sexta-feira, 24 de março de 2023

Vera Magalhães - O erro de apostar tudo na polarização

O Globo

Quem vence a eleição e toma posse precisa dizer ao país a que veio, qual o projeto, o rumo, a agenda. Até aqui não se viu isso

Lula decidiu enveredar por um caminho perigoso, passado o momento de união de esforços dos Poderes e das demais instituições em reação ao 8 de Janeiro. Em vez de investir em distensionar o ambiente político e isolar o extremismo, achou por bem reforçar, a cada declaração, a polarização, mantendo o fantasma de Jair Bolsonaro vivo, por entender que ele lhe é favorável na comparação, e trazendo Sergio Moro para a ribalta enquanto o ex-juiz andava bastante apagado, tentando ainda se ambientar ao Senado.

O contraste com Bolsonaro funcionou por um tempo, porque começaram a sair do armário esqueletos ainda mais bizarros que os conhecidos nos últimos quatro anos. Mas não é um supertrunfo que se possa usar a cada rodada ao longo do tempo de um mandato presidencial.

A segunda decisão — evocar Moro e o período em que ficou preso — já começou torta, se mostrou um erro de timing quando, no dia seguinte, foi deflagrada uma operação da Polícia Federal para prender acusados de tramar a morte do senador e, por fim, descambou para o desastre ontem com a declaração leviana do presidente de que o adversário haveria tramado a história toda.

Bernardo Mello Franco - Cabo de guerra

 

O Globo

Presidente diz que Senado precisa "cuidar" de chefe do BC, mas ameaça não deve passar da retórica

Nem o alerta de um Prêmio Nobel foi capaz de sensibilizar o Banco Central a rever a política de juros. Na segunda-feira, Joseph Stiglitz comparou a Selic nas alturas a uma pena de morte. “É o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia”, avisou.

Dois dias depois, o Copom ignorou as críticas e manteve a Selic em 13,75% ao ano. A decisão não surpreendeu, mas o comunicado sugeriu a possibilidade de um novo aumento dos juros, o que reaqueceu a crise entre Planalto e BC.

Lula já estava desconfiado de que Roberto Campos Neto atuava contra o governo. Agora parece ter certeza disso. Ontem o presidente voltou a se referir ao chefe do BC como “esse cidadão”. “A História julgará cada um de nós”, esbravejou.

Luiz Carlos Azedo - Crise à vista, do jeito que Arthur Lira gosta

Correio Braziliense

A situação é muito grave, porque abre uma crise institucional que pode desestabilizar o governo Lula antes mesmo de completar seus 100 primeiros dias de gestão

Estava escrito nas estrelas que a reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com o apoio de um amplo leque de forças (somente o PSol-Rede e o Novo ficaram de fora do blocão), poderia se tornar mais problema do que solução para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lira é o tipo de político que cria estresse para negociar com mais força e chegar a um acordo vantajoso. O problema é que as principais forças políticas de sustentação de Lira não estão nem um pouco interessadas na solução; ao contrário, apostam na crise para inviabilizar o governo Lula, a começar pelos dois principais partidos do Centrão, o PL de Valdemar Costa Neto e próprio partido de Lira, o PP, cujo presidente, o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, quer seu time na tropa de choque da oposição bolsonarista.

Flávia Oliveira - Ação contra o crime

O Globo

Ao menos três episódios dantescos deste março sugerem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, terá de assumir as rédeas do enfrentamento ao crime organizado no país. Precisará deixar de lado a justificada indignação pessoal e também as décadas de administrações federais, governos petistas incluídos, hesitantes em pôr as mãos num caldeirão que só faz ferver. E incomoda crescentemente a população brasileira, das metrópoles aos balneários turísticos, de cidades médias aos grotões.

No Rio Grande do Norte, o caos instituído há duas semanas por facções do tráfico de drogas em ataques ao sistema de transporte, prédios públicos e estabelecimentos privados já alcançou cinco dezenas de municípios, a começar pela capital, Natal. Flávio Dino, governador do Maranhão por dois mandatos, hoje à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, enviou agentes da Força Nacional e da Polícia Penal, prometeu R$ 100 milhões e equipamentos à governadora Fátima Bezerra, visitou o estado. Ainda assim, o afrontamento de grupos rivais unidos, pelo que se sabe, contra maus-tratos em presídios locais, segue ativo, sob a liderança de chefes encarcerados dentro e fora do território potiguar.

Vinicius Torres Freire – Lula, Moro e outras crises inúteis

Folha de S. Paulo

Presidente fala em 'armação' de Moro, compra brigas sem sentido; problemas fermentam na economia e no Congresso

Luiz Inácio Lula da Silva disse que uma conspiração assassina do PCC seria armação de Sergio Moro, ora senador (União Brasil-PR). Se o presidente se sente à vontade de dizer tal coisa, o que mais pode dizer? De algum modo, se sentiu inimputável, de caso pensado ou por falta de noção, como diz o povo.

O assunto preocupa até quem se ocupa no mais das vezes de economia. São aqueles que já viram o presidente dar tantos tiros no pé desde novembro, mesmo antes de tomar posse. Seja o caso de soberba terminal ou de autoconfiança desinformada e inconsequente, o que mais pode vir?

Não é uma questão menor, nem do espírito de porco oposicionista. Muita gente preocupada com o futuro deste governo, até por afinidade ou compromisso, ficou pasma.

Um otimista dirá que foi um lapso grave. Um cético vai se perguntar se Lula se julga acima do bem e do mal. Estaria ainda mais olímpico porque neste seu terceiro governo e no seu partido não há mais, nem de longe, figura que conteste suas vontades ou o alerte para consequências do que faz e diz. Pelo que diz gente graúda do Congresso, Lula tem reagido muito mal se contrariado.

Reinaldo Azevedo - Por que Lula deve falar menos

Folha de S. Paulo

É hora de reconhecer quem decide o quê no Brasil de 2023

Lula precisa mudar seu modo de se relacionar com o público e falar menos. E isso, acreditem, não é um juízo depreciativo. Fosse, e eu não teria problema nenhum em explicitá-lo. Nunca tive dificuldade de criticar presidentes, inclusive ele próprio. Em muitos aspectos, o Brasil que está aí é muito pior do que aquele que o líder petista encontrou em 2003. A razia dos últimos quatro anos não haveria de ser indolor. E deixou sequelas de longo prazo. E vou me ater aqui ao que acho realmente relevante.

Antes que prossiga, escrevo, sem receio de errar, que, caminhando para os 90 dias de mandato, sua vitória já rendeu bons frutos para os pobres, que são os mais carentes de um bom governo, e, pois, para o país. Relançou o Bolsa Família com mais benefícios e as corretas contrapartidas e determinou a reestruturação do Cadastro Único, destruído pela sanha eleitoreira de Bolsonaro.

Bruno Boghossian - Risco imediato no Congresso

Folha de S. Paulo

Disputa de poder entre Arthur Lira e senadores tem tudo para desorganizar articulação do governo

Lula vai encerrar o terceiro mês de mandato sem uma base aliada firme. As insatisfações do centrão devem dificultar o avanço da agenda do governo e encarecer as negociações partidárias ao longo do ano, mas o governo enfrenta um risco mais imediato no Congresso.

O embate entre Câmara e Senado sobre a votação de medidas provisórias tem tudo para desorganizar os trabalhos do Planalto. O presidente da Câmara, Arthur Lira, ameaça travar a aprovação dos textos enviados pelo governo caso os senadores não aceitem ceder espaço aos deputados nesse processo.

Hélio Schwartsman -A volta do Mais Médicos

Folha de S. Paulo

Se a alternativa for o paciente ficar sem atendimento, vale profissionais sem título

Sempre defendi e ainda defendo o Mais Médicos, posição que me valeu algumas broncas em casa (minha mulher é médica). Qualquer sistema de saúde que se pretenda universal, como o SUS, precisa antes de tudo ser capaz de colocar profissionais para atender nos mais variados rincões do país.

Até haveria soluções "de mercado" para o problema. Se oferecermos salários cada vez maiores para quem topar ir para as áreas mais remotas, em algum ponto, nem que seja além dos R$ 100 mil mensais, conseguiremos levar médicos até para além de onde Judas perdeu as botas. Só que isso seria proibitivamente caro.

Outra saída mercadista seria aumentar a oferta desses profissionais, ampliando o famoso exército de reserva de mão de obra. O governo Dilma fez isso, permitindo a criação de novos cursos de medicina, mas, até aqui, sem grandes resultados. É claro que, se esse movimento tiver continuidade, em algum momento haverá tantos médicos que eles aceitarão trabalhar em qualquer lugar por salários cada vez menores.

Laura Karpuska* - Socialismo para elite

O Estado de S. Paulo

Gastar o que gastamos com pequenos grupos de interesse não leva ao desenvolvimento

Há duas semanas, um banco de médio porte entrou em colapso nos Estados Unidos, sendo a maior falência bancária desde a grande recessão de 2008. O banco SBV faliu porque tomou risco sem cobertura, tinha uma base de depósitos arriscada e porque a regulação permitiu que o banco tomasse o tamanho do risco que tomou. O banco agora está nas mãos dos reguladores.

Pela natureza do nicho do banco, startups no Vale do Silício, nos Estados Unidos, a maior parte dos depósitos feitos no SBV era maior do que os US$ 250 mil assegurados pelo fundo garantidor de crédito norte-americano. O governo anunciou que o resgate dos depositantes será integral, a despeito da regra.

Celso Ming - Crise bancária à velocidade da luz

O Estado de S. Paulo

Os bancos têm de lidar com explosivos, como os especialistas das Forças Armadas. É da natureza de sua atividade conviver com perigoso descasamento entre ativo e passivo.

No caso dos depósitos em conta corrente, devem à vista, mas são credores a prazo. A qualquer momento o correntista pode sacar seu dinheiro que pode não estar lá, porque foi reemprestado e tem prazo para voltar. É o que levou o analista Martin Wolf, do Financial Times, a abrir sua coluna desta terça-feira, 21, com a afirmação duramente realista: “Os bancos são projetados para falir”.

Isso é assim desde que há bancos, e eles existem desde a Antiguidade. Na Parábola dos Talentos – e isso tem 2 mil anos –, Jesus advertiu o servo que fracassou na administração do talento que lhe foi entregue de que deveria, ao menos, tê-lo confiado aos banqueiros para garantir retorno com juros (Mateus 25,14-30).

Mas há uma novidade que adicionou mais pólvora à atividade já perigosa dos bancos. É a possibilidade de saques à velocidade da luz. Nos velhos tempos, a transferência de depósitos era uma epopeia. O ouro ou metais preciosos exigiam logística complicada para armazenamento e transporte. Mesmo recentemente, saques com cheques eram submetidos a processo de compensação e levavam certo tempo para ser concluídos. Hoje, um clique transfere dezenas de bilhões em tempo real.

Eliane Cantanhêde - Em boca fechada não entra mosca

O Estado de S. Paulo

A pergunta que começa a rondar Brasília: o que está acontecendo com Lula?

Na mesma semana, o presidente Lula surpreendeu os meios políticos, jurídicos e diplomáticos ao fazer ao menos duas acusações graves, sem provas, imprudentemente. A primeira atingiu os Estados Unidos, um parceiro fundamental. A segunda foi contra o ex-juiz, ex-ministro e agora senador Sérgio Moro, mas os estilhaços vão longe.

Ao vento, do nada, Lula acusou o Departamento de Justiça dos EUA de um conluio com a Lava Jato para prejudicar as empreiteiras brasileiras em licitações internacionais. Uma história rocambolesca, sem pé nem cabeça, dessas que qualquer um pode lançar numa mesa de bar, numa roda de amigos, mas o presidente?

Ele já vinha espancando o Banco Central e mandou rasgar os livros de economia e a acusação foi feita às vésperas da viagem à China, que vive momentos tensos com os EUA. A reação oscila entre o choque e o constrangimento, com uma pergunta pairando nos ar: O que está acontecendo com o Lula?

Maria Cristina Fernandes - Um laboratório de bolsonarismo sem Bolsonaro

Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

Estado em que o ex-presidente tem maior representação, Rio Grande do Norte pode significar a sobrevivência de suas ideias

No final da tarde da sexta-feira, 17 de março, tocou o celular da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). Era o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Naquela tarde, o senador havia encaminhado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva um ofício dando seguimento a um pedido de um senador da bancada potiguar, Styvenson Valentim (Podemos), por uma operação de Garantia da Lei e da Ordem em reação aos ataques à segurança pública do Estado.

Policial militar que ganhou popularidade em decorrência do rigor com o qual aplicava a Lei Seca no estado, Styvenson Valentim foi eleito ao Senado em 2018 na onda do bolsonarismo. Em janeiro, ele foi um dos sete senadores que votaram contra a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal em função da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a intervenção, ao contrário daquela que mais tarde seria estendida ao governo do estado pelo Supremo Tribunal Federal, precisava ter o aval do Senado.

Ao longo dos primeiros quatro anos em que esteve na presidência do Senado, em coabitação com o governo Jair Bolsonaro, Pacheco arquivou mais de 30 pedidos de impeachment de ministros do STF patrocinados pela bancada bolsonarista, mas resolveu levar adiante o pedido de intervenção militar no único estado, entre as 27 unidades da federação, governado por uma mulher.

Só depois de encaminhar o pedido de intervenção a Lula é que Pacheco ligou para a governadora. Há duas versões para o telefonema. A de Pacheco é que se tratou de um telefonema de “solidariedade” pela crise em que teria “reconhecido o esforço” do governo estadual. Havia, porém, decidido dar encaminhamento ao pedido depois de falar com os demais senadores da bancada potiguar na Casa ante a “grave crise gerada pelo crime organizado”.

Maria Cristina Fernandes - ‘Sincericídio’ presidencial tira oposição das cordas

Valor Econômico

Declarações estão sendo usadas para associar combate à operação com a leniência com o crime organizado e a corrupção

Se alguém tinha dúvidas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia que estava ao vivo na entrevista ao “Brasil 247” quando disse o que pensava na prisão, ele tratou de dissipá-las com a afirmação de que os ataques planejados por uma facção criminosa foram uma armação do senador Sergio Moro.

Lula voltou ao poder no modo “tô pouco me lixando”. Se a psicanálise se debruçar sobre o que ele passou desde Curitiba até a eleição há de encontrar as causas. Para a política importam as consequências. Que já deveriam ter soado o alarme no Palácio do Planalto.

Se o governo investiga a autorização da operação pela juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro na Lava-Jato, eventuais suspeitas só poderiam vir à tona se comprovadas. O presidente e seu governo são as primeiras vítimas da cortina de fumaça lançada por ele sobre a operação.

Claudia Safatle - Pacote de crédito só terá efeito a longo prazo

Valor Econômico

Mercado está no meio do caminho e pode tanto melhorar quanto piorar

O governo avalia um pacote de medidas estruturais para melhorar o mercado de crédito no país. Mas nada que dê algum alento de curto prazo, para um mercado que vem se contraindo. O cenário, para o crédito, está no meio do caminho e tanto pode piorar quanto melhorar. E, nesse aspecto, vai ser muito importante o sinal que o governo vai dar com o arcabouço fiscal, assim como será relevante a postura que o governo vai ter quanto às decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Uma desaceleração da economia já estava contratada, mas até fevereiro era aguardada uma alta de 8,3% para o crédito, segundo pesquisa da Febraban, por causa da perspectiva de o governo influenciar uma atuação mais incisiva dos bancos públicos sobre o crédito direcionado tanto para a pessoa física quanto para as empresas. Este cresceria de 7,7%, segundo a mesma pesquisa feita em dezembro, para algo como 8,4% conforme a pesquisa feita no mês passado.

César Felício - China abre porta para Lula no agronegócio

Valor Econômico

No Senado americano, ‘Belt and Road’ preocupa, e muito

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China tem um significado na política interna brasileira que não passa despercebido nem por um especialista em política externa, como o cientista político Oliver Stuenkel, professor-adjunto da FGV de São Paulo.

Cerca de um terço da caudalosa comitiva que acompanha o presidente à Ásia é do agronegócio, e do agronegócio ligado à indústria da carne. São mais de cem representantes do setor. Não à toa, o primeiro anúncio oficial relacionado à visita foi a decisão chinesa de suspender o embargo às importações de carne do Brasil, suspensas desde fevereiro em função de um caso de vaca louca no Pará. A divulgação da liberação foi feita nessa quinta-feira, em Pequim, pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro.

Aylê-Salassié F. Quintão* - Buscando sarna prá coçar

Essas amizades construídas em acordos de papel não parecem sólidas. Não são como nós e os argentinos, para quem torcemos contra nos estádios de  futebol e, nas ruas,  dançamos samba e tango juntos . 

Já tivemos um Presidente Bossa Nova. Não saía de Paris. Agora é a vez do nosso globetrotter  pelo mundo ampliado. Vai para China!, observava admirado o conterrâneo de Caetés. Quem diria: um filho do agreste , onde biblioteca é coisa rara, chefiando sofisticadas  missões diplomáticas do Brasil  pelo planeta:  Washington, Pequim,  Paris, Moscou. É muita raça, muita  coragem, muita autoconfiança ou muita cara de pau. Contudo, That´ s the gay ! Será que o Barack Obama,  criado  em Nyang’oma Kogelo, no  Quênia,  repetiria admirado essa frase referindo-se à Lula, Presidente ? 

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Ação contra facção criminosa serve de alerta

O Globo

Combate ao crime organizado exige coordenação do governo federal nas frentes policial, legal e carcerária

Com a prisão de nove suspeitos, o Estado brasileiro deu uma necessária demonstração de força ao desmontar na quarta-feira o plano da maior facção criminosa do país para promover atentados contra servidores públicos e autoridades. Entre os alvos da ação criminosa estavam o senador Sergio Moro (União-PR), sua mulher, a deputada Rosângela Moro (União-SP), e o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, conhecido há anos por combater essa facção com afinco e determinação.

Moro, quando ministro da Justiça, e Gakiya foram responsáveis pela transferência de seus líderes para presídios federais. Os sequestros planejados tinham como objetivo intimidar a Justiça e exigir a libertação de condenados. Eram mais um desafio inaceitável do crime organizado a decisões da Justiça, linha que jamais deve ser ultrapassada.

O combate ao crime organizado exige ação em várias frentes. A primeira é policial. O plano para sequestrar Moro estava em estágio avançado. Chácaras tinham sido alugadas para servir de cativeiro, veículos blindados e armamentos já estavam em Curitiba. Havia estruturas parecidas com bunkers, atrás de paredes falsas. Ao todo, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná, Rondônia, Brasília e Mato Grosso do Sul.