O Globo
Não há diferença entre os réus de direita
ou de esquerda. Todos tentam passar pelas brechas da legislação que induzem à
impunidade.
O futuro presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Luís Roberto Barroso, tem uma definição para o sistema penal brasileiro:
foi feito para não funcionar. Ele se refere aos muitos recursos, agravos e
interpelações possíveis, que levam na maioria das vezes à prescrição das penas
ou à anulação das provas e do próprio julgamento. Como aconteceu agora com a
decisão monocrática do ministro Dias Toffoli de anular todos os processos da
Operação Lava-Jato, invalidando as provas por questões técnicas — pelo menos
uma delas já desmentida pelos fatos.
O interessante é que não há diferença entre os réus de direita ou de esquerda. Todos tentam passar pelas brechas da legislação que induzem à impunidade. A postura do advogado de defesa do primeiro réu bolsonarista do julgamento histórico dos acusados pela tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro foi a mesma do então ex-ministro da Justiça do governo Lula, Márcio Thomaz Bastos, para tentar livrar os petistas acusados no mensalão.