terça-feira, 25 de novembro de 2025

Fatores decisivos nas eleições de 2026, por Christopher Garman

Valor Econômico

Para antecipar o resultado das urnas será útil observar se a economia e os programas do governo podem ajudar a aprovação de Lula, e quais temas geram mais preocupação entre os eleitores

Quem será o candidato de oposição à Presidência em 2026 parece ser a pergunta que está consumindo a atenção tanto de Brasília quanto do mercado financeiro. Lideranças dos partidos de centro — e de boa parte da direita — estão em campanha aberta para que o ex-presidente Jair Bolsonaro apoie uma candidatura de Tarcísio de Freitas. Bolsonaro segue dividido entre apoiar alguém de sua própria família e o governador de São Paulo, que só disputará o Planalto com a bênção do ex-presidente. A prisão antecipada de Bolsonaro e sua saúde e seu estado emocional potencialmente mais precários tornam cada vez mais difícil antecipar qual será sua decisão.

Há um fato novo no combate ao massacre dos juros, por Pedro Cafardo

Valor Econômico

Investimentos bilionários têm sido inviabilizados por uma Selic e por spreads bancários que a CNI considera ‘bem acima da dose de remédio necessária para domar a inflação’

Mais de uma vez observou-se neste espaço que a indústria brasileira jogou contra seus próprios interesses durante décadas ao fazer lobbies (legítimos) no Congresso Nacional.

Durante um longo período, de 1996 a 2021, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) conseguiu incluir mais de 3 mil projetos no Congresso que teoricamente beneficiariam a indústria, mas que, na prática, colaboraram para a desindustrialização.

A nova Doutrina Monroe e o PT, por Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo

A nova atitude de Washington para com as Américas cria grandes desafios para a política externa do PT

O ministro da Guerra dos EUA chamou as Américas de “quintal dos EUA” e o presidente Trump disse que “os países da região terão de optar entre os EUA e a China”.

No início de seu mandato, o presidente dos EUA ameaçou ocupar o Canal do Panamá e renomeou o Golfo do México como Golfo da América. Nos últimos meses, medidas de força e de favorecimento, como o apoio a Javier Milei, na Argentina, têm indicado o crescente interesse de Washington sobre a região. Na semana passada, três medidas confirmaram a mudança da política e da estratégia dos EUA em relação às Américas.

‘Terrivelmente evangélicos’, por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Não é com vigília ou uma nova toga no STF que Bolsonaro e Lula vão converter o eleitorado

Quando o presidente Lula indica Jorge Messias para o Supremo e o senador Flávio Bolsonaro convoca uma “vigília de oração” em apoio ao pai, a um ano das eleições, eles escancaram o quanto os líderes políticos e candidatos estão cada vez mais “terrivelmente evangélicos”, numa competição que tem pouco a ver com religião e muito com votos.

Como se sabe, Messias ganhou as bênçãos de Lula por ter apoio do PT e do Planalto e lealdade inquestionável ao atual presidente. Mas não foi à toa que Lula, sem dizer isso, deixou clara a escolha de Messias numa roda de orações com pastores no Planalto, onde o único convidado foi justamente ele.

Agora é Flávio, por Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro violou a tornozeleira eletrônica. Ato individual objetivo. E admitido. Meteu-lhe um ferro quente. Descumprimento de medida cautelar. Razão para que a prisão preventiva fosse decretada. A razão. A única incontroversa. Razão que é marginal na decisão de Alexandre de Moraes, merecedora de parágrafo en passant, inserido improvisadamente na sequência de um “além disso”, à décima-quarta página de um documento com dezessete. A referência à fuga do deputado Ramagem – como exemplo do “perigo da liberdade” – leva mais atenção.

O ex-presidente seria preso preventivamente no sábado ainda que com o aparelho intacto, prisão que tem como centro a convocação de vigília pelo senador Flávio Bolsonaro; e que se dá nos termos do 8 de Janeiro permanente, o fundamento mantenedor – a ameaça golpista constante – dos inquéritos xandônicos. Prisão, de Jair, que tem como agente o filho Flávio, “the next”, cujo chamamento ao “Senhor do Exércitos” para salvar o Brasil de “ladrões, bandidos e ditadores” – ação-discurso de um terceiro – materializou o descumprimento de cautelar pelo pai.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Sabatina de Messias deve se concentrar no aspecto jurídico

Por O Globo

Como manda a Constituição, cabe ao Senado avaliar credenciais técnicas, deixando de lado inclinações políticas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o ministro Jorge Messias, advogado-geral da União, à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso há pouco mais de um mês. A despeito da demora no anúncio, não se pode dizer que tenha causado surpresa. Messias sempre foi favorito. Por mais que fosse esperada, a escolha gerou mal-estar no Senado, onde ele será sabatinado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), queixou-se de não ter recebido ao menos um telefonema sobre a indicação. Alcolumbre defendia o aliado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga.

Toda a saga vivida por Jair Bolsonaro é um manual de estupidez na vida política, por João Pereira Coutinho

Folha de S. Paulo

É como se ele proclamasse 'nenhum fato me vai derrotar'

Ele teve opções, mas fatos não mudam 'cabeças blindadas'

Acompanho a saga de Jair Bolsonaro com fascínio quase filosófico: o que leva um homem a agir, de forma tão consistente, contra seus próprios interesses?

A pergunta surgiu durante o seu governo, continuou com sua reação à pandemia , aprofundou-se com a tentativa de golpe —e encontra agora um desfecho teatral com a prisão preventiva depois de tentar arrancar a tornozeleira eletrônica.

Por "curiosidade", justificou ele.

A vigília convocada pelo filho é apenas mais uma prova de que genética não perdoa.

Alguns dirão que essa tendência antecede a política e já vem dos quartéis —o que talvez autorize a piada "de soldado a soldador" que anda circulando por aí.

Mas o assunto é sério: como explicar a estupidez na política?

O tema raramente recebe a devida atenção. Hannah Arendt, em análise célebre, afirmou que Adolf Eichmann representava a "incapacidade de pensar" que define a "banalidade do mal". Eichmann seria estúpido —e sua estupidez foi instrumentalizada no Holocausto.

Reeducando Bolsonaro, por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Sistema permite abater quatro dias de pena para cada livro lido

Sugiro que ex-presidente comece seu programa de leitura por Hegel

Dentro de mais alguns diasJair Bolsonaro se tornará oficialmente um reeducando, que é como chamamos os presos com sentença condenatória que cumprem a pena que lhes foi imposta. O radical "educ" entra aí porque um dos objetivos do Estado ao punir um criminoso é reintegrá-lo à sociedade, um processo no qual a educação é variável-chave.

Não é por outra razão que o sistema prevê a remição de pena por leitura, o que significa que reeducandos podem abater quatro dias de prisão para cada livro lido, até o limite de 12 livros anuais ou 48 dias. O ano do preso bibliófilo fica um mês e meio menor.

STF virou joguete dos Poderes, por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Cadeiras no Supremo viram objetos de interesses pessoais do Executivo e arma de pressão do Legislativo

A preservação da independência e do prestígio do tribunal é ignorada no jogo rasteiro das indicações

O Supremo Tribunal Federal é um lugar sério demais para se brincar de diversidade. Ali, o jogo tampouco permite que o dono da banca se dê ao dever de observar preceitos relativos às profundidades do saber jurídico.

Tudo indica serem essas as ideias que motivam o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) na escolha de suas indicações ao STF.

O festival de burrices e bandidagens de Bolsonaro, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Grande parte da classe política continua a defender o capitão preso

Colaborador do ex-presidente, Ramagem prova que a Câmara é uma mãe com golpistas

Não importa o que Jair Bolsonaro faça: uma longamente planejada ruptura da ordem democrática, enfraquecendo as instituições e valendo-se de meios violentos, ou, condenado a mais de 27 anos de prisão, um lance grotesco de bandido pé de chinelo, tentando violar a tornozeleira eletrônica.

Qualquer que seja a última burrice ou pilantragem, uma grande parcela da classe política continua sempre ao lado do capitão —por interesses eleitorais e golpismo enraizado. Tarcísio de Freitas escreveu nas redes que ele é inocente e sua prisão, injusta. Ao menos ficou ruborizado?

Coop30 - Sonhos que quase viraram pesadelos, por Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*

Prisão de Bolsonaro, do presidente do Banco Master, dos  responsáveis  pelo assalto aos aposentados do INSS,  discussão da PEC da Bandidagem, prejuízo bilionário nos Correios, indicação, pelo mesmo  presidente, do 11o ministro do Supremo Tribunal Federal  com ligações políticas  explícitas, destaque midiático para os líderes de quadrilha presos, há anos, na Papuda, culminando o noticiário dos jornais com o comovente  assassinato, em Brasília, de uma criança de 7 anos por ciúme entre casal. Este foi  cenário  de fundo  que abrigou a trigésima  Conferência do Clima, realizada  em Belém (Pará), na última semana.

Frankenstein e a Liberdade como não dominação, por Vagner Gomes

Chegamos ao ponto da alternativa populista ao republicanismo. E agora, quanto à relação entre a tradição republicana, como a concebo, e talvez a alternativa mais relevante representada pela concepção liberal da política?

A tradição republicana, como argumentarei, compartilha com o liberalismo a presunção de que é possível organizar um Estado viável e uma sociedade civil viável em uma base que transcende muitas divisões religiosas e afins. Nesse sentido, muitos liberais reivindicarão a tradição como sua. Mas o liberalismo tem sido associado, ao longo dos duzentos anos de Seu desenvolvimento, e na maioria de suas variantes influentes, se deu com a concepção negativa de liberdade como ausência de interferência, e com a suposição de que não há nada inerentemente opressivo em algumas pessoas terem poder dominante sobre outras, desde que não exerçam esse poder e não seja provável que o exerçam. Essa relativa indiferença ao poder ou à dominação tornou o liberalismo tolerante a relações no lar, no local de trabalho, no eleitorado e em outros lugares, que o republicano deve denunciar como paradigmas de dominação e falta de liberdade. E isso significa que, se os liberais se preocupam com questões de pobreza, ignorância, insegurança e similares, como muitos se preocupam, isso geralmente se deve a algum compromisso independente de seu compromisso com a liberdade como não interferência: digamos, um compromisso com a satisfação das necessidades básicas ou com a realização de uma certa igualdade entre as pessoas. (PETTIT, Phillip. Republicanism: Theory of Freedom and Government. p. 9)

Opinião do dia -: Karl Marx* (Democracia)

“Hegel parte do Estado e faz do homem o Estado subjetivado; a democracia parte do homem e faz do Estado o homem subjetivado. Do mesmo modo que a religião não cria o homem, mas o homem cria a religião, assim também não é a constituição que cria o povo, mas o povo a constituição. A democracia, em um certo sentido, está para as outras formas de Estado como o cristianismo para as outras religiões. O cristianismo é a religião ’preferencialmente’, a essência da religião, o homem deificado como uma religião particular. A democracia é, assim, a essência de toda constituição política, o socializado como uma constituição particular; ela se relaciona com as demais constituições como gênero como suas espécies, mas o próprio gênero aparece, aqui, como existência e, com isso, como uma espécie particular em face das existências que não contradizem a essência. A democracia relaciona-se com todas as outras formas de Estado como com seu velho testamento. O homem não existe em razão da lei, mas a lei existe em razão do homem, é a essência humana, enquanto nas outras formas de Estado o homem é a existência legal. Tal a é a diferença fundamental da democracia. "

*Karl Marx (1818-1883), Critica da Filosofia do Direito de Hegel, p. 50. Boitempo Editorial, 2005

Poesia | Não chore mais o erro cometido, de William Shakespeare

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Música | Zeca Pagodinho e Marisa Monte - Preciso me encontrar

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