Escândalo expõe falha no controle externo da Abin
O Globo
Autoridades devem aproveitar oportunidade
para aperfeiçoar regulação das ações de inteligência
As suspeitas de uso da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin)
para fins políticos ou pessoais no governo Jair Bolsonaro são graves. Há
indícios de monitoramento ilegal via celular, confecção de relatórios contra
adversários e tentativa de atrapalhar o trabalho de investigadores. Além da
atividade da polícia e da Justiça, o episódio suscita ação noutra esfera — a
regulatória.
Não é a primeira vez que ficam patentes falhas no controle externo da Abin. O uso da agência já foi questionado durante a Operação Satiagraha, em 2008, com suspeita de espionagem ilegal de políticos e juízes. Ou no monitoramento em 2013 do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência. Dificuldades na supervisão da inteligência também não são exclusivas do Brasil. Outras democracias adotam mecanismos próprios para evitar que a espionagem se volte contra a população em favor de interesses políticos ou privados.