Folha de S. Paulo
Na COP26, governo capitula diante da
resistência interna e da forte pressão internacional à sua política destrutiva
Derrotado, o governo brasileiro chega
a Glasgow engatando
marcha-a-ré em relação a tudo o que disse —e fez— até aqui em matéria
ambiental. Foi-se o tempo em que o então chanceler Ernesto Araújo imprecava
contra um fantasmagórico globalismo ecológico, enquanto o seu colega do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, imaginava fazer bons negócios contando lorotas na
COP25.
Os seus sucessores levam à capital escocesa
um discurso bem-comportado, as vagas ideias do Programa de Crescimento Verde, o
compromisso de reduzir pela metade em nove anos as emissões de carbono do país
—sem dizer como. Tudo isso deixa de ponta-cabeça as falas e os atos de
Bolsonaro para enfraquecer os instrumentos de controle da aplicação das leis
ambientais, ao patrocinar no Congresso projetos que as desfiguravam e ao
estimular toda sorte de empreendimentos criminosos contra a Amazônia e seus
habitantes.
Mas quando esconde o malfeito e ostenta compromissos com o que não acredita —e por isso não pretenda cumprir—, a extrema direita no poder capitula diante da resistência interna e da forte pressão internacional contra a treva com que recobriu o Planalto.