O Globo
Se STF não deliberar sobre foro para julgar
o ex-presidente, pode abrir o flanco para sua defesa buscar anulações
À medida que se avolumam as investigações
contra Jair Bolsonaro em múltiplas frentes, também ganha corpo o debate sobre
como se dará o julgamento do ex-presidente em cada uma delas.
Como bem escreveu Paulo Celso Pereira neste
espaço na edição de ontem, a torcida acaba dominando o debate e expondo
contradições óbvias: quem outrora apontou, com propriedade, abusos da Lava-Jato
no julgamento de Lula e se indignou com sua prisão faz contagem regressiva nas
redes sociais pela prisão de Bolsonaro.
O risco é que, no afã de que se faça justiça em relação aos muitos desvios do ex-presidente — no enfrentamento à pandemia, nos ataques constantes e deliberados à democracia e, agora se sabe, no desvio de recursos do patrimônio da União para enriquecimento pessoal —, se dê argumento jurídico para que sua defesa anule decisões controversas e político para que seus apoiadores entoem a narrativa da perseguição a uma vítima.