terça-feira, 21 de setembro de 2021

Merval Pereira - Um pária em NYC

O Globo

Comer pedaço de pizza nas ruas de Nova York pode ser um dos melhores programas da cidade, mas ficar na porta do restaurante porque não pode entrar sem a comprovação da vacina contra a Covid-19 é um vexame sem precedentes para um presidente de qualquer República que se preze. Não é sinal de populismo, nem de ser popular, mas de desleixo com as vidas alheias, que é a marca registrada de Bolsonaro.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que foi seu companheiro de negacionismo no início da pandemia, mas depois caiu na real, foi sutilmente irônico com Bolsonaro. Fez a apologia da vacina AstraZeneca, fruto de pesquisas da Universidade de Oxford, e incentivou todos a se vacinar. Embora certamente já soubesse, Boris Johnson perguntou a Bolsonaro se ele já havia se vacinado, ao que o presidente brasileiro respondeu com um sorriso sem graça: “Ainda não”.

Carlos Andreazza - O imposto Guedes

O Globo

Paulo Guedes disse que o advento da reeleição consistira no “maior erro político do país”. O desejo por continuidade criaria uma “fixação”. Está certo.

O ministro domina a dinâmica engessadora dos quatro anos, cujo efeito paralisante — acresço — será agravado pela incompetência. O primeiro ano, vento a favor, aquele em que se poderia fazer algo. O segundo, atrapalhado pelas eleições municipais, especialmente fatal — acrescento — para os improvisadores. O terceiro, achatado, seria o do acúmulo, de promessas e de frustrações, um represamento do que não se materializou pressionado pela projeção do quarto ano, o das eleições, em que nada se produz.

Guedes sabia onde entrava. Saberia também, não fosse expoente de uma espécie de liberal exclusivamente econômico, da impossibilidade política de realizar — ainda que fosse capaz de formular políticas públicas, negociá-las e executá-las (e não é) — sob Bolsonaro, um gerador contínuo de instabilidades que, em campanha constante por permanecer no poder, abriu 2022 já em 2019.

Isso nunca o impediu de prometer, o que resultaria na erosão corrente de sua palavra — sujeito desprovido de experiência em administração pública, de súbito posto a comandar ministério que reunira cinco pastas. Um ministro da Economia que, se avaliando competente, avaliou ser possível reformar estruturalmente o Estado sobre um chão imprevisível cuja inconstância é produto do presidente da República. Produto: gasolina a 7 guedes.

Zuenir Ventura - A ONU não vai saber

O Globo

O presidente Bolsonaro fala hoje na Assembleia Geral da ONU, mas o que os líderes mundiais ouvirão deve ser a versão de uma realidade paralela, a dele. Isolado na comunidade internacional, com a reputação tão em baixa lá fora quanto a popularidade aqui dentro, seu discurso (se não foi o Temer, quem será que escreveu?) vai caprichar na retórica.

Ele poderá afirmar que a vacinação avançou nos últimos meses. Mas jamais informará que poderia estar muito melhor se o governo não tivesse feito campanha contra (duvido que tenha coragem de confessar que chegou a dizer que quem tomasse vacina corria o risco de virar jacaré).

Os participantes da Assembleia também ficarão sem saber que, de negacionista, seu governo passou a “negocionista”. Para isso, precisariam ouvir uma citação do presidente da CPI da Covid. Impressionado com aquilo de que tomou conhecimento nestes cinco meses de apuração, o senador Omar Aziz desabafou longe dos microfones: “Se estivesse aqui, Al Capone ficaria corado de vergonha”. Como conhecem bem a fama do personagem citado, compreenderiam a situação do Brasil atual.

Míriam Leitão - Risco chinês piora o cenário

O Globo

Uma crise internacional é tudo que o Brasil não precisa neste momento. E foi isso que se vislumbrou ontem, quando mercados do mundo inteiro despencaram pelo temor do efeito de contágio de uma gigante imobiliária. O centro do problema fica exatamente no país do qual o Brasil mais depende, a China. A equipe econômica tem planos de nos próximos meses vender a Eletrobras — e sonha arrecadar R$ 100 bilhões com ela — leiloar 16 aeroportos e privatizar os Correios. Tudo ao mesmo tempo. O Brasil é um país em crise institucional, risco fiscal elevado e um presidente visto como uma aberração, como se viu ontem em Nova York. A cotação de uma das commodities que o Brasil exporta, o minério de ferro, caiu de US$ 222 a tonelada para US$ 95, em apenas dois meses.

O problema da Evergrande é o seu tamanho e dispersão na economia chinesa, como explica o economista Gilberto Cardoso, CEO da Tarraco Commodities Solutions e analista da plataforma OHMResearch.

— Evergrande é um conglomerado industrial, com foco no mercado imobiliário, mas também em máquinas, baterias, carro elétrico. Acredito que está em iminente falência. Um contágio direto seria sobre os credores, bancos ou outras instituições chinesas. A empresa é controlada por uma pessoa, sócio que tem 70% das ações. E os minoritários são bancos, fundos, empresas chinesas — disse.

Luiz Carlos Azedo - Naufrágio em dique seco

Correio Braziliense

O projeto de construção do submarino nuclear brasileiro, uma parceria com a França, nunca agradou aos Estados Unidos e ao Reino Unido

Jair Bolsonaro participou, ontem, de reunião bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em Nova York, onde estão para participar da 76a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), hoje. Em vídeo divulgado nas redes sociais do presidente da República, o premier afirma que havia prometido visitar o Brasil, mas a pandemia da covid-19 impediu a viagem. O tema da covid-19 dominou o encontro.

Entretanto, quem quiser que se engane, o pano de fundo das relações estratégicas entre o Reino Unido e o Brasil são a forte presença comercial chinesa no continente, o controle do Atlântico Sul, área de influência dos ingleses, e o acordo militar com a França para construção do submarino nuclear brasileiro. Além disso, o Brasil apoia as pretensões da Argentina no sentido de recuperar a soberania sobre as Ilhas Malvinas (Falkland Islands), arquipélago localizado na plataforma continental da Patagônia, porém um território ultramarino britânico.

Eliane Cantanhêde - Dois ‘Jaíres’, dois Brasis

O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro, do Brasil, é o único presidente do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) que não tomou nenhuma dose contra a covid-19, empurrou ministros a se vacinarem escondido e recorre aos seus “sentimentos” para induzir o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a suspender a imunização de adolescentes, conclamando pais e mães a não vacinarem seus filhos. Um espanto!

Mais espantoso ainda pode ser o discurso de Bolsonaro hoje, na abertura da Assembleia-geral da ONU, em Nova York: o mesmo presidente que se recusa a se vacinar e faz campanha contra imunização de adultos e de adolescentes vai fazer oba-oba com os números da vacinação no Brasil? E acenar com exportação de vacinas para a América Latina?

Almir Pazzianotto Pinto* - Semipresidencialismo

O Estado de S. Paulo

Problema do Brasil está na caótica organização partidária, na corrupção, no sistema eleitoral

Desde a Proclamação da República, em 15/11/1889, o Brasil conheceu 38 presidentes. O primeiro foi o marechal Deodoro da Fonseca, herói da Guerra do Paraguai. Tomou posse após comandar as tropas que depuseram o imperador Dom Pedro II, de quem era amigo e admirador.

Em 23 de julho de 1840, aos 15 anos de idade, Dom Pedro II assumiu o exercício das funções majestáticas, exercidas de forma magnânima e serena até 15 de novembro de 1889. Foram 49 anos, 4 meses e 115 dias sob a Constituição de 25 de março de 1824, emendada uma única vez.

Sobre o reinado de Dom Pedro II, sintetizou Pandiá Calógeras: “Grande e nobre fora a tarefa cumprida pelo Império. Estava o Brasil sob ameaça de desintegração por fatores múltiplos e, entretanto, se manteve unido. Lutas locais duraram cerca de 20 anos, e, entretanto, foram dominadas dentro da união” (Formação Histórica do Brasil, Companhia Editora Nacional, SP, 1967, página 298).

Ana Carla Abrão - Retrocessos

O Estado de S. Paulo

Reforma administrativa é coisa séria. Bem feita, gera aumento na qualidade dos serviços públicos, ajuda a fazer crescer a produtividade da economia e melhora a trajetória fiscal de curto, médio e longo prazos. Malfeita, nos condena à mediocridade e à pobreza ao consolidar a máquina pública como reforçadora de desigualdades sociais.

Um projeto complexo (e confuso) de emenda constitucional chegou ao Congresso Nacional ao final de 2019. Ficou ali dormente até que, recentemente, entrou no rol das reformas a serem entregues neste ano. Foi colocado na mesma esteira desastrosa da reforma do Imposto de Renda. Deu no que deu.

O relatório apresentado pelo deputado Arthur Maia à Comissão Especial da Reforma do Estado tem retrocessos – por si só, inaceitáveis – e inviabiliza avanços futuros. Ele nos dá os motivos para defender o fim da tramitação da PEC 32. Destaco aqui três deles:

Hélio Schwartsman - Barbeiragem legislativa

Folha de S. Paulo

Medida privará o cidadão de ter informações relevantes sobre a eleição

Se um médico comete um erro muito banal, como prescrever insulina para um paciente em quadro de hipoglicemia, fica sujeito a sanções civis e até mesmo penais. Isso vale para quase todas as profissões, incluindo advogados, motoristas, jornalistas, encanadores. Uma notável exceção são os parlamentares. Eles podem escrever leis contendo absurdos sem temer responsabilização pessoal. Pior, as normas por eles criadas terão presunção de legalidade mesmo que tragam prejuízo para a sociedade.

Um exemplo recente de barbeiragem legislativa é a proposta de vetar a divulgação de pesquisas eleitorais na véspera dos pleitos. O dispositivo já foi aprovado pelos deputados e aguarda parecer dos senadores. A medida privaria o cidadão de acesso a informações relevantes sobre a eleição. E como sabemos que são relevantes? Há quem invista pequenas fortunas para produzi-las, e parlamentares estão entre os que mais se mobilizam para obtê-las em primeira mão. E, se um político não quer que você tenha acesso a uma informação que ele se esforça para conseguir, pode desconfiar.

Cristina Serra - O meu, o seu, o nosso dinheiro

Folha de S. Paulo

Livro revela a gastança de congressistas em viagens aéreas

Em abril de 2009, uma série de reportagens do site "Congresso em Foco" abalou o Congresso Nacional ao revelar que parlamentares faziam turismo com dinheiro público. A verba era de uma generosa cota para compra de passagens aéreas relacionadas às atividades do mandato.

Na prática, porém, cada congressista gastava o dinheiro a seu bel-prazer e sem dar satisfações a ninguém. Deputados e senadores ainda levavam a tiracolo parentes, amigos e cupinchas para destinos turísticos no Brasil e no exterior, como Nova York, Miami, Londres, Paris, Milão, Madri. Uma farra!

Doze anos depois, os repórteres Eduardo Militão, Eumano Silva, Edson Sardinha e Lúcio Lambranho revisitam o escândalo e trazem mais novidades no livro "Nas Asas da Mamata", recém-publicado. Eles descobriram agora, por exemplo, que o contribuinte bancou as passagens de Jair e Michelle Bolsonaro para a lua de mel em Foz do Iguaçu, em 2007.

Joel Pinheiro da Fonseca – A desonestidade dos céticos seletivos

Folha de S. Paulo

Questionar eficácia dos imunizantes sem crivo técnico é socialmente desastroso

A atitude cética é fundamental para o avanço do conhecimento. Se estamos confortáveis com nossas crenças, o progresso é impossível ou só virá depois que a realidade aplique golpes duros.

Grande parte da ciência é exatamente isso: procurar problemas nas teses estabelecidas, extrair previsões delas para falseá-las, identificar inconsistências, encontrar explicações que possam reabilitar teorias já descartadas.

Uma possível reação fatal a uma vacina, por exemplo, merece a atenção dos especialistas e os debates que a cercam: será que a morte foi causada pela vacina? Será que a vacina agravou um quadro preexistente que explica a morte? Qual a probabilidade que devemos atribuir a essa possibilidade? Por mais sólido que seja nosso conhecimento, a certeza nunca é absoluta.

No campo do conhecimento, colocar as próprias certezas em dúvida é sempre salutar. Na esfera prática, no entanto, é preciso agir. E essa ação se baseia em alguma crença, melhor ou pior embasada. Se, no momento da ação, a colocamos em dúvida, não iremos agir. Na esfera prática, o ceticismo é paralisante.

Andrea Jubé - Lira, o equilibrista

Valor Econômico

Lei do Mandante inspira solução para PL das “fake news”

Mestre do malabarismo político, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mal começou a articular uma saída para o impasse dos precatórios, e já se viu diante de outro imbróglio espinhoso: o projeto de lei do Executivo que altera o Marco Civil da Internet e, na prática, dificulta a remoção de conteúdos das redes sociais, enviado ao Legislativo na sexta-feira.

O tema é candente, explosivo e o governo tem pressa na matéria: enviou o projeto com urgência constitucional. Pela regra, se não for votado em 45 dias, passa a trancar a pauta da Casa onde está tramitando. Outro complicador é que a proposta é vista como um aceno do presidente Jair Bolsonaro à sua militância digital, afetada pela remoção de conteúdos que violariam as regras de plataformas das redes sociais.

O projeto já nasceu de uma controvérsia: veio substituir a medida provisória (MP) sobre o mesmo tema, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), devolveu ao Executivo no dia 14.

Pacheco registrou que a MP configurou um “abalo” no desempenho das funções do Legislativo e gerou insegurança jurídica, porque o Senado aprovou proposta semelhante no ano passado - o PL 2630, que está em discussão na Câmara.

O tema é tão polêmico que a ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF) também havia suspendido a eficácia da MP, em uma ação que tramita na Corte.

Pedro Cafardo - Socorro de Paulo Guedes lembra súplica de Paulson

Valor Econômico

Só um político habilidoso e com trânsito no Congresso será capaz de liderar o programa de reformas no próximo mandato presidencial

Em um momento quase cômico, na semana passada, o ministro Paulo Guedes fez “um pedido desesperado de socorro” ao Judiciário e ao Legislativo para resolver o impasse do Orçamento de 2022. Ele se referia ao já enfadonho problema dos precatórios, que surpreendeu o governo com uma conta a pagar de R$ 89,1 bilhões em 2022, e não de R$ 54 bilhões como previa o Ministério da Economia.

O socorro solicitado, portanto, seria de R$ 35,1 bilhões, valor que Guedes tenta parcelar ou adiar com auxílio do Congresso e do Judiciário.

O pedido de Guedes virou uma fábrica de memes porque a conversa se deu em um encontro aberto no qual participava, além do ministro, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Bem-humorado, Fux defendeu o diálogo entre as instituições e disse: [Guedes] é “tão amigo que coloca no meu colo um filho que não é meu”.

Guedes em geral fala, por impulso, o que lhe vem à cabeça. Mas nessa vez pode ter se inspirado em uma marcante passagem do primeiro volume de memórias do ex-presidente dos EUA Barack Obama: “Uma Terra Prometida”.

Maria Clara R. M. do Prado - Inflação ou emprego?

Valor Econômico

Não há muita margem de manobra para atuar sobre o câmbio, que tem puxado a inflação para cima

À medida que a pandemia da covid-19 começa a dar sinais de arrefecimento, com a queda no nível dos contágios, os bancos centrais deparam-se com um crucial dilema: o que priorizar nesta fase de transição em que as economias ainda não recuperaram as taxas de crescimento anteriores a 2020, o estímulo ao emprego ou o combate à inflação?

A dúvida surgiu nos últimos meses quando o mundo se deparou com um rápido e intenso aumento nos preços de produtos que afetam o bolso dos consumidores, em especial dos desempregados. A questão tomou conta dos debates entre acadêmicos, ganhou a manchete dos jornais e está intimamente inserida nas reflexões dos dirigentes dos bancos centrais.

Em alguns circuitos, tem sido revisitada a crise econômica que afetou o mundo entre meados da década de 60 e início dos anos 80, a partir do significativo aumento nos preços do petróleo, com reflexos na inflação, associada a altos níveis de desemprego. Tenta-se com isso estabelecer algum tipo de comparação com o que tem ocorrido hoje.

O que a mídia pensa - Editoriais /Opiniões

EDITORIAIS

Apoio à democracia é alento no Brasil sob Bolsonaro

O Globo

Os brasileiros continuam a ser a fortaleza a dar sustentação à democracia. A última pesquisa de opinião do Datafolha, feita em todo o país após as manifestações golpistas do 7 de Setembro, dá a dimensão de como o sentimento democrático tem crescido entre os brasileiros — um alento num país governado por um presidente que já demonstrou repetidas vezes não ter muito apreço por ele. Para 70% dos entrevistados entre os dias 13 e 15 deste mês, a democracia é o melhor regime de governo para o país.

É o segundo maior percentual registrado desde que o Datafolha começou a fazer a pergunta, em 1989. Quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência, em 2018, o apoio à democracia estava em 56%. Num clássico exemplo de ação e reação, os discursos e atos antidemocráticos de Bolsonaro levaram a ampla maioria dos brasileiros a valorizar ainda mais a liberdade de escolher nas urnas eletrônicas quem governa o Brasil.

Na questão mais crítica para avaliar o apoio ao regime democrático, caiu para 9% a parcela daqueles que acreditam que, em certas circunstâncias, uma ditadura poderia ser melhor. É o nível mais baixo da série histórica e quase metade do registrado nos primeiros meses do atual governo. A maioria silenciosa não vai a protestos nas ruas, mas está atenta. Para 51% há a chance de nova ditadura — e é justamente esse receio que impulsiona a valorização da democracia.

Quando critica o voto eletrônico, Bolsonaro só quer criar um pretexto para questionar o resultado em caso de derrota em 2022, sob a falsa acusação de fraude. Mas a campanha autoritária bolsonarista, disfarçada de libertária, só engana os incautos. Dois terços acham que as manifestações e as mensagens nas redes sociais pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) ameaçam a democracia.

Poesia | Fernando Pessoa – Tabacaria (Trecho)

Falhei em tudo.

Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.

A aprendizagem que me deram,

Desci dela pela janela das traseiras da casa,

Fui até ao campo com grandes propósitos.

Mas lá encontrei só ervas e árvores,

E quando havia gente era igual à outra.

Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?