A impropriedade da minha parte talvez seja
elevar esse ilusionismo semântico à categoria de gramática. A concessão traduz
um sentimento de apreensão com a possibilidade de a esperteza política crescer
demais, virar bicho, engolir o dono e todos os que amarramos nossos botes à
deriva ao seu velho navio.
Incapaz de traduzir racionalmente esse
sentimento nos limites de minhas palavras, apelo a Chico Buarque de Holanda,
poeta dos maiores da nação, a grande ausente naquele woodstock de fragmentos:
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Expropriado por uma roda-viva: assim me senti no dia da posse. Aliás, assim me sentia desde que a dita transição arriou suas malas. Com vontade de embarcar num vapor barato, eu e uma obsessão política.