*Karl Marx (1818-1883), Critica da
Filosofia do Direito de Hegel, p. 50. Boitempo Editorial, 2005
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
terça-feira, 25 de novembro de 2025
Opinião do dia -: Karl Marx* (Democracia)
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Sabatina de Messias deve se concentrar no aspecto jurídico
Por O Globo
Como manda a Constituição, cabe ao Senado avaliar credenciais técnicas, deixando de lado inclinações políticas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o ministro Jorge Messias, advogado-geral da União, à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso há pouco mais de um mês. A despeito da demora no anúncio, não se pode dizer que tenha causado surpresa. Messias sempre foi favorito. Por mais que fosse esperada, a escolha gerou mal-estar no Senado, onde ele será sabatinado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), queixou-se de não ter recebido ao menos um telefonema sobre a indicação. Alcolumbre defendia o aliado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga.
O fim da farsa, por Merval Pereira
O Globo
Proximidade da eleição presidencial no ano
que vem impossibilita que Executivo e Congresso continuem o simulacro de
entendimento a que dedicaram esforços vãos nos tempos recentes, fingindo que
temos um governo de união nacional
A proximidade da eleição presidencial no ano
que vem impossibilita que Executivo e Congresso continuem o simulacro de
entendimento a que dedicaram esforços vãos nos tempos recentes, fingindo que
temos um governo de união nacional. Nunca se gostaram, têm ideologias distintas
e, ao contrário da vitória apertada do candidato petista sobre o bolsonarismo,
no Congresso a vantagem deste, aliado ao Centrão, dá larga margem vitoriosa à
oposição. O rompimento quase simultâneo dos líderes governistas com os
presidentes da Câmara e do Senado reflete a impossibilidade de a farsa
continuar. Daqui para a frente os embates serão permanentes.
A escolha do deputado Guilherme Derrite para relator do Projeto de Lei Antifacção na Câmara explicitou a distância que separa o governo da maioria dos parlamentares, e não poderia ter sido lida de outra maneira pelo governo. Causou o rompimento do presidente Hugo Motta com o líder petista Lindbergh Farias, mas foi mais profundo que isso. O próprio presidente Lula sentiu-se traído por Motta, pois acreditava piamente conseguir lidar com os políticos do Centrão. Esqueceu, Lula, que há em jogo o controle do poder central — o que sempre interessa ao Centrão.
O ostracismo de Bolsonaro, por Míriam Leitão
O Globo
O episódio do ataque à tornozeleira deixa o
ex-presidente ainda mais enfraquecido politicamente
Preso e inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro está duplamente fora do jogo político. Está muito próximo o fim do prazo dos embargos e o início do cumprimento da longa pena a que foi condenado. “Os prazos conduzem a isso”, disse uma fonte sobre a perspectiva de Bolsonaro seguir da prisão preventiva para o cumprimento da pena, sem voltar à prisão domiciliar. O episódio revela um personagem que lembra o realismo fantástico latino-americano. Um ex-presidente que imaginava estar acima da lei, com uma solda na mão, insone, no meio da noite, tortura uma tornozeleira para que ela confesse ter uma escuta embutida. Preso, alega delírio persecutório.
Para esquecer o chanceler alemão, por Fernando Gabeira
O Globo
O Brasil está tranquilamente inserido no mapa
dos lugares atraentes do mundo. Isso não significa que todos gostarão
Ao sair de Belém, o chanceler alemão,
Friedrich Merz, disse que a comitiva do seu país ficou contente ao deixar
aquele lugar. Foi um deus nos acuda; do presidente ao Senado, muitos protestos.
Volto ao assunto para propor uma visão mais leve, quem sabe para ser usada numa
próxima vez.
Para começar, confesso que gosto de Belém.
Passo manhãs inteiras no Mercado Ver o Peso, deslumbrado com a profusão de
cores e aromas dos produtos da floresta. Frequento o Museu Goeldi e sua área
externa com a velha sumaúma e vitórias-régias. Gosto de comer um peixe chamado
filhote, numa crosta de castanha, com risoto de jambu.
Fiz um curto documentário sobre a música, focado em Nilson Chaves, e, às vezes, me vejo cantarolando uma de suas canções: O sol da manhã rasga o céu da Amazônia /Eu olho Belém da janela do hotel.
A guerra está chegando, por Pedro Doria
O Globo
Chineses e americanos, em algum ponto,
começarão a trabalhar para evitar que o outro chegue na ponta
Existe um jeito de compreender o movimento da
inteligência artificial (IA), seu desenvolvimento, que explica muito da maneira
como os Estados Unidos entendem a relação com a China neste governo Donald Trump.
Essa maneira de compreender IA encontra eco em alguns, no Vale do Silício. Mas
não todos. Independentemente disso, todos no Vale acreditam que a tese mais
popular em Washington os
beneficia. Então, seja por apoio sincero, seja por puro cinismo, todo mundo
embarcou.
A ideia começa pela crença de que a Inteligência Artificial Geral (IAG) está a poucos anos de distância. Para os mais pessimistas, até cinco. Alguns acham que vem antes. IAG é, na definição usada por quem pensa geopolítica, um sistema de IA capaz de desempenho superior à maioria dos humanos em análise de informação, ciberataques, desenho de armas químicas e biológicas. Também na prevenção. Inteligência capaz de fazer melhor que a maioria de nós pesquisa científica, desenvolvimento de software, desenho de logística, robôs. Inovação industrial e predição financeira. E, naturalmente, persuasão, propaganda, manipulação política.
Bolsonaro preso e indicação de Messias estressam relações no Congresso, por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
Lula faz avaliação de que
deve resistir às chantagens do Centrão, que gosta de ser tratado como
governista e se comporta como oposição
A semana começa com o governo politicamente
fragilizado em duas frentes simultâneas: no Senado, com a reação negativa do seu
presidente, Davi Alcolumbre (União-AP), à indicação do advogado-geral da União,
Jorge Messias, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Supremo
Tribunal Federal (STF); e na Câmara, cujo presidente, deputado Hugo Motta
(Republicanos-PB), rompeu com o líder do PT, Lindbergh Faria, por causa de
agendas identificadas com a oposição nas quais o Palácio do Planalto foi
derrotado.
O clima está ainda mais tenso porque a prisão
preventiva do ex-presidente de Jair Bolsonaro no sábado, por causa da violação
de sua tornezeleira eletrônica, reanimou articulações por uma anistia e
reacendeu o confronto com o Judiciário.
A escolha de Messias contrariou diretamente o presidente Davi Alcolumbre, que atuava para emplacar o nome do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Irritado com o anúncio, Alcolumbre pautou horas depois a votação de uma proposta de aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde, considerada uma “pauta-bomba” pelo impacto fiscal. A leitura entre parlamentares foi imediata: o Senado decidiu impor custo político à decisão do Planalto.
Mudanças que blindam contra a chantagem, por Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico
O reforço na governança do BC impediria que o
crime organizado faça uso do sistema financeiro em larga escala
Com o rompimento do presidente da Câmara,
Hugo Motta (Republicanos-PB), com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias
(RJ), a crise entre Congresso e governo perdeu o disfarce. Enquanto o
estremecimento se restringia ao Senado, ainda se podia considerar o fator Jorge
Messias, ministro da Advocacia-Geral da União escolhido para o Supremo Tribunal
Federal em detrimento do preferido da Casa Legislativa que o chancela, senador
Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Com a adesão de Motta, sem ingerência sobre o mandato em questão, ficou claro que a crise extrapola o STF. A única pauta em que cabe a zanga do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e de Motta é aquela que mora na intersecção de duas operações da Polícia Federal, a Carbono Oculto e a Compliance Zero, que levou à prisão de Daniel Vorcaro e à liquidação do seu banco, o Master.
Fatores decisivos nas eleições de 2026, por Christopher Garman
Valor Econômico
Para antecipar o resultado das urnas será
útil observar se a economia e os programas do governo podem ajudar a aprovação
de Lula, e quais temas geram mais preocupação entre os eleitores
Quem será o candidato de oposição à Presidência em 2026 parece ser a pergunta que está consumindo a atenção tanto de Brasília quanto do mercado financeiro. Lideranças dos partidos de centro — e de boa parte da direita — estão em campanha aberta para que o ex-presidente Jair Bolsonaro apoie uma candidatura de Tarcísio de Freitas. Bolsonaro segue dividido entre apoiar alguém de sua própria família e o governador de São Paulo, que só disputará o Planalto com a bênção do ex-presidente. A prisão antecipada de Bolsonaro e sua saúde e seu estado emocional potencialmente mais precários tornam cada vez mais difícil antecipar qual será sua decisão.
Há um fato novo no combate ao massacre dos juros, por Pedro Cafardo
Valor Econômico
Investimentos bilionários têm sido
inviabilizados por uma Selic e por spreads bancários que a CNI considera ‘bem
acima da dose de remédio necessária para domar a inflação’
Mais de uma vez observou-se neste espaço que
a indústria brasileira jogou contra seus próprios interesses durante décadas ao
fazer lobbies (legítimos) no Congresso Nacional.
Durante um longo período, de 1996 a 2021, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) conseguiu incluir mais de 3 mil projetos no Congresso que teoricamente beneficiariam a indústria, mas que, na prática, colaboraram para a desindustrialização.
A nova Doutrina Monroe e o PT, por Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo
A nova atitude de Washington para com as Américas cria grandes desafios para a política externa do PT
O ministro da Guerra dos EUA chamou as
Américas de “quintal dos EUA” e o presidente Trump disse que “os países da
região terão de optar entre os EUA e a China”.
No início de seu mandato, o presidente dos EUA ameaçou ocupar o Canal do Panamá e renomeou o Golfo do México como Golfo da América. Nos últimos meses, medidas de força e de favorecimento, como o apoio a Javier Milei, na Argentina, têm indicado o crescente interesse de Washington sobre a região. Na semana passada, três medidas confirmaram a mudança da política e da estratégia dos EUA em relação às Américas.
‘Terrivelmente evangélicos’, por Eliane Cantanhêde
O Estado de S. Paulo
Não é com vigília ou uma nova toga no STF que
Bolsonaro e Lula vão converter o eleitorado
Quando o presidente Lula indica Jorge Messias para o Supremo e o senador Flávio Bolsonaro convoca uma “vigília de oração” em apoio ao pai, a um ano das eleições, eles escancaram o quanto os líderes políticos e candidatos estão cada vez mais “terrivelmente evangélicos”, numa competição que tem pouco a ver com religião e muito com votos.
Como se sabe, Messias ganhou as bênçãos de Lula por ter apoio do PT e do Planalto e lealdade inquestionável ao atual presidente. Mas não foi à toa que Lula, sem dizer isso, deixou clara a escolha de Messias numa roda de orações com pastores no Planalto, onde o único convidado foi justamente ele.
Agora é Flávio, por Carlos Andreazza
O Estado de S. Paulo
Jair Bolsonaro violou a tornozeleira eletrônica. Ato individual objetivo. E admitido. Meteu-lhe um ferro quente. Descumprimento de medida cautelar. Razão para que a prisão preventiva fosse decretada. A razão. A única incontroversa. Razão que é marginal na decisão de Alexandre de Moraes, merecedora de parágrafo en passant, inserido improvisadamente na sequência de um “além disso”, à décima-quarta página de um documento com dezessete. A referência à fuga do deputado Ramagem – como exemplo do “perigo da liberdade” – leva mais atenção.
O ex-presidente seria preso preventivamente no sábado ainda que com o aparelho intacto, prisão que tem como centro a convocação de vigília pelo senador Flávio Bolsonaro; e que se dá nos termos do 8 de Janeiro permanente, o fundamento mantenedor – a ameaça golpista constante – dos inquéritos xandônicos. Prisão, de Jair, que tem como agente o filho Flávio, “the next”, cujo chamamento ao “Senhor do Exércitos” para salvar o Brasil de “ladrões, bandidos e ditadores” – ação-discurso de um terceiro – materializou o descumprimento de cautelar pelo pai.
Toda a saga vivida por Jair Bolsonaro é um manual de estupidez na vida política, por João Pereira Coutinho
Folha de S. Paulo
É como se ele proclamasse 'nenhum fato me vai
derrotar'
Ele teve opções, mas fatos não mudam 'cabeças
blindadas'
Acompanho a saga de Jair
Bolsonaro com fascínio quase filosófico: o que leva um homem a agir,
de forma tão consistente, contra seus próprios interesses?
A pergunta surgiu durante o seu governo,
continuou com sua reação à pandemia ,
aprofundou-se com a tentativa
de golpe —e encontra agora um desfecho teatral com a prisão preventiva
depois de tentar arrancar a tornozeleira eletrônica.
Por "curiosidade", justificou ele.
A vigília convocada pelo filho é apenas mais
uma prova de que genética não perdoa.
Alguns dirão que essa tendência antecede a
política e já vem dos quartéis —o que talvez autorize a piada "de soldado
a soldador" que anda circulando por aí.
Mas o assunto é sério: como explicar a
estupidez na política?
O tema raramente recebe a devida atenção. Hannah Arendt, em análise célebre, afirmou que Adolf Eichmann representava a "incapacidade de pensar" que define a "banalidade do mal". Eichmann seria estúpido —e sua estupidez foi instrumentalizada no Holocausto.
Reeducando Bolsonaro, por Hélio Schwartsman
Folha de S. Paulo
Sistema permite abater quatro dias de pena
para cada livro lido
Sugiro que ex-presidente comece seu programa
de leitura por Hegel
Dentro de
mais alguns dias, Jair
Bolsonaro se tornará oficialmente um reeducando, que é como
chamamos os presos com sentença condenatória que cumprem a pena que lhes foi
imposta. O radical "educ" entra aí porque um dos objetivos do Estado
ao punir um criminoso é reintegrá-lo à sociedade, um processo no qual a
educação é variável-chave.
Não é por outra razão que o sistema prevê a remição de pena por leitura, o que significa que reeducandos podem abater quatro dias de prisão para cada livro lido, até o limite de 12 livros anuais ou 48 dias. O ano do preso bibliófilo fica um mês e meio menor.
STF virou joguete dos Poderes, por Dora Kramer
Folha de S. Paulo
Cadeiras no Supremo viram objetos de
interesses pessoais do Executivo e arma de pressão do Legislativo
A preservação da independência e do prestígio
do tribunal é ignorada no jogo rasteiro das indicações
O Supremo Tribunal Federal é um lugar sério
demais para se brincar de diversidade. Ali, o jogo tampouco permite que o dono
da banca se dê ao dever de observar preceitos relativos às profundidades do
saber jurídico.
Tudo indica serem essas as ideias que motivam o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) na escolha de suas indicações ao STF.
O festival de burrices e bandidagens de Bolsonaro, por Alvaro Costa e Silva
Folha de S. Paulo
Grande parte da classe política continua a
defender o capitão preso
Colaborador do ex-presidente, Ramagem prova
que a Câmara é uma mãe com golpistas
Não importa o que Jair
Bolsonaro faça: uma longamente planejada ruptura da ordem
democrática, enfraquecendo as instituições e valendo-se de meios violentos, ou,
condenado a mais de 27 anos de prisão, um lance grotesco de bandido pé de
chinelo, tentando violar a tornozeleira eletrônica.
Qualquer que seja a última burrice ou pilantragem, uma grande parcela da classe política continua sempre ao lado do capitão —por interesses eleitorais e golpismo enraizado. Tarcísio de Freitas escreveu nas redes que ele é inocente e sua prisão, injusta. Ao menos ficou ruborizado?
Coop30 - Sonhos que quase viraram pesadelos, por Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*
Frankenstein e a Liberdade como não dominação, por Vagner Gomes
A tradição republicana, como argumentarei, compartilha com o liberalismo a presunção de que é possível organizar um Estado viável e uma sociedade civil viável em uma base que transcende muitas divisões religiosas e afins. Nesse sentido, muitos liberais reivindicarão a tradição como sua. Mas o liberalismo tem sido associado, ao longo dos duzentos anos de Seu desenvolvimento, e na maioria de suas variantes influentes, se deu com a concepção negativa de liberdade como ausência de interferência, e com a suposição de que não há nada inerentemente opressivo em algumas pessoas terem poder dominante sobre outras, desde que não exerçam esse poder e não seja provável que o exerçam. Essa relativa indiferença ao poder ou à dominação tornou o liberalismo tolerante a relações no lar, no local de trabalho, no eleitorado e em outros lugares, que o republicano deve denunciar como paradigmas de dominação e falta de liberdade. E isso significa que, se os liberais se preocupam com questões de pobreza, ignorância, insegurança e similares, como muitos se preocupam, isso geralmente se deve a algum compromisso independente de seu compromisso com a liberdade como não interferência: digamos, um compromisso com a satisfação das necessidades básicas ou com a realização de uma certa igualdade entre as pessoas. (PETTIT, Phillip. Republicanism: Theory of Freedom and Government. p. 9)














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