Valor Econômico
Velório de Pelé ensina a diferença entre
emoção e alívio
Fez muito bem o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva suspender as audiências que se acumulam em seu gabinete para
comparecer ao velório de Pelé. Santos foi tomada por um público superior a 230
mil pessoas e para lá se deslocaram 1.190 jornalistas de 32 países.
A posse de Lula atraiu mais do que o dobro
de sua primeira investidura, em 2003. Foi uma multidão bem maior do que aquela
reunida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (100 mil) em 7 de setembro do ano
passado, mas, ante o velório de Pelé, Lula foi súdito. Atraiu 407 jornalistas
de 16 países e cerca de 150 mil pessoas.
Os números são uma tentativa tacanha de
colocar números na diferença entre dois sentimentos, emoção e alívio. Ao
reverenciar Pelé, compartilhando da emoção que só a morte é capaz de despertar,
Lula o reconhece como o único símbolo que hoje une a nação.
O que não deixa de ser um bom começo para reconhecer os limites dos muitos simbolismos de sua posse. Alguns, como as cores trocadas nas gravatas dele e do vice, Geraldo Alckmin, foram dirigidos ao conjunto do eleitorado.