Correio Braziliense
O bom governo depende dos serviços prestados à
população. E das mulheres, que foram a força decisiva para a eleição de Lula,
cuja presença na Esplanada não deve se restringir ao “lugar de fala”
É natural que todas as atenções estejam
voltadas para a montagem do governo Lula e suas relações com o Congresso, mas é
um equívoco tratar o presidente Jair Bolsonaro como cachorro morto, ainda que
ande chorando em solenidades militares, em silêncio depressivo e com uma
erisipela, um processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido
celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos, comum
nos diabéticos, obesos e nos portadores de varizes.
Na sua primeira fala política após as eleições, na sexta-feira, Bolsonaro passou recibo da depressão, ao falar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada: “Estou há praticamente 40 dias calado. Dói, dói na alma. Sempre fui uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida no meio do povo”, disse, numa alusão à facada que levou em Juiz de Fora (MG) em 2018. Sua postura é de derrotado, Bolsonaro já não reage como aquele lutador de boxe nocauteado que se levanta querendo lutar. Mas é um erro avaliar que não tem condições de se manter como o líder de direita com ampla base popular. A pesquisa do Ipec divulgada na quinta-feira mostra isso.