Antonio
Gramsci (1891-1937), Cadernos do Cárcere, 4ª Edição, v,1, p.118. Editora
Civilização Brasileira, 2006.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sábado, 6 de dezembro de 2025
Opinião do dia – Antonio Gramsci
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Descaso com crise fiscal contamina Orçamento de 2026
Por O Globo
Acordo entre Congresso e governo amplia
gastos em ano eleitoral, desprezando custo para o país
O descaso do governo e do Congresso com a crise fiscal ficou flagrante na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 aprovada nesta semana. É como se, em Brasília, as leis gravitacionais que regem a economia tivessem sido revogadas, e a classe política vivesse num universo paralelo, onde as despesas pudessem subir até a estratosfera, o dinheiro crescesse feito mato em meio à grama da Praça dos Três Poderes, e o contribuinte estivesse sempre disponível para arcar com tudo, sem custo para o crescimento e o desenvolvimento do país.
O Judiciário mais forte do mundo, por Thaís Oyama
O Globo
Faz tempo que ‘forte’ deixou de ser adjetivo
inocente. Passou a servir de aposto a políticos como Trump, Putin, Orbán,
Erdogan
Alexandre de Moraes disse que “não há no
mundo Poder Judiciário tão forte quanto o do Brasil”. O devaneio napoleônico do
ministro do STF foi proclamado em evento nesta semana para explicar à plateia
por que motivo o Judiciário sofre ataques contínuos de seus “inimigos”. É,
segundo Moraes, uma reação proporcional à grandeza da instituição — que ele
poderia ter enaltecido como “atuante", “independente”, “inquebrantável” ou
outra dezena de adjetivos de que seu vasto vocabulário de juiz certamente
dispõe. Preferiu dizer que é porque o Judiciário brasileiro é “forte” — segundo
ele, o mais forte das galáxias.
Faz tempo que “forte” deixou de ser um adjetivo inocente. Na tradição da ciência política que fala em “Estados fortes” e “Estados fracos”, os Estados Unidos da Guerra Fria eram o modelo de Estado fraco, por ser descentralizado e baseado no sistema de freios e contrapesos. O Estado forte por excelência era a União Soviética: centralizado, opaco, autoritário.
A crise mais urgente, por Flávia Oliveira
O Globo
O país sempre foi território hostil às
pessoas do sexo feminino, mas a brutalidade alcançou patamar inaceitável neste
2025
A despeito do esforço dos homens dos Poderes em buscar holofotes para o permanente estado de crise entre Executivo, Legislativo e Judiciário, não há nada mais urgente no Brasil do que a epidemia de violência contra mulheres. O país sempre foi território hostil às pessoas do sexo feminino, mas a brutalidade alcançou patamar inaceitável neste 2025, em que agressões e assassinatos, em vias públicas, são filmados e exibidos em looping sem que Lulas, Alcolumbres, Mottas e Gilmares interrompam as picuinhas de Brasília em socorro ao grupo populacional que é maioria na população, no eleitorado e no comando das famílias. O Ministério da Justiça registra quatro feminicídios, sete homicídios, 196 meninas e mulheres vítimas de estupro a cada dia. E o país segue funcionando como se violentadas elas não fossem.
Quatro mortes e uma prisão, por Eduardo Affonso
O Globo
Instituições psiquiátricas, não para prender,
dopar ou isolar, mas para socorrer, teriam salvado João e Gerson de si mesmos
Os personagens desta crônica se chamam Leona,
Layse, Allane, Gerson e João. Deveria haver também um anjo, mas este só costuma
aparecer nas narrativas sobrenaturais, e estamos no Brasil, no âmbito do
surreal. Desses cinco, quatro estão mortos — e a sobrevivente continua
condenada à prisão perpétua, sem ter jamais cometido crime algum.
Layse e Allane morreram por ser mulheres — o que, pela legislação, não é conduta passível de pena capital. Mas calhou de seu caminho profissional cruzar o de João, que padecia de uma doença severa e não tratada — cujo nome foi tão banalizado que perdeu a gravidade: misoginia.
Flávio Bolsonaro se lança à Presidência com aval do pai
O Globo
Por Luísa Marzullo, Lauriberto Pompeu, Gabriel Sabóia e Jeniffer Gularte
Centrão frustrado, apoio da família e
silêncio de Tarcísio: tudo sobre o anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro
Senador diz ter sido escolhido por Bolsonaro para disputar o Planalto em 2026
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou nesta sexta-feira (5) ter sido escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro, para concorrer à Presidência da República em 2026. Com o movimento, o ex-presidente passa a centralizar, da cadeia, o projeto político de parte da oposição, além de frustrar partidos do Centrão, que buscam uma união em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na sexta, dirigentes de partidos como PP,
União Brasil, Republicanos e PSD avaliavam que a indicação de Flávio, caso seja
concretizada, irá isolar o bolsonarismo, levando essas legendas a adotar a
neutralidade no ano que vem.
O entendimento, contudo, é que esse cenário pode ser revertido. Integrantes desses partidos acreditam que Flávio não possui musculatura para decolar em uma campanha presidencial e a iniciativa servirá para testar o sobrenome Bolsonaro na pré-campanha. Essa é a mesma leitura do Palácio do Planalto, que por enquanto comemora a desarticulação da direita.
Ungido pelo pai, Flávio Bolsonaro anuncia pré-candidatura, por Vinicius Doria
Correio Braziliense
O filho de Jair Bolsonaro, preso na Polícia
Federal, anuncia candidatura à Presidência da República e diz que conta com a
bênção do ex-presidente. Mercado, que torce por Tarcísio, reage, com Bolsa caindo
4,31% e dólar subindo a R$ 5,43
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
anunciou, nesta sexta-feira (5), que será o nome da família na disputa à
Presidência da República, no ano que vem. Ele assegurou a aliados que
a decisão foi tomada pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o
orientou a viajar pelo país para consolidar a pré-candidatura. A escolha
foi definida na última terça-feira, após Flávio visitar o pai
na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde cumpre
pena de 27 anos de prisão por liderar uma conspiração golpista.
"É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação. Eu não posso, e não vou, me conformar ao ver o nosso país caminhar por um tempo de instabilidade, insegurança e desânimo. Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo", anunciou Flávio, em uma rede social.
Convocação à classe média, por Bolívar Lamounier
O Estado de S. Paulo
É essencial que as faixas mais altas da
classe média ponham mãos à obra, dando a partida para uma grande reforma de
fora para dentro
Caros leitores e leitoras, penso que o Brasil tem condições de resistir a Lula e ao senador Davi Alcolumbre (União-AP), um de cada vez, mas aos dois juntos, francamente, me parece difícil.
O sr. Alcolumbre, atual presidente do Senado Federal, encarna à perfeição uma das facetas tragicômicas do nosso presidencialismo. Um único membro do Congresso ameaça derrubar ladeira abaixo todo o ajuste fiscal que a duras penas vem sendo feito. Por quê? Ao que me consta, porque ficou melindrado por Lula não lhe ter dado ciência prévia do nome que pretendia indicar, como de fato indicou, para o Supremo Tribunal Federal (STF). No sistema parlamentarista, como todos sabem, o comportamento do senador Alcolumbre seria razão suficiente para o chefe de governo (o primeiro-ministro) solicitar ao chefe de Estado (o presidente da República) a dissolução da vigente legislatura e convocar novas eleições. Tal decisão nem precisaria ser consumada. A simples ameaça levaria no mínimo 400 congressistas a enquadrar o nobre senador pelo Amapá. Digo mesmo que essa hipotética situação nem faria sentido, porque o presidente do Senado, ciente da possibilidade da convocação de eleições antecipadas, não adotaria tal comportamento.
Populismo penal, Miguel Reale Junior
O Estado de S. Paulo
A exasperação das penas não leva a qualquer efetiva intimidação. Mais importante do que a dureza da pena prometida é a certeza de sua aplicação
O publicitário Roberto Medina, criador do
Rock in Rio, foi sequestrado em 6 de junho de 1990, mantido em cativeiro até o
pagamento de resgate.
A relevância social da vítima levou à reação
do Congresso Nacional, editando a Lei dos Crimes Hediondos, Lei 8.072/90, que
qualificava como hediondo o crime de extorsão mediante sequestro, cuja pena
seria cumprida em regime fechado. As extorsões mediante sequestro, todavia,
aumentaram após a edição da lei.
Mas o populismo penal prevalecia. A cada crime impactante, nova lei repressora. O assassinato de Daniela Perez levou a se criar movimento nacional reclamando-se maior rigor na apenação do homicídio, atendido pela Lei 8.930/1994, ao introduzir o homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos.
O autoritarismo virtuoso de Gilmar, por Carlos Andreazza
O Estado de S. Paulo
Não há dúvida sobre o que fez Gilmar Mendes. Tomou prerrogativa do Congresso e desarranjou o sistema de freios e contrapesos para interditar qualquer possibilidade de processo de impeachment contra ministro do Supremo. Não deixará de ser forma de proteção a minoria. Tudo pela democracia. Blitz corporativista que apregoaria como se promovida em defesa do equilíbrio entre Poderes.
Sob o espírito do 8 de janeiro permanente, que já autorizou censura em nome de nos proteger de golpe eternamente à espreita, Mendes – de modo a salvaguardar o estado democrático de direito – criou um estado de direito específico para ministro do STF. Forjada modalidade de proteção à autonomia que garante a independência do Poder tornando-o inalcançável.
Senador dá troco em Michelle e prejudica economia de Lula, por Raquel Landim
O Estado de S. Paulo
Os dirigentes do PL repetem que, se Jair
Bolsonaro indicou, está resolvido: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é o
candidato do partido à Presidência da República. Mas será mesmo?
Tem muita gente colocando em dúvida por
alguns motivos.
Primeiro, o timing. O anúncio veio após uma
briga pública na família Bolsonaro em que os irmãos saíram humilhados pela
madrasta Michelle Bolsonaro. Ser o escolhido pelo pai como candidato à
Presidência parece o troco perfeito. Segundo, a maneira. O senador diz ter
consultado o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e ter comunicado o
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Mas foi um anúncio sem pompa
e circunstância. Por uma nota na imprensa e depois uma publicação nas redes.
Terceiro, o aval. Flávio visitou Jair Bolsonaro na terça-feira na sede da Polícia Federal, onde o ex-presidente cumpre pena. Na quinta-feira, quem esteve por lá foram Michelle e Laura. Em que momento Jair passou o bastão?
O drama familiar do bolsonarismo, por Juliana Diniz
O Povo (CE)
Ela tem se mostrado mais carismática,
ativamente engajada com os eventos do partido por todo o país, falando em nome
de um Jair Bolsonaro agora inteiramente ausente, recolhido à prisão
A aliança entre o bolsonarismo e o grupo
político de Ciro Gomes está em estado de espera desde que Michelle
Bolsonaro deixou claro seu descontentamento em visita ao Ceará. Como escreveu
Gualter George, é surpreendente que um político dado a respostas prontas tenha
engolido a rejeição pública em silêncio.
Eduardo e Flávio Bolsonaro tentaram reagir e André Fernandes até ensaiou uma resposta, invocando a liderança de Jair. A verdade é que, com o líder preso e filhos tão incapazes, coube a Michelle Bolsonaro ocupar uma posição estratégica dentro do campo.
Ex-presidente tenta manter controle da direita diante de racha públicos na família, por Ana Luiza Albuquerque
Folha de S. Paulo
Anúncio vem na esteira de movimento de
independência de Michelle Bolsonaro
Candidatura do senador não agrada ao centrão
e dificultaria vitória sobre Lula, mas poderia engajar militância bolsonarista
Três hipóteses podem explicar o anúncio do senador Flávio Bolsonaro (PL) como o indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a corrida presidencial de 2026.
A primeira delas, mais certeira, diz respeito
à tentativa de Bolsonaro de manter sua influência e controle sobre a direita
mesmo da prisão.
O anúncio desta sexta-feira (5) vem em um
momento em que se escancaram os rachas no
grupo —desde os ataques do deputado federal Eduardo Bolsonaro
(PL) ao governador Tarcísio de
Freitas (Republicanos) até a união dos filhos do ex-presidente
contra a madrasta, Michelle
Bolsonaro (PL).
Nesse sentido, a indicação de Flávio é um recado para mostrar quem manda e um direcionamento para unir a direita sob a tutela de Bolsonaro.
Dois presidentes na prisão, por Demétrio Magnoli
Folha de S. Paulo
Lula preso de 2018 definiu estratégia clara
para o PT
Bolsonaro preso de hoje administra o caos que
engolfa seu movimento político
O conflito crônico
entre Michelle
Bolsonaro e seus enteados eclodiu à luz do dia, destroçando a aliança
do PL com Ciro Gomes no
Ceará. O episódio ilumina um contraste: o Lula
preso de 2018 definiu uma estratégia clara para o PT; o Bolsonaro
preso de hoje administra o caos que engolfa seu movimento político.
Da sua sala na PF de Curitiba, Lula orientou as narrativas da resistência. À sua sombra, o PT insistiu na lenda do golpe parlamentar para esquivar-se das responsabilidades pelo fracasso do governo de Dilma Rousseff. Seguindo a linha traçada pelo líder, vestiu-se de vermelho, firmou alianças restritas ao campo da esquerda e enfrentou a batalha desigual.
O voo de Michelle, por Ana Luiza Albuquerque
Folha de S. Paulo
Presidente do PL Mulher reprovou publicamente
aliança no Ceará a despeito de orientação do partido e aval de Bolsonaro
Se antes Jair conseguia tolher independência da companheira, hoje está isolado, fragilizado e depende de Michelle
Quando tinha 17 anos, Carlos Bolsonaro recebeu uma
ingrata missão do pai: derrotar a mãe, a então vereadora
Rogéria Bolsonaro, nas eleições para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Primeira mulher de Jair Bolsonaro, Rogéria se elegeu vereadora em 1992. Sua candidatura havia sido encampada pelo marido, com a premissa de que ela deveria consultá-lo e seguir suas orientações.
Eduardo Paes sai da sombra, por Alvaro Costa e Silva
Folha de S. Paulo
Prefeito entra de vez na campanha ao Palácio
Guanabara em 2026
Principal adversário está preso, acusado de vazar informações de operação contra o CV
A impressão é que de vez em quando Eduardo Paes se
lembra de que será candidato a governador do Rio de
Janeiro em 2026. Na verdade, ele trabalha na sombra, como gosta.
Gato escaldado pela derrota em 2018, procura fazer alianças no interior do estado, onde sua rejeição é maior do que na capital, e, sobretudo, negociar o voto evangélico, tarefa nada fácil para quem tem um perfil abertamente carnavalesco. Em 2022, o bolsonarismo levou, à exceção do Rio, a maioria entre as mais importantes prefeituras fluminenses.
Messias no Supremo, por Pedro Serrano
CartaCapital
A indicação favorece o propósito de chancelar
novas etapas do processo de amadurecimento do Judiciário como instrumento
democrático
A indicação de Jorge Messias, advogado-geral da União, ao Supremo Tribunal Federal ocorre em um momento singular da história do Poder Judiciário no Brasil. Sufocada pelo autoritarismo do Executivo durante o período ditatorial, nossa Corte, mesmo durante a retomada da democracia, seguiu atada a ditames de uma elite conservadora que, invariavelmente, se agarra à manutenção de seus privilégios nas tratativas de poder no País. Por longo tempo, muitos, equivocadamente, enxergaram o Judiciário como um apêndice do Executivo, algo característico de regimes totalitários. Com o fim da ditadura, nossa Corte aos poucos precisou retomar a ciência de seu verdadeiro papel de guardiã dos princípios constitucionais de um Estado Democrático de Direito.















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