Correio Braziliense
"A bipolaridade da política argentina,
entre peronistas (centro-esquerda) e liberais (centro-direita), pela primeira
vez, desde a redemocratização, em 1983, pode ser quebrada"
"Basta de carreras, se acabó la timba/
Un final reñido, yo no vuelvo a ver/ Pero si algún pingo llega a ser fija el
domingo/ Yo me juego entero, ¿qué le voy a hacer?/ Por una cabeza (por una
cabeza)/ Todas las locuras (todas las locuras)". O famoso tango de Carlos
Gardel (música) e Alfredo La Pera (letra), cujo nome intitula a coluna, é um
retrato das paixões políticas na Argentina. Composto em 1935, a música fala de apostador
compulsivo em corridas de cavalo que compara seu vício à atração pelas
mulheres.
"Chega de corridas, acabaram as apostas/
Não voltarei a ver um final disputado/ Mas se algum cavalo se tornar favorito
no domingo/ Jogo tudo que tenho, eu vou fazer o quê? / Por uma cabeça (por uma
cabeça) / Todas as loucuras (todas as loucuras)" — é a tradução de uma
eleição presidencial eletrizante, que está sendo acompanhada por toda a América
Latina e que terá repercussões muito importantes para o Brasil.
Nas primárias eleitorais, os três candidatos
mais bem colocados mostraram que a eleição pode ser decidida por uma margem
muito próxima, cabeça a cabeça. É uma disputa entre um outsider, o
histriônico Javier
Milei, que se diz anarcoliberal; uma candidata de direita liberal, a
ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich, que empunha a bandeira da lei e da
ordem; e um político de centro, o ministro da Economia, Sergio Massa, que
representa o atual governo, mas não assume o legado do presidente peronista
Alberto Fernández.