Ex-governador de Goiás disse que vai recorrer a ex-presidentes tucanos para ajudá-lo, mas não a Aécio
Daniel Carvalho | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Pressionado por aliados a tomar para si a articulação política de sua campanha, mas cobrado por correligionários a descentralizar tarefas, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) apresentou nesta quinta-feira (14) o também ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) como seu coordenador político na tentativa de chegar ao Palácio do Planalto.
A menos de quatro meses da eleição, Alckmin não tem aliança fechada com nenhum partido, apenas "conversas muito avançadas", como definiu Perillo, com PSD, PTB, PV e PPS. O presidenciável não incluiu na lista partidos como Solidariedade e PROS, com cujos presidentes esteve na quarta-feira (13) e quinta.
"O Marconi foi eleito quatro vezes governador. Ele vai coordenar esta área política e vai ajudar nesta conversa política em vários estados", disse Alckmin após a reunião em que oficializou o convite a Perillo.
"Ele está me convidando para ajudar nas conversas com os partidos, ajudar na composição nos estados, enfim, estar perto dele para colaborar naquilo que ele não puder. Ele não é onipresente", disse Marconi Perillo.
O Painel havia antecipado nesta quarta que Perillo, assim como os ex-presidentes da sigla Alberto Goldman, José Aníbal e Pimenta da Veiga seriam chamados a assumir postos de comando na campanha de Alckmin.
Ao lado de Alckmin, o ex-governador de Goiás disse que dedicará metade de seu tempo à campanha do presidenciável. Ele também está cuidando de sua própria disputa, por uma cadeira no Senado.
Perillo disse que receberá missões de Alckmin, com quem fala diariamente, mas deixou claro que o objetivo de sua entrada na campanha é acalmar os ânimos tanto dentro como fora do PSDB.
"À medida que ele vai escalando pessoas experientes para o time dele, ele vai tranquilizando o partido de uma maneira geral e os aliados", disse Perillo, complementando que foi convocado para "tirar dos ombros do Geraldo todo este peso, todas as cobranças".
Para ajudá-lo na missão, o ex-governador de Goiás disse que irá recorrer a ex-presidentes do PSDB, mas não ao senador Aécio Neves (MG), que se tornou um fardo para o partido desde que foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.
"Ele está cuidando da vida dele como senador, cuidando da defesa dele. Ele não tem interesse nenhum em participar de qualquer discussão, de qualquer coordenação na área política. Ele está cuidando da vida dele", afirmou Perillo.
Segundo o agora coordenador político da campanha de Geraldo Alckmin, o foco do PSDB é atrair apoio dos partidos do centro do espectro político, hoje pulverizado com várias pré-candidaturas. Entre os alvos de prospecção está o MDB do presidente Michel Temer.
"A meta nossa tem que ser uma concertação com o centrão, com o centro democrático. Temos que avançar nas conversas com o centro democrático. [...] Todos os partidos do centro democrático cabem", disse Perillo.
Com aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), integrantes de partidos de centro lançaram na semana passada um manifesto que, além de acenar com ideais defendidos tanto à esquerda como à direita, cobra uma unidade do campo político em torno de uma só candidatura.
O PSDB, no entanto, tem pouco tempo para esta prospecção. O presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), disse a Alckmin em uma conversa no aeroporto de Brasília, na noite de quarta-feira, que o bloco formado por SD, DEM, PRB, PP e PSC quer definir um candidato até 15 de julho.
O grupo garante um bom tempo de TV a qualquer candidato que apoiar. Juntos, estes partidos têm cerca de 150 segundos. Sozinho, o PSDB tem somente algo em torno de 78 segundos.
Se o bloco não levar adiante a pré-candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o que é o mais provável, avalia apoio a Alckmin, a Alvaro Dias (PODE) ou a Ciro Gomes (PDT).
De olho nos cerca de 45 segundos do PR, o grupo encabeçado pelo DEM também deixa aberta a possibilidade de apoiar Josué Alencar, filho do ex-vice presidente José Alencar.
O PR encomendou uma pesquisa qualitativa para avaliar se é viável lançar uma candidatura de Alencar, o que aumentaria ainda mais a fragmentação do chamado centro do espectro político.
Alckmin deixou Brasília em um voo comercial em direção a São Paulo, onde participa da premiação de uma revista. Na semana que vem, ele percorrerá estados do Norte e do Nordeste. O roteiro ainda está sendo fechado.
No encontro com Paulinho da Força, Alckmin foi orientado a ficar mais tempo em Brasília, justamente para cuidar pessoalmente das articulações políticas com os partidos.
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