O Globo
O script em que o capitão reformado do
Exército Jair Bolsonaro enredou as Forças Armadas vai adquirindo ares de vexame
histórico à medida que generais embarcam sem pudor na narrativa da
suscetibilidade do sistema eleitoral a fraudes, algo já refutado por dados,
fatos e auditorias de diferentes órgãos.
O capítulo desta quinta-feira foi um dos
mais gritantes desse papelão. E em nome de quê? De dar razão à conspiração
desejada por um ex-militar expulso da corporação justamente por… conspirar
contra ela!
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio
Nogueira de Oliveira, usou uma audiência pública do Senado Federal para
defender uma tese capenga do ponto de vista técnico, segundo a qual um teste de
“integridade” em papel, feito no dia da eleição, com eleitores pinçados em
algumas seções, poderia ser mais eficiente e preciso que as exaustivas etapas a
que a Justiça Eleitoral submete as urnas e todo o sistema de apuração há quase
três décadas!
Munido de um constrangedor gráfico em que o passo a passo do teste tabajara era mostrado, no qual se pespegou sem dó o brasão da República e a marca d’água do Ministério da Defesa, o general se enrolou todo ao falar ora em votação paralela em papel, ora em teste.