O Estado de S. Paulo
Além de reafirmar o lugar do trabalho nas
sociedades de informação, Biden e Lula demonstram saber que é preciso atrair os
que se sentem deixados de lado na globalização
Para os adeptos de choques frontais, a
passada guerra fria terá sido uma época dourada cujos cacoetes e hábitos
mentais carregarão pela vida afora. De fato, capitalismo e comunismo se
enfrentavam como sistemas quase fechados e antagônicos num jogo de soma zero. A
passagem de um país ao “campo socialista” era uma perda irreversível para o que
se chamava de mundo livre, prenunciando um catastrófico efeito dominó, uma vez
que outras peças logo seriam derrubadas num movimento sem volta. E posições
como a dos não alinhados patinavam sem maior identidade, em busca de uma jamais
bem definida via não capitalista de desenvolvimento.
Os atores desse drama tiveram sua dose de razão, quando menos até o ponto em que a rivalidade russo-chinesa, estrategicamente explorada por Nixon-Kissinger, fragmentou o tal campo socialista. Mas antes disso, bem menos visível, a derrota daquele comunismo estava como que inscrita nas coisas. Não importa, aqui, o impacto geral da Revolução