*Karl Marx (1818-1883). “O 18
Brumário de Luís Bonaparte (1852”, p.7. Os Pensadores, Marx, v. II. Editora
Nova Cultura /Abril, 1988
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Opinião do dia – Karl Marx* (As circunstâncias}
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Prisão de militares golpistas é um momento histórico
Por O Globo
Processo correu com serenidade e dentro da
lei, revelando maturidade da democracia brasileira
É uma demonstração histórica da maturidade da democracia brasileira o desfecho do julgamento do núcleo central da trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com a prisão inédita de militares de alta patente condenados por tentativa de golpe de Estado. Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso preventivamente no sábado por suspeita de fuga ao tentar violar a tornozeleira eletrônica, foram encarcerados na terça-feira os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Almir Garnier e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, já estava preso preventivamente.
STM e ares democráticos, por Merval Pereira
O Globo
O corporativismo do STM não deve evitar que o
ex-presidente Bolsonaro perca sua patente
A alegação do general Augusto Heleno de que foi diagnosticado com Alzheimer em 2018, com a intenção de escapar da prisão, só faz piorar sua situação. Foi irresponsabilidade aceitar ser ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) com uma doença grave. Por seu lado, a alucinação alegada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar justificar o uso de um ferro de soldar para abrir a tornozeleira eletrônica é uma típica saída de advogado para eximir de culpa o cliente encrencado. Bolsonaro sempre teve atitudes disparatadas, como oferecer cloroquina às emas do Palácio da Alvorada ou ter crise de choro no meio da noite. Desta vez, disse suspeitar que houvesse escuta dentro da tornozeleira, boato espalhado por um seguidor seu nas redes sociais.
Bolsonaro fica afastado do jogo, por Julia Duailibi
O Globo
Ex-presidente é cada vez mais carta fora do
baralho, pelo menos na eleição do ano que vem
Ninguém admitirá publicamente, mas a prisão de Bolsonaro foi um alívio para muitos aliados que torcem pelo derretimento de sua influência na disputa presidencial de 2026. Seu status de influencer está debilitado com as trapalhadas da família nos últimos meses, mas as novas barbeiragens desta semana devem acelerar o desgaste. Até os aliados mais fiéis ficaram desnorteados com a suposta alucinação envolvendo escuta na sua tornozeleira. Bolsonaro é, cada vez mais, carta fora do baralho, pelo menos na eleição do ano que vem. O Centrão, quietinho, comemora.
O comedimento do Supremo é um CDB do Master, por Malu Gaspar
O Globo
A prisão definitiva de Jair
Bolsonaro e dos generais da trama golpista é prova da força da
nossa democracia. Derrotou-se o golpismo há décadas latente na caserna, e pela
primeira vez na História puniram-se os chefes de um complô por ruptura
institucional. Está posto que, no Brasil, atentar contra o regime democrático
pode sair muito caro. Mas o ciclo que se encerra com essas prisões também prova
que a depuração democrática é uma tarefa que nunca termina. E não estará
completa sem uma revisão profunda do papel do Judiciário.
Uma das ideias que passaram a ser repetidas nos últimos dias é que, findo o julgamento, está na hora de o Supremo voltar para seu quadrado, ser mais contido, exercer mais comedimento. Embutido no raciocínio está o reconhecimento de que o tribunal, Alexandre de Moraes em especial, foi além de suas atribuições em vários momentos — e tudo bem, porque foi por “boa causa”, mas agora chega.
A surpresa no final da COP30, por Míriam Leitão
O Globo
Em entrevista exclusiva, presidente da COP30,
André Côrrea do Lago, explica que texto final faz referência ao consenso de
Dubai, que propõe a transição para o fim dos fósseis
A COP terminou
melhor do que se interpretou inicialmente. Não houve, como se sabe, referência
direta ao fim dos combustíveis fósseis. Mas na declaração final apareceu uma
expressão que, na prática, aponta para isso. Em dois trechos, foi mencionado o
consenso de Dubai, que nada mais é que a proposta da transição para longe dos
combustíveis fósseis. Este destaque foi feito pela jornalista britânica Fiona
Harvey, na The Guardian. Entrevistei ontem o embaixador André Corrêa do Lago na
GloboNews e perguntei se essa era uma interpretação correta. “Ela tem toda
razão. Foi um elemento essencial colocar essa referência. Foi muito
importante”.
O embaixador prometeu trabalhar para que haja um “mapa do caminho para a transição para longe dos combustíveis fósseis” nos próximos 11 meses, período em que ele ocupará a presidência da COP. Quis saber se a referência ao acordo de Dubai no texto final aumenta a força dessa negociação.
A batalha por 41 votos, de Moraes a Messias, por Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico
Governo escolhe as armas de Alcolumbre para
enfrentar a votação de Messias sem garantia de sucesso
Depois de assistir o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), aprovar uma aposentadoria especial dos agentes de saúde com impacto de muitos bilhões sobre os caixas da Federação e pautar a derrubada dos vetos presidenciais à Lei de Licenciamento Ambiental, o “PL da devastação”, o Palácio do Planalto retrucou.
O nome do ministro da Advocacia-Geral da
União, Jorge Messias, foi enviado para a publicação no Diário Oficial da União
em 20 de novembro. Com base nisso, Alcolumbre, cinco dias depois, marcou a
sabatina para 10 de dezembro, prazo impraticável para o tradicional beija-mão
nos 81 gabinetes.
Descobriu-se, então, que não havia sido enviada a mensagem presidencial com a indicação. O presidente do Senado já avisou que vai imprimir o DOU para que a Comissão de Constituição e Justiça proceda a sabatina, mas o governo se vale do regimento do Senado que prevê a apreciação de autoridades mediante o recebimento da mensagem.
A fábula darwinista, a crise com o Congresso e os riscos que Lula corre, por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
O semipresidencialismo
informal, no qual o Executivo é empurrado para a irrelevância operacional,
tenta transformar o presidente da República em rainha da Inglaterra
Richard Dawkins, em O Gene Egoísta (Companhia das
Letras) — ao qual recorri ao falar sobre a “sombra de futuro” dos
presidenciáveis no domingo passado —, apresenta uma metáfora poderosa para
entender a dinâmica da cooperação política: a fábula dos pássaros infestados
por um parasita perigoso. Sozinhos, eles conseguem limpar parte de suas penas,
mas há regiões inacessíveis ao próprio bico, de modo que a sobrevivência da
espécie depende de um pacto tácito de cooperação: um pássaro dedica tempo a
remover o piolho do outro, esperando ser ajudado depois.
No entanto, em toda comunidade, sempre existe a tentação de trapacear: receber o favor sem retribuir. A comunidade prospera quando a reciprocidade funciona; entra em colapso quando o número de trapaceiros supera o de cooperadores. Esse dilema, que Dawkins utiliza para explicar a evolução do comportamento social, aplica-se com precisão ao funcionamento do sistema político brasileiro, em que coalizões, lideranças partidárias e o Executivo operam segundo um delicado equilíbrio entre benefício mútuo e oportunismo. Na fábula darwinista, o sistema só funciona quando existe um terceiro grupo de pássaros, que promove uma cooperação seletiva: não catam piolhos dos trapaceiros.
A volta ao normal, por William Waack
O Estado de S. Paulo
Há uma lição que setores relevantes das
Forças Armadas acham que o STF poderia aprender com elas. É a volta à
normalidade. Entende-se por normalidade o afastamento dos militares da
política, começando pela campanha eleitoral do ano que vem. A concentração em
sua missão específica, que é defesa e segurança do País. E a desvinculação com
grupos ideológicos de qualquer tipo.
Na ativa, a prisão dos generais foi debatida
e digerida muito antes do início das penas. E entendida como fato inevitável,
embora os argumentos que levaram à condenação desses altos oficiais tenham sido
“de natureza política”, comenta-se nos círculos de comando do Exército.
Nos escalões superiores Bolsonaro é visto como um agente de desagregação e destruição da imagem da força. Hoje, a influência do nome entre os oficiais de maior graduação é tida como mínima. E internamente o preço principal pela violação das cadeias de comando e hierarquia militares está sendo pago por integrantes de tropas especiais, alguns deles preteridos em promoções.
A feitiçaria digital nas eleições do ano que vem, por Eugênio Bucci
O Estado de S. Paulo
A feitiçaria digital terá um peso gigantesco
e, sem regramentos, poderá conturbar todo o processo
As especulações sobre a corrida eleitoral de
2026 já comparecem aos jornais. São as interrogações de sempre (só mudam os
personagens). Quem será o candidato da direita? A família Bolsonaro vai apoiar
ou vai investir no racha? Do lado do governo, qual é a extensão dos acordos
partidários em prol da reeleição de Lula? Essa aliança terá forças de centro ou
vai se restringir ao campo da esquerda?
Por certo, essas perguntas importam e devem ser consideradas. Contudo, o fator que tem maior potencial de impacto não vem merecendo a atenção devida: a tecnologia das plataformas sociais. Como as ferramentas digitais atuarão? E a inteligência artificial (IA)? Teremos boas normas para regular a batalha nas redes? Teremos fiscalização eficiente ou o jogo sujo vai grassar? Ainda não há respostas, é claro, mas uma certeza já podemos assumir: a feitiçaria digital terá um peso gigantesco e, sem regramentos, poderá conturbar todo o processo. Poderá mesmo viciá-lo de modo irreversível.
Estado demais, Estado de menos, por José Serra
O Estado de S. Paulo
O Brasil não precisa de um Estado produtor ou
controlador. Precisa de um Estado que funcione como regulador competente
O recrudescimento de posições extremistas da
direita mundial e brasileira tem produzido uma nova onda de demonização da
presença do Estado na economia. O clima de radicalização que, infelizmente,
suprime o debate sobre o futuro do País tem produzido uma esquerda que acredita
demais na capacidade de o Estado, sozinho, promover desenvolvimento e justiça
social.
É verdade que o Brasil viveu duas realidades
bem distintas, em sua história, com respeito ao papel do Estado no
desenvolvimento. Sua presença ativa foi decisiva para o desenvolvimento
industrial, para a garantia dos insumos de uso generalizado e para a organização
de um tecido social com um espectro abrangente de rendas e qualificações para o
trabalho.
O Estado atuou como agente fomentador, empresário e árbitro das relações econômicas, promovendo setores estratégicos e canalizando recursos para atividades prioritárias. Esse protagonismo foi especialmente relevante devido à industrialização tardia do País, à ausência de instituições maduras e à dependência de capitais estrangeiros.
O plano e trabalhista de Lula 2026, por Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo
Presidente fala de automação, jornada menor e
de imposto zero sobre participação em lucros
Boulos chega ao ministério tratando de tarifa
zero, de escala 6x1 e isenção para pequenos empregadores
Os presidentes da Câmara e do Senado fizeram
questão de faltar ao comício em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sancionou a lei de isenção do Imposto de
Renda, grande mote na campanha de 2026. Hugo
Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) querem dar
uma fritada no governo, por motivos diversos, em geral ruins.
Essa querela foi a notícia da política politiqueira. Para o universo das pessoas reais, importante foi Lula tratar nesta quarta, 26, de jornada de trabalho, de desemprego causado pela automação e de isenção total de imposto sobre pagamentos de participação de lucros e resultados (PLR). Teve jeito de anúncio de diretrizes do programa Lula 26.
Um sistema de justiça que só pensa naquilo, por Conrado Hübner Mendes
Folha de S. Paulo
Supersalários são manifestação gritante de
corrupção institucional
Gastamos pelo menos R$ 20 bilhões em
remuneração ilegal no último ano
Um magistocrata de estirpe não pensa em
crescer como pessoa. Pensa em crescer como pessoa remunerada, abusadamente
remunerada. Pertence ao gênero dos que vieram ao mundo a negócios, e de uma
espécie particular: explora a função de operador da justiça para se locupletar
à margem da lei. Está num lugar mais seguro para torcer a legalidade em
benefício próprio.
O extrativismo magistocrático é praticado por grileiros do orçamento público, os maiores grileiros do Estado brasileiro. A predação de recursos pela cúpula do serviço público fabrica instituições corruptas. Não é o preço inevitável do estado de direito, é o preço de um estado de direito sequestrado por uma minúscula fração de agentes do Estado.
Jair, o presidiário, por Thiago Amparo
Folha de S. Paulo
Não há pacificação sem justiça e não há
justiça sem direitos humanos
Imagino que Bolsonaro não
seja mais a favor do adágio "bandido bom é bandido morto", agora que
o bandido condenado é ele mesmo. A redescoberta recente de normas de direitos
humanos pelo grupo bolsonarista é, portanto, seletiva; não
expressa de forma alguma adesão irrestrita à proteção da dignidade humana para
todas as pessoas, inclusive golpistas. Jair, o presidiário, tem os mesmos
direitos que historicamente seu campo político desprezou com afinco. E isso
Jair deve agradecer ao tal povo dos direitos humanos.
No que chamaram de visita técnica ao Complexo Penitenciário da Papuda, parlamentares bolsonaristas, entre eles a senadora Damares Alves, listaram uma série de preocupações com as condições do local.
Bolsonaro marcou palpites triplos e errou todos, por Ruy Castro
Folha de S. Paulo
Apostou na impunidade, na imortalidade e na
invencibilidade, e se deu mal
Via-se como onipresente, onisciente e onipotente, mas não combinou com a vida real
Lembra-se da frase de Bolsonaro na Presidência? "Só saio daqui preso, morto ou vitorioso." E completou, com ponto de exclamação: "Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso!". Pois, desapontando os canalhas a quem prometeu sua eternidade no Planalto, Bolsonaro está preso, vivo e derrotado. Marcou palpite triplo e conseguiu errar os três. Para quem se julgava senhor de um latifúndio de 8.509.379 quilômetros quadrados, terá de se contentar agora com um três por quatro —12 metros quadrados— e ainda lamber os beiços.
A direita depois de Bolsonaro, por Maria Hermínia Tavares
Folha de S. Paulo
Os candidatos a substituir o golpista estão
muito distantes da moderação
Dificilmente voltaremos, a curto prazo, aos
tempos em que o centro conduzia a direita
Ele acabou de vez? O patético episódio da
tornozeleira mutilada parece ter precipitado o ocaso da liderança do
"mito" —como se derretiam em chamá-lo os seus seguidores—,
recém-condenado à prisão por tentativa de golpe.
Enquadrado pelas instituições democráticas, o ex-capitão se expôs agora ao ridículo. Tanto faz se a causa foi um surto psicótico; ou rematada estupidez política, como sugere João Pereira Coutinho em sua imperdível coluna publicada nesta semana; ou ainda por irremediável falta de dignidade e compostura.











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