira denúncia. O que era pra ser uma flecha de prata a ser disparada contra o Palácio do Planalto, virou uma flechada de chumbo no próprio pé, porque a decisão reforça a tese de que as denúncias contra Temer seriam uma “conspiração” para derrubar o presidente da República. Dependendo do resultado da investigação, os benefícios oferecidos no acordo de colaboração dos irmãos Joesley e Wesley Batista poderão ser cancelados.

Janot revelou que os investigadores da Polícia Federal obtiveram na última quinta-feira áudios com conteúdo “gravíssimo”. Numa das gravações, Joesley Batista conversa com Ricardo Saud, diretor institucional da J&F. Três dos sete executivos da empresa que fecharam a delação estão implicados nos áudios. Por isso, Janot ameaça anular a delação premiada de Joesley, Wesley e Saud. Nos áudios enviados à PGR, há diálogo entre delatores que supostamente teriam sido entregues por engano por um dos colaboradores. O áudio teria referências a congressistas, integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e até a pessoas da própria PGR, inclusive Janot. O único nome citado pelo procurador-geral, porém, foi do ex-procurador Marcelo Müller, que deixou a sua equipe para atuar como advogado no escritório de advocacia contratado por Joesley para negociar a delação premiada.

Os mesmos erros | Merval Pereira

- O Globo

À medida que a campanha eleitoral começa a se definir com os candidatos a presidente da República mostrando as caras, as divergências internas nos partidos vão se cristalizando. Os principais partidos parecem dispostos a cometer os mesmos erros. O prefeito de São Paulo, João Doria, avançou em sua posição original. Embora mantenha a disposição de não disputar prévias com seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin, no que parecia ser um gesto de reverência, agora diz que o povo é que deve escolher o candidato e que permanecerá no PSDB até quando for possível.

Oque quer dizer que não aceita que o candidato tucano seja escolhido por prévias, mas pelas pesquisas eleitorais, que o põe sempre à frente de Alckmin. Com isso, dá um passo à frente em direção a um novo partido, quem sabe o sucedâneo do DEM, que quer até mesmo no nome ser o representante de um centro político.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já abriu o partido para Doria, no que indica que os tucanos terão que disputar seu espaço político com outro candidato de centro-direita. No PSDB, Doria só fica se abrir mão de seu sonho de disputar a eleição presidencial como o candidato anti-Lula para encerrar o mandato de prefeito no posto. Nem mesmo o governo do estado está a seu alcance, pois existe uma combinação prévia para que o vice Marcio França assuma o governo de São Paulo, levando o PSB a apoiar Alckmin para presidente.

Última chance | Aécio Neves

- Folha de S. Paulo

Em meio à agenda de reformas fundamentais para recolocar o país nos trilhos, uma é premente, pois tem data-limite para acontecer. Até início de outubro, precisamos aprovar novas regras que vigorarão nas eleições gerais do ano que vem. Todo esforço deve ser empreendido para reaproximar a política das pessoas, antes que seja tarde.

Nas últimas semanas, o debate em torno da reforma política acabou sendo desvirtuado em função de propostas distantes, ou mesmo contrárias, do que a população almeja. É o caso da adoção do sistema eleitoral conhecido como distritão e da criação de um fundo público de financiamento de campanhas, para suprir o buraco deixado pela proibição das doações de fontes privadas.

Que a democracia tem custos, ninguém discute. Mas envolver mais dinheiro do contribuinte numa hora em que o Estado brasileiro beira a falência, em razão da malversação que marcou a gestão afastada em 2016, não parece ser uma saída.

O ideal seria voltar a permitir o financiamento privado, sob regras e fiscalização rigorosas. Já o distritão só se justificaria como transição para o voto distrital misto. Todavia, em ambos os casos, não há mais tempo para mudanças com vistas a 2018.

Distante da polêmica, há propostas prontas a serem apreciadas pelo Congresso e que, se aprovadas, resultarão num sistema político e eleitoral muito melhor para o país. E já com vigência no próximo pleito.

Refiro-me especificamente à proposta de emenda à Constituição (PEC) nº 282, relatada na Câmara pela deputada Shéridan (PSDB-RR).

Uma carta na mão de Michel Temer | Raymundo Costa

- Valor Econômico

Impasse na reforma política pode levar à mudança do sistema

O vice-presidente Michel Temer era a alternativa constitucional, mas não era a saída para o desastre econômico do governo Dilma Rousseff até o PMDB lançar a "Ponte Para o Futuro" e botar a classe média nas ruas, um feito inédito, pois as ruas sempre foram das esquerdas. Em 1961 o parlamentarismo não era uma alternativa constitucional à renúncia de Jânio Quadro, mas foi a saída encontrada pelos políticos ao veto dos militares à posse do vice-presidente João Goulart. Em poucos dias.

O Congresso costuma ser rápido quando encostado na parede e tem uma alternativa a mão. O impasse da reforma política talvez ainda não tenha chegado ao limite, mas nos três cantos da Praça dos Três Poderes se costura uma alternativa e ganha força a ideia da adoção do regime semipresidencialista de governo. Os defensores da proposta aguardam apenas pelo fracasso das negociações da reforma política para entrar em campo com a proposta. Nem o prazo - 5 de outubro - para que a reforma seja votada os assusta: pode ser alterado por emenda constitucional.

Vários motivos movem os partidários do semipresidencialismo, mas não deixa de ser curioso registrar que é o governo Michel Temer quem declara a falência do atual sistema. "Árvore podre não dá bons frutos", costuma repetir um dos homens mais próximos do atual presidente, o secretário-Geral da Presidência, Moreira Franco. Curioso porque Temer sempre foi um dos expoentes do chamado presidencialismo de coalizão. Poucos, como o atual presidente, foram tão eficientes no trabalho de formação de maiorias no Congresso.

A infindável festa da criação de partidos – Editorial | O Globo

Reforma tem dificuldades de tramitação, enquanto o número de partidos não para de aumentar — uma das causas da crise de representatividade política

O tempo passa, e a polêmica reforma política que tenta tramitar na Câmara continua a desafiar a capacidade de os políticos construírem consensos mínimos. Alguns, também por justa pressão da sociedade, se mostram inatingíveis. Caso da proposta acintosa de se reservar 0,5% da receita corrente líquida (hoje, R$ 3,6 bilhões), dinheiro retirado do contribuinte, em meio à grave crise econômica, para financiar campanhas antes sustentadas por contribuições de empresas pelos caixas 1 e 2.

Para ajudar a contornar a dificuldade da falta de dinheiro, a proposta do Orçamento de 2018 incluirá uma verba generosa de R$ 887 milhões, para constituir o Fundo Partidário. Haveria, ainda, a possibilidade de remanejamento de outros recursos públicos carimbados para bancar despesas da política, como os do ressarcimento a TVs e rádios devido ao “programa eleitoral gratuito”, para serem somados a este quase bilhão de reais.

Economia deixa a recessão em baixa velocidade – Editorial | Valor Econômico

A economia brasileira saiu da recessão, mas por pouco. Depois de crescer 1% no primeiro trimestre, apresentou novo resultado positivo no segundo, com alta de 0,3% ante o mesmo trimestre de 2016 e de 0,2% sobre os três meses anteriores. A saída da recessão mais destrutiva da história contemporânea do país não será rápida, como poderia ser em outras condições. Todos os componentes do PIB pelo lado da oferta e da demanda têm limites evidentes e não devem se acelerar. Os analistas revisaram as projeções para melhor. No boletim Focus, o crescimento de 2017 chegou a 0,5%, enquanto que para 2018 as apostas se concentram em torno de 2%.

O consumo das famílias provocou a virada, em um trimestre em que a agropecuária, que avançara a um ritmo de dois dígitos nos três primeiros meses do ano pouco contribuiu agora para o resultado. Os motivos principais da a reação foram a rápida queda da inflação, o início da reversão do desemprego, com melhorias localizadas no trabalho informal, e, subsidiariamente, o estímulo de R$ 44 bilhões do FGTS.

Brasil e China, atraso e poder – Editorial | O Estado de S. Paulo

Futebol de um lado, dinheiro e tecnologia do outro: isso resume a maior parte dos atos assinados por brasileiros e chineses durante a visita do presidente Michel Temer a Pequim. Em quase todos os compromissos a China aparece como investidora e financiadora. A posição brasileira só é um pouco destacada no memorando de cooperação entre as confederações de futebol dos dois países. O Brasil, segundo dizem, tem maior domínio do assunto. Muitos bilhões de dólares em créditos e investimentos virão do outro lado do mundo, se metade dos bons propósitos for convertida em ações. Ao mesmo tempo, os chineses passarão a controlar alguns ativos importantes, na área de infraestrutura. Na melhor hipótese, haverá algum impulso ao crescimento nos próximos anos. Bom conjunto de negócios? Não dá para comemorar. Os atos assinados evidenciam muito mais que a desproporção entre duas economias e remetem a uma deprimente história de erros do lado brasileiro.

PAC em extinção – Editorial | Folha de S. Paulo

Um chavão entre defensores de uma determinada política pública é afirmar que as verbas orçamentárias nela aplicadas não constituem gasto, mas investimento.

Já se empregou o argumento em favor da educação, da pesquisa científica, da saúde, até do Ministério Público. O que se quer dizer, claro, é que despesas nessas áreas resultarão em benefícios de maior monta para a sociedade —o que nem sempre corresponde à realidade, mas muitas vezes soa plausível.

Não deixa de ser curioso observar, assim, que os investimentos propriamente ditos, na acepção econômica do termo, recebem na prática um tratamento vexatório por parte dos governos.

Trata-se aqui dos dispêndios destinados a ampliar a infraestrutura e a capacidade de ofertar serviços. Exemplos típicos são as obras em estradas, portos e melhorias urbanas; as compras de veículos e computadores; em educação e saúde, a construção de escolas e hospitais (mas não os salários pagos a professores e médicos).

A injustiça das ruas e das redes | Joel Pinheiro Da Fonseca

- Folha de S. Paulo

Quando feministas e eleitores de Bolsonaro emitem a mesma opinião sobre um assunto, é hora de parar e pensar. O abuso sexual de mulheres no transporte público é um problema sério, mas quando o debate gira em torno de algum caso concreto e particularmente chocante, a demagogia e o sentimentalismo tomam conta, piorando uma situação que já é muito ruim. Foi o que vimos na semana passada, depois que Diego Novais ejaculou no pescoço de uma mulher no ônibus na terça-feira (29). Não foi sua primeira vez; ele já tinha 15 denúncias semelhantes no histórico.

Ponto pacífico: este indivíduo não tem condições de circular livremente. Nisso, nossa Justiça falhou. Ainda mais preocupante, contudo, são as outras duas justiças, que funcionam a todo vapor: a das ruas e a das redes.

A justiça das ruas é nossa velha conhecida. Se alguém é pego cometendo um crime, essa pessoa está em maus lençóis. No caso da ocorrência da terça passada, Diego só não foi espancado –e possivelmente morto– pelos populares porque o motorista e o cobrador intervieram para esvaziar o ônibus até que a polícia chegasse. Mais do que uma cultura do estupro, temos uma cultura do linchamento.

Alckmin e Doria aceleram disputa por 2018

Prefeito de SP admite sair do PSDB para ser candidato, enquanto governador manda recado a correligionário

Sérgio Roxo | O Globo

-SÃO PAULO- Em mais um capítulo da disputa velada pelo posto de candidato do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito João Doria saíram discretamente em defesa de suas candidaturas e mandaram indiretas um para o outro. Alckmin chegou a dizer que, na política, “o novo é falar a verdade”. Doria não só disse que tem “praticado a verdade” como deixou assinalado que, por enquanto, não pretende deixar o partido, num sinal claro de que pode abandonar o ninho tucano caso seja preterido como presidenciável em 2018.

Os dois tucanos participaram ontem do mesmo evento. Diante dos holofotes, ao se encontrarem, trocaram um rápido abraço. Em seguida, refugiaram-se em uma sala para uma conversa reservada de aproximadamente cinco minutos. As declarações de Doria, publicadas anteontem pelo jornal “Estado de S. Paulo”, dizendo que o candidato do PSDB deve ser escolhido com base na avaliação de pesquisa de intenção de voto, tornaram ainda mais tenso o clima de desconfiança.

Pesquisa Datafolha de junho mostra os dois tucanos com o mesmo patamar, mas Doria é menos conhecido e tem menor rejeição, o que, segundo avaliações internas, indicaria uma possibilidade maior de crescimento. Alckmin, por sua vez, tem em mãos a máquina do partido, dado principalmente à sua gestão no estado, onde venceu na grande maioria das cidades.

De forma discreta, bem ao seu estilo, Alckmin, que peitou figuras históricas do PSDB, entre eles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para garantir a candidatura de Doria a prefeito no ano passado, não perdeu a chance de cutucar o seu afiliado político político, sem citá-lo nominalmente.

CUIDADO PARA EVITAR CLIMA DE GUERRA
Ao ser perguntado durante fórum com empresários por que pretende ser presidente da República , o governador respondeu:

— Eu fui a Porto Alegre e me perguntaram: O que é o novo na política? O novo é idade? É ter 30 anos, 70 anos? Eu acho o Fernando Henrique (Cardoso) novo e ele tem um pouco mais do que isso. O novo é nunca ter sido candidato? O novo é, em primeiro lugar, falar a verdade. É você olhar nos olhos, e as pessoas poderem acreditar — disse o governador.

Economistas têm visão positiva

Por Estevão Taiar, Thais Carrança, Ana Conceição e Sergio Lamucci | Valor Econômico

SÃO PAULO - A recuperação da atividade vai ganhar força nos próximos trimestres, com a possibilidade crescente de expansão do PIB superior a 2% em 2018, um movimento puxado basicamente pelo consumo das famílias e pela queda dos juros. A despeito da gravidade da situação fiscal, que continuará a exigir a aprovação de reformas mesmo diante da melhora da atividade, economistas que participaram de debate do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), realizado ontem no Valor, têm visão positiva sobre a economia do país.

Os cenários traçados por Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, e Luiz Fernando Figueiredo, diretor da Mauá Capital, não contemplam guinadas na política econômica com a eleição de 2018. A retomada mais firme da atividade reforçaria candidaturas com discurso reformista e de austeridade fiscal.

O ano eleitoral deve chegar com taxa de juros e inflação baixas, situação muito confortável no balanço de pagamentos, recuperação do emprego e da atividade, e, pela primeira vez, segundo Kawall, haveria espaço para uma campanha em que questões como a redução do tamanho do Estado e privatização sejam tratadas abertamente.

Economistas veem retomada mais firme
A recuperação da atividade vai ganhar força nos próximos trimestres, com a possibilidade crescente de uma expansão do PIB superior a 2% em 2018, um movimento puxado basicamente pelo consumo das famílias e pela queda dos juros. Essa melhora da atividade deve ajudar os cofres públicos, mas nem de longe resolverá o problema fiscal, que necessita a continuidade da agenda de reformas.

A volta do velho guerreiro

Especial que será exibido amanhã na Globo homenageia o centenário de nascimento de Chacrinha

Adriana Del Ré | O Estado de S. Paulo.

No próximo dia 30, comemorase o centenário de nascimento do pernambucano Abelardo Barbosa, o velho guerreiro Chacrinha. Abelardo começou sua trajetória no rádio, mas encontrou o ápice da sua carreira como Chacrinha na TV – e no anárquico Cassino do Chacrinha, exibido nas tardes de sábado da Globo, entre 1982 e 1988, ano em que ele morreu. Rodeado por chacretes, o comunicador colecionou uma série de bordões como ‘Eu vim para confundir, não para explicar!’, jogava bacalhau na plateia, dava buzinada nos calouros que desafinavam. Um delicioso caos acompanhado na telinha por adultos e crianças. Recriando aquele cenário, o especial Chacrinha, o Eterno Guerreiro, uma parceria entre a Globo e o canal Viva, será exibido na Globo nesta quarta, 6, após a novela A Força do Querer – e presta homenagem aos 100 anos de Chacrinha.

A escolha de seu intérprete no especial, Stepan Nercessian, foi fácil. O ator já tinha ganho notoriedade como o próprio Chacrinha no musical de sucesso sobre o velho guerreiro. “Stepan encarna o Chacrinha. É muito impressionante: além do visual, a voz, o jeito, é muito incrível de ver”, observa a diretorageral Daniela Gleiser.

Stepan conta que, desde que entrou no musical, sua interpretação de Chacrinha foi sendo aprimorada, para se afastar do caricato e ser mais fiel à essência desse personagem tão marcante na TV. “Não sou bom imitador. Fui fazendo, estudando. Aí elementos foram chegando, peguei o temperamento dele, e a voz saiu, o arrastar do pé que ele fazia. Tanto o (autor do musical, Pedro) Bial quanto o Andrucha (Waddington, diretor) foram me deixando solto”, diz Stepan, que também viverá Chacrinha no cinema.

Assim, o ator já chegou pronto para comandar o programa. Mas Stepan confessa: “O especial na TV foi incrível, o nervoso foi maior do que na estreia do teatro. No teatro, você está fazendo para uma câmera, que é a plateia. Quando fui para a TV, vi como ele controlava o auditório, câmera para cá, câmera para lá”. Stepan conta que houve leitura, ensaio, mas a dinâmica do programa, gravado em maio, foi como se fosse de uma atração ao vivo, com direito a improvisos do ator.

Emoção. Além da interpretação impecável de Stepan, o especial faz essa ponte com o programa original em outros aspectos. Entre eles, um cenário fiel ao do Cassino do Chacrinha, incluindo os tubos de metal, mas com o acréscimo de alguns elementos modernos, como efeitos especiais de luz e projeções em LEDs. A autoria é do cenógrafo Mario Monteiro, que está na Globo há 50 anos e é irmão do autor da cenografia original, de 1982, já morto.

Poesia do dia: Chopp | Carlos Pena Filho

Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.

Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.

Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.

Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados

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Carlos Pena Filho (1929-1960)