COP30 deixa sabor de frustração
Por O Globo
Conferências multilaterais não têm se mostrado à altura do desafio de conter a emergência climática
Nada mais simbólico que o incêndio na Zona
Azul, área oficial da COP30, em Belém. O fogo, felizmente controlado, foi a
última evidência da desorganização que prejudicou a conferência do clima desde
o início — sentida nos preços extorsivos de diárias de hotel e alimentação, na
qualidade sofrível do ar-condicionado (movido a diesel) ou na reprimenda
oficial da ONU aos
organizadores. Tudo isso poderia ser encarado como mero transtorno se a COP30
tivesse obtido sucesso em sua missão principal: gerar instrumentos capazes de
conter outro fogo, o aquecimento da atmosfera que desarranja o clima na Terra.
Mas também nisso ela deixou a desejar.
Era, é verdade, possível prever resultados modestos. A Cúpula dos Líderes que antecedeu a COP30 atraiu pouco mais de 30 chefes de governo e Estado, menos da metade do registrado no ano passado e um terço dos presentes na Rio-92. Entre os ausentes, Donald Trump, presidente do país que mais poluiu desde a Revolução Industrial, e Xi Jinping, líder do maior emissor de gases. Sem aval dos dois, qualquer avanço já seria relativo. Também não compareceram líderes de países como Austrália, Indonésia, Turquia, Argentina ou Japão. A COP30 passou a ser encarada como encontro de “implementação” de decisões tomadas. E, mesmo com metas pouco ambiciosas, as conquistas ficaram aquém do necessário.














