Inchaço do fundo eleitoral significa apenas desperdício
O Globo
Emendas parlamentares infladas também
resultam em má alocação dos recursos do Orçamento
O Congresso Nacional tem consistentemente
determinado gastos muito acima do razoável em campanhas eleitorais. Nas
eleições do ano passado, a quantia disponível por eleitor era R$ 31, o triplo
do estipulado no México, país com legislação de financiamento de campanha não
muito diferente da brasileira. Para as eleições do ano que vem, o governo
propôs gastos de R$ 940 milhões no Orçamento, um número sensato. A reação do
deputado Danilo Forte (União-CE),
relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), é promover o inchaço do fundo
eleitoral.
Em suas declarações, ele tem defendido no mínimo R$ 2 bilhões, ou R$ 13 por eleitor (corrigido, o valor destinado à última eleição municipal equivaleria a R$ 2,5 bilhões). Mas poderá seguir o aprovado na Comissão Mista de Orçamento, repetindo os R$ 4,9 bilhões do ano passado. Seria um disparate, pois não dá para comparar eleições municipais às nacionais. Num momento em que a tecnologia digital reduz os custos de difusão, as campanhas deveriam ser mais baratas. Sobretudo num pleito em que o público é local. Outro risco sempre presente é a corrupção. Apesar de a Justiça Eleitoral fazer o possível para coibir irregularidades e condenar os infratores, e de não haver razão para generalização, há denúncias de desvios.